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Videogames e Jornalismo Policial, quem é o mais violento?

Leitoras e leitores do Contraversão, preciso confessar que essa história de culpar videogames pelas ações mais atrozes que nós acompanhamos nos telenoticiários deveria ter acabado na década de 1990. Recentemente, o jogo Assassin’s Creed, da Ubisoft, foi vítima de detratação por apresentadores de telejornalismo policial. O motivo seria a foto de um dos protagonistas do jogo no Facebook de Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, o garoto de treze anos suspeito de assassinar a família em Brasilândia, Zona Norte de São Paulo.

Em um claro desleixo no exercício da proficiência jornalística, eu observei Marcelo Rezende e outras figuras carimbadas da televisão aberta responsabilizarem o jogo, enaltecendo sua relativa natureza violenta e ignorando as variáveis sobre o caso, desde o perfil psicológico da criança, até mesmo o convívio doméstico dela. Veja bem, isso é escrito em um momento onde já levantaram novas hipóteses, inclusive crimes de vinganças ligados a associações criminosas, já que o pai do até então principal suspeito era um sargento da ROTA.

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É muito fácil para as autoridades ditas competentes responsabilizarem os videogames por episódios dessa natureza. Basta lembrar as declarações da Marta Suplicy sobre os videogames serem incluídos no vale-cultura. Não apenas sua resposta negativa foi uma afronta aos investidores, desenvolvedores e universitários ligados ao meio, mas desqualificou o próprio game como produto cultural. Para Marta Suplicy e outros políticos, um videogame é incapaz de educar, agregar e entreter uma pessoa de forma positiva.

Em defesa do jogo acusado, gostaria de dizer que Assassin’s Creed é uma das experiências interativas mais fascinantes para os amantes de história. O jogador é transportado para diversos períodos da história, onde ele interage com personalidades da época e presencia momentos políticos-chave de cada momento.

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Ainda assim, falamos de um produto no Brasil que poderia ser considerado um produto de luxo devido ao excesso absurdo de cargas tributárias. Nem vamos entrar no mérito dos tiros pela culatra que esse tipo de coisa produz, como a pirataria e o questionamento sobre o destino dos lucros oriundos desse mercado paralelo. Ou, talvez, por que o descaso do governo se traduz em falta de fiscalização, sendo o principal motivo para que jogos considerados “violentos” consigam chegar com facilidade nas mãos de crianças com treze anos de idade?

Enquanto jogos atingem preços absurdos, dificultando seu consumo, programas como Cidade Alerta e seus derivados são exibidos em horário nobre na televisão aberta. O programa que acusa um videogame de ser violento e promover inversão de valores é o mesmo que exibe diariamente cenas de chacinas, entrevista homicidas e vítimas de estupro, apenas para conquistar a audiência com sensacionalismo barato.

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Não apenas o “jornalismo policial” destrói a imparcialidade característica da profissão, como também o programa que condena a violência nos videogames é aquele que banaliza e até mesmo ovaciona de forma unilateral o policiamento ostensivo, repreensão de manifestas, marginalização de dependentes químicos e até mesmo a invasão em comunidades carentes. É comum observamos esses programas defenderem abertamente questões retrógradas como a pena de morte para criminosos, acreditando piamente que empilhar cadáveres é a solução para a criminalidade de nossas metrópoles.

Cidade Alerta e seus derivados são violentos em mais de um sentido, pois nos agridem visualmente e intelectualmente com consecutivos show de horrores. Não desmereço o caráter real do crime. Violência urbana é um problema constante em nossa rotina, mas questiono abertamente as motivações editoriais por trás desse tipo de jornalismo. Enquanto acusam um videogame de ser violento, nós observamos esse programa diariamente em estabelecimentos de todo tipo. Não foi apenas um videogame que banalizou a violência em nosso país. Esse é um processo que há décadas vem sendo construído.

http://contraversao.com/videogames-e-jornalismo-policial-quem-e-o-mais-violento/
“Só tenho para oferecer sangue, sofrimento, lágrimas e suor.”
― Winston Churchill

Comentários

  • 4 Comentários sorted by Votes Date Added
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Percival disse:
    Cidade Alerta e seus derivados são violentos em mais de um sentido, pois nos agridem visualmente e intelectualmente com consecutivos show de horrores.
    Mas tem MUITA gente que não perde um. É vício.
  • Games violentos tipo GTA são um incentivo a pratica de crimes, tanto quanto filmes e jornais são verdadeira escola do crime, normalmente quando divulgam muito uma nova modalidade de crimes tipo queimar dentista, logo aparece novos casos.
    Pior do que fazer escola é o jornal mostrar aos bandidos a real impunidade incentivando novos crimes,
    Tambem adoram desvirtuar a imagem de policiais que arriscam suas vidas para manter uma sociedade "ainda" habitável.
    sinto logo existo!
    sem nenhuma consciência sem existências



  • CRIATURO disse: Games violentos tipo GTA são um incentivo a pratica de crimes, tanto quanto filmes e jornais são verdadeira escola do crime, normalmente quando divulgam muito uma nova modalidade de crimes tipo queimar dentista, logo aparece novos casos.

    video_games_jogos_violentos_mario_banco_imobiliario_Muita_tretaki.jpg
    “Só tenho para oferecer sangue, sofrimento, lágrimas e suor.”
    ― Winston Churchill

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