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Isso aqui não é apenas uma postagem, mas uma homenagem aos velhos tempos e a galera de antigamente. Para os diversos grupos de amigo que cresceram juntos, se distanciaram, reuniram-se e hoje trocaram a velha camiseta do Iron Maiden pelo paletó. Esse texto é para a galera que mesmo distante, ainda se lembra com carinho do passado. Éramos adolescentes sem nenhum tostão no bolso e ainda assim, completamente apaixonados por nossos hobbies. Curtíamos nos reunir em fliperamas e videolocadoras, encher o saco da tia da xérox com o livro de RPG, matar a tarde em alguma lanhouse sebosa jogando Counter Strike. Éramos aquilo que chamavam de nerds nos diversos enlatados americanos.
É preciso entender um nerd é um colecionador. Essa pessoa é apaixonada por um assunto e isso que costuma diferenciar ele do consumidor médio. Esses caras formaram círculos de interesses e compartilhavam quase de forma onanística seu amor por gibis ou videogames. Era uma época diferente, quase irreconhecível para os adolescentes e kidults dos tempos de hoje. Não tínhamos internet e até o mIRC aparecer, não existiam redes sociais. Então era preciso improvisar para alcançar aquele livro do Star Wars ou desenho japonês violentíssimo.
Naquela época, nerds brasileiros lembravam mais tribos urbanas do que suas contrapartes americanas ou japonesas. Além de chatos e críticos, tínhamos uma relação de apego justamente por essa dificuldade de acesso. Traduções porcas e bootlegs eram comuns, sem contar a existência de uma tradição boca a boca sobre uma infame carta de Magic ou revista erótica, era uma coisa meio punk rock, com pitadas de trash.
Sim, vivíamos o estereótipo do nerd. Não éramos engraçadinhos ou sequer bons alunos. O que nós realmente curtíamos não era uma dedicação a grade curricular, mas sim o apego aquela fagulha de cultura que realmente nos diferenciava de nossos colegas e familiares. Éramos aquele cara estranho e antissocial, imerso em pretensões e punheta adolescente.
Claro que um dia a farra acaba. Crescemos e a responsabilidade bateu em nossa porta com um baita martelo de guerra. Cortamos o cabelo, arranjamos emprego e a vida adulta cada vez mais nos distanciou daquilo que idolatrávamos. Mesmo distantes, continuamos acompanhando com carinho a última Crise na DC Comics ou lançamento da Editora Devir.
Para muitos a distância foi definitiva, outros voltaram e reencontraram velhos amigos graças ao Facebook. Uma parcela ainda menor se especializou naquilo que amava, onde nasceu uma geração de quadrinistas, escritores e editores.
O engraçado é que nossa persistência e dedicação que serviu de base para o que existe hoje. Somente um imbecil discordaria dos confortos que existe em comprar nossas tranqueiras em lojas como Geek.etc.br, FNAC e Saraiva. Mas é legal manter a perspectiva do nosso passado e as gambiarras que fizeram parte dele.
Seria pretensioso exigir uma dívida de gratidão das novas gerações, mas é importante advertir que o nerd não é um consumidor passivo. Somos chatos até com os mínimos detalhes porque temos carinho por coisas que marcaram nossa adolescência e gostaríamos que esse tipo de debate fosse passado adiante.
Até porque os tempos mudaram, mas não foi algo drástico. Claro que ninguém mais leva o gravador de fita K7 no show ou enche o saco para imprimirem ficha de RPG na xérox. Tudo continua caro e os fundamentos da coisa ainda estão ai em torrents, scans e grupos de fãs que legendam seriados para português. Mesmo no digital, ainda existe aquela atitude de fã para fã, meio mão na graxa.
Foi bom escrever isso e lembrar que éramos meio babacas. Olhar para o passado e dar risada de todas as adversidades e bobagens que nós vivenciamos. Lembrar que mais importante que aquilo que você consome é a forma como você vivencia esse tipo de coisa e o que ele agrega de positivo na sua vida.
http://contraversao.com/relembrar-viver-nerds-sao-chatos/
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Comentários
Fora isto, acho que ainda não havia o conceito de nerd.