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Noivas em fuga
O machismo virou problema econômico. Sempre foi uma trava no progresso, mas agora ganhou até capa de revista econômica pelos dilemas que está criando na sociedade asiática, que tem sido a mais refratária aos avanços. As mulheres asiáticas, que estão no mercado de trabalho e trabalham dez vezes mais em casa que seus maridos, estão fugindo do casamento e não tendo filhos.
Com maior ou menor intensidade, é mundial a ideia de que o trabalho em casa e os cuidados com os filhos é obrigação da mulher. O homem — quando quer — "ajuda". Se no Ocidente isso está mudando, no mundo oriental o problema é pior e produziu equações difíceis de serem resolvidas do ponto de vista econômico e social.
A "Economist" tratou disso na semana passada: o movimento das asiáticas de fuga do casamento representa uma queda mais rápida da população, que pode representar envelhecimento ainda mais rápido, criando dificuldades maiores ao sistema previdenciário.
Um terço das mulheres nos seus trinta e poucos anos na Ásia não se casaram; e no Japão 21% delas encerraram o período reprodutivo sem se casar. Em Tóquio, a taxa chegou a 30%. Em Cingapura, 27% das mulheres com curso superior entre 40 e 44 anos não se casaram. Essas taxas estão subindo também na Tailândia, Coreia e até na China, entre mulheres mais escolarizadas e com renda maior. Lá, há muito preconceito contra nascimentos fora do casamento, porque a Ásia não passou pela revolução de costumes que houve no Ocidente. Por isso, não casar significa não ter filhos.
No Ocidente, é alta a taxa de crianças nascidas fora do casamento tradicional. Na Suécia, 55% das crianças nascidas em 2008 foram fora do casamento; na Islândia, 66%. Na Ásia, a média é 2%. O problema é que a carga a se carregar no casamento é pesada demais para uma asiática, diz a revista. Uma mulher asiática que trabalhe 40 horas semanais tem, em média, mais 30 horas de trabalhos domésticos. Os homens dedicam, em média, 3 horas a esse serviço. Além disso, considera-se que a mulher é responsável pelo cuidado das crianças e também dos idosos da família. Normalmente, a mulher por lá é responsável pelos cuidados do sogro e da sogra. Por isso, muitas asiáticas, principalmente as de alta escolaridade, estão preferindo apostar na carreira.
Aumenta também o que era inaceitável tempos atrás: relacionamento sem casamento, sem filhos e sem compromisso. As taxas de mulheres no mercado de trabalho estão aumentando rapidamente. Na Coreia do Sul, a taxa de mulheres empregadas na faixa dos 20 anos superou a de homens. Com opções e independência financeira, elas impõem os termos: ou a sociedade muda por uma divisão mais igualitária do peso da vida familiar ou elas continuam solteiras. "Por que mudaria minha vida para preparar sopa de tofu como minha mãe?" disse uma entrevistada à revista.
Na Índia e China, há outro problema: o aborto seletivo que impede o nascimento de meninas. Em 2050, haverá nestes dois países 60 milhões de homens a mais que mulheres em idade de se casar, diz a "Economist". Já há cálculos mostrando aumento do percentual de homens que não vão conseguir se casar por falta de mulheres na China nas próximas décadas.
O interessante da reportagem é que normalmente as matérias sobre casamento apresentam a versão de que mulheres querem muito se casar e os homens fogem. É como se o casamento fosse um sonho compulsivo feminino. O texto da "Economist", naquele estilo sóbrio e fundamentado em estatísticas, sustenta o contrário: elas é que estão dizendo não e justamente na sociedade asiática, que, até recentemente, proclamava-se a região do mundo que era superior por ter valores e princípios familiares mais arraigados. A reportagem diz que esses valores eram na verdade a visão conservadora e ultrapassada de que cabe apenas à mulher carregar o peso da renovação da população e ainda ser o amparo dos mais velhos.
"As mulheres estão rejeitando o casamento na Ásia e isso tem sérias implicações sociais", diz o subtítulo do editorial da revista. "Os governos asiáticos têm há muito tempo a visão de que a superioridade de seus valores familiares era uma das grandes vantagens que tinham em relação ao Ocidente. Isso não está mais garantido. Eles precisam acordar para as profundas mudanças sociais que acontecem em seus países e pensar em como podem enfrentar as consequências", alerta a "Economist".
Na visão da revista, é difícil uma política pública acabar com o preconceito que produz essa distribuição desigual dos pesos na família, mas os governos têm algo a fazer. Ela sugere licenças-paternidades, para que homens se envolvam mais com os recém-nascidos e as crianças em crescimento, e subsídio ou oferta de serviços que facilitem o cuidado da criança. Em alguns países europeus e nórdicos, a ideia de licença-maternidade evoluiu para a "licença para cuidar da criança", que é concedida à pessoa da família que se dispõe a fazer o trabalho. Após o fim do período de amamentação, essa pessoa não tem que ser necessariamente a mãe. Numa nova sociedade, com outros valores, é preciso pensar em novas políticas públicas atualizadas aos novos desafios.
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Comentários
Isto já acontece.
Isto é menos provável. Na China, a filha que casa vai embora - e quem vai cuidar dos pais quando ficarem velhos, já que não há aposentadoria?
Na Índia, é o pai da noiva que tem que pagar o dote à outra família, portanto, quando alguém tem muitas filhas e pouco dinheiro, escolhe uma para casar e as outras que se virem. Se a sogra achar que o dote foi pouco, dá um jeito de a nora sofrer um acidente na cozinha (há uma quantidade anormal de mulheres que morrem de acidentes domésticos na Índia) e o filhinho querido pode arranjar coisa melhor.
Quando o número de mulheres for tão reduzido ao ponto que elas se tornem realmente escassas, os pais dessas indianas poderão se negar a pagar o dote, uma vez que a família do marido não tem a menor escolha, inclusive poderão cobrar uma recompensa por estarem cedendo a própria filha, já que mulheres se tornaram realmente escassas. Ou seja, inverterá de ponta a cabeça uma cultura milenar.
No caso da China, poderão negociar a aposentadoria com a família do pretenso esposo podre de rico, já que só ricos terão acesso a mulheres e mesmo para eles, elas serão bastante disputadas. Lembre-se, mulheres serão como diamantes.
Mais uma vez o capitalismo venceu, com louvor.
Só faltou perguntar se a mulher quer participar desse esquema como mercadoria.
Talvez, como mostra o artigo, ela prefira ter sua carreira e namorar sem casar.
Só ficarão disponíveis as mulheres pobres e sem instrução, para quem o casamento é a saída.
E era justamente a estas mulheres que eu me referia. O casamento moderno é uma visão romântica/burguesa, só consentida a quem já tem um certo patamar de estabilidade financeira. Quem não sabe o que vai ter pra comer no dia de amanhã, é melhor ligar matrimônio a patrimônio, inclusive haverá maior satisfação caso esta ligação seja feita.
O fato de mulheres com dinheiro estarem rejeitando maridos vai tornar as mulheres pobres ainda mais disputadas.
O problema ainda não foi resolvido. O crescimento pode estar menor, mas continua.
Há muito tempo que o planeta já está superlotado e a coisa só não está pior porque só uma parte do mundo consome como os americanos.
A pergunta a fazer é se a desaceleração é suficiente?
Não sei responder. Você diz que não. Talvez você esteja certo, mas, sobrelotado ou não, todos vivemos neste planeta. Parece até que melhor do que no passado, quando eramos menos.
Outra pergunta que pode ser feita; pode o desenvolvimento técnico permitir uma população mundial superior à atual, sem que isto implique em maior dano ambiental?
De novo; não sei responder.
A unica coisa que julgo saber; as pessoas devem escolher livremente se querem ter filhos.
Pode-se fazer planeamentos familiar, sem considerar o aborto como solução.
Enquanto as taxas de natalidade caem praticamente no mundo todo, as produtividades agrícolas aumentam, ambos década após década desde os anos sessenta.
A tal bomba populacional que levaria o mundo à fome foi desmontada.
Os problemas ambientais também são melhor gerenciados hoje do que há quarenta anos, quando as populações eram menores. Até no nosso país do jeitinho os empresários temem mais as autoridades ambientais do que qualquer outro órgão estatal.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Ou alguém aqui acredita que todo mundo vai ser pego de surpresa? Que de repente, não mais que de repente, todos os armazéns do planeta já não terão um grão de cereal ou uma gota de água potável?
À medida que se aumentar uma desproporção entre número de pessoas e recursos para manter estas pessoas, os recursos encarecerão ao ponto que não permitirá a perpetuação das mesmas.
A chance de um colapso global por falta de recursos é simplesmente nula.
Tenho lido suas mensagens, autênticas declarações de fé.
Pode ocorrer, pensar o contrario é ingenuidade. Não é possível tudo prever, o mercado para si parece a divina providência de outros tempos.
A tragédia do Japão, e outras, mostra que a surpresa é possível.
Embora, você coloque a fasquia num nível muito drástico, onde a vida se extinguiu, pois sem uma gota de água potável, incluo, a água produzida por meios técnicos; indica que o homem nem existe mais, e este cenário pode ocorrer.
A maior parte das guerras são por recursos.
Haja fé. Um colapso ocorre por ocorrência de eventos sequenciais incontroláveis que tornam impossível a continuidade de um estilo de vida,
Um colapso, no meu entender, pode não ser o fim do mundo,e até ser ultrapassado com mais ou menos desconforto. Desde que continue a existir pelo menos água potável natural ou produzida.
Bom, tem aquela história do sapo na panela de água fria que vai esquentando aos poucos. Ele vai adiando a hora de pular fora até que morre cozido.
Sim. Aparentemente, a esperança não deu resultado na Somália e em outros lugares.
http://www.sankakucomplex.com/2008/07/22/slave-“wife”-kept-naked-chained-for-15-years/
http://www.sankakucomplex.com/2008/08/16/slave-girl-bride-bought-for-3000/
North Korean Sex Slaves Sell for $450
http://www.koreatimes.co.kr/www/news/nation/2009/03/113_42143.html
Muito bem lembrado.
Pois é.
O Mar de Aral, que já ostentou o honroso título de quarto maior lago do mundo, hoje, praticamente não existe. Está reduzido há 10 por cento de seu tamanho original. Citei esse exemplo aleatoriamente. Existem muitos outros. Não compartilho do otimismo dos colegas. Espero que eles estejam certos e, eu, errado.
Vejamos.
O que estamos discutindo exatamente?
Eu estava me referindo especificamente à surpresa da desproporção entre recursos e população chegar num patamar insustentável repentinamente. Se um asteróide gigante atingir a Terra e acabar com a vida no planeta, é óbvio que o mercado não pode fazer nada a respeito.
Mas qual a solução? Viver numa nóia inútil com medo de asteróides?
O que não tem remédio, remediado está.
Eu? Cínico!
Quem alerta sobre o fim da água, pico do petróleo, aquecimento global e outras estultices são os alarmistas progressistas. Eu nunca tive medo algum de nada disso acontecer.
Deixa eu corrigir minha sentença para que não se especule sobre catástrofes que nada têm a ver com o que está sendo discutido.
E é! E é!
Logo o coeficiente intelectual de toda a humanidade junta é equivalente a um sapo.
É, isso muda as coisas.
Mesmo assim, a não ser que a importação de mulheres de países mais pobres nas redondezas se torne acessível à população média chinesa, o que por si só já igualaria o número de homens e mulheres, a tendência no longo prazo é que as coisas se estabilizem.
As pessoas são acomodadas e preferem deixar como está para ver como é que fica.
É uma idéia muito repetida, mas não totalmente correta.
A maioria das guerras é por poder.
Recursos geralmente são meios e não fins.
O Japão Imperial ocupou países asiáticos para obter recursos para manter a guerra e não fez a guerra para obter recursos.
Recursos motivam guerras quando seu controle altera o equilíbrio de poder.
Fora desta situação, geralmente é mais lucrativo comerciar do que guerrear para obter.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Voltando mais ao tema original. As mulheres casam menos, e dai?
Daí que, no caso das orientais, também não têm filhos, devido à moral vigente na região.
Não deixam de namorar, mas isto não atende aos homens que querem constituir família.
Juntando isto à preferência por filhos homens na Índia e na China, temos uma escassez de mulheres dispostas a se casar.
Há 4 mil anos, os hinduístas já pediam aos deuses que não lhes dessem filhas.
Hoje, ou elas são abortadas ou morrem por falta de cuidados médicos, dados de preferência aos meninos.
Ocupadas a combater a discriminação na publicidade, promover o aborto em nome do direito ao corpo, etc.
Digo que a visão da Asia ser atingida pelo envelhecimento é boa, para eles também conhecerem o nosso destino europeu de marasmo. Talvez, seja até positiva para a paz mundial. Porém, não deixa de ser errado o modo como isto se faz.