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Herança
maldita é a institucionalização da impunidade dos bandidos de
estimação
Se conseguisse envergonhar-se com alguma coisa, o ex-presidente Lula
estaria pedindo perdão aos brasileiros em geral, por ter imposto a
Dilma Rousseff a nomeação de Antonio Palocci, e aos paulistas em
particular, por ter imposto ao PT a candidatura de Aloízio
Mercadante ao governo estadual. Se não achasse que ética é coisa
de otário, trataria de concentrar-se nas palestras encomendadas por
empreiteiros amigos para livrar-se de explicar o inexplicável, como
o milagre da multiplicação do patrimônio de Palocci e a
comprovação do envolvimento de Mercadante nas bandalheiras dos
aloprados. Se não fosse portador da síndrome de Deus, saberia que
ninguém tem poderes para revogar os fatos e decretar a inexistência
do escândalo do mensalão.
Como Lula é o que é, aproveitou a reunião do PT paulista, neste 17
de junho, para tratar de todos esses temas no mesmo palavrório. Com
o desembaraço dos condenados à impunidade perpétua e o cinismo de
quem não tem compromisso com a verdade, o sumo-sacerdote da seita
serviu a salada mista no Sermão aos Companheiros Pecadores, clímax
da missa negra em Sumaré. Sem união, ensinou o mestre a seus
discípulos, nenhum bando sobrevive sem perdas. Palocci, nessa linha
de raciocínio, perdeu o empregão na Casa Civil não pelo que fez,
mas pelo que o rebanho governista deixou de fazer. Foi despejado não
por excesso de culpa, mas por falta de braços solidários.
Para demonstrar a tese, evocou o escândalo do mensalão, sem
mencionar a expressão proibida. “Eu sei, o Zé Dirceu sabe, o João
Paulo sabe, o Ricardo Berzoini sabe, que um dos nossos problemas em
2005 era a desconfiança entre nós, dentro da nossa bancada”,
disse o mestre a seus discípulos. “A crise de 2005 começou com
uma acusação no Correio, de R$ 3 mil, o cara envolvido era do PTB,
quem presidia o Correio era o PMDB e eles transformaram a CPI dos
Correios, para apurar isso, numa CPI contra o PT, contra o Zé Dirceu
e contra outros companheiros. Por quê? Porque a gente tava
desunido”.
A sinopse esperta exige o preenchimento dos muitos buracos com
informações essenciais. Foi Lula quem entregou o controle dos
Correios ao condomínio formado pelo PMDB e pelo PTB. O funcionário
filmado embolsando propinas era apadrinhado pelo deputado Roberto
Jefferson, presidente do PTB, que merecera do amigo Lula “um cheque
em branco”. O desconfiado da história foi Jefferson, que resolveu
afundar atirando ao descobrir que o Planalto não o livraria do
naufrágio. Ao contar o que sabia, desmatou a trilha que levaria ao
pântano do mensalão. Ali chapinhava José Dirceu, chefe do que o
procurador-geral da República qualificou de “organização
criminosa sofisticada” formada por dezenas de meliantes.
Tais erros não podem repetir-se, advertiu o pregador. É preciso
preservar a coesão do PT e da base alugada, contemplando com
cuidados especiais os parceiros do PMDB. Para abafar focos de
descontentamento, a receita é singela: “A gente se reúne, tranca
a porta e se atraca lá dentro”, prescreveu. Encerrada a briga de
foice, unifica-se o discurso em favor dos delinquentes em perigo.
“Eu tô de saco cheio de ver companheiro acusado, humilhado, e
depois não se provar nada”, caprichou na indignação de araque o
padroeiro dos gatunos federais. Aos olhos dos brasileiros honestos,
figuras como o mensaleiro José Dirceu, a quadrilheira Erenice Guerra
ou o estuprador de sigilo bancário Antonio Palocci têm de prestar
contas à Justiça. Para Lula, todos só prestaram relevantes
serviços à pátria. A lealdade ao chefe purifica.
“Os adversários não brincam em serviço”, fantasiou. “Toda
vez que o PT se fortalece, eles saem achincalhando o partido”. É
por isso que Mercadante está na berlinda: segundo Lula, os inimigos
miram não no comandante de milícias alopradas, mas no futuro
prefeito da capital. “Nunca antes na história deste país tivemos
condições tão favoráveis para ganhar as eleições no Estado”,
festejou no fim do sermão.
Se há pouco mais de seis meses o PT foi novamente surrado nas urnas
paulistas, o que ampara o otimismo do palanque ambulante? Nada. É só
mais um blefe. O PSDB costuma embarcar em todos. Não conseguiu
sequer deixar claro que o Brasil Maravilha esculpido em milhares de
falatórios só existe na imaginação dos arquitetos malandros e na
papelada registrada em cartório.
Cumpre à oposição mostrar que o homem que brinca de xerife é o
vilão do faroeste de quinta categoria. Os brasileiros precisam
aprender que o câncer que corrói o organismo político nacional não
é a corrupção simplesmente ─ essa existe em qualquer paragem. É
a certeza de que não haverá sanções legais. Ao longo de oito
anos, enquanto cuidava de promover a ignorância à categoria das
virtudes, Lula institucionalizou a impunidade dos corruptos e
acelerou a decomposição moral do país.
O Brasil deste começo de século lembra um grande clube dos
cafajestes sustentado por milhões de eleitores para os quais a vida
consiste em não morrer de fome. Essa sim é a herança maldita.
COMENTÁRIOS:
Reynaldo-BH
-
21/06/2011 às 22:35
Augusto,
NA MOSCA! No alvo! O PT serviu para enterrar esperanças de mudanças.
E consegui – feito supremo – piorar o que já era ruim. Havia
corrupção? Sim! Sarney foi justamente qualificado por Lula com o”o
maior ladrão do Brasil!”. Collor, foi deposto por ter roubado,
sendo direto e sem eufemismos. O PT não só os resgatou como
transformou-os em aliados, com direito a diferenciações. Sequer
houve substituição da oligarquia que matava o Brasil Esta foi
incorporada ao sindicalismo de resultados. Os resultados decorrentes
de empregos, consultorias, licitações fraudadas, enfim roubo! Isso
já seria o suficiente para que esta herança fosse maldita! Foram
além, com Lula à frente. Transformaram a ignorância em predicado.
A mentira em argumento. A ocultação de desvios em prática comum. O
gangsterismo substituindo as relações institucionais. A defesa do
indefensável. Este legado não é só maldito. É criminoso para com
a construção de uma nação. Que Lula sequer sabe diferenciar de
população! Salazar deixou um país com receios eternos de ousar!
Franco, com a necessidade de valorização de uma classe política
que havia sido asfixiada! Hitler, um manto de vergonha que ainda
incomoda aos alemães. Fidel, um país em destroços no que diz
respeito à própria auto-estima. Lula nos deixou uma cultura de
desrespeito, mentiras, proteção a criminosos, culto à
personalidade (comum nos exemplos anteriores!) e destruição do que
estávamos (TODOS NÓS!) construindo como exemplo de dignidade e
cidadania.
Lula poderia ser desculpado, pela história, pelas
escolhas erradas enquanto presidente.
JAMAIS será pela sordidez
mesquinha que demonstra ter. E que não confundam a falta de cultura
por este desvio! A questão é de caráter!
Abraços.
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