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Comentários
Um Milagre se define cientificamente quando um Fenômeno não tem causa natural ou a causa natural identificada não poderia existir por violar as Leis Naturais.
O problema com o primeiro caso é que não há como diferenciar um fenômeno sem causa natural de um fenômeno de causa natural ainda não identificada. Caem nesta situação praticamente todos os milagres reivindicados por todas as religiões.
No segundo caso seria fácil comprovar o milagre por experimentação, por exemplo verificando um sistema isolado no qual o Calor flui espontaneamente do corpo de menor temperatura para o de maior.
Desconheço alegações de milagres com esta característica comprovada.
Fé.
Não é tão absurdo se considerarmos que também temos Fé nas comprovações científicas. Aceitamos que os cientistas que realizaram e publicaram experimentos e foram criticados por seus pares são dignos de credibilidade. Crentes orientam sua credibilidade por outras premissas. A diferença está que a Ciência pode fazer previsões que se cumprem e apresentar resultados práticos, mas o fato de a Ciência apresentar regras confiáveis não invalida a possibilidade da exceção e a própria Ciência - seguindo o Discurso Popperiano - admite isto.
Toda afirmação de "não existência" é circunstancial. Céticos Científicos de verdade deveriam saber disto.
O fato de criticar fanatismo alheio ser fácil não implica que seja errado. Pelo contrário, se todos criticarem o fanatismo alheio, em algum momento criticarão o nosso, nos dando chance à autocrítica. Aí vai da honestidade intelectual e moral de cada um.
O perigo é que quando nos desapegamos de tudo, perdemos os referenciais o que torna o juízo impossível. Crenças Fundamentais são necessárias, o que não implica que devam ser colocadas acima da crítica, como os dogmas religiosos.
O check-list do Fernando é ótimo. Sou observador antigo destes fenômenos, mas esta foi nova prá mim.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
O pior é que ele deu como exemplo de milagre diário a "transformação do pão no corpo de Cristo" nas igrejas...
Todos os dias vejo no Facebook militantes céticos que falam pelos cotovelos sobre Método Científico, que sempre têm uma palavra de desprezo sobre crentes religiosos e que se manifestam tão ou mais fanaticamente que aqueles crentes ao defenderem ideologias político-partidárias.
E tenho amigos cuja paixão pelo time de futebol é, pelos meus critérios, simplesmente inexplicável. Um deles cursou o ensino médio comigo e era daqueles gênios adolescentes de comédia americana, imbatível no quadro negro e nem tanto nas quadras esportivas (não que eu fosse algum Pelé ou mesmo, algum Zoca - vão pesquisar).
Bem, hoje este amigo é chamado de "Professor" pela torcida de seu time, por haver se tornado uma enciclopédia viva da história de seu clube, pelo qual mantém uma ativa militância na Internet.
Por estas e outras que após mais de dez anos de Religião é Veneno, a maior lição que nos chega é que combater o fanatismo dos outros é fácil.
Difícil é monitorar os nossos próprios e resistir à resposta automática do "eu não tenho fanatismo nenhum". Ou preconceito nenhum ou qualquer-pensamento-condicionado-ruim nenhum.
As brechas mentais por onde entram os fanatismos, preconceitos e paixões irracionais são identificáveis pela autocrítica, pelo autoconhecimento e por um decidido esforço de colocar a verdade acima de nosso próprio Ego.
Quem faz isto?
A Igreja Católica Romana criou o Exame de Consciência, primeiro passo na sequência sacramental que leva à absolvição.
Modernos tentaram substituí-la pelas sessões de Análise, que nunca funcionam para ninguém, exceto, por outros motivos, para o Analista.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Exemplo (longa demais para postar aqui):
http://old.fatima.org/port/examconpt.htm
Fernando,
Fico imaginando qual seria o método científico utilizado para comprovar um milagre e obviamente, mesmo que a minha imaginação extrapole todas as leis da física e da matemática, fica difícil imaginar.
Se é difícil imaginar, como o ser humano consegue ACREDITAR em milagres?
Como que diante de tanta falta de comprovação esse ser humano continua ACREDITANDO nos milagres?
Apego? Birra? Emocional?
Esse é o ponto.
O mesmo acontece com os céticos e ateus "pragmáticos", qual o método utilizados por eles para AFIRMAREM que milagres não existem? Como que diante da não comprovação da inexistência a pessoa CEGAMENTE afirma a não existência?!
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Acauan,
É verdade Acauan, combater e discutir o fanatismo dos outros é muito fácil, mas mesmo sendo fácil, fica difícil ficar "calado" a respeito e de vez em quando dá vontade de expor a falta de entendimento, como estou fazendo nesse tópico...
É difícil nos monitorar, realmente, acho que a melhor escolha é buscar o equilíbrio entre as coisas, sem apego a "grupos", crenças e ideologias, seja político, religioso ou outros. Pois vivemos evoluindo, digo na questão social, e a melhor pessoa a se adaptar as mudanças, são aquelas que absorvem de tudo que é bom, independente de grupos, crenças e ideologias. A aqueles que absorvem mais coisas ruins, claro.
Depois vou dar uma olhada nesse Exame de Consciência!
Abraços!
Mas é, eu mesmo só dei conta disto uns tempos atrás.
Quem consegue chegar a isto de colocar a verdade em cima do ego acaba de evoluir bastante como pessoa.
Eu mesmo passo por isto muitas vezes: não chego a ser o ser perfeito (aliás, nem acredito em perfeição). Mas consegui melhorar o relacionamento com as pessoas em minha volta.
É difícil inicialmente, mas com o passar do tempo esse processo torna-se menos doloroso.
― Winston Churchill
Fernando, esta lista vai para arquivo de consulta permanente.
Aliás, "Os quatro pecados que bradam aos Céus" por si só já valeram a leitura.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
No geral, sim, mas elas também tem seus dogmas, como o Karma.
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Teosofismo, a historia de uma pseudo religiao, p. 88 e 89, IRGET.
O que não muda o fato que o conceito de karma era uma das sustentações da sociedade de castas da Índia e mesmo do Japão xintoísta dos samurais.
O conceito oriental de karma não presume a permanência da individualidade, logo é inaceitável para os ocidentais que o associaram à continuidade pós-morte do indivíduo.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Obviamente cada pessoa se percebia como tal, mas o fato não tinha uma expressão filosófica que o especificasse.
Ser membro de uma casta implicava que sua identidade se resumia a isto, uma fração de um todo que não podia ser reconhecido por si só.
Na percepção oriental a existência é uma essência compartilhada, inclusive a vida, algo como gotas do oceano que podem se distinguir dele por alguns instantes, mas dele surgem e a ele retornam sem que isto torne a gota uma entidade distinta e definível em si mesma.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Pode-se tracar analogias com a sociedade medieval, o clero (Bramana, autoridade espiritual), nobreza (Kshatriya, autoridade temporal), Vaishya (comerciantes, fazendeiros) e servos (Shudras). Nao sei se haveria algo analogo aos Shandalas. Imagino que seja possivel tracar analogia com qualquer sociedade tradicional.
Segundo Guenon, foram os ocidentais que levaram estas interpretacoes para la, inclusive sendo rejeitados pela maioria esmagadora dos hindus verdadeiros.
Guenon critica o budismo primitivo indiano justamente pelo fato de este ter nascido como um movimento social igualitario que se tornou anti-tradicional ao rejeitar a instituicao das castas.
Logo depois o budismo morreu na India e se espalhou pelo resto dos Orientes, absorvendo parte da tradicao local e formando varias escolas, podendo ser dividido em dois grandes grupos o do norte (mais ortodoxo) o do sul (mais degenerado). Guenon passou a ter uma visao mais positiva do budismo depois dos estudos do seu pupilo Ananda K. Coomaraswamy.
Segundo Guenon, a unidade estaria no conteudo, uma vez que o conteudo de qualquer doutrina legitimamente oriental e a metafisica, a contemplacao do todo, e a metafisica nao pode estar submetida a arbietrariedades de qualquer especie. Ja a parte externa, ritualistica, simbolica, e toda diferente.
A analogia da gota é válida se considerarmos que, segundo escolas orientais, na harmonia absoluta nada se destaca do todo. Como em um mar calmo. A gota se separa do oceano quando alguma turbulência a lança fora, mas isto é sinal de que algo perturbou a harmonia, que quando restaurada reintegrará a parte ao todo sem que nada sobre que distingua.
No caso é mais aplicável o conceito judaico de unidade divina, expressa na confissão de fé do judeu: "Ouvi pois Israel, o Senhor é Deus. O Senhor é Um". No judaísmo, esta Unidade Divina contém, necessariamente todas as coisas.
Paulo também faz referência à totalidade do Real estar contido na Unidade Divina quando afirma que " Nela nos movemos, vivemos e somos. "
Deificar Jesus de Nazaré foi uma ousadia dos cristãos, que depois criaram uma teologia sofisticada para justificar isto.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Mas nao deixa de ser um erro muito grave: http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/14100-introducao-ao-de-incarnatione-de-santo-atanasio-ou-sobre-livros-antigos.html
http://esbocoserascunhos.blogspot.com.br/
Alias, excelente texto.
O que e melhor para entender a Grecia Antiga? Ler o que o pai da ciencia da analise politica e observador vivo da epoca tem a dizer ou um drogado modernista como Focault?
Outra: Havia alguma Instituicao analoga a das castas hindus?
Independente da sua interpretacao da Biblia, a tradicao crista depende fundamentalmente da divindade em Cristo.
Voce comete o mesmo erro sobre o hinduismo. Cita como se fosse "algumas escolas bisonhas" que defendem as castas, enquanto estas sao parte fundamental das doutrinas hindu. Para os hindus, quem rejeita as castas nao pode ser tradicional.
Shankaracharya foi um dos mais proeminentes bramanes que ja existiu, autor do Advaita Vedânta (vedanta nao-dualista, tambem fundamento das doutrinas hindus), critico do budismo primitivo por sua caracteristica anti-tradicional e voce nao pode acusa-lo de ser so mais um politiqueiro.
Aqui um texto do mesmo livro (Introducao Geral as Doutrinas Hindus) sobre o que e tradicao: http://www.reneguenon.net/IRGETGuenonOqueETradicao.html
As doutrinas orientais sao cheias de simbolismo e nada deve ser interpretado literalmente. Alias, Guenon e um dos maiores criticos do "literalismo".
Voce leu o link recomendado? Guenon afirma que tratar as castas como indiscutivelmente hereditarias e um erro.
E em relacao a versao de hinduismo da Sociedade Teosofica.
p. 90 e 91
Ha uma breve explicacao a respeito em Introducao Geral... por conta da metafisica, que e a cerne das doutrinas orientais e nao esta sujeita a arbitrariedades nao pode ser diferente uma da outra, fazendo uma analogia simplista apenas para compreensao, um ramo especifico da ciencia, a geometria, por exemplo, nao pode ser diferente no Brasil ou na China.
Mas quem ficou famoso com esta teoria mesmo foi Frithjof Schuon, discipulo de Guenon que acabou rompendo com o mestre, o que ironicamente causa desentendimentos infantis entre seus seguidores ate hoje, com a obra A Unidade Transcendente das Religioes: http://www.4shared.com/office/3fkUcz6B/a_unidade_transcendente_das_re.htm