Nova geração de repelentes pode revolucionar o combate a insetos e pragas. As substâncias foram identificadas a partir do estudo dos neurônios olfativos de moscas-da-fruta.
Por: Cássio Leite Vieira
Publicado em 29/11/2013 | Atualizado em 29/11/2013
Pesquisadores dos Estados Unidos identificaram quatro substâncias naturais que poderão ser usadas como repelente de insetos. (foto: Gabor Bibor/ Sxc.hu)
Estudo mostrou o caminho para a obtenção de uma nova geração de repelentes contra insetos, ao descobrir compostos com essa propriedade mais baratos, seguros para humanos e que não dissolvem o plástico. E, de quebra, o grupo responsável pela pesquisa ainda fez uma descoberta básica importante sobre a morfologia de insetos, considerada uma revolução na área que estuda o olfato.
Pode-se dizer que a equipe de Anandasankar Ray, da Universidade da Califórnia, em Riverside (EUA), iniciou o experimento pelo caminho inverso: primeiramente, identificou que neurônios eram responsáveis por fazer o inseto evitar um repelente. E essa estratégia levou à seleção de quatro substâncias que podem ser o ponto de partida para uma nova geração de repelentes contra insetos e, talvez, também pragas da agricultura.
O mais comum dos repelentes atuais, o DEET, está há cerca de 60 anos no mercado, é caro, faz mal à saúde de mamíferos e tem a desvantagem de dissolver plásticos
Ray e colegas usaram a Drosophila melanogaster modificada geneticamente para que os neurônios olfativos dessas moscas-da-fruta brilhassem em verde fluorescente quando ativados pelo princípio ativo do mais comum dos repelentes atuais, o DEET – há cerca de 60 anos no mercado, o DEET (sigla para N, N-dietil-m-toluamida) é caro, faz mal à saúde de mamíferos – inibe a enzima acetilcolinesterase – e tem a desvantagem de dissolver plásticos.
Nas mosquinhas modificadas, os pesquisadores conseguiram localizar o receptor do DEET: a proteína Ir40a. Ela está nos neurônios olfativos de uma região da antena da Drosophila pouco estudada e conhecida, o sáculo, com forma de poço. Descoberto o receptor, a equipe selecionou, entre cerca de 400 mil substâncias, aproximadamente 200 candidatos ao posto de repelentes naturais. Quatro desses compostos ativaram os neurônios do sáculo e mantiveram afastados tanto a Drosophila quanto mosquitos Aedes. Ou seja, comportaram-se como repelentes. Ray e equipe publicaram os resultados em Nature (02/10/13).
Já aprovadas
A vantagem é que essas substâncias selecionadas são baratas, podem ser fabricadas em grandes quantidades e não têm efeitos colaterais para humanos e outros animais. Além disso, não dissolvem plásticos. Três delas são aprovadas pelo FDA (órgão que regula o comércio de drogas e alimentos nos EUA) como flavorizantes e são usadas em comidas.
E a parte mais peculiar da descoberta: as substâncias têm cheiro de uva.
Poderiam, então, ser aplicadas a mosquiteiros, cortinas e até roupas. A universidade já entrou com o pedido de duas patentes.
Segundo Ray, a proteína Ir40a está presente em muitos insetos e pragas. Assim, é possível que os repelentes recém-descobertos possam também servir para manter afastados piolhos, percevejos, formigas, baratas etc. E serem usados na agricultura para evitar a aproximação de pestes, bem como em áreas atingidas por doenças que são transmitidas por insetos, como dengue, malária, febre amarela.
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Comentários
Ele fica com as pernas todas picadas por pernilongos.
― Winston Churchill
Aka mosquiteiro. Temos alguns, mas quando ele não está no berço ele é vitima desses predadores.
― Winston Churchill