segunda-feira, 28 de outubro de 2013
“Eu não celebro Che Guevara mais”
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Stefan Baciu, o primeiro à direita, com Che Guevara, em 1959.
Um jornalista romeno chamado Stefan Baciu (Romênia, 1918-1993) foi a Cuba no início de 1959 e teve a sorte de conseguir uma audiência com o já famoso Che Guevara, que já havia conhecido na Cidade do México. O encontro entre Baciu e Guevara ocorreu no escritório em La Cabaña. Assim que entrou, Guevara chamou-o para perto da janela recém-construída. E o que presenciou ao chegar perto dele foi ouvir o chamado “Fuego!” e a saraivada do pelotão de fuzilamento, com a conseqüente e convulsa – queda dos condenados. Stefan Baciu, estarrecido, deixou o local e imedietamente compôs um poema, intitulado “Eu não celebro Che Guevara mais”: (FONTOVA, 2009, p.130)
“Yo no canto al Che,
como tampoco he cantado a Stalin;
con el Che hable bastante en Mexico,
y en la Habana
me invito, mordiendo el puro entre los labios,
como se invita a alguien a tomar un trado en la cantina,
a acompañarlo para ver como se fusila en el paredon de La Cabaña.
Yo no canto al Che,
como tampoco he cantado a Stalin;
que lo canten Neruda, Guillen y Cortazar;
ellos cantan al Che (los cantores de Stalin),
yo canto a los jovenes de Checoslovaquia.” (LAZO, 1972, p.254)
Tradução nossa:
“Eu não celebro Che Guevara mais,
como tampouco celebrei Stalin;
com o Che muito conversei no México,
e também em Havana
ao que ele me convidou, mordendo o charuto entre os lábios,
como se convida alguém a tomar um drinque no bar,
a acompanhá-lo para ver como se fuzila no paredão de La Cabaña.
Eu não celebro Che Guevara mais,
como tampouco celebrei Stalin;
que o celebrem Nedura, Guillen e Cortazar;
eles celebram o Che (os puxa-sacos de Stalin),
eu canto aos jovens da Checoslováquia.”
Referências Bibliográficas:
FONTOVA, Humberto. O verdadeiro Che Guevara: e os idiotas úteis que o idolatram. São Paulo: É Realizações, 2009. 288 p.
LAZO, Mario. Daga en el Corazon: Cuba Traicionada. New York: Minerva, 1972. 447 p.
Postado por Ernane Garcia às 20:41
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Marcadores: Che Guevara, La Cabaña, Stefan Bacie
Ernesto Guevara e o banditismo
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Che Guevara seguiu os passos de Josef Stalin. Em 1907, Stalin e sua gangue conhecida como Drujina roubaram 250 mil rublos de um banco, em Tíflis – cerca de 125 mil dólares. Lênin utilizava esse dinheiro para pagar salários e publicar jornais, na Rússia. (SEBAG MONTEFIORE, 2008, p. 33-43; PIPES, 2008, p.123)
Dados da ficha criminal de Stalin a partir dos arquivos da polícia secreta czarista em São Petersburgo, 1913.
Em novembro de 1958, Ernesto Che Guevara ordenou a Enrique Oltuski que assaltasse o banco da cidade de Sancti Spíritus; o jovem dirigente local negou-se terminantemente a fazê-lo. O Che respondeu por meio de carta com uma de suas temidas “descargas”: “[Se] os líderes dos povoados ameaçam renunciar [...] que o façam. Mais ainda, exijo que o façam agora, pois não se pode permitir um boicote deliberado a uma medida tão benéfica à Revolução.”
Evidencia seu posto (“Vejo-me na triste necessidade de recordar-lhe que fui nomeado comandante-em-chefe [...]") e estabelece um vínculo preciso entre a distribuição de terras, o recurso aos assaltos e o que poderíamos chamar conteúdo de classe da Revolução: “Por que nenhum camponês discorda de nossa tese de que a terra pertence àqueles que a trabalham, enquanto que os donos da terra discordam?
“Isso não estará relacionado com o fato de que a massa dos combatentes está a favor dos assaltos a bancos quando todos eles estão sem um tostão? Será que você está levando em consideração o respeito para com essas que são as mais arbitrárias das instituições financeiras? Aqueles que ganham dinheiro emprestando dinheiro dos outros e fazendo especulação com ele não têm direito algum a consideração especial.” (ANDERSON, 1997, p.412; CASTAÑEDA, 2006, p.167; KALFON, 1998, p. 211; TAIBO II, 2008, p.226)
Referências Bibliográficas
ANDERSON, Jon Lee. Che - uma biografia. 2. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. 924 p.
CASTAÑEDA, Jorge G. Che Guevara: a vida em vermelho. 1. ed. Companhia de Bolso. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. 632 p.
KALFON, Pierre. Ernesto Guevara: Uma Lenda do Século. 2. ed. Lisboa: Terra Mar, 1998.
PIPES, Richard. História concisa da Revolução Russa. Rio de Janeiro: BestBolso, 2008.
SEBAG MONTEFIORI, Simon. O Jovem Stálin. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 568 p.
TAIBO II, Paco Ignacio. Ernesto Guevara, também conhecido como Che. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2008. 728 p.
Postado por Ernane Garcia às 13:29
Marcadores: bandido, banditismo, Che Guevara, Stalin
Che Guevara: um stalinista fanático
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“Uma revolução é certamente a coisa mais autoritária que se possa imaginar; é o ato pelo qual uma parte da população impõe a sua vontade à outra por meio das espingardas, das baionetas e dos canhões, meios autoritários como poucos; e o partido vitorioso, se não quer ser combatido em vão, deve manter o seu poder pelo medo que as suas armas inspiram aos reacionários.” (ENGELS, 1873)
Em 10/12/1053, percorrendo as imensas plantações costarriquenhas da United Fruit Company, sobre as quais fez um comentário ácido e quase caricaturesco: “Tive a oportunidade de passar pelos domínios da United Fruit, confirmando uma vez mais como são terríveis esses polvos capitalistas. Jurei diante de um retrato o velho e pranteado camarada Stalin não descansar até ver esses polvos capitalistas aniquilados. Vou aperfeiçoar-me na Guatemala e hei de conseguir o que me falta para ser um verdadeiro revolucionário”. (CASTAÑEDA, 2006, p.88; KALFON, 1998, p.99; TAIBO II, 2008, p.51) Stalin morrera nove meses antes.
Em uma carta à sua tia Beatriz de 9 de abril de 1955, assinou-a como Stalin II. (ANDERSON, 1997, p.195)
Segundo o biógrafo Roberto Luque Escalona (1994, p. 71), “Em outubro de 1956, quando o exército soviético interveio para esmagar a revolta nacionalista húngara, Che Guevara teve enérgicas discussões com um de seus companheiros, defendendo a intervenção.” Humberto Fontova entrevistou Julio Cañizarez, irmão de Armando Cañizares, com quem Che Guevara teve uma famosa querela em seu acampamento. “Che era totalmente a favor da invasão”, lembra Julio, rebelde que testemunhou a discussão. “‘Os soviéticos tinham todo o direito – e até o dever – de invadir a Hungria’, dizia Che sem rodeios. ‘Os rebeldes húngaros eram fascistas, agentes da CIA’ – aquela história. Ele parecia ler notas oficiais do governo soviético. Nós ficamos boquiabertos.” (FONTOVA, 2009, p.94)
Che Guevara ralhou com o embaixador cubano Faure Chomón quando este se opôs a depositar uma coroa de flores na tumba de Stalin. (CASTAÑEDA, 2006, p.235) Vários dos crimes de Stalin haviam sido denunciados quatro anos antes por Nikita Khrushchov no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética.
Em maio de 1961, quando K. S. Karol, que, segundo Pierre Kalfon (1998, p.307) “conheceu o dogmatismo da URSS e que fala com conhecimento de causa, evoca os males que ele próprio observou: despolitização, cinismo, semiparalisia intelectual estalinista, mas o Che, como resposta, recorre ao argumento que passará a constituir uma arma de arremesso para justificar os excessos do regime: “Quer o queira ou não, toda revolução comporta uma parte inevitável de estalinismo, porque toda a revolução tem de enfrentar o cerco capitalista”.”
Em março de 1965, o Che está novamente no Cairo. Mantém longas conversas com Nasser, nas quais lhe diz: “Não estamos felizes com o estalinismo, mas não aceitamos a reação dos soviéticos ao estalinismo.” (TAIBO II, 2008, p.432)
Em sua carta a Daniel (René Ramos Latour), publicada no Diário da Revolução Cubana, de Carlos Franqui, Che escreveu: “Pelos meus antecedentes ideológicos, sou daqueles que acreditam que a solução dos problemas do mundo está por trás da chamada Cortina de Ferro.” (ANDERSON, 1997, p.866; KALFON, 1998, p.194; TAIBO II, 2008, p.170)
Quatro dias depois, Daniel respondeu com uma refutação eloqüente: “Os da tua tendência tendência ideológica pensam que a solução para os nossos males está em libertarmo-nos do domínio nefasto dos ianques para nos colocarmos sob o domínio, não menos nefasto, dos soviéticos”. (ANDERSON, 1997, p.867; KALFON, 1998, p.195)
Nos primórdios de 1961, segundo Pierre Kalfon (1998, p.288), Guevara fala da “enorme liberdade individual [...] a enorme liberdade de pensamento” de que cada indivíduo goza na União Soviética. A Michel Tatu, correspondente do Le Monde, por ocasião de uma entrevista numa datcha, perto de Moscovo, declara, febrilmente, que “a URSS é, segundo a expressão de Neruda, a mãe da liberdade”.”
“Perante os telespectadores cubanos, e referindo-se à Coréia do Norte, onde permaneceu 5 dias, prossegue afirmando que, entre os países visitados, esse é “um dos mais extraordinários”. “Esse país conseguiu sobreviver graças a um sistema e a dirigentes admiráveis, tais como o marechal Kim Il Sung. [...] Tudo o que pudéssemos dizer pareceria inacreditável”. (...) Em suma, na Checoslováquia, na Alemanha Oriental e na Polónia (onde um dos seus adjuntos foi assinar acordos), “as realizações dos países socialistas são extraordinárias. Não há comparação possível entre os seus sistemas de vida, os seus sistemas de desenvolvimento e os dos países capitalistas” (!).” (KALFON, 1998, p.288)
Referências Bibliográficas
ANDERSON, Jon Lee. Che - uma biografia. 2. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. 924 p.
CASTAÑEDA, Jorge G. Che Guevara: a vida em vermelho. 1. ed. Companhia de Bolso. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. 632 p.
ESCALONA, Roberto Luque. Yo, el mejor de todos: biografía no autorizada del Che Guevara. Miami: Ediciones Universal, 1994. 160 p.
FONTOVA, Humberto. O verdadeiro Che Guevara: e os idiotas úteis que o idolatram. São Paulo: É Realizações, 2009. 288 p.
KALFON, Pierre. Ernesto Guevara: Uma Lenda do Século. 2. ed. Lisboa: Terra Mar, 1998.
Postado por Ernane Garcia às 13:02
“A sociedade está prestes a presenciar uma revolução silenciosa, a que deve ser submetida e da qual não deve haver notícia alguma acerca da realidade humana tal qual o terremoto faz com relação às casas, ante ao seu terrível poder de destruição. As classes e as raças, fracas demais para dominar as novas condições de vida, devem ser submetidas à dominação.” (MARX, 1853, tradução nossa)
“Os negros, os mesmos magníficos exemplares da raça africana que mantiveram sua pureza racial graças ao pouco apego que têm ao banho, viram seu território invadido por um novo tipo de escravo: o português [...] O desprezo e a pobreza os unem na luta cotidiana, mas o modo diferente de encarar a vida os separa completamente; o negro indolente e sonhador gasta seu dinheirinho em qualquer frivolidade ou diversão, ao passo que o europeu tem uma tradição de trabalho e de economia que o persegue até estas paragens da América e o leva a progredir”. (CASTAÑEDA, 2006, p.75; KALFON, 1998, p.87) O filme “Diários de Motocicleta” omitiu esta inconveniente observação do diário de Che Guevara.
Numa entrevista radiofônica concedida logo após o seu retorno a Havana, Che Guevara fornecia uma boa pista do que os negros e mulatos cubanos deveriam esperar do seu futuro na ilha. Um proeminente empresário cubano chamado Luis Pons, que por acaso era negro, perguntou, pois, a Che quais eram os planos da revolução para a população de cor. “Nós faremos por negros e mulatos exatamente o que eles fizeram pela revolução”, rebateu Guevara. “Ou seja: nada”. (FONTOVA, 2009, p.241)
Após chegar à Costa Rica, escreveu o que se segue: “Fiquei do lado de fora com Socorro, uma negrita [neguinha] que eu tinha arranjado, com 16 anos no lombo e mais puta do que uma galinha.” (ANDERSON, 1997, p.143) Nesta passagem, “Guevara deixa claro seu desprezo pelas mulheres, e seu latente ressentimento social torna-se evidente”, comenta Humberto Corzo.
Juan Almeida, o segundo à direita na parte de trás, ao lado de Che Guevara, 1959.
Pedro Corzo, no documentário “Anatomia de um mito”, entrevista Miguel Sanchez, “El Coreano”, um dos que treinou a força expedicionária de Castro do Granma no México, em 1956. Refere que “Che adorava diminuir um guerrilheiro cubano chamado Juan Almeida Bosque, que era negro. Ele sempre se referia a ele como ‘el negrito’. Almeida ficava possesso com Che, de modo que finalmente lhe disse: ‘Olha, Juan, quando Che te chamar de el negrito, chama-o de el chancho (o porco), porque o cara nunca toma banho'. Isto funcionou durante algum tempo, mas Che logo encontrou outras vítimas para seu racismo inato, desprezando todos ‘esses mexicanos, índios e iletrados’”.
Em fevereiro de 1963, tendo Che Guevara decidido a formar um foco guerrilheiro na Argentina, Alberto Castellanos afirma que o chefe da escolta – Harry Villegas, o Pombo – não foi chamado porque era negro, e o Che disse a todos: “Aonde vamos não existem negros”. (CASTAÑEDA, 2006, p.325) Castellanos contou que Guevara então lhe falou: “Está bem. Mas não vá se vestir de índio, porque você não é índio, e diga a Villegas que ele não pode ir com você porque é preto e para onde nós vamos não há pretos.” (ANDERSON, 1997, p.627)
Referências Bibliográficas
ANDERSON, Jon Lee. Che - uma biografia. 2. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. 924 p.
CASTAÑEDA, Jorge G. Che Guevara: a vida em vermelho. 1. ed. Companhia de Bolso. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. 632 p.
FONTOVA, Humberto. O verdadeiro Che Guevara: e os idiotas úteis que o idolatram. São Paulo: É Realizações, 2009. 288 p.
INSTITUTO DE LA MEMORIA HISTÓRICA CUBANA CONTRA EL TOTALITARISMO. Ernesto Guevara: Anatomía de un Mito. Disponível em:
http://cubamemorial.net/Documentales.htm. Acesso em: 30 dezembro 2010.
KALFON, Pierre. Ernesto Guevara: Uma Lenda do Século. 2. ed. Lisboa: Terra Mar, 1998.
Postado por Ernane Garcia às 12:16 0 comentários
O biógrafo Paco Ignacio Taibo II registra um diálogo do Che:
– Me chamavam de Chancho (Porco).
– Por ser gordo?
– Não, porque eu era sujo.
Segundo Taibo II, o desapreço de Che Guevara pelo banho e pelas duchas irá acompanhá-lo pelo resto de sua vida. (TAIBO II, 2008, p.24-5)
Alberto Granado, seu amigo e companheiro de viagens, contou que:
“Ele tinha vários apelidos. Também o chamavam de El Loco Guevara. Ele adorava fazer-se um pouco de rapaz insuportável (...) Por exemplo, se gabava de raramente tomar banho. Por isso também o chamavam de Chancho (Porco). Ele costumava dizer, por exemplo: ‘Há 25 semanas que não lavo minha camiseta de rugby’.” (ANDERSON, 1997, p.55; KALFON, 1998, p.42)
Seus companheiros de guerrilha, no campo, descobriram que Che não tomava banho. Segundo Hilda, sua primeira esposa, “Ernesto costumava achar graça na mania de limpeza dos cubanos. Quando terminavam as tarefas diárias, eles todos tomavam banho e mudavam de roupa. ‘Tudo bem’, dizia ele, ‘mas como é que eles vão fazer nas montanhas? Duvido que eles vão poder tomar um banho ou mudar de roupa’ (...).” (ANDERSON, 1997, p.241; KALFON, 1998, p.137)
Em 30 de julho de 1959, Che Guevara chega a Jacarta, capital da Indonésia. O hotel onde se hospedam não tem água corrente. Che então diz: “Problema de vocês, que gostam de tomar banho, porque eu aprendi na Sierra Maestra a conservar o meu fedorzinho.” (TAIBO II, 2008, p.302)
Em 10 de setembro de 1967, registrou um momento histórico: “Quase me esqueci de mencionar que hoje tomei um banho, o primeiro em seis meses. É um recorde que muitos dos demais estão atingindo.” (ANDERSON, 1997, p.828)
Em entrevista com Pedro Corzo para o documentário “Anatomia de um Mito”, Miguel Sánchez, que participou ativamente do treinamento militar do movimento castrista, recorda: “O chamávamos de El Chancho, porque ele não gostava muito de tomar banho. E sempre tinha um cheirinho meio de rim cozido.”
Conforme recordou Enrique Oltuski, membro do diretório nacional do Movimento 26 de Julho, Che estava ausente quando eles chegaram e foram recebidos por um de seus jovens guarda-costas, “Olo” Pantoja. Num gesto de cortesia, Pantoja lhes ofereceu carne de cabrito, que notaram que já estava verde, estragada. A fim de não ofendê-lo, cada um tentou dar uma mordida, decisão de que Oltuski imediatamente se arrependeu – tomado de náusea, saiu discretamente e cuspiu o que tinha na boca. Quando Che regressou, à meia-noite, e se sentou para comer, Oltuski ficou olhando, fascinado de horror.
“Enquanto falava”, escreveu Oltuski, “ele pegou os pedaços de carne com os dedos sujos. A julgar pelo prazer com que comia, para ele estava delicioso. Acabou de comer e fomos para o lado de fora (...) Ele cheirava mal. Fedia a suor azedo. Era um fedor penetrante e me defendi com a fumaça do charuto.” (ANDERSON, 1997, p.418-9; KALFON, 1998, p.211; TAIBO II, 2008, p.229)
O congolês Freddy Ilanga conta: “Não tomava banho todos os dias. Ao contrário! Era raro vê-lo descer até o rio para tomar banho. Defecava numa latrina coletiva que tínhamos ao lado da barraca”. (TAIBO, 2008, p.453)
Referências Bibliográficas:
ANDERSON, Jon Lee. Che - uma biografia. 2. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. 924 p.
INSTITUTO DE LA MEMORIA HISTÓRICA CUBANA CONTRA EL TOTALITARISMO. Ernesto Guevara: Anatomía de un Mito. Disponível em:
http://cubamemorial.net/Documentales.htm. Acesso em: 30 dezembro 2010.
KALFON, Pierre. Ernesto Guevara: Uma Lenda do Século. 2. ed. Lisboa: Terra Mar, 1998.
TAIBO II, Paco Ignacio. Ernesto Guevara, também conhecido como Che. 2. ed. São Paulo: Expressão Popular, 2008. 728 p.
Postado por Ernane Garcia às 11:35
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sábado, 12 de outubro de 2013
O verdadeiro Che Guevara - Guy Sorman
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A História, quando é contada por Hollywood, é muitas vezes desprovida de veracidade, mas os cineastas têm habitualmente o bom senso de não limpar a imagem de assassinos e sádicos.
10/02/2009.
A História, quando é contada por Hollywood, é muitas vezes desprovida de veracidade, mas os cineastas têm habitualmente o bom senso de não limpar a imagem de assassinos e sádicos. No entanto, o novo filme de Steven Soderbergh, acerca de Che Guevara, faz isso e muito mais.
Che, o revolucionário romântico, tal como é personificado por Benicio del Toro no filme de Soderbergh, nunca existiu. Esse herói da Esquerda, com o seu cabelo e barba ao estilo hippie, uma imagem agora icônica em camisetas e canecas por todo o mundo, é um mito criado pelos propagandistas de Fidel Castro - uma espécie de cruzamento entre o Don Quixote e o Robin Hood.
Tal como nessas lendas, o mito de Che criado por Fidel tem umas semelhanças muito superficiais com os fatos históricos. A sua verdadeira história é muito mais sombria.
Provavelmente existiu mesmo um Robin Hood que roubava aos ricos e que, para encobrir o seu rasto, dava parte dos seus saques aos pobres. Na Espanha medieval, cavaleiros ao estilo de Quixote provavelmente percorreram os campos, não atrás de dragões, mas dos poucos muçulmanos que ainda restavam naquelas terras.
O mesmo acontece com o lendário Che. Nenhum adolescente rebelde que está contra o mundo ou contra os seus pais parece ser capaz de resistir à atrativa imagem de Che. Só o simples fato de usar uma camiseta com o rosto de Che é o caminho mais curto e mais barato para parecer que se está do lado certo da História.
Aquilo que funciona para os adolescentes também parece funcionar para os realizadores de cinema eternamente jovens. Nos anos 60, adoptar o "look" Che, com barba e boné, era - no mínimo - uma afirmação política atrevida. Atualmente é pouco mais do que uma pose de moda que inspira um épico de Hollywood com um vasto orçamento. Será que os parques temáticos dedicados a Che vão ser a próxima etapa?
Mas existiu mesmo um Che Guevara. Só que é menos conhecido do que o boneco de ficção que substituiu a realidade. O verdadeiro Che foi uma figura mais significativa do que o seu clone de ficção, porque ele foi a encarnação daquilo que a revolução e o marxismo realmente significavam no século XX.
Che não era um humanista. Na verdade, nunca um líder comunista apresentou valores humanistas. Karl Marx não foi certamente um humanista. Fiéis ao profeta fundador do seu movimento, nem Estaline, nem Mao, nem Castro, nem Che tinham qualquer respeito pela vida humana. Era preciso que corresse sangue para batizar um mundo melhor. Quando criticado - por um dos seus primeiros companheiros de luta - pela morte de milhões de pessoas durante a Revolução Chinesa, Mao afirmou que eram muitos os chineses que morriam diariamente, pelo que aquele fato não tinha qualquer importância.
Da mesma forma, Che era capaz de matar sem qualquer hesitação. Com formação em medicina, obtida na Argentina, optou não por salvar vidas, mas sim por acabar por elas. Depois de chegar ao poder, Che condenou à morte 500 "inimigos" da revolução sem qualquer julgamento ou discernimento.
Castro, que também não foi um humanista, deu o seu melhor para neutralizar Che Guevara, nomeando-o ministro da Indústria. Como seria de esperar, Che aplicou políticas soviéticas aos cubanos: a agricultura foi destruída e a paisagem passou a ser marcada por fábricas-fantasma. Ele não se preocupava com a economia de Cuba nem com os cubanos: o seu objectivo era levar a cabo a revolução pelo prazer da revolução, independentemente do que isso pudesse significar, tal como a arte que é criada em nome da própria arte.
Com efeito, se não fosse a sua justificação ideológica, Che poderia não ter passado de mais um "serial killer". A propaganda ideológica permitiu-lhe matar muito mais pessoas do que qualquer assassino em série poderia sequer imaginar, e tudo em nome da justiça. Há 500 anos, Che teria provavelmente sido um daqueles sacerdotes ou soldados que exterminavam os nativos da América Latina em nome de Deus. Também Che, em nome da História, viu nos assassínios um instrumento necessário para uma causa nobre.
Mas suponhamos que julgamos este herói marxista pelos seus próprios critérios: ele transformou mesmo o mundo? A resposta é sim - transformou, mas para pior. A Cuba comunista que ele ajudou a criar é um completo fracasso incontestável, estando muito mais empobrecida e muito menos livre do que era antes da sua "libertação". Apesar das reformas sociais que a esquerda gosta de apregoar quando fala de Cuba, a sua taxa de alfabetização era mais elevada antes de Castro chegar ao poder e o racismo contra a população negra era menos generalizado. Na realidade, é muito mais provável que os atuais líderes cubanos sejam brancos do que na época de Batista.
Além de Cuba, o mito de Che levou milhares de estudantes e ativistas de toda a América Latina a perderem as suas vidas em absurdas guerras de guerrilha. A esquerda, inspirada no canto de sereia de Che, escolheu a luta armada em vez das eleições. Ao fazê-lo, abriu caminho à ditadura militar. A América Latina não está ainda curada destes efeitos secundários do guevarismo.
Com efeito, 50 anos depois da Revolução Cubana, a América Latina continua dividida. Os países que rejeitaram a mitologia de Che e que escolheram o caminho da democracia e do mercado livre, como o Brasil, Peru e Chile, estão em muito melhor situação do que alguma vez estiveram: igualdade, liberdade e progresso econômico caminharam de mãos dadas. Em contrapartida, os países que continuaram mergulhados na nostalgia em prol da causa de Che, como a Venezuela, Equador e Bolívia, estão neste momento às portas da guerra civil.
O verdadeiro Che, que foi durante muitos anos presidente do banco central cubano, encarregado por Castro de supervisionar as execuções, merece que o conheçam melhor. Se este épico de duas partes de Soderbergh for um êxito de bilheteira, talvez os seus produtores queiram que seja realizada uma sequela mais próxima da verdade. Há muito material para se realizar "A verdadeira história de Che".
Versão portuguesa disponível em:
http://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/detalhe/o_verdadeiro_che_guevara.html
Inglês:
http://www.project-syndicate.org/commentary/the-real-che-guevara
Guy Sorman, filósofo e economista francês. É autor, entre outras obras, de "A Economia Não Mente".
Postado por Ernane Garcia às 08:27 0 comentários
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quinta-feira, 10 de outubro de 2013
“Tristeza e indignação”
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Carta aberta ao reitor da Universidade Rovira I Virgil de Tarragona, Catalunha, Espanha.
Por Miguel Galban Gutiérrez, ex-preso político cubano, 20/02/2011.
Tradução: Ernane Garcia.
Quem lhe dirige esta carta é Miguel Galban Gutiérrez, ex-preso de consciência, detido na conhecida “Primavera Negra” de Cuba, condenado a 26 anos de cadeia por tentar mostrar ao mundo a verdadeira realidade da ilha e recém-chegado à Espanha, após ter sofrido durante mais de sete anos e meio a brutalidade do sistema carcerário castrista.
Soube, com tristeza e indignação, no próximo dia 23 para ministrar uma palestra no anfiteatro da universidade, da presença de Aleida Guevara, uma das filhas de Ernesto “Che” Guevara, um dos personagens mais diabólicos já nascidos na América Latina, assassino responsável por centenas de mortos em Cuba.
Há mais de 50 anos meu país encontra-se sob a tirania de uma ditadura feroz, que tem privado seus cidadãos de todos os direitos que teria qualquer indivíduo em uma sociedade democrática. Justamente é no dia 23 de fevereiro que nós, cubanos, honramos a memória de um mártir, o defensor dos direitos humanos, Orlando Zapata Tamayo, assassinado há um ano pelo governo dos irmãos Castro, enquanto fazia uma greve de fome exigindo melhores condições de vida no presídio em que cumpria uma pena injusta.
Esta data também será recordada em grande parte do mundo por governos e instituições democráticas, organizações internacionais defensoras dos direitos humanos e pessoas de boa vontade, que sentem como suas as dores de meu povo.
A mensagem que a porta-voz do regime cubano tentará transmitir é contrária aos princípios que devem prevalecer em uma sociedade livre e democrática, representada tanto pela universidade presidida pelo senhor quanto pelo governo da Comunidade Autônoma de Catalunha.
É inconcebível que nessa instituição acadêmica em que se formam novas gerações profissionais receba-se, em tal data, uma representante de um governo julgado e condenado em organismos mundiais por violar, flagrante e sistematicamente, as convenções internacionais de direitos humanos.
É hora de todas as pessoas civilizadas que desejam a liberdade e a democracia para o mundo unir-se na luta a fim de alcançá-las em meu país e, assim, pôr um fim à escravidão imposta pelo regime de Havana.
Sinceramente, com muito respeito e agradecendo-lhe de antemão por seu apoio,
Miguel Galban Guiérrez.
E-mail: galbanhav7526@yahoo.es
Disponível em:
http://vocesdeldestierro.wordpress.com/2011/02/20/carta-abierta-al-rector-de-la-universidad-rovira-i-virgil-de-tarragonacataluna/
http://overdadeirocheguevara.blogspot.com.br/
Comentários
Eu quero a Verdade .
A realidade é um conjunto de possibilidades que se concretizou dentro de um universo infinito de possibilidades.
Pqp ! Eu já fui de esquerda !
Click aqui :
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― Winston Churchill