Irã?
Iraque?
Kuwait?
Venezuela?
Que nada. Sabem quem é o maior produtor de petróleo do mundo, após a Arábia Saudita e a Rússia?
Os Estados Unidos. Sim, o maior consumidor de petróleo do planeta é também um grande, extraordinário produtor, especialmente depois que, de uma década para cá, foram aumentando as descobertas de jazidas de xisto e gás de xisto e sendo aprimoradas as técnicas de extração.
Graças ao petróleo bruto extraído de formações de xisto (um tipo de rocha encharcada de óleo), somente um dos 50 Estados americanos, Dakota do Norte, aumentou mais de dez vezes a produção desde que foi perfurado o primeiro poço, há nove anos — e hoje, com 900 mil barris POR DIA, Dakota do Norte supera dois dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), o Equador e o Catar.
A produção de petróleo dos EUA passa um pouco de sonoros 10 milhões de barris de petróleo por dia, mais do que sua produção anual do último quarto de século — são os dados oficiais de 2012. (A Rússia extrai 10,4 milhões de barris diários, e a Arábia Saudida, 11,7.) Os otimistas acham que o país caminha para a total autossuficiência em petróleo, e de deixar de depender de países instáveis do Oriente Médio ou da inimiga ideológica Venezuela para suprir sua demanda.
Ainda falta muito: para os 10 milhões de barris que produz, os EUA consomem 18 milhões.
Gás queimado (e desperdiçado) num campo em Shillington, Dakota do Norte: falta de gasodutos leva à prática (Foto: Shannon Stapleton / Reuters)
Gás queimado (e desperdiçado) num campo em Shillington, Dakota do Norte: falta de gasodutos leva à prática (Foto: Shannon Stapleton / Reuters)
A exploração do xisto não é destituída de polêmicas, a começar por seu impacto ambiental — ele é obtido mediante a injeção de grandes quantidades de água a alta pressão no solo adequado. Há também muita crítica ao desperdício de gás natural proveniente das jazidas que ocorre em inúmeros campos localizados em paragens remotas — o gás é simplesmente queimado por falta de gasodutos, que por sua vez não são construídos devido ao excesso de oferta no mercado e aos preços pouco compensadores para o tamanho do investimento.
Vários estudiosos também têm alertado para o fato de que as jazidas de xisto diminuem rapidamente de produção em relação ao início da exploração, o que vem obrigando à perfuração cada vez mais intensa de novos poços — algo como 7 mil neste ano.
De todo modo, as previsões alarmistas de que também essa reserva vai se esgotar — mencionava-se como pico de extração os anos de 2017 e 2018 — estão longíssimo de ser confirmadas. O United States Geological Survey — agência de pesquisas e estudos sobre os recursos naturais do país, ligada ao Ministério do Interior — divulgou há dias uma estimativa de que só a região mais rica em xisto do Estado do Colorado, Piceanse Basin, pode abrigar espantosos 1,52 trilhão de barris, uma reserva superior à de qualquer outro país petroleiro do mundo e maior do que a soma de tudo o que têm os países membros da OPEP.
Nada mau para um país que, oficialmente, tem reservas comprovadas de petróleo propriamente dito de 26,54 bilhões de barris.
Curiosamente, o problema com que se defrontam as empresas exploradoras americanas não é a falta de petróleo, mas a escassez de água, indispensável para arrancar o óleo de xisto do solo, em Estados do Oeste ricos em xisto, mas extremamente áridos.
O ENCOSTO
Onde houver fé, levarei a dúvida!
Comentários
Xisto reduz venda da Petrobrás aos EUA
WASHINGTON - A alta velocidade com que os Estados Unidos ampliam sua produção de petróleo de xisto mudou o cenário geopolítico global associado ao combustível e contribuiu para uma redução de 60% nas exportações brasileiras do produto para o mercado americano em um período de dois anos. Em 2013, pela primeira vez, a Petrobrás vendeu mais para a China do que para os EUA, que durante anos foi seu maior comprador.
Desde 2008, os Estados Unidos ampliaram em 50% a sua produção, graças à tecnologia que permite a retirada de petróleo de rochas de xisto. Só no ano passado, a expansão foi de 1 milhão de barris/dia, mais que a soma do aumento registrado em todos os demais países, segundo dados oficiais.
A previsão do governo é que aumento semelhante se repetirá em 2014, o que elevaria a produção americana a 8,5 milhões de barris/dia. Com expansão adicional de 800 mil barris esperada para 2015, o volume chegaria a 9,3 milhões de barris dia, próximo ao recorde de 9,6 milhões alcançado em 1970.
A maior produção diminuiu a dependência dos americanos de importações do instável Oriente Médio e colocou a China na pouco invejável posição de maior importador mundial de petróleo, inclusive do Brasil. Em 2005, os Estados Unidos importavam 60% do combustível que consumiram. No ano passado, o porcentual caiu a 36% e as projeções apontam para um índice de 25% em 2016.
Esse movimento, aliado à maior demanda no Brasil, diminuiu os embarques de petróleo para os Estados Unidos de US$ 8,7 bilhões em 2011 para US$ 6,8 bilhões no ano seguinte e cerca de US$ 3,4 bilhões em 2013, com redução de 60% em dois anos. Nesse mesmo período, as exportações totais de petróleo recuaram 40%, para US$ 12,96 bilhões no ano passado.
Segundo a Petrobrás, a redução mais acentuada das vendas para os EUA foi provocada por maior nível de processamento de petróleo em suas refinarias, aumento da demanda em outros países, como China e Índia, e mudanças estruturais no mercado americano, provocadas pela intensa produção de petróleo de xisto (shale oil, em inglês).
A previsão da estatal para 2014 é que as exportações para os Estados Unidos continuem no mesmo patamar registrado no ano passado.
Petrobrás. Enquanto os EUA ampliaram rapidamente a sua produção nos últimos seis anos, a Petrobrás avançou em ritmo mais lento. Em 2008, a estatal produzia uma média de 1,85 milhão de barris/dia de petróleo. No ano passado, o número foi de 2,2 milhões, o que representou uma alta de 19%.
Para alguns analistas, as distintas velocidades refletem a complexidade tecnológica envolvida na exploração do pré-sal, mas também a diferença de modelos regulatórios adotados pelos dois países e a redução da capacidade de investimentos da Petrobrás decorrente da maior intervenção do governo em sua administração. "A Petrobrás tem um potencial enorme, mas é necessário recuperar sua gestão", avalia Pedro Galdi, analista da corretora SLW.
Alen Good, da consultora de investimentos Morning Star, acredita que o pré-sal avançou em ritmo razoável até agora, dada as diferenças de infraestrutura entre os países. Mas ele acredita que haverá limitações no futuro em razão do modelo que exige a Petrobrás como operadora dos projetos de exploração, com participação mínima de 30% nos consórcios.
Nos Estados Unidos, a exploração do xisto é feita por empresas privadas, que competem entre si e atuam de acordo com regras de mercado.
Déficit. No ano passado, o Brasil importou US$ 40,5 bilhões em petróleo, combustíveis e lubrificantes, o que provocou um rombo de US$ 20,27 bilhões na balança comercial do setor, já que as exportações corresponderam a apenas metade das compras do país. O déficit foi quatro vezes superior aos US$ 5,38 bilhões de 2013.
O cenário deve melhorar neste ano, com a entrada em operação de novas plataformas, que pode elevar a produção em até 1 milhão de barris/dia. Mas a dependência de gasolina e diesel do exterior deve continuar.
Ao mesmo tempo em que as regras do pré-sal exigem elevada capacidade de investimentos da Petrobrás, o governo sangra o caixa da estatal com uma política de preços de combustíveis que provoca prejuízo, obrigando a companhia a importar a preços superiores do que pode vender no mercado interno.
Em dois anos, essas perdas chegaram a R$ 30 bilhões, mais que os R$ 20 bilhões em investimentos previstos para a construção da refinaria Premium II, no Ceará.
No anúncio do resultado do terceiro trimestre, a presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, ressaltou que a desvalorização do real a partir de maio acentuou a defasagem de preços nos últimos meses, com impacto sobre o fluxo de caixa e a "alavancagem" da empresa.
Segundo ela, a convergência entre os preços de importação e os praticados no País é uma "premissa" para a sustentabilidade do programa da Petrobrás até 2017, que prevê investimentos de US$ 236,7 bilhões.
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,xisto-reduz-venda-da-petrobras-aos-eua,175035,0.htm
Onde houver fé, levarei a dúvida!
Eles copiaram o sistema de gestão da Empresa. De cara, distribuíram empregos para a cumpanherada de lá administrar "as riqueza" e manter tudo em poder do POVO americano.
Onde houver fé, levarei a dúvida!
Nota: não é "xisto" e sim "folhelho" (um tipo de cascalho). O xisto é uma espécie de jazida ainda em formação, com muita matéria orgânica misturada que não acabou de se converter em petróleo. Há uma usina em São Mateus, PR.
Onde houver fé, levarei a dúvida!
― Winston Churchill