Por André R.
Tentarei ir direto ao ponto, de forma que o texto não fique grande -- afinal, tenho incorrigíveis dedos prolixos -- e que possa ser de rápida leitura. É o seguinte, acredito que diante da onda anti-comunista que está sendo restaurada no Brasil (pois, vocês sabem, é uma velha conhecida da nossa ditadura civil-militar de 64), temos que agir para que não comece uma caça às bruxas nos anos que estão por vir. Eu gostaria de propor uma discussão a respeito de algumas sugestões que tenho comigo, visto que, em tempos como o nosso, temos poucos recursos de ação, senão uma militância dada por discussões intelectuais.
Vamos analisar o inicio disso tudo.
Internet. Olavo de Carvalho. Temos um objeto e um indivíduo. Antes de criticarem coisas como "mas vocês só falam no Olavo de Carvalho" etc., acho que, apesar de tudo, ele é, sim, uma pedra no nosso sapato e eu vou explicar o porquê.
Olavo, desde muito tempo, passou a fazer um contínuo trabalho na internet, seja pelas suas conferências por vídeo (o programa True Outspeak) e a escrita dos artigos -- esse último não sendo tão eficaz quanto o primeiro. Não só isso, mas Olavo de Carvalho desceu do 'patamar' do escritor. Os autores, em dias como os nossos, gostam do glamour. Vejam só, um colunista d'O Globo nas redes sociais, conversando com as pessoas, face-a-face. Nos parece algo bastante tentador, não? E quem é que, no inicio de suas leituras, não quis ter um amigo escritor, sobretudo alguém que chamam de filósofo -- algo que no inicio nos parece algo tão estratosférico e inalcançável às pessoas 'normais'. Olavo não é burro. Ele percebeu isso e foi ganhando adeptos através das suas participações em comunidades do Orkut, por exemplo. Nos anos 2001 e 2002, mesmo, o Olavo tinha uma coluna em um grande jornal. Era um famoso; um figurão.
Compreendido isso, vamos à segunda parte:
Olavo de Carvalho fez a sua militância, criando uma patota de malucos da internet correndo por aí e espalhando mentiras sobre autores que eles não leram, como o próprio Gramsci, que virou uma espécie de bode expiatório da direita. Qualquer pessoa que tenha lido o seu livro mais famoso sabe muito bem que o que dizem sobre a sua suposta hegemonia é algo tão ridículo que não merece nem atenção. Mas essas pessoas não o leram, e a primeira vez que ouviram falar no velho italiano, foi através de um... jornalista do O Globo. Vocês sabem, mas escritores de jornais grandes passam grande confiança. É aí que começa a aparecer a segunda -- e mais importante -- parte da extensão do perigo: pessoas mais famosas ainda que descobrem o Olavo de Carvalho.
Surge Lobão, um cantor. "Caralho, um cantor! E de Rock". Vocês sabem. As pessoas gostam de Rock no Brasil, sobretudo os jovens da classe média (a minha Bossa Nova fica para os velhos de espírito, como eu.). E Lobão também desce do pedestal e não só faz propaganda para o Olavo, mas também conversa com a molecada. E ele começa a falar pros amigos dele que tendem à direita: Roger e Danilo Gentili. Pensem em twitters e páginas de facebook com milhares de seguidores engolindo tudo aquilo. Depois a TV, com o tal do Paulo Eduardo Martins e a Raquel Sherazade. E Feliciano. A maioria deles são papagaios de um Olavo de Carvalho, só que vão levando a coisa adiante ao seu modo. O Danilo Gentili (caralho, um cara da TV!) também passou a conversar com os seus fãs. Ele participava no grupo Liberalismo, onde sempre postei. Eu via ele postando lá e pedindo conselhos à turma.
Em suma, preciso falar mais? Acho que já dá para compreender a gravidade disso.
O primeiro passo, gosto de pensar, é compreender a situação onde estamos inseridos, assim, de modo que possamos estudar tudo isso e começar a agir de dentro. Não adianta se afobar. Os velhos e saudosos intelectuais da antiga Civilização Brasileira, da qual tenho o prazer de conservar amizade com alguns deles, ficaram quase 5 anos tentando compreender o que estava acontecendo a partir de 1964 para, em 68, lançarem aquela explosão de traduções de autores como Lukács e Gramsci, que saíram pela mesma editora.
http://apaginavermelha.blogspot.com.br/2014/01/opiniao-do-leitor-por-que-esquerda.html
Comentários
É possível perceber que já há algo de diferente na atmosfera intelectual. Não é exagero dizer que já respiramos um ar diferente. São vários os sintomas que me levam a encarar desta maneira otimista a nossa realidade.
Quando entrevistei o Bruno Garschagen para o centésimo podcast, tive a plena certeza disso. E tive essa certeza pelo simples fato de ser a centésima entrevista. No inicio deste projeto de entrevistas, nós do IMB visualizávamos uma lista de apenas entre quinze a vinte pessoas "entrevistáveis". No entanto, já passamos das cem entrevistas. Como? De onde surgiu essa gente?
Qualquer alteração que se queira nos rumos de uma sociedade deve ser antes precedida pela mudança no rumo das ideias. E é a isso que o Instituto Mises Brasil se propõe. Não somos uma instituição de ensino padronizada; não somos um partido político; não somos um grupo de influência que visa à implementação de "políticas públicas"; não somos um centro de produção cultural ou uma ONG de ativistas. Tudo o que o instituto faz é divulgar ideias, por meio de artigos, livros, podcasts, palestras etc.
Sempre tivemos a convicção de que, de tão poderosas que são as ideias da liberdade, bastaria que elas estivessem disponíveis para que começassem a se espalhar. O Instituto é isso — o veículo que divulga as ideias da liberdade.
Muitos nos cobram mais atividades. Alguns esperam que sejamos mais acadêmicos. Outros pedem que tenhamos posições políticas (ou mesmo candidatos) e que atuemos junto a deputados no congresso. E há aqueles que gostariam que nos envolvêssemos com o empresariado e que tivéssemos uma presença agressiva na mídia.
Mas a mudança, infelizmente, não ocorre de uma maneira tão fácil assim. É a irradiação das ideias que irá influenciar o potencial de cada indivíduo em determinado campo. Quando houver um número significativo de intelectuais conhecedores dos fundamentos das ideias da liberdade, e quando a ideia já estiver disseminada de forma abrangente a ponto de estar em contínuo debate, aí sim a potencialidade dos indivíduos alcançará seu paroxismo em cada campo.
Somente então os empresários entenderão os benefícios e a justiça da liberdade influenciando suas organizações e seus pares, os quais sofrem diariamente com o esbulho estatal. Produtores culturais colocarão a criatividade a serviço das ideias da liberdade. Oradores e aglutinadores de talento surgirão como opção política tendo sua formação influenciada pelas ideias da liberdade. E aí finalmente a mudança na sociedade será sentida e os frutos da liberdade poderão ser vivenciados por todos.
Se, atualmente, vivemos tempos em que os tentáculos estatais avançam com cada vez mais voracidade; se o controle estatal, até de aspectos mais banais da vida, ultrapassam o limite do suportável; e se, no ambiente cultural, educacional e intelectual vivemos sob o império das ideias coletivistas, positivistas, socialistas e comunistas das mais variadas matizes, não devemos desanimar. As ideias da liberdade, quando apresentadas, chegam para ficar.
Quando um humorista escreve no jornal contra um partido que nem nasceu e que teria como base alguns pressupostos liberais, e, em menos de 24 horas nas redes sociais, recebe um tsunami de artigos em resposta, defendendo a liberdade e desmoronando falácias coletivistas, é porque há alguma coisa acontecendo.
Quando recebemos a notícia de que uma universidade federal, depois de muita pressão de alunos e professores, incluiu uma cadeira de Escola Austríaca de Economia na sua grade, é porque há alguma coisa acontecendo.
Quando percebemos que os colunistas da grande imprensa são imediatamente rebatidos quando proferem falácias e sofismas coletivistas, é porque há algo acontecendo.
Quando estudantes de todo o país se reúnem para falar sobre liberdade e criar grupos de estudos liberais em suas universidades, é porque há algo acontecendo.
Quando um grupo de investidores cria um fundo de investimentos com estratégias baseadas na escola austríaca, é porque há algo acontecendo.
Quando empreendedores conscientes se juntam para criar institutos voltados para a formação de líderes conscientes das vantagens do livre mercado, é porque há algo ocorrendo.
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1783
Os ícones da direita elitista não se importam de ir para as redes sociais ter um diálogo mais próximo do povão. Os ícones da esquerda popular arrepiam os cabelos só de pensar em ter contato com o povo.
Porque para os Esquerdistas qualquer oposição é oposição demais.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Eles tem um medo. Quem não deve nada não deveria temer.
― Winston Churchill