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Paul Krugman

Paul Krugman. Era possível acabar com esta crise já. Se “eles” quisessem

Os instrumentos económicos existem mas a opinião política dominante proíbe o fim da crise. Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia, apela ao fim dessa corrente austeritária, sacrificial e assassina de empregos. Ana Sá Lopes leu e gostava

Nestes últimos três anos caiu-nos uma depressão em cima da cabeça, e o que fizemos? Procurámos culpados. O “viver acima das nossas possibilidades” e “os malefícios do endividamento” são duas cantigas populares dos últimos anos. E, no entanto, antes de a crise ter rebentado na América e de se ter propagado à Europa, o nível de endividamento de alguns dos países do sul da Europa, como Portugal e Espanha, tinha vindo a reduzir-se. Os gráficos estão lá e mostram que sim (como mostram que o gigante alemão também está fortemente endividado). Mas porque é que as pessoas não querem acreditar nisto? Nem sequer apreender o facto de terem sido “praticamente todos os principais governos” que, “nos terríveis meses que se seguiram à queda do banco de investimento Lehman Brothers, concordaram em que o súbito colapso das despesas do sector privado teria de ser contrabalançado e viraram-se então para uma política orçamental e monetária expansionista num esforço para limitar os danos”? A Comissão Europeia e a Alemanha estavam “lá”. E, de repente, tudo mudou.

Uma das maiores dificuldades de lidar com esta crise é, em primeiro lugar, o facto natural de tanto o cidadão comum como Jesus Cristo não perceberem nada de finanças, a menos quando lhe vão ao seu próprio bolso (ou perde o emprego). A outra é o poder da narrativa do “vivemos acima das nossas possibilidades”, aquilo a que Krugman chama a “narrativa distorcida” europeia , “um relato falso sobre as causas da crise que impede verdadeiras soluções e conduz de facto a medidas políticas que só pioram a situação”. Krugman ataca “uma narrativa absolutamente errada”, consciente de que “as pessoas que apregoam esta doutrina estão tão relutantes como a direita americana em ouvir a evidência do contrário”.

Três quartos do livro-manifesto “Acabem com esta crise já” é dedicado aos Estados Unidos, pátria de Krugman. Mas tendo em conta o nosso “interesse nacional”, centremo-nos no que diz sobre a Europa.

Krugman refuta a explicação popular e maioritária sobre a situação actual na Europa – países sob tutela de troika e pedidos de resgate à média de dois por ano.
“Eis, então, a Grande Ilusão da Europa: é a crença de que a crise da Europa foi essencialmente causada pela irresponsabilidade orçamental. Diz essa história que os países europeus incorreram em excessivos défices orçamentais e se endividaram demasiado – e o mais importante é impor regras que evitem que isto volte a acontecer”.

Krugman aceita que a Grécia (e Portugal, “embora não à mesma escala) incorreu em “irresponsabilidade orçamental”, mas recusa a “helenização” do problema europeu. “A Irlanda tinha um excedente orçamental e uma dívida pública reduzida na véspera do deflagrar da crise (...) A Espanha também tinha um excedente orçamental e uma dívida reduzida. A Itália tinha um alto nível de endividamento herdado das décadas de 1970 e 1980, quando a política era realmente irresponsável, mas estava a conseguir fazer baixar de forma progressiva o rácio do endividamento em relação ao PIB”. Ora um graficozinho do FMI demonstra que, enquanto grupo, “as nações europeias que se encontram actualmente a braços com problemas orçamentais conseguiram melhorar de forma progressiva a sua posição de endividamento até ao deflagrar da crise”. E foi só com a chegada da crise americana à Europa que a dívida pública disparou. Explicar isto aos “austeritários” é uma tarefa insana. Diz Krugman: “Muitos europeus em posições-chave – sobretudo políticos e dirigentes na Alemanha, mas também as lideranças do Banco Central Europeu e líderes de opinião espalhados pelo mundo das finanças e da banca – estão profundamente comprometidos com a Grande Ilusão e nada consegue abalá-los por mais provas que haja em contrário. Em consequência disso, o problema de responder à crise é muitas vezes formulado em termos morais: as nações estão com problemas porque pecaram e devem redimir-se por via do sofrimento”. Ora é esta exactamente a história que nos conta o governo e que é, segundo Paul Krugman, “um caminho muito mau para se abordar os problemas que a Europa enfrenta”.

Ao contrário do que muita gente possa pensar, Krugman não é um perigoso socialista. E, céus, até defende a austeridade (alguma, mas não esta). Vejam como ele explica a crise espanhola, que considera a crise emblemática da zona euro: “Durante os primeiros oito anos após a criação da zona euro a Espanha teve gigantescos influxos de dinheiro, que alimentaram uma enorme bolha imobiliária e conduziram a um grande aumento de salários e dos preços relativamente aos das economias do núcleo europeu [Alemanha, França e Benelux].
O problema essencial espanhol, do qual derivam todos os outros, é a necessidade de voltar a alinhar custos e preços. Como é que isso pode ser feito?”. O Nobel explica: “Poderia ser feito por via da inflação nas economias do núcleo europeu. Imagine-se que o BCE seguia uma política de dinheiro fácil enquanto o governo alemão se empenhava no estímulo orçamental; isto iria implicar pleno emprego na Alemanha mesmo que a alta taxa de desemprego persistisse em Espanha. Os salários espanhóis não iriam subir muito, se é que chegavam a subir, ao passo que os salários alemães iriam subir muito; os custos espanhóis iriam assim manter-se nivelados, ao passo que os custos alemães subiriam. E para a Espanha seria um ajustamento relativamente fácil de fazer: não seria fácil, seria relativamente fácil”.

Ora, esta maneira “relativamente fácil” de resolver a crise europeia tem estado condenada (vamos ver o que se segue ao novo programa de compra de dívida do BCE, criticado pelo presidente do Bundesbank) pela irredutibilidade alemã relativamente à inflação, “graças às memórias da grande inflação ocorrida no início da década de 1920”. Krugman lembra bem que estranhamente “estão muito mais esquecidas as memórias relativas às políticas deflacionárias do início da década de 1930, que foram na verdade aquilo que abriu caminho para a ascensão daquele ditador que todos sabemos quem é”.

O que trama as nações fracas do euro (como Espanha e Portugal) é, não tendo meios de desvalorizar a moeda – como fez a Islândia no rescaldo da crise com sucesso – estão sujeitas ao “pânico auto--realizável”. O facto de não poderem “imprimir dinheiro” torna esses países vulneráveis “à possibilidade de uma crise auto-realizável, na qual os receios dos investidores quanto a um incumprimento em resultado de escassez de dinheiro os levariam a evitar adquirir obrigações desse país, desencadeando assim a própria escassez de dinheiro que tanto receiam”. É este pânico que explica os juros loucos pagos por Portugal, Espanha e Itália, enquanto a Alemanha lucra a bom lucrar com a crise do euro – para fugir ao “pânico” os investidores emprestam dinheiro à Alemanha sem pedir juros e até dando bónus aos alemães por lhes deixarem ter o dinheirinho guardado em Frankfurt.
Se Krugman defende que “os países com défices orçamentais e problemas de endividamento terão de praticar uma considerável austeridade orçamental”, defende que para sair da crise seria necessário que “a curto prazo, os países com excedentes orçamentais precisam de ser uma fonte de forte procura pelas exportações dos países com défices orçamentais”.

Nada disto está a acontecer. “A troika tem fornecido pouquíssimo dinheiro e demasiado tardiamente” e, “em resultado desses empréstimos de emergência, tem-se exigido aos países deficitários que imponham programas imediatos e draconianos de cortes nos gastos e subidas de impostos, programas que os afundam em recessões ainda mais profundas e que são insuficientes, mesmo em termos puramente orçamentais, à medida que as economias encolhem e causam uma baixa de receitas fiscais”. Conhece esta história, não conhece?

http://www.ionline.pt/artigos/liv/paul-krugman-era-possivel-acabar-esta-crise-ja-se-eles-quisessem/pag/4
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Comentários

  • 7 Comentários sorted by Votes Date Added
  • Nem li e nem lerei.
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  • Apatico disse: Nem li e nem lerei.

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Esse eu reservei um tópico especial, afinal é Prêmio Nobel .
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  • Is Paul Krugman Leaving Princeton In Quiet Disgrace?

    Professor Paul Krugman is leaving Princeton. Is he leaving in disgrace?

    Not long, as these things go, before his departure was announced Krugman thoroughly was indicted and publicly eviscerated for intellectual dishonesty by Harvard’s Niall Ferguson in a hard-hitting three-part series in the Huffington Post, beginning here, and with a coda in Project Syndicate, all summarized at Forbes.com. Ferguson, on Krugman:

    Where I come from … we do not fear bullies. We despise them. And we do so because we understand that what motivates their bullying is a deep sense of insecurity. Unfortunately for Krugtron the Invincible, his ultimate nightmare has just become a reality. By applying the methods of the historian – by quoting and contextualizing his own published words – I believe I have now made him what he richly deserves to be: a figure of fun, whose predictions (and proscriptions) no one should ever again take seriously.

    Princeton, according to Bloomberg News, acknowledged Krugman’s departure with an extraordinarily tepid comment by a spokesperson. “He’s been a valued member of our faculty and we appreciate his 14 years at Princeton.”



    Shortly after Krugman’s departure was announced no less than the revered Paul Volcker, himself a Princeton alum, made a comment — subject unnamed — sounding as if directed at Prof. Krugman. It sounded like “Don’t let the saloon doors hit you on the way out. Bub.”

    To the Daily Princetonian (later reprised by the Wall Street Journal) Volcker stated with refreshing bluntness:


    The responsibility of any central bank is price stability. … They ought to make sure that they are making policies that are convincing to the public and to the markets that they’re not going to tolerate inflation.

    This was followed by a show-stopping statement: “This kind of stuff that you’re being taught at Princeton disturbs me.”

    Taught at Princeton by … whom?

    Paul Krugman, perhaps? Krugman, last year, wrote an op-ed for the New York Times entitled Not Enough Inflation. It betrayed an extremely louche, at best, attitude toward inflation’s insidious dangers. Smoking gun?

    Volcker’s comment, in full context:

    The responsibility of the government is to have a stable currency. This kind of stuff that you’re being taught at Princeton disturbs me. Your teachers must be telling you that if you’ve got expected inflation, then everybody adjusts and then it’s OK. Is that what they’re telling you? Where did the question come from?

    Is Krugman leaving in disgrace? Krugman really is a disgrace … both to Princeton and to the principle of monetary integrity. Eighteenth century Princeton (then called the College of New Jersey) president John Witherspoon, wrote, in his Essay on Money:

    Let us next consider the evil that is done by paper. This is what I would particularly request the reader to pay attention to, as it was what this essay was chiefly intended to show, and what the public seems but little aware of. The evil is this: All paper introduced into circulation, and obtaining credit as gold and silver, adds to the quantity of the medium, and thereby, as has been shown above, increases the price of industry and its fruits.

    “Increases the price of industry and its fruits?” That’s what today is called “inflation.”


    Inflation is a bad thing. Period. Most of all it cheats working people and those on fixed incomes who Krugman pretends to champion. Volcker comes down squarely, with Witherspoon, on the side of monetary integrity. Krugman, cloaked in undignified sanctimony, comes down, again and again, on the side of … monetary finagling.

    Krugman consistently misrepresents his opponents’ positions, constructs fictive straw men, addresses marginal figures, and ignores inconvenient truths set forward by figures of probity such as the Bank of England and the Bundesbank, thoughtful work such as that by Member of Parliament (with a Cambridge Ph.D. in economic history) Kwasi Kwarteng, and, right here at home, respected thought leaders such as Steve Forbes and Lewis E. Lehrman (with whose Institute this writer has a professional affiliation).

    Professor Krugman, on July 7, 2014, undertook to issue yet another of his fatwas on proponents of the classical gold standard. His New York Times op-ed, Beliefs, Facts and Money, Conservative Delusions About Inflation, was brim full of outright falsehoods and misleading statements. Krugman:

    In 2010 a virtual Who’s Who of conservative economists and pundits sent an open letter to Ben Bernanke warning that his policies risked “currency debasement and inflation.” Prominent politicians like Representative Paul Ryan joined the chorus.

    Reality, however, declined to cooperate. Although the Fed continued on its expansionary course — its balance sheet has grown to more than $4 trillion, up fivefold since the start of the crisis — inflation stayed low.



    Many on the right are hostile to any kind of government activism, seeing it as the thin edge of the wedge — if you concede that the Fed can sometimes help the economy by creating “fiat money,” the next thing you know liberals will confiscate your wealth and give it to the 47 percent. Also, let’s not forget that quite a few influential conservatives, including Mr. Ryan, draw their inspiration from Ayn Rand novels in which the gold standard takes on essentially sacred status.

    And if you look at the internal dynamics of the Republican Party, it’s obvious that the currency-debasement, return-to-gold faction has been gaining strength even as its predictions keep failing.

    Krugman is, of course, quite correct that the “return-to-gold faction has been gaining strength.” Speculating beyond the data thereafter Krugman goes beyond studied ignorance. He traffics in shamefully deceptive statements.

    Lewis E. Lehrman, protege of French monetary policy giant Jacques Rueff, Reagan Gold Commissioner, and founder and chairman of the Lehrman Institute, arguably is the most prominent contemporary advocate for the classical gold standard. Lehrman never rendered a prediction of imminent “runaway inflation.” Only a minority of classical gold standard proponents are on record with “dire” warnings, certainly not this columnist. So… who is Krugman talking about?


    Of the nearly two-dozen signers of (a fairly mildly stated concern) an open letter to Bernanke which Krugman cites as prime evidence, only one or two are really notable members of the “return-to-gold faction.” Perhaps a few other signers might have shown themselves in some sympathy with the gold prescription. Most, however, were, and are, agnostic about, or even opposed to, the gold standard.

    Indicting gold standard proponents for a claim made by gold’s agnostics and opponents is a wrong, cheap, bad faith, argument. More bad faith followed immediately. Whatever inspiration Rep. Paul Ryan draws from novelist Ayn Rand, Ryan is by no means a gold standard advocate. And very few “influential conservatives” (unnamed) “draw their inspiration” from Ayn Rand.

    Nor are most proponents of the classical gold standard motivated by a fear that paper money is an entering wedge for liberals to “confiscate your wealth and give it to the 47 percent.” A commitment to gold is rooted, for most, in the correlation between the gold standard and equitable prosperity. Income inequality demonstrably has grown far more virulent under the fiduciary Federal Reserve Note regime — put in place by President Nixon — than it was, for instance, under the Bretton Woods gold+gold-convertible-dollar system.

    Krugman goes wrong through and through. No wonder Ferguson wrote: “I agree with Raghuram Rajan, one of the few economists who authentically anticipated the financial crisis: Krugman’s is “the paranoid style in economics.” Krugman, perversely standing with Nixon, takes a reactionary, not progressive, position. The readers of the New York Times really deserve better.

    Volcker is right. “The responsibility of any central bank is price stability.” Krugman is wrong.

    Prof. Krugman was indicted and flogged publicly by Niall Ferguson. Krugman thereafter announced his departure from Princeton. On his way out Krugman, it appears, was reprimanded by Paul Volcker. Krugman has been a disgrace to Princeton. Is he leaving Princeton in quiet disgrace?


    http://www.forbes.com/sites/ralphbenko/2013/10/21/much-bigger-than-the-shutdown-niall-fergusons-public-flogging-of-paul-krugman/
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  • Rodrigo Constantino
    Análises de um liberal sem medo da polêmica

    Paul Krugman

    27/01/2015 às 11:34 \ Economia
    Paul Krugman chega ao fundo do poço e considera a extrema-esquerda grega “moderada”

    Poucos economistas desceram tanto a ladeira como Paul Krugman. Seu Prêmio Nobel se deveu aos estudos sobre o comércio internacional, dos tempos em que ainda era um pesquisador sério, com livros interessantes sobre macroeconomia. Com o tempo, porém, Krugman se transformou em um militante de esquerda, um provocador dos Republicanos e um defensor incondicional dos Democratas, um colunista sensacionalista do NYT.

    Seus textos foram se tornando cada vez mais constrangedores, e à medida que ganhava os aplausos dos ignorantes por meio de mensagens populistas, perdia o respeito de seus pares mais sérios. Chegou a produzir um olhar de incredulidade em Kenneth Rogoff ao defender, em debate ao vivo, que seria bom para a economia americana se o governo “investisse” em uma hipotética defesa contra alienígenas, só para ativar a demanda por meio dos gastos públicos (inúteis).

    Mas nada se compara ao texto publicado hoje no GLOBO. Nele, Krugman simplesmente coloca a culpa das agruras gregas na austeridade, que o país não cumpriu nem de perto, e ainda deposita a esperança de que o Syrisa, partido de extrema-esquerda, vai “salvar” a Grécia. Na verdade, demonstra algum ceticismo, pois o partido não seria radical o suficiente! Eis sua conclusão:

    Portanto, agora que Tsipras ganhou, e ganhou bem, funcionários europeus pedem que ele aja de forma responsável, cumprindo seu programa. O fato é que eles não têm credibilidade; o programa que impuseram nunca fez sentido. O problema com os planos da Syriza é que eles podem não ser suficientemente radicais. O alívio da dívida e um abrandamento da austeridade iriam reduzir o sofrimento econômico, mas é duvidoso que sejam suficientes para produzir uma forte recuperação. Mesmo assim, pedindo uma grande mudança, Tsipras está sendo muito mais realista do que aqueles que querem que o programa continue até que os ânimos melhorem. O resto da Europa deveria lhe dar chance de acabar com o pesadelo de seu país.

    A defesa do calote, vinda de um Prêmio Nobel de Economia, é algo por si só assustador. Mas endossar o programa todo do radical esquerdista que prega abertamente o socialismo é o cúmulo. Foi nisso que Krugman se transformou? Num garoto-propaganda do bolivarianismo?

    Alguns acham que o homem surtou de vez; outros especulam se ele ganha muito bem para esse tipo de coisa. Não sei a resposta, não sei os motivos que levaram Krugman a descer tanto. Só sei que ele atingiu o fundo do poço. Em sua cruzada contra a austeridade, contra o liberalismo, contra o bom senso econômico, contra limites para governos perdulários, ele chegou ao seu próprio limite e abraçou os irresponsáveis caloteiros da extrema-esquerda. No Brasil, seria do PSOL ou mesmo do PSTU!

    Krugman não tem como descer mais. Só se encontrar um alçapão no fundo desse poço e se jogar rumo à escuridão insondável, lá onde vivem aqueles que defendem o regime cubano…

    PS: Para quem acha que exagero, recomendo a leitura da coluna de hoje na Folha de Vladimir Safatle, figura caricata de nossa extrema-esquerda, membro do PSOL, que se mostra quase tão empolgado com o resultado grego. Krugman, hoje, é apenas uma espécie de Safatle americano. Que lástima!

    Rodrigo Constantino

    Tags: Grécia, Paul Krugman
    Share on Tumblr 12 COMENTÁRIOS
    15/08/2014 às 19:04 \ Economia, Filosofia política
    Resposta a Paul Krugman



    Por João Luiz Mauad, publicado no Instituto Liberal

    Quem é você para impugnar a opinião do renomado ganhador do Prêmio Nobel, dirão alguns ao ler o título desse artigo? A esses eu gostaria de dizer que tenho enorme admiração pelo passado de Krugman como economista, uma fase em que o mesmo colocava a pesquisa e o estudo da ciência econômica acima dos interesses partidários e do proselitismo barato. Infelizmente, aquele indivíduo não existe mais.

    Dentre outros vícios adquiridos pelo excessivo dogmatismo e partidarismo, Paul Krugman tornou-se um especialista em espancar espantalhos. Sempre que deseja criticar alguém ou alguma coisa, cria um personagem irreal, dá-lhe o nome daquilo que pretende atingir e sai batendo na coisa, sem dó ou piedade. Na última terça feira, por exemplo, a Folha de São Paulo publicou um artigo seu em que o espantalho é o liberalismo (ou libertarianismo, como é chamado nos EUA, já que lá a esquerda apropriou-se do termo liberal).

    Logo de cara, Mr. Krugman sai berrando a velha falácia segundo a qual os libertários são inimigos do meio ambiente, por serem contrários às (cada vez mais) abundantes e profusas regulamentações estatais sobre a matéria. É claro que isso é mentira. Os liberais preocupam-se bastante com a questão do meio ambiente, mas divergem dos progressistas quanto aos meios a serem utilizados para a resolução dos problemas. Enquanto eles (esquerda) pretendem solucionar tudo através do preservacionismo extremado e, portanto, das incessantes regulamentações e proibições que, além de resolverem quase nada, atravancam o desenvolvimento, a abordagem dos liberais se concentra na melhoria da qualidade ambiental através dos mercados e dos direitos de propriedade.

    Os liberais acreditam que direitos de propriedade bem definidos e devidamente preservados conferem ao meio ambiente o status de um ativo, em vez de um passivo, incentivando os proprietários a utilizá-lo de forma que tragam os maiores resultados, sem, no entanto, deteriorá-lo, afinal o seu próprio futuro econômico depende disso. Já os mercados livres e o processo de trocas voluntárias dão às pessoas, com ideias e valores diferentes em relação ao uso dos recursos, a melhor maneira de cooperar e evitar disputas, inclusive acerca de eventuais externalidades. (Quem quiser se aprofundar mais sobre o assunto, sugiro consultar o site do PERC, onde encontrará vasta literatura sobre a matéria.)

    O segundo aspecto levantado Poe Krugman refere-se às famigeradas falhas de marcado, argumento padrão de onze entre dez intervencionistas.

    Os economistas e outros cientistas sociais intuíram, há bastante tempo – e Krugman sabe disso perfeitamente -, que agentes privados agem principalmente na busca da promoção de seus próprios interesses. Esta suposição é a base de grande parte do conhecimento econômico, desde Adam Smith. Entretanto, economistas intervencionistas, como Krugman, assumem em suas análises que eleitores e funcionários do governo, diferentemente dos demais seres humanos, são motivados exclusivamente pelo interesse público, e não por seus próprios interesses. Ou seja, a mesma pessoa que, no âmbito privado, agiria no sentido de buscar seu próprio bem estar, seria ungida com a sabedoria infinita no momento de votar, ou com o conhecimento enciclopédico e o desapego total pelos seus interesses, quando empossado em algum cargo público.

    A conseqüência infeliz dessa esquizofrenia é, sem dúvida, uma ingênua e ilimitada confiança no governo. Ora, como quaisquer mercados sempre serão imperfeitos, os crédulos e os oportunistas, cada um a seu modo, dedicam-se a construir modelos econômicos onde o governo pode corrigir eventualmente qualquer problema. Afinal, por que tolerar uma realidade cheia de imperfeições se você pode contar com os bons préstimos de um autêntico Deus, onipresente, onisciente e dotado de infinita sabedoria?

    Os liberais apenas perceberam que muito do que governo faz (e não faz) reflete simplesmente a ineficiência pessoal e o auto-interesse estrito de seus servidores, funcionários e mandatários, além, é claro, dos eleitores – é ingênuo pensar que a maioria vota pensando no bem comum e não em interesses particulares.

    Uma vez que seus cargos podem lhes conceder muitas regalias, poder e prestígio, o objetivo principal da maioria dos políticos e funcionários públicos é tirar deles o máximo proveito, bem como mantê-los pelo maior tempo possível. Por outro lado, eles sabem também que tirarão maior proveito de seus cargos através da concessão de favores a grupos de interesse do que fazendo o que é certo para interesse público. Roberto Campos tinha uma frase genial que resumia muito bem isso: “O governo não passa de um aglomerado de burocratas e políticos, que almoçam poder, promoção e privilégios. Somente na sobremesa pensam no bem comum.“

    Isso não quer dizer, evidentemente, que as decisões e ações do governo serão sempre equivocadas. Existem, sim, ilhas de eficiência, abnegação e lucidez em meio a um mar de ineficiência, oportunismo e inépcia, mas não se pode jamais transformar exceções em padrão de qualidade, como pretende Krugman no artigo.

    É absurdo, da mesma forma, querer justificar a ineficiência e/ou abusos governamentais com base na existência de eventuais ineficiências/abusos do setor privado. Afinal, nossas relações com este são voluntárias, enquanto com aqueles são impostas, sem qualquer alternativa possível. Se sou mal atendido num restaurante, banco ou loja comercial, simplesmente não volto mais lá. Escolho outro fornecedor que me trate melhor. Porém, se o mesmo ocorre numa agência do governo, não tenho escolha.

    Pessoas como Krugman defendem que o problema não está no intervencionismo em si, mas nas pessoas que ocupam o poder. Segundo esse raciocínio, se colocarmos as pessoas certas nos postos certos, tudo dará certo. Como bem inferiu Lawrence Reed, talvez um dia, quando essa verdadeira esquizofrenia for sepultada para sempre, a definição de “intervencionista” nos dicionários passe a ser: “Alguém que não entende nada sobre natureza humana, economia ou experiência e repete os mesmos erros repetidamente, sem nenhum cuidado com os direitos e a vida das pessoas que ele esmaga com suas boas intenções.“

    Para piorar ainda mais as coisas, e como muito bem argumentou Hayek, no capítulo do “Caminho da Servidão” intitulado “Por que os piores chegarão ao topo”, os indivíduos sem escrúpulos provavelmente serão os mais bem sucedidos em qualquer sociedade em que o governo é visto como a resposta para a maioria dos problemas. Esses são precisamente o tipo de indivíduos que elevam o poder acima da persuasão, a força sobre a cooperação.

    Ademais, a maior vantagem de se manter o governo o mais longe possível dos mercados deriva do fato de que, enquanto o alcance das falhas individuais é bastante restrito, eventuais falhas de governo derramam seus efeitos nocivos sobre toda a sociedade. Por conta disso, já dizia Benjamim Constant, é muito mais difícil – e leva muito mais tempo – sanar os danos causados por uma norma legal equivocada, do que os prejuízos advindos das ações e escolhas individuais.

    Seria ótimo se os servidores públicos e os políticos, ao assumir seus cargos, fossem ungidos por Deus com as virtudes irrestritas da sabedoria, da honestidade, da abnegação, da lealdade, do altruísmo, além de vacinados contra os vírus altamente infecciosos da lambança, do egoísmo, da arrogância e da vaidade. Como a realidade, infelizmente, é muito diferente disso, a melhor receita ainda é a liberal, que consiste em restringir ao mínimo o poder concedido ao Estado e, conseqüentemente, aos seus falíveis mandatários.

    http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/tags/paul-krugman/
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  • emmedradoemmedrado Membro
    edited agosto 2015 Vote Up0Vote Down
    Post edited by emmedrado on
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