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Programa oficial do PT: "implantar o socialismo" e "opor-se aos interesses dos Estados Unidos"

Este é o documento no site do PT:

http://www.pt.org.br/wp-content/uploads/2014/05/14-ENPT-RESOLUCAO-TATICA-ELEITOAL-FINAL-1.pdf

E estes são comentários a ele:
Um estuário de mágoas

José Casado

Em documento, cúpula do PT desqualifica adversários e anuncia guerra total a quem ameaçar ‘a conquista de hegemonia em torno do nosso projeto de sociedade’

São 2.200 palavras espalhadas por dez páginas com as “diretrizes” do programa de governo, da tática de campanha e da política de alianças do Partido dos Trabalhadores para a disputa em outubro. Foram proclamadas na semana passada por 800 dirigentes do partido, sob a batuta de Lula, na sagração da candidatura de Dilma Rousseff à reeleição.

O conteúdo surpreende: revela que o maior partido político brasileiro, a cinco meses da eleição e com sua candidata liderando todas as pesquisas, planeja uma campanha eleitoral raivosa sobre os adversários, na defensiva diante da “complexidade da conjuntura” e dos “reflexos da crise mundial”.

O documento, disponível na rede do PT, é cinco vezes mais extenso que o da campanha de 2010. Indica uma drástica mudança no humor petista depois de 12 anos no poder.

Dissiparam-se o tom de leveza e o autojúbilo com a certeza de que se mudavam “substancialmente o Brasil e a vida dos brasileiros”.

Agora, a “resolução” do PT é pela guerra total a quem ameaçar a “conquista de hegemonia em torno do nosso projeto de sociedade”.

Os dirigentes creem ter uma missão salvacionista: “Superar a herança maldita, cujas fontes são a ditadura militar, o desenvolvimentismo conservador e a devastação neoliberal.”

Assim, veem como “tarefa” o “aprofundamento da soberania nacional, a aceleração e radicalização da integração latino-americana e caribenha, e uma política externa que confronte os interesses dos Estados Unidos e seus aliados”.

Em síndrome persecutória, enxergam “um pesado ataque ao nosso projeto, ao nosso governo e ao PT, por parte de setores da elite conservadora e da mídia oligopolista, que funciona como verdadeiro partido de oposição”. O “principal exemplo”, afirmam, foi o “julgamento de exceção” do mensalão no STF.

Supõem ser essencial desqualificar os adversários: “Representam um projeto oposto ao nosso, muito embora um deles se esforce em transmutar-se em uma suposta terceira via. Guardadas as diferenças secundárias e temporais, arregimentam os interesses privatistas, rentistas, entreguistas, sob o guarda-chuva ideológico do neoliberalismo e de valores retrógrados do machismo, racismo e homofobia, daqueles que pretendem voltar ao passado neoliberal, excludente e conservador.”

Interpretam a ansiedade por mudanças (expressa por 74% dos eleitores, no Datafolha) como atestado da própria onisciência, pois “todas estão contidas em nosso programa, como é o caso exemplar da reforma política, a democratização da comunicação, a reforma agrária, a reforma urbana e a reforma tributária”.

Acham que o epicentro está na “luta pela reforma política”. Porque “nosso grande objetivo é democratizar o Estado, inverter prioridades e estabelecer uma contra-hegemonia ao capitalismo, construir um socialismo radicalmente democrático para o Brasil”.

Essas “diretrizes” esvanecem a possibilidade de sedução do eleitor pela oferta objetiva de um futuro de progresso pessoal e coletivo. Elas pressupõem que a militância petista vá às ruas intimar o eleitorado a votar em Dilma por solidariedade à cúpula, que parece se afogar num estuário de mágoas. Seria um exercício eleitoral inovador sobre a arte de viver da fé. Só não se sabe fé em quê.
http://oglobo.globo.com/opiniao/um-estuario-de-magoas-12465596#ixzz31buO0rfh

Comentários

  • 2 Comentários sorted by Votes Date Added
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Continuaremos a depender dos satélites americanos porque ... devido ao antiamericanismo petralha, o programa espacial brasileiro não avança...
    O programa espacial brasileiro de desenvolvimento de Veículos Lançadores de Satélites (VLS) e de aproveitamento comercial da Base de Alcântara colocaria o Brasil no mercado global, dominado em mais de 85% por lançamentos de satélites de comunicação de empresas americanas. Para viabilizar a entrada do Brasil nesse mercado, o governo FH negociou acordo de salvaguarda tecnológica com os EUA. Por questões ideológicas, o PT, na oposição e depois no governo, ficou contra o acordo que, paralisado no Congresso, foi abandonado.

    O governo Lula, no entanto, para viabilizar a cooperação com a Ucrânia, teve de assinar um acordo de salvaguardas tecnológicas com Kiev. O acordo com a Ucrânia, traduzido quase literalmente do firmado com os EUA, foi rapidamente aprovado pelo Congresso com o apoio entusiasmado do PT. Essa condição é importante porque o foguete ucraniano incorpora peças e componentes americanos e, por isso, o VLS Ciclone só poderia ser lançado de Alcântara se o acordo Brasil-EUA estivesse em vigor.

    A negociação com a Ucrânia teve como motivação evitar a dependência dos EUA. A maneira desastrada como todo o processo foi operado é mais um exemplo de um equívoco cometido por considerações político-partidárias.

    O acordo de salvaguarda tecnológica com os EUA está paralisado, como tudo o que é realmente importante na relação com os EUA.
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