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Cada vez mais brasileiros se tornam islamitas

Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
Entre os motivos alegados, a novela "O Clone" e o atentado suicida ao WTC.

http://delas.ig.com.br/comportamento/como-e-escolher-o-isla-em-um-pais-sem-vista-para-meca/n1597202166227.html
Como é escolher o Islã em um país sem vista para Meca

Cada vez mais brasileiros se tornam muçulmanos. E adaptam suas necessidades a um cotidiano que não prevê seus costumes

Verônica Mambrini

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A comerciante paulistana Alexsandra, 33, converteu-se aos 20

Nos países do mundo árabe, é fácil saber para que lado está Meca: é para onde se vira a maioria islâmica durante as cinco orações diárias, que, aliás, muitas vezes são anunciadas em espaços públicos. Em São Paulo, às vezes é difícil até saber de que lado se pega o ônibus certo. Então a relativamente pequena, mas significativamente crescente comunidade islâmica às vezes precisa improvisar. “Tem gente que se guia pelo mapa do Google, tem gente que se guia pela bússola”, conta Alexsandra Alves de Brito, 33, convertida ao islamismo desde os 20.

O número de brasileiros que, como Alexsandra, decidiu ser muçulmano, cresceu 25% na última década. Em algumas comunidades, como a do Rio de Janeiro, 85% dos frequentadores de mesquitas são convertidos. Ou revertidos, como eles preferem. Em Salvador, são 70%.

A imagem de uma religião extremista, sisuda e complicada vem dando lugar a uma mais simpática e atraente à sociedade brasileira. Para Paulo Hilu da Rocha Pinto, autor de “Islã – Religião e Civilização – uma abordagem antropológica”, dois fatores puxam a mudança: a novela O Clone, exibida pela Globo entre 2001 e 2002, e o ataque às Torres Gêmeas, nos Estados Unidos, em 2001. “Na novela, o Islã chega com um perfil de pessoas alegres, que gostam de festa, devotadas a família. No caso da repercussão do ataque de 11 de Setembro, na América Latina, onde existe uma marca forte de oposição e denúncia a políticas americanas, teve um efeito forte.”

Mulher e machismo
A cabeleireira Pamela Juliana Gomes Pereira, 29, revertida há seis meses, conheceu o Islamismo quando morava na Suíça. Voltou há um ano e meio, e passou a frequentar uma mesquita. “Já vivenciei várias religiões”, diz a cabeleireira, que tem na família espíritas, católicos, umbandistas e evangélicos. Separada, ela tem um filho de 9 anos e sua maior preocupação era como isso seria visto. “Não tem problema nenhum, a mulher não deixa de ter valor por isso. Pode ser que um homem árabe não se interesse por uma mulher como eu, mas pela cultura árabe, não por causa do Islã.” Ela afirma que enfrenta preconceitos que ligam o Islã ao machismo. “Eles acham que há submissão aos homens, que vou apanhar do marido”, desabafa.

Embora o islamismo ainda seja visto de mãos dadas com a cultura árabe, os laços começam a afrouxar. “Para os convertidos, a cultura árabe e o Islã são coisas bem diferentes”, diz Paulo.

A comerciante Alexsandra foi atraída para o Islã exatamente pela perspectiva feminina. “O que me chamou a atenção foi a valorização da mulher. Na sociedade brasileira, a mulher é muito vulgarizada, tem que atrair os homens. No Islã, a mulher tem que ser recatada, bem educada. Até falar baixo faz parte dos costumes”, diz Alexsandra. Convertida há 13 anos, casou com um muçulmano e tem dois filhos, de 13 e 5 anos. “Meus filhos já nasceram muçulmanos”, conta. Antes ela era protestante, da igreja Assembléia de Deus.

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A professora Priscilla, convertida há quatro anos, continua pintando os cabelos - que às vezes ficam sob o véu

Dia a dia
Neste ano, Pamela viveu seu primeiro Ramadã, mês em que o fiel deve fazer jejum da alvorada ao pôr do sol. “Não foi fácil. Como minha família não é muçulmana, tive que cozinhar sem colocar comida na boca”, conta. “Minha mãe é evangélica, achou absurdo ficar sem comer. Meu filho compreendeu melhor.”

Alexsandra adaptou sua rotina de orações à vida profissional. “Se você trabalha num local onde não é possível praticar a oração, você faz três vezes, por exemplo. Quem pode, faz as cinco. Nada que te prejudique na sua vida pessoal”, diz a comerciante.

Na mesquita que ela frequenta, em São Paulo, a maioria é de muçulmanos de origem libanesa. “Os sermões e as orações são em árabe, com tradutor. Mas é bom praticar no seu idioma. Tem que saber o que está falando”, diz. Em comunidades com muitos convertidos, há orações e aulas sobre Islã diretamente em português.

A professora Priscilla Pavan Manso, 28 anos, converteu-se há 4 anos. Desde os 12 anos ela pinta os cabelos, e não deixou de fazê-lo depois da conversão. “Como brasileira, eu falo alto. Na cultura árabe, mulher tem que falar baixo, mas religião não se confunde com personalidade”, afirma Priscilla. “Tenho amigos muçulmanos que saem comigo para passear, jantar, ir no shopping. Eu não mudei.”

Apesar de não beber e não comer carne de porco, ela não deixa de sair com os amigos de antes da conversão. “A religião não pode te afastar das pessoas. Meu noivo não é muçulmano, e eu o conheci concomitantemente com a religião. Ele respeita e concordou em noivar comigo diante do sheik, mesmo sendo católico.”

Mas como acontece com quase todo convertido, é preciso lidar com preconceitos. “As pessoas fazem piadinhas: dizem que sou mulher-bomba, que eu vou apanhar de marido, ser a quarta mulher do meu esposo. Mas se fosse uma religião opressora, eu não conseguiria tocar minha vida.”

Roupas
Priscila também prefere não usar o véu diariamente. “Quando apareci com o véu em casa, minha mãe quase arrancou. Meu sheik diz que é quando eu sentir que meu coração está preparado. Uso a bata e os véus na hora das orações”, diz.

Como Priscila, Pamela também evita a discriminação da família e das clientes usando o hijab – o véu muçulmano – apenas na mesquita. Em seu primeiro ano seguindo as novas regras, ela ainda teme o verão: as roupas, que já eram discretas, passaram a cobrir o corpo um pouquinho mais. “Eu fico pedindo a Deus que me dê força para aguentar calor nesse verão. Até agora, foi tranquilo.”

Já Alexsandra transformou a adaptação em negócio - vende hijabs, está importando a abaya, vestido típico para o dia a dia, e deve trazer em breve “burquínis”, para praia e piscina. “As mulheres não usavam aqui por não achar, mas agora está mais fácil”, diz.

A forma de cobrir o corpo e os cabelos não é determinada pelo Alcorão, livro sagrado do Islã. No dia a dia, Alexsandra é prática: usa jeans, saias e blusas de manga comprida, como camisas. “Apesar das muçulmanas terem suas vestes estereotipadas, o Islã não determinou um corte, um estilo ou uma cor específica. Desde que a mulher cumpra a lei alcorânica, qualquer coisa é válida”, afirma a tradutora Marcela Tieppo, 20 anos, que mantém desde 2009 o blog A Mulher no Islam.

Quando foi tirar a foto 3x4, para o RG, o funcionário disse que Alexsandra não podia usar o lenço. “Eu perguntei se as freiras tiravam, e acabaram permitindo”, lembra. “Hoje já se adota a prática de levar um certificado de que você realmente é muçulmano. As pessoas às vezes olham torto e hostilizam. Mas isso acontece com qualquer um que seja diferente.”

Comentários

  • 10 Comentários sorted by Votes Date Added
  • Assim como existe masoquismo, qualquer coisa pode ser explicavel :/

    No mais isso pra mim é mais "frescura" mesmo
  • Mig29Mig29 Membro
    edited setembro 2011 Vote Up0Vote Down
    Reid disse: No mais isso pra mim é mais "frescura" mesmo

    Simplista demais, não acha?

    Muitas mulheres queixam-se constantemente do mesmo - desvalorização da mulher.
    Como opositor ao feminismo, vejo uma possível consequência de uma certa ideia de progresso e modernidade.


    O que me parece certo, o biquini brasileiro não vai ser ameaçado por burquinis, seria uma pena para o olhar :)
    Post edited by Mig29 on
  • ReidReid Membro
    edited setembro 2011 Vote Up0Vote Down
    Mig29 disse: Simplista demais, não acha?

    Digo em geral a religião mesmo, muda varias coisas na vida que não mudam "nada", se bem que para religiosos o importante é so parecer que mudou, logo "mudou mesmo"

    Mig29 disse: Muitas mulheres queixam-se constantemente do mesmo - desvalorização da mulher.

    Isso não é algo que precisa de religião para mudar
    Post edited by Reid on
  • Reid disse: Digo em geral a religião mesmo, muda varias coisas na vida que não mudam "nada", se bem que para religiosos o importante é so parecer que mudou, logo "mudou mesmo"

    As pessoas procuram, por vezes, não sabendo muito bem o quê. Isto leva-as a saltitar de religião, viajar pelo mundo ou até militar pelo ateísmo.
    Reid disse: Isso não é algo que precisa de religião para mudar

    Não é preciso ter religião ou qualquer rotulo, para descobrir-se e viver de acordo com esta descoberta. Porém, como disse acima, no meu entender, trata-se de um busca por algo mais ou menos incerto que tranquilize mais as pessoas.

    Sem necessidade de paternalismo, podemos ser mais compreensivos para com os outros. Quando não existe atos criminosos envolvidos, não existe motivo para se irritar com as experiências que os outros fazem nas suas vidas.

  • Mig29 disse: Muitas mulheres queixam-se constantemente do mesmo - desvalorização da mulher.

    Desvalorização que elas mesmas alimentam, quando vão, por exemplo, nesses bailes pancadão insinuando-se como uma puta pra uma porrada de marmanjo com os hormonios lá em cima prontos pra darem uma, duas, tres....
    Eu sou o Doutor. Venho do planeta Gallifrey da constelação de Kasterborous. Com a minha nave, a TARDIS (Time And Relative Dimensions In Space (Tempo e Dimensões Relativas No Espaço) eu viajo por varios mundos e épocas combatendo as injustiças em minhas explorações. Eu o convido para me acompanhar em minhas aventuras, a maioria delas perigosas. Voce quer me acompanhar?

    Total de Mensagens:
    8609 + aquelas que tenho agora. ):-))
  • Parece que a islamização é a conseqüência de qualquer secularização no ocidente.

    Onde está seu Deus agora, ateuzinho?
    "In any case, what westeners call civilization, the others would call barbarity, because it is precisely lacking in the essential, that is to say a principle of a higher order." - René Guénon
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Apatico disse: Parece que a islamização é a conseqüência de qualquer secularização no ocidente.

    Cada um inventa seus motivos para se converter a uma religião ou deixá-la. É só se agarrar a alguns detalhes e fingir que não viu os outros. No fim das contas, é uma decisão emocional e não racional.
  • Mig29Mig29 Membro
    edited setembro 2011 Vote Up0Vote Down
    Fernando_Silva disse: No fim das contas, é uma decisão emocional e não racional.

    Não somos racionais, pelo menos, não na totalidade. A menos que consideremos a nossa propensão para seguir desejos como racionalidade.
    Post edited by Mig29 on
  • Fernando_Silva disse: Cada um inventa seus motivos para se converter a uma religião ou deixá-la. É só se agarrar a alguns detalhes e fingir que não viu os outros. No fim das contas, é uma decisão emocional e não racional.

    Fato:
    Ateísmo gera islamismo.
    "In any case, what westeners call civilization, the others would call barbarity, because it is precisely lacking in the essential, that is to say a principle of a higher order." - René Guénon
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