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O guerreiro do povo
Nelson Motta
O grito de guerra dos militantes ainda ecoa no Planalto Central. "Dirceu guerreiro! Do povo brasileiro!", o refrão estremece o salão, como um canto de torcida organizada no estádio ou o coro de um funk carioca num bailão.
Mas Dirceu é guerreiro modesto e discreto, nunca falou sobre as suas ações revolucionárias, seus confrontos com as forças da repressão, suas batalhas de arma na mão pelo povo brasileiro. Talvez para não humilhar companheiros que não tiveram tanta bravura como ele na luta contra a ditadura, ou cometeram erros estratégicos que levaram à prisão e à morte de companheiros. Ou talvez porque nunca tenham acontecido. Quando lhe perguntam se matou alguém em combate, dá um sorrisinho maroto e faz cara de mistério.
O guerreiro chama a presidente Dilma de "companheira de armas", mas, embora ela tenha pago na própria carne pela sua coragem revolucionária, não há qualquer noticia, documento ou testemunha da presença de Dirceu, ou de "Daniel", seu nome de guerra, em nenhuma ação armada durante a ditadura. Talvez a Comissão da Verdade faça justiça à sua combatividade, ou desmascare o guerreiro que foi sem nunca ter sido. Talvez algum dia reapareçam os disquetes com a sua biografia escrita por Fernando Morais, em que ele dizia ter contado tudo sobre a sua vida guerreira, mas foram misteriosamente roubados da sua trincheira.
Na Câmara, ele foi um incansável guerreiro, se recusando a assinar a Constituição democrática de 88, batalhando pela rejeição da Lei de Responsabilidade Fiscal e denunciando o Plano Real como uma farsa eleitoreira da direita. Perdeu essas batalhas, mas não a sua guerra.
Notável estrategista, ele começou como um dos líderes estudantis que, em 1968, convocaram um congresso "secreto" da UNE em uma fazenda em Ibiúna, onde os 500 congressistas foram facilmente cercados pela polícia e o Exército e presos, aniquilando o movimento estudantil. Em entrevista recente, Dirceu disse que, mesmo cercado por centenas de policiais e soldados armados, "queria resistir", mas foi voto vencido. Com um guerreiro desses, o povo brasileiro não precisa de inimigos.
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Comentários
A ditadura fez inúmeras merdas.Seja pela burrices que cometeu seja pelos martíres que deixou.
Teve uns dois caras aí que já deram entrevistas na Folha, que estiveram na Guerrilha do Araguaia. Dizem terem sido tratados como estranhos, pois não mostraram entusiasmo. E logo viram que não tinham mesmo motivos para se entusiasmar: os tais guerrilheiros, uns cento e poucos gatos pingados, não passavam de um bando de estudantes urbanos, que estavam passando e pastando o diabo no meio de uma selva cheia de pernilongos, cobras, onças, etc e tal. Foram instruídos a não dizerem coisa alguma aos poucos matutos locais. E caiu a ficha:
_ Mas o que é isso? Uma revolução pelo povo sem povo?
Pois é EXATAMENTE isso que é e sempre foi TODA E QUALQUER revolução marxista. Vendo-se preteridos e jogados para escanteio, esses dois tiraram a sorte grande quando resolveram cair fora antes que o pau comesse.
Mas é claro! O Partido sabe o que é melhor para o povo e este tem que se calar e aceitar.