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Se você quer ver um mercado de cultura pop realmente se formar aqui no Brasil, precisa trabalhar a tolerância e ser muito generoso. Não, eu não estou falando para quem produz, mas para quem consome. Afinal, os primeiros trabalhos dos produtores locais vão estar cheios de defeitos, problemas e muitas vezes mal organizados.
Porém, sem essas primeiras tentativas (e erros), como os criadores terão experiência para chegar em seus melhores trabalhos? Me expliquem como vai surgir um clássico, se a gente não bancar os fracassos? E, acima de tudo, as críticas negativas são importantes, mas as que ponderam os dois lados são mais ainda. O cara (e quem se arriscar pelo mesmo caminho) precisa saber no que acertou.
O quadrinho “Klaus”, de Felipe Nunes. Mais um lançamento bacana da Balão Editorial.
Acompanho muito de perto diversos nichos: cinema, literatura, board games, RPG, convenções, música e, principalmente, quadrinhos. Neste último, tive o privilégio de ver gente que era puro coração e paixão começar com trabalhos ruins (muitos deles até publiquei na MAD e em outros canais – afinal, eles tinham que ter um lugar pra começar). Muitas dessas pessoas acabaram se tornando autores de exímia qualidade e estão lançando projetos que me dão muito orgulho. A sensação não é a de que joguei meu dinheiro fora, mas de que fui indiretamente um dos responsáveis por aqueles criadores estarem amadurecendo.
Acredito que o mesmo deva ser feito em todas as áreas. Por isso, todos os meses, eu invisto uma parte do meu salário em crowdfundings e produções nacionais das mais diversas. Falo sempre nas minhas redes sociais e sempre tento encaixar pautas sobre eles aqui no Contraversão. É o que eu posso fazer para colaborar. Não existe mainstream por aqui ainda; no fundo, todo mundo ainda está engatinhando.
Toque o terror pro espaço no RPG “Abismo Infinito” (RetroPunk), de John Bogéa.
Com a ausência de um mercado, a maioria dos produtores precisa ter um segundo e até, como é o meu caso, um terceiro emprego. Afinal, por mais sucesso que se tenha por aqui, dificilmente dá pra viver apenas de produção de cultura pop. O desenhista de quadrinhos que também é ilustrador, o músico de banda de rock que é auxiliar administrativo, o escritor que é professor de escola pública… são muitos os perfis. Isso torna a evolução desses autores mais lenta e cansativa, por outro lado, mostra que foram realmente esforçados.
Esse é o perfil de quem quer trabalhar somente aqui, mas alguns acabam produzindo para outros países e ganhando espaço por lá. Afinal, os outros países tem público, investimento e conseguem bancar financeiramente esses produtores. Mas e se a gente tivesse tudo isso aqui? Não seria muito mais legal?
Longe de mim falar de nacionalismo. Sou um voraz consumidor de cultura de todos os cantos, mas eu quero produzir e ver conteúdo brasileiro. Sinto falta disso e acredito que a maioria das pessoas também. Mesmo que não percebam. O nosso jeito de ser, de pensar, as coisas que acontecem aqui, o folclore, os acontecimentos históricos, as coisas estranhas, as amizades… eu quero ver o nosso coração na cultura pop.
Pôster do longa de terror “Desalmados”, dos geniais Kapel Furman, Armando Fonseca e Raphael Borghi.
Só pra fechar, humildade, bom senso, esperança e CARINHO pelas produções nacionais são elementos vitais para que a gente tenha um mercado nacional rentável, produtivo e criativo. Isso se aplica a todas as áreas, dos grandes eventos ao cara que mantém um pequeno blog sobre os gibis que mais gosta.
Sobre o Autor: Raphael Fernandes
Editor da MAD, do blog Contraversão e dos quadrinhos da Editora Draco. Além de ser roteirista das HQs Ditadura No Ar, Ida e Volta e Apagão. Quadrinhos, humor, terror, literatura e subversão.
http://contraversao.com/o-que-fazer-para-termos-um-mercado-nacional-de-cultura-pop/
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Comentários
Gostava do Chiclete com Banana. Depois quando comecei a trabalhar fiquei procurando por ed antigas nos sebos até fechar a coleção.
Eu acho que as coisas boas conseguem mercado. Tem muito cara que não nasceu para a coisa e fica chorando pelos cantos, querendo dinheiro do estado e tal.
Onde houver fé, levarei a dúvida!
― Winston Churchill