Os americanos estão rindo à toa.  E às nossas custas.  Tanto o café da manhã quanto o churrasco deles ficaram bem mais baratos.  Do pão ao café, passando pelo bacon e pela carne de boi, tudo barateou para eles.
Quem foi o responsável por isso?  Nós brasileiros.  E, como consequência dessa nossa "gentileza", esses mesmos alimentos ficaram bem mais caros para nós.
Com o esfacelamento do real perante todas as moedas do mundo — e ainda mais intensamente perante o dólar —, a aquisição de trigo, café, soja, açúcar, laranja e carne do Brasil ficou muito mais barata para os americanos e estrangeiros em geral.
Consequentemente, os produtores brasileiros dessas commodities passaram a vendê-las em maior quantidade para o mercado externo, gerando uma diminuição da sua oferta no mercado interno e um aumento dos seus preços.
Fartura para os estrangeiros, carestia para nós.
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É justamente por isso que é irônico ver economistas de esquerda defendendo desvalorização da moeda como forma de estimular o crescimento econômico.  Além de não fazer nenhum sentido econômico (adulterar a unidade de conta da economia não gera crescimento; ao contrário, gera desinvestimento), é difícil imaginar uma medida mais anti-povo do que essa.
A população foi às ruas protestar não só por causa da corrupção.  Ela foi às ruas porque a moeda está sendo destruída a um ritmo que mais parece a aceleração de um Fórmula 1, e isso afeta diretamente a qualidade de vida, o bem-estar e robustez da economia.
A conta de luz subiu 50%. O dólar está em R$ 3,25.  O país está em recessão.  O desemprego chegou.  A tabela do imposto de renda não foi corrigida para compensar a perda do poder de compra da moeda.  Encher o tanque ficou bem mais caro.  A Petrobras não consegue publicar seu balanço há seis meses por conta de um esquema de corrupção que desviou, por baixo, R$ 88 bilhões de seus cofres.  O BNDES empresta bilhões de reais para ditaduras e se nega a prestar contas desses empréstimos.  O ex-presidente ameaçou colocar um exército paralelo nas ruas para coibir quem pensa diferente.  O governo paga pessoas para se manifestarem a seu favor.
E, no entanto, se você reclama de algo, você só o faz porque é da "elite branca" que odeia pobres.
Chegamos a um ponto em que nem sequer podemos mais reclamar da destruição da nossa moeda e da perda do nosso poder de compra.  Não mais podemos reclamar que o governo está, mais uma vez, desarranjando a economia e nossa qualidade de vida.  Se você faz isso, você é rotulado de "elite branca".  E por pessoas que juram que isso é um argumento.
Voltamos ao jardim de infância.
Aqui vai uma dica para Michel Temer: quer se tornar popular quando assumir o governo?  Estabilize a moeda em relação ao ouro.  As consequências são incríveis.  Não é teoria.  É empiria.
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2055            
Comentários
O problema é que o dólar mais caro não resulta automaticamente em estrangeiros querendo comprar produtos brasileiros.
A inflação aumenta devido aos produtos importados ficarem mais caros e as supostas vantagens não são tão grandes assim.