Em sua primeira missa no Paraguai, o papa Francisco tocou em um ponto doloroso da história local: a guerra que derrotou o país por uma aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai no século 19.
Francisco classificou o conflito de injusto, o que tem um significado especial pelo fato de o papa ser argentino.
A Guerra do Paraguai dizimou mais da metade da população do país e a maior parte do contingente masculino, o que comprometeu o desenvolvimento paraguaio. O país é hoje um dos mais pobres da América do Sul, com uma riqueza por habitante inferior à metade da dos brasileiros.
"Com grande valor e abnegação, [as mulheres paraguaias] souberam levantar um país derrotado, afundado, submergido por um guerra injusta", afirmou o papa no santuário da Virgem de Caacupé, localizado na cidade de Caacupé, a cerca de 50 km da capital Assunção, padroeira do Paraguai.
"Vocês têm a memória e a genética dos que reconstruíram a vida, a fé e a dignidade do seu povo", disse Francisco.
O papa também pediu proteção aos paraguaios que vivem no exterior; cerca de 10% da população do país, a maior parte radicada na Argentina.
GUARANI
Francisco aproveitou a missa para fazer uma referência simbólica à raiz indígena do povo paraguaio ao usar a língua guarani ao rezar o Pai Nosso.
A ordem jesuíta à qual o papa pertence tem uma longa história de proteção do povo guarani da escravidão durante os anos da colonização do país e ajudaram a preservar o idioma. Foi um padre jesuíta, Antonio Ruiz de Montoya, quem publicou a primeira gramática guarani, em 1639.
A língua guarani é um dos idiomas oficiais do Paraguai e é falada por povos indígenas de outros sete países, incluindo o Brasil, a Argentina e a Bolívia. No Paraguai, segundo dados do governo, há 30 mil guaranis.
No final da missa, oficiais do Vaticano leram um decreto que declara o santuário da Virgem de Caacupé, o principal local de peregrinação paraguaio, como uma pequena basílica. Para atingir este status, o local precisa ser reconhecido como uma diocese, um local ativo de liturgia pastoral que sirva de modelo para os demais, além de importância histórica. Com o novo título, o santuário pode usar o símbolo papal, duas chaves cruzadas, em seus móveis e cartazes, um símbolo de sua conexão com o Vaticano.
O papa tem uma antiga admiração pela Madonna de Caacupé, oriunda dos dias em que ministrava para imigrantes paraguaios na periferia de Buenos Aires.
AGENDA CORRIDA
Pouco antes de celebrar a missa, o papa Francisco se ausentou do santuário por alguns minutos, adiando o começo da procissão e levando a especulações sobre sua saúde.
O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, garantiu que o papa está bem e que Francisco se ausentou um momento por estar emocionado, pedindo então que fosse retomada da canção inicial da missa.
Poucos minutos depois, Francisco apareceu tranquilo com os paramentos litúrgicos e continuou a procissão. Perante as perguntas dos jornalistas sobre o atraso do papa, Lombardi disse: "Está bem, como vocês viram".
Por sua parte, Carlos Morínigo, o medico paraguaio que atende o papa no Paraguai assinalou em comunicado do Ministério da Saúde Pública que evidentemente, pela fadiga das viagens, está cansado, mas goza de boa saúde e se encontra animado e feliz pelo carinho das pessoas.
Morínigo acrescentou que Francisco, que hoje completa seu segundo dia de estadia no Paraguai, conta com uma vitalidade impressionante para cumprir com a intensa agenda prevista.
O médico fez essas declarações depois que o papa finalizou a missa que celebrou em Caacupé, acompanhado de milhares de pessoas.
Desde que o pontífice chegou ao Paraguai nesta sexta-feira (10), procedente da Bolívia, sua agenda esteve repleta de atos, aos quais se deslocou em sua maioria no papamóvel.
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/07/1654559-em-missa-papa-diz-que-guerra-do-paraguai-foi-injusta.shtml
Comentários
O que houve foi o contrário, com o Rato que Ruge bancando o gostosão e tomando o que merecia no final da aventura.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Os que acusam o nobre Caxias de ser perpetrador de massacres não sabe ou finge não saber que a posição do Duque e general comandante era que a Guerra deveria terminar com a conquista da capital inimiga, o que para Caxias era suficiente para vingar o ultraje contra o Império.
D. Pedro II foi sabiamente contra e decretou que a Guerra só terminaria com a destituição, exílio ou morte de Solano Lopez.
Se o ditador tivesse se rendido naquele momento da Guerra, dezenas de milhares de vidas paraguaias teriam sido poupadas. Só que o cara não tava nem aí para as vidas dos paraguaios e quem leva a culpa é o Império.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Onde houver fé, levarei a dúvida!
Depende do lado que se vê. Geralmente a guerra é justa e razoável do ponto de vista do lado agredido.
Do ponto de vista dos Aliados, a Segunda Guerra Mundial foi justa.
Houve também Guerras iniciadas para derrubar ditadores sanguinários.
A Tanzânia invadiu Uganda para derrubar Idi Amin Dada. Mesmo que houvesse outros interesses por trás da invasão, foi um caso no qual o país agredido saiu beneficiado por se livrar de um genocida no poder.
E tem aquelas batalhas, que não podem ser chamadas exatamente de Guerra, mas são casos no qual uma nação inicia um combate por uma causa inegavelmente moral, como quando a Marinha Real levantou suas armas para varrer a escravidão dos mares.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Mais um mérito na conta do Grande Caxias.
A Farroupilha só terminou assim porque o general Lima e Silva venceu os gaúchos no campo de batalha e lhes ofereceu em seguida uma rendição honrosa, inclusive incorporando revoltosos no Exército Imperial.
O Homem não foi chamado de O Pacificador por acaso...
Prá se ter uma ideia, quem já ouviu falar de um grupo derrotado em uma guerra civil que presta homenagem ao comandante das forças contra as quais lutaram?
Bem... A cidade de Caxias do Sul tem este nome por causa deste tipo único de homenagem.
Ninguém vai encontrar uma cidade com o nome de Getúlio Vargas no Estado de São Paulo...
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Ainda sobre os Farrapos, eles usaram o mesmo tipo de Guerrilha Rural que os Uruguaios usaram dez anos antes.
Se os uruguaios ganharam, os gaúchos também poderiam ter vencido, uma vez que combater guerrilhas que contam com o apoio da população local é dificílimo quando as tropas oficiais respeitam os civis.
Claro que há os senão e poréns, como a intervenção da Argentina no caso da Banda Oriental.
Mas o decisivo foi a diferença dos comandos.
Bento Gonçalves era um líder carismático, mas não não dava nem pro cheiro contra Caxias em estratégia militar.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Onde houver fé, levarei a dúvida!
Acauan, qual foi o motivação dos ingleses? Tem um pouquinho de capitalismo?
Onde houver fé, levarei a dúvida!
Mais ou menos...
Em um primeiro momento, a derrota do Sul foi tão arrasadora que Washington impôs uma série de medidas visando acabar com o que restou da cultura do Velho Sul, incluindo medidas para integrar os negros à sociedade sulista.
O resultado foi a explosão de atos terroristas que deixaram claro que os brancos prefeririam exterminar a população negra um linchamento de cada vez do que aceitar a integração imposta.
Washington recuou e os Direitos Civis só voltaram à pauta no Sul cem anos depois.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Sempre tem e isto é ótimo.
Os ingleses não eram santos e nem fingiram sê-lo.
Mas se havia algum lucro em acabar com a escravidão, haveria muito mais na época em monopolizá-la, coisa que a Royal Navy poderia facilmente garantir para os escravagistas britânicos (e os havia) se a intenção fosse apenas esta.
Um das falsidades dos revisionistas modernistas é negar que decisões históricas pudessem ter motivações morais e sempre haveria interesses escusos por trás. Isto é idiota. Motivações morais são influências fortíssimas nos indivíduos e por extensão no rumo da História. Se há muita sujeira nas relações políticas, vez ou outra alguém aparece e faz algo grandioso, como defender que todo Homem tem direito inalienável à Busca da Felicidade ou discursar sobre um Sonho no qual o Caráter prevalece sobre a Cor e mudar o rumo de uma Nação.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
O argumento de que a escravidão caiu por motivações exclusivamente econômicas é bobo.
Roma nasceu, ascendeu e caiu como sociedade escravagista e nunca viu a mais mínima vantagem em abolir ou mesmo abrandar a escravidão. Pelo contrário, a certa época o Império queria conquistar terras mais pela mão de obra que poderia obter de graça do que pelo expansionismo propriamente dito.
Se a escravidão fosse economicamente inviável, em quase mil anos de República e Império Romano alguém teria percebido isto.
Aí poderiam dizer que isto valia para meios primitivos de produção, mas não para a era Industrial, quando surgiram os movimentos abolicionistas.
Oras bolas, quando aboliram a escravidão no Brasil ou no Sul dos Estados Unidos, as plantações de cana de açúcar aqui e de algodão lá não eram assim tão diferentes do que deveria ser a produção agrícola romana. Os avanços das técnicas agrícolas neste intervalo - inegáveis - na época da abolição não haviam mudado nem um pouco o aspecto 100% manual das colheitas das culturas citadas, mesmo que depois o algodão fosse descaroçado mecanicamente.
No mais, para o escândalo dos militantes, os primeiros abolicionistas eram cristãos fundamentalistas, como os Quakers, primeiros senhores de escravos nos Estados Unidos a libertá-los por iniciativa própria. Não tinham tantos escravos assim, mas valeu a intenção.
A Esquerda nega o fator moral como historicamente decisivo porque defende que só a Luta de Classes é libertadora.
Para negar isto, basta verificar que depois do Império Romano a grande nação que mais explorou o trabalho escravo foi a Rússia Stalinista.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
- É esse o mal que vejo em enxergar o mundo sempre interpretando as coisas pela ideologia que se segue.
Abraços,