Nunca fui de ficar tentando imaginar o futuro do Brasil, mas mesmo que tivesse tentado, a nossa situação atual nunca teria passado pela minha cabeça.
Alguém aqui previu que, após a restauração e estabilidade da situação econômica do país durante o governo FHC, o que nos esperava era a execução de um plano de poder que viria a corromper até a alma praticamente todas as nossas instituições? Que as crianças da época assistiriam, já durante a adolescência, a defesa descarada do crime e do banditismo, tanto em Brasília quanto no trabalho dos jornalistas a serviço do partido no poder? Que teríamos o governo que mais roubou dinheiro no mundo em toda a história humana? Que até mesmo o processo das eleições seria sabotado de diversas formas, pra dar a aparência de legalidade a 12 anos de governo nas mãos de uma organização criminosa e fascista como o PT, algo que seria impossível se aqui existisse sequer um rascunho de Estado de Direito? Que nossa suprema corte teria suas cadeiras ocupadas por petistas de toga?
Entretanto, tudo isso despertou reações na nossa sociedade que eu também não imaginaria possível. Uma contra-revolução só começa diante de uma revolução, afinal. Lembrando de 10 anos atrás, percebo que princípios liberais e conservadores jamais foram considerados qualquer forma de oposição ao socialismo e suas doutrinas pelas pessoas comuns ao meu redor. Pelo contrário, conviviam confortavelmente, como se fizesse algum sentido desejar menos impostos, menos burocracia e mais liberdade individual enquanto pede um welfare state, um sistema educacional padronizado integralmente controlado e a serviço do governo, o combate daqueles fantasmas socialistas dos quais só os políticos podem nos defender, como o fim da desigualdade, mais justiça social e etc. Hoje em dia, vejo muita gente declarar sem medo repúdio ao esquerdismo e querer o governo fora de suas vidas o máximo possível. Também temos o surgimento de grupos cada vez mais populares de conservadores e liberais, que anunciam sua posição com todas as letras e explicam melhor o que elas representam. A internet possibilitou ao governo pagar militantes pra defender o indefensável em alguns blogs com meia dúzia de visitantes, mas também a milhões de cidadãos indignados se organizarem em atos frequentes pedindo a renúncia e o impeachment da presidente. A hegemonia cultural esquerdista ainda está longe de acabar, mas as rachaduras já não podem ser ignoradas.
E aí, como estarão as coisas daqui 10 anos? Indivíduos como Sérgio Moro e Rodrigo Janot serão capazes de puxar nossas instituições pro caminho certo? Ainda estaremos na democracia da miséria, onde a pobreza e a ignorância do povo são o mais valioso capital político, usando o jargão das excelências? Teremos um país no qual é possível criar um filho com bons valores, educação e cultura?
Comentários
Além do que, esse tipo de ladrão sabia que estava errado e tentava esconder o que fazia.
Agora temos ladrões com ideologia, que acreditam em "os fins justificam os meios". Se roubam, é pela "governabilidade", é pelo "bem do povo".
Quando apanhados roubando, julgam-se heróis injustiçados.
http://oglobo.globo.com/opiniao/principios-fins-meios-16791463#ixzz3g8yPt1Xp