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Sabe, eu até entendo, vocês têm seus valores, e querem defendê-los; têm o direito de achar o que os outros fazem errado e até usá-los como exemplo do que não fazer (e para por aí, cuidem das suas vidas).
Dentro do mundo tangível e material, com ou sem planos superiores (e inferiores), metafísicas e o escambau, é extremamente desrespeitoso se usar do nome de mortos para comover. Fazer uso da tristeza e dos problemas alheios, como mero entretenimento. Um exemplo disso é a Divina Comédia de Dante Alighieri. Quem leu, espero eu, ficou perdido com a quantidade de nomes citados e exemplos totalmente fora de nosso contexto. Justamente porque o que ele fez na obra foi apontar o dedo para os que se opunham moralmente ou politicamente a ele na época, ou mesmo os precedentes de seu tempo. Isso é mesquinho.
Roqueiros são sempre um ótimo alvo para novas divinas comédia. O livro “Um Roqueiro no Além” gerou polêmica por atribuírem ao espírito de Raul Seixas. Gravura de Gustave Doré à esquerda.
Como a religião pode ser cruel: dizendo que, por seus erros (muitas vezes contra si próprio, não afetando diretamente ninguém mais), a pessoa merece sofrimento eterno. É escroto. E se não é eterno e a pessoa pode se arrepender e sair, rui toda a lógica de vida eterna, com um ciclo de livre arbítrio que provavelmente te levaria a fazer escolhas erradas mesmo longe do sofrimento eterno. Ou então na versão espírita, dizer que por suas escolhas a pessoa se jogou num lugar de sofrimento e que (através dos valores deles), ao seguir o caminho certo (por um estalo divino? Ajuda de alguém “mais iluminado”?), estaria saindo dessa.
Por algum motivo adoram escolher famosos. Até na vida eterna tem fama não é mesmo? Chorão, Cazuza e Cassia Eller (respectivamente).
Essa narrativa de redenção depois da morte também é cruel. Primeiro porque desconsidera que a pessoa, mesmo não se encaixando na sua moralidade pessoal (incutida por um grupo), possa ser feliz assim, ou que mesmo que não fosse, não é você quem tem a solução. Segundo porque faz dos cadáveres meros fantoches de suas narrativas morais. Isso é desrespeitoso com a alma, espírito, o qual eu chamo de memória. É sujar a vida eterna, seus rastros no mundo. É como fazer uma cirurgia plástica no defunto antes do velório. Vocês não tem esse direito. A vida eterna nos deixa com medo de viver, e a oferta de uma nova vida, tira todo o valor dessa nossa breve experiência terrena. Aproveitem e deixem o que valha a pena ser lembrado, isso é eternidade.
Concordo que vivemos uma época cheia de frescuras, numa vigilância sobre a palavra, em muitos casos a despeito dos atos. Mas para aqueles os quais não sobrou nada, senão a memória, a palavra é muita coisa.
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