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http://oglobo.globo.com/mundo/estado-islamico-justifica-estupros-generalizados-em-nome-de-deus-17179046#ixzz3imz4PwRrEstado Islâmico justifica estupros generalizados ‘em nome de Deus’
Intepretação distorcida do Alcorão é utilizada com escravas sexuais yazidis
QADIYA, IRAQUE - Momentos antes de estuprar a menina de 12 anos, o combatente do Estado Islâmico (EI) tomou o tempo de explicar que o que estava prestes a fazer não era um pecado. Já que a garota era adepta de uma religião diferente do Islã, o Alcorão não apenas lhe dava o direito de estuprá-la — ele encorajava isso, insistiu o jihadista. Após amarrar suas mãos e amordaçá-la, ele se ajoelhou ao lado da cama e se prostrou em oração antes de consumar o ato sexual. Quando acabou, se ajoelhou para orar de novo, cercando o estupro com atos de devoção religiosa.
— Eu fiquei dizendo que estava machucando, para ele parar por favor. Ele disse que segundo o Islã ele pode estuprar uma infiel, que isso o deixa mais perto de Deus — disse ela em uma entrevista ao lado da sua família no campo de refugiados para o qual escapou após 11 meses cativa.
O estupro sistemático de mulheres e meninas da minoria religiosa yazidi se entranhou na organização e na teologia radical do EI no ano que se passou desde que o grupo anunciou que decidira reviver a instituição da escravidão. O comércio de mulheres yazidis criou uma infraestrutura permanente, com uma rede de armazéns onde as vítimas são mantidas, salas de exibição onde elas são inspecionadas e vendidas e uma frota de ônibus usada para transportá-las.
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Da mesma maneira que passagens da Bíblia foram usadas séculos mais tarde para apoiar o tráfico de escravos nos EUA, o EI cita versos específicos do Alcorão ou a Sunna — as tradições baseadas nas falas e atos do profeta Maomé — para justificar o tráfico humano. Estudiosos da teologia islâmica se dividem sobre a interpretação.
— No meio no qual o Alcorão surgiu, havia a prática difundida de homens terem relações sexuais com mulheres que não eram livres. Não era uma instituição religiosa, era apenas como as pessoas faziam as coisas — diz Kecia Ali, professor de religião na Universidade de Boston e autor de um livro sobre escravidão.
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