Pacote chancela o estelionato eleitoral, pode dar alguma folga a Dilma no Congresso, mas tende a elevar repulsa da população
É incrível que o governo tenha feito só agora o que deveria ter feito antes, não é? Essa história de que a Standard & Poor’s acabou colaborando com um ajuste que, de outra sorte, não seria feito é só uma variação do “quanto pior, melhor”. Um governo que tivesse articulação política teria proposto antes essas mesmas medidas — ainda que não seja tão fácil implementá-las.
O pacote tem lá as suas durezas, mas notem que muito pouco do que se pretende economizar sai do corte efetivo do custeio da máquina: apenas R$ 200 milhões. Para um estado pantagruélico, é muito pouco.
De toda sorte, a crise tende a dar uma esfriada. E por quê? Apenas porque o governo decidiu comparecer com uma proposta, saindo daquele estado de apatetamento inercial. “Algo está sendo feito; algo está sendo tentado…” Assim, alguns agentes políticos vão tirar um pouco o pé do acelerador do “fora Dilma”. Se voltarão a pisar com mais firmeza de novo, bem, aí depende de como vão reagir os agentes econômicos e a população.
A sociedade é que vai pagar a conta, sim. A economia será feita também com cortes em programas sociais, e parte da receita que se busca saírá da recriação da CPMF — se é que o Congresso condescenderá com o imposto, que Joaquim Levy chama de “transitório”, para a crença de ninguém.
Se querem saber o quanto isso foi devidamente pensado, basta verificar que, quando lançou o balão de ensaio da recriação do imposto, o petista Arthur Chioro (ministro da Saúde) saiu a bradar que era dinheiro para a Saúde. O governo, por sua vez, dizia que era para fazer caixa mesmo, e, agora, anuncia-se, será para a Previdência.
É claro que o pacote não vai colaborar para aumentar o prestígio da presidente Dilma. Elevação de impostos é sempre desgastante, não?, especialmente porque ela vem num momento em que a população tem a sensação, que não está tão distante da realidade, de que ela se esforça para que alguns poucos espertalhões se locupletem. Mas qual alternativa?
Um pouco de honestidade intelectual e transparência talvez fosse útil ao governo. Mas Dilma não é do tipo que reconhece facilmente o erro. No nono mês de seu segundo mandato, é obrigada a admitir, na prática, que caminhou muito errado nos últimos quatro anos.
O conjunto das medidas pode até esfriar um pouco o clima anti-Dilma no Congresso e no mercado, mas certamente aumentará a animosidade das ruas com o governo.
Dilma tentará a todo custo dividir com o Congresso o peso das medidas impopulares. Até onde os senhores parlamentares estão dispostos a condescender? A petista poderia, ao menos, ter a humildade de ir a público explicar que está sendo obrigada a se desmentir e que não vai cumprir o que anunciou na campanha. Mas não creio que o fará.
Vamos ver qual será a reação, na prática, do PT e das esquerdas. O pacote não contempla algumas sugestões dos companheiros, que queriam brincar de comer o fígado dos ricos para satisfazer a suposta necessidade de sangue dos mais pobres — que não existe e é uma invenção de intelectuais de meia pataca.
Com o pacote, a presidente chancela o estelionato eleitoral e espera contar com a boa vontade dos enganados para chegar até o fim do mandato.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/pacote-chancela-o-estelionato-eleitoral-pode-dar-alguma-folga-a-dilma-no-congresso-mas-tende-a-elevar-repulsa-da-populacao/
Comentários
7 % . Ponto final .
Eu quero a Verdade .
A realidade é um conjunto de possibilidades que se concretizou dentro de um universo infinito de possibilidades.
Pqp ! Eu já fui de esquerda !
Click aqui :
http://31.media.tumblr.com/tumblr_m4pmpbh3H11qlvp0oo1_250.gif
Os pobres não "compreendem" nada. Eles votam com o bolso. Há dinheiro? Votam na situação. Falta dinheiro? Votam na oposição.
Eles não querem nem saber de onde vem esse dinheiro e se é uma situação sustentável.
O "capitalismo" que existe no Brasil é melhor descrito como um misto de socialismo e mercantilismo. O Brasil é apenas 118º no ranking Heritage 2015 de liberdade econômica de uma lista de 178 países. O gigantismo do Estado é causa, e não meramente o sintoma do tamanho da miséria ainda existente. Nos últimos anos, outro países latino-americanos como o Panamá e o Chile não precisaram entrar em grau especulativo do investimento em sua dívida pública ou ter carga tributária elevadíssima para ter indicadores sociais decentes e evolução do desenvolvimento socioeconômico acima da média.
E eu já vi gente falando que os paises nordicos são socialistas...
Como pode o Brasil ser capitalista se nem ao menos o petroleo está nas mãos da iniciativa privada, concorrendo com empresas internacionais? No bananão, até os correios são estatal.
Onde houver fé, levarei a dúvida!
Com o PT, o governo ajudou e até entrou de sócio de bancos falidos como o Panamericano e Cruzeiro do Sul
Este é que é o grande problema. Os serviços públicos no Brasil não funcionam direito. Não funcionam devido a interferência política. Se ela não existisse o Estado funcionaria muito melhor. Então, é necessário um esforço para separar a política do serviço público no Brasil.
Culpar o tamanho do Estado pela pobreza no Brasil não faz sentido. Pois , países bem mais ricos possuem um Estado bem maior. Conforme estudo da Organização Para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), publicado na Economic Outlook de junho de 2005. Neste estudo aparecem a participação dos gastos governamentais no PIB de diversos países. Alguns exemplos:
Austrália________37,4%
Alemanha_______48,6%
Austria___________53,1%
Canadá__________44,1%
Dinarmarca_____56,6%
Espanha_________46,6%
Estados Unidos_42,8%
França____________55,8%
Irlanda___________49,3%
Itália______________51,6%
Japão_____________42,1%
Noruega_________44,6%
Nova Zelândia_46,4%
Portugal_________51,4%
Reino Unido_____54,1%
Suécia____________57,9%
Suiça______________36,1%
Em todos os países listados acima, os gastos governamentais em relação ao PIB são maiores do que no Brasil. Serviços públicos de excelência é o que o Brasil mais precisa fazer com o atual nível de impostos arrecadados.
Gigantismo do Estado não é meramente uma questão de tamanho da parcela do PIB gasta pelo governo ou da carga fiscal. É também uma questão de proliferação de regulamentos e interferência do Estado no fluxo de mercadorias, capital e trabalho. A Suíça é bem menos dirigista estatal que o Brasil levando em conta esse critério, basta ver e estudar o ranking Heritage. Mesmo assim...
"Uma das evidências mais notórias da política econômica nas últimas décadas, tal como demonstrada por exercícios feitos a partir de estatísticas dos países da OCDE, é a que vincula o nível das despesas públicas nacionais com as taxas de crescimento anual. Em estudo sobre as causas dos diferenciais de crescimento entre as economias da OCDE ao longo de 36 anos a partir de 1960, o economista James Gwartney, da Florida State University (http://garnet.acns.fsu.edu/~jgwartne/), demonstra a existência de uma correlação direta entre crescimento econômico e carga tributária. A explicação para esse fenômeno é tão simples quanto corriqueira: quanto maior o nível da punção fiscal sobre a sociedade, menor é o incentivo para que os agentes econômicos se disponham a oferecer uma contribuição positiva para a sociedade; em contrapartida, quanto mais alta a carga tributária, mais e mais recursos fluem dos setores produtivos para o aparato do governo.
Para aqueles ainda não convencidos por esta simples correlação matemática, ou meramente empírica, recomenda-se uma consulta a este trabalho de Gwartney, junto com J. Holcombe e R. Lawson: “The Scope of Government and the Wealth of Nations”, The Cato Journal (Washington: vol 18, nr. 2, outono de 1998, p. 163-190; disponível no link: http://garnet.acns.fsu.edu/~jgwartne/scope_of_govt_gwartney.pdf). A figura 2, à p. 171, contém a evidência da correlação apontada: a taxa média anual de crescimento do PIB, entre 1960 e 1996, para os países de carga fiscal inferior a 25% do PIB foi de 6,6%, ao passo que o mesmo índice para os países com carga superior a 60% do PIB foi de 1,6%. "
Fonte: http://www.espacoacademico.com.br/067/67pra.htm
Estado pesado com economia frágil , o final é o que esta acontecendo com o Brasil .
Eu quero a Verdade .
A realidade é um conjunto de possibilidades que se concretizou dentro de um universo infinito de possibilidades.
Pqp ! Eu já fui de esquerda !
Click aqui :
http://31.media.tumblr.com/tumblr_m4pmpbh3H11qlvp0oo1_250.gif
A verdadeira "zelite" brasileira: funcionalismo e não empregadores:
http://mercadopopular.jusbrasil.com.br/artigos/232896325/a-elite-de-servidores-na-republica-dos-concurseiros?utm_campaign=newsletter-daily_20150917_1981&utm_medium=email&utm_source=newsletter
Eu sei que você não disse isto. Eu entendi sua mensagem sobre a crítica acertada a qualidade dos serviços públicos brasileiros. Eu quis apenas aproveitar sua mensagem para colocar mais dados para justificar os gastos públicos.
Margareth Tcher explica direitinho
https://youtube.com/watch?v=WFIN5VfhSZo
Cada nação tem a PresidentE que merece.
Onde houver fé, levarei a dúvida!
A véia, aqui, demora um pouco pra pegar o jeito.
Idem para um sistema que dependa da honestidade, boa vontade, organização, vontade de trabalhar... de TODOS!