IMPLICÂNCIA FEMINISTA
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A modelo Gisele Bündchen sempre que aparece nos meios de comunicação provoca os instintos mais primitivos no meio da companheirada que não aceita o sucesso da gaúcha que conquistou o mundo pelos seus méritos profissionais. Rica, bonita, celebridade mundial Gisele não é, definitivamente, um modelo de “mulher engajada na luta pelas minorias oprimidas”.
Gisele não está nessa luta talvez por que sua identificação seja com uma sociedade moderna, de consumo, de independência financeira e tenha se transformado numa legítima self made woman que não depende de favores para empregos e para se afirmar como porta-voz de alguma ONG.
Quem sabe por isso mesmo é que a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) tenha investido contra o comercial onde Gisele faz uma personagem que para contar que bateu com o carro apresenta-se para o marido com uma peça íntima sedutora.
Foi o suficiente para a SPM pedir a suspensão da campanha publicitária da Hope, fabricante de roupas íntimas, a qual, no entendimento oficial, tratava-se de uma mensagem ofensiva às mulheres.
O surpreendente na atitude censora da SPM é que não se viu qualquer manifestação em defesa da dignidade da mulher quando a deputada federal Jaqueline Roriz é flagrada pegando dinheiro sujo para sua campanha eleitoral ou quando sua colega Ana Arraes ganha um cargo vitalício no TCU apenas por ser mãe de do governador Eduardo Campos.
Responda aí, senhora leitora desta coluna: O que é mais aviltante para uma mulher? Usar seu poder de sedução na intimidade do quarto do casal; ser flagrada metendo a mão no dinheiro do povo, ou ganhar um cargo no TCU por causa do filho?
Ser mulher objeto é uma ofensa que para a SPM tem variantes não do ponto de vista da defesa da integridade feminina, mas por um olhar com fortes conotações ideológicas para não dizer estéticas.
Gisele Bündchen é bem diferente das mulheres que todos os dias a televisão nos mostra vendendo cervejas com a bunda, fazendo sexo na novela das nove, promovendo favores em postos oficiais importantes, enfiando dinheiro sujo nas bolsas Louis Vitton e assumindo cargos em tribunais de contas pela condição materna.
Pela forma como a Secretaria de Políticas para as Mulheres tratou o caso da calcinha de seda de Gisele Bündchen, o comercial da Hope deveria mostrar a nossa top model de burca, ou de calcanhar sujo e pernas cabeludas, gritando com o marido e dizendo-lhe: “Bati com o carro. Vai encarar? Te encho de porrada com qualquer bronca.” Isso é ser mulher, pela atual conjuntura do feminismo chapa branca.
Está fazendo falta às lideranças feministas uma leitura do aforismo criado por Millor Fernandes que disse, certa vez, quando Betty Friedman veio ao Brasil pregar a queima de sutiãs pela liberdade feminina; “O melhor movimento feminista que conheço é o movimento dos quadris”.
Menos rigor na ideologia feminista, gente! Primeiro por que Gisele Bündchen deveria ser uma referência de alguém que venceu por conta própria. Segundo por que feminismo está fora de moda. E nada pior do que uma mulher desatualizada nas idéias e no visual.
Comentários
A ministra e a opinião feminista acerca do comercial apenas comprovou o mesmo.
Está fazendo falta às lideranças feministas um tanque de roupa suja prá lavar.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Ou de ficar em casa lavando roupa, cozinhando e cuidando dos filhos.
E isto se aplica a homens e mulheres.
As feministas mais antigas ainda têm essa tendência de querer proibir que as mulheres sejam outra coisa que não profissionais independentes que usam apenas o cérebro para vencer na vida.
As feministas mais recentes já perceberam que cada um deve ser livre para escolher quais recursos usar. E que o fato de uma mulher ter cérebro e vencer na vida com ele não requer que se masculinize e não impede que use seus atrativos de vez em quando, quando quiser ou quando lhe for conveniente.
Preocupação com comercial de calcinha é prova absoluta de não ter o que fazer ou ter e não fazer assim mesmo.
Ainda se fosse uma ofensa séria e explícita às mulheres vá lá..., poderia se aplicar o mesmo julgamento de um anúncio de conteúdo racista, por exemplo.
Mas o que se vê na tela é apenas uma gozação inócua sobre o poder da sedução.
Vá ver chifre em cabeça de cavalo na Politicamentecorretolândia.
A coisa é muito simples, mulheres que não gostaram do comercial que não comprem o produto.
Se as vendas caírem a peça publicitária sai do ar hoje mesmo, sem precisar que as burocratas de plantão desçam do salto, quebrem as unhas ou soltem gritinhos estridentes.
E feminismo xiita é um pé no saco.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Essa foi boa, a inveja sempre acaba voltando para a pessoa, de um jeito ou de outro.
Entretanto, a noticia chegou ao noticiário português. Vi os brasileiros e brasileiras entrevistados considerarem a campanha engraçada. Todos entenderam, tal como referiu Acauan, o jogo de sedução.
A Secretaria devia atender as pessoas, deixando-as avaliar.
Eu me pergunto que imagem isto passa de nós.
http://charges.uol.com.br/2011/09/29/cotidiano-propaganda-machista/
Todas as mulheres do mundo gostam de saber que conseguem manipular homens através de artimanhas femininas, mesmo que aleguem não usar esta ferramenta. Na verdade é uma condição sine qua non para auto-estima feminina.
De resto, as opiniões dos colegas já fecharam a questão. Todos os aspectos ridículos e inúteis do feminismo foram expostos. Nada a declarar, assino embaixo.
Parece quase unânime a oposição ao excesso de zelo, se é que podemos falar em zelo numa basbaquice dessas.
Quem fica sobrando? Feministas?
Disse Cameron, ser contra a naturalidade da sedução é anti-feminismo.
Não sobra ninguém, excepto as mentes brilhantes desse gabinete sem nada que fazer de melhor.