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ARCIO IKUNO (IPC Digital) – No dia 29 de setembro, na Assembleia Geral da ONU, o primeiro ministro do Japão, Shinzo Abe, informou que o país irá fornecer 1,56 bilhão de dólares em assistência às pessoas afetadas pelos conflitos na Síria. Contudo, afirmou também que, antes de aceitar imigrantes ou refugiados, deve resolver a questão demográfica, que segue com baixa taxa de natalidade.
É compreensível o Japão ter essa postura. O país sempre manteve uma uniformidade cultural, sendo caracteristicamente fechado aos estrangeiros. Factualmente por ser um povo que carrega uma história milenar e também porque ficou isolado por quase 250 anos sob a política de Tokugawa Ieyasu, que fomentou ainda mais o isolacionismo. Essa cultura caminha até a atualidade.
Não para por aí. Hoje, o baixo índice de natalidade faz com que a identidade japonesa seja igualmente baixa. Logo, o que aconteceria se começasse a haver uma introdução de imigrantes e refugiados em grande escala? Uma miscigenação sem precedentes tomaria conta do desenvolvimento social, dificultando o fortalecimento da identidade raiz.
Além disso, com o baixo índice de mão de obra interna, o Japão já tem sido quase obrigado a contratar pessoal do estrangeiro (o que certamente não é um símbolo de caridade do governo japonês, mas necessidade), o que faz a população nativa propensa a essa perda de identidade no longo prazo. (O vocábulo “propensa” não quer dizer que irá perder, mas que há uma “grande possibilidade”)
Não adianta querer comparar a atitude da Europa sobre a aceitação de refugiados, ou até mesmo dos países americanos. Embora seja algo bonito de se ver, há uma bipolaridade cultural, Oriental e Ocidental, que permeia o pensamento de ambos os lados no que diz respeito à identidade e continuidade. Inclui-se também o momento em que cada país está vivendo e suas prioridades, alguns podem aceitar, outros, não.
Sem contar que o Japão sempre segue um sistema. Tudo deve estar em condições para determinadas ações. Isto é, aceitar refugiados repentinamente é impensável para o momento, pelo menos até haver infraestrutura e toda adequação para tal.
É muito mais fácil, por agora, contribuir com um valor considerável, do que, no médio e longo prazo, ter de resolver problemas sociais que desestabilizariam todo ecossistema da sociedade japonesa. O que, na verdade, já acontece com estrangeiros que vêm a trabalho, como brasileiros, chineses, filipinos, peruanos e outros.
Certamente, resolver conflitos socioculturais seria muito mais caro em diversos sentidos do que doar 1,56 bilhão de dólares numa pancada.
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