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Comentários
Agora, não basta retirar os mendigos de lá. É necessário dar um abrigo a eles. E se possível emprego também. Estes moradores estão sendo encaminhados para abrigos do município. A atual gestão já criou 2000 vagas nestes abrigo e outras 1500 emergenciais foram criadas recentemente.
Sim, porque há vagas suficientes nos abrigos, só que eles não querem ir para lá. Dizem que há regras, limites etc. que lhes tiram a liberdade.
_ Pô, o cara tá tomando banho numa mangueira na praça e todo nu.
E a resposta do sociólogo:
_ Não quer ver isso? Empreste o seu banheiro para que ele tome banho.
_ Tem um casal de vagabundos transando lá na calçada!
_ Ora! Não quer ver isso? Pague um quarto de motel para eles!
E concluía o tal esquerdista:
_ Este é um estilo de vida bem interessante, pois é a NEGAÇÃO DA SOCIEDADE CAPITALISTA.
Preciso comentar ou já podemos concluir sobre a inutilidade confirmada da Filosofia e Sociologia?
O número de vagas nos abrigos paulistanos é superior ao número de moradores de rua. Portanto, há vagas para todos. O problema é que nem todos querem ir para estes abrigos. Seja pela liberdade de viver na rua se drogando, ou porque são procurados pela justiça ou possuem rivalidades com outros grupos de mendigos. Seja qual for o motivo, os moradores de São Paulo não podem ficar privados de suas praças por conta da vontade de alguns.
A prefeitura de São Paulo fez a retirada desses moradores de rua de 17 praças. Levando todos eles para os abrigos. Onde eles recebem banho, café da manhã, jantar e ainda tem direito a assistência médica. O direito dessas pessoas sobre seus bens foi respeitado, o direito deles serem acolhidos também foi respeitado e o melhor, o direito dos moradores de ter direito a áreas de lazer foi garantido. Parabéns ao Prefeito Fernando Haddad.
Diante da notícia da quinta morte de um morador de rua em São Paulo por causa do frio, estranhei o silêncio em minhas redes sociais, sempre tão ativas, engajadas, prontas para defender minorias e injustiças sociais. Enquanto os sem-teto morrem, a prefeitura recolhe colchões e papelões para "impedir a refavelização das praças públicas", segundo o prefeito Fernando Haddad (PT).
Ainda que tenha gente com propensão à esquerda, ao centro, poucos à direita, a cada limpa acredito que no meu círculo não tenha espaço para homofobia, racismo, machismo. Também percebo que a maioria tem posicionamento parecido sobre pautas como a descriminalização do aborto, legalização da maconha, sobrando algumas divergências em relação à diminuição da maioridade penal, por exemplo.
Por isso, resolvi dar uma cutucada no silêncio e questionei onde estava o pessoal que ama o Haddad, tira foto com o Haddad, acha o Haddad gato, incrível, para falar alguma coisa sobre aquelas mortes. Eu nem voto em São Paulo, mas tenho simpatia por várias ações do prefeito –e também críticas.
Nem um pio. Nem um postzinho. Nem uma revoltazinha. Nem um link compartilhado. Nem um avatar em protesto. Triste. Tenho certeza de que a Paulista estaria fechada e lotada (com toda razão), se essas mortes estivessem sob a guarda do governo estadual, do PSDB. Fosse político de outro partido, ganharia um crachazinho de "higienista" da turba indignada.
A resposta veio por meio da deputada Luiza Erundina (PSOL), pré-candidata à prefeitura, que cobrou o prefeito Haddad em sua página no Facebook, sobre as mortes, sobre a ação da Guarda Civil Metropolitana e sobre a declaração do comandante da CGM, Gilson Menezes, de que a ação é para "evitar que o espaço público seja privatizado".
"É inaceitável que a maior cidade do país e terceira do mundo trate os seres humanos com tal crueldade, os pobres, como se fossem casos de polícia", escreveu a deputada.
Para total espanto, Erundina foi bombardeada por comentários indignados, não pela morte de cinco pessoas ou pelo descaso governamental, mas porque "Haddad não é o político a ser batido", "desestabilizar Haddad não é o caminho, servirá apenas para dar vez a candidaturas reacionárias", "isso sempre existiu nas gestões dos prefeitos anteriores", "essa campanha de ataques ao Haddad foi o que me fez de desistir de me filiar ao PSOL", "impossível a qualquer ser humano vigiar a conduta do todo servidor público o tempo todo", "leve os moradores de rua para sua casa, criticar é facim facim", "vir com pedras atacando o prefeito mais visionário e combatente da desigualdade social que SP já teve não é digno de um partido de esquerda".
A resposta para o silêncio entre amigos e conhecidos, além de parte da esquerda, que se vê, só ela, progressista, em relação a esse episódio lamentável, encontrou explicação em cada uma dessas declarações. Em bom português, dane-se que morreram cinco pessoas na rua, não vamos colocar essa culpa na conta do nosso político de estimação.
Não vamos cobrá-lo porque não queremos que ele carregue essa responsabilidade, em nome de um projeto, que é de ter no poder apenas o meu político preferido, apenas o partido que decidi ser o melhor, mesmo que ele seja responsável por coisas horríveis como a morte de cinco pessoas que pereceram porque lhes foi negado um bendito dum papelão que poderia ter evitado o pior.
Essa cegueira política, com contornos fascistas –queiram ou não, mata mais do que o frio. Mata as reais possibilidades de que se exija dos governos, sejam eles quais forem, o que for melhor para a população, em detrimento de vaidade (como dar o braço a torcer?) e posicionamento político.
De um lado temos eleitores que varrem para baixo do tapete declarações homofóbicas e machistas, potencialmente nocivas, de seus políticos preferidos. Do outro, aqueles que defendem que tem político corrupto bom e político corrupto mau. E como vemos agora, temos também aqueles que tentam a todo custo passar um paninho com alvejante no currículo de um prefeito que deixou pessoas, sob a sua tutela, morrerem de frio na rua.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marilizpereirajorge/2016/06/1782192-a-cegueira-politica-mata-mais-do-que-o-frio.shtml?cmpid=facefolha
É a liberdade que querem ter.