Quando o lucro realmente pode ser condenado
Quando uma determinada empresa surge no mercado com um produto novo ou altamente aprimorado, satisfazendo desejos e demandas dos consumidores, os lucros que ela passa a auferir com esse produto podem, à primeira vista, parecer enormes. Só que, quanto maiores forem esses lucros, mais eles atrairão novos concorrentes, os quais aumentarão a oferta desse produto. Ato contínuo, a maior oferta fará com que os altos lucros da empresa se evaporem.
Olhando em retrospecto, torna-se evidente que os altos lucros funcionaram como um sinal enviado aos outros produtores: "Ei, olhem para cá! As pessoas realmente querem esse produto; querem mais desse produto!".
E é exatamente para evitar o surgimento dessa concorrência — a qual reduz os lucros — que várias empresas já estabelecidas recorrem ao governo para que este restrinja o mercado e impeça o surgimento de novos concorrentes por meio de burocracias e regulamentações onerosas.
É daí que surge o capitalismo de estado ou o capitalismo de compadrio, em que o governo fornece subsídios e privilégios especiais para as empresas já existentes ao mesmo tempo em que impõem regulamentações e burocracias que inviabilizam o surgimento de concorrentes.
Um exemplo clássico dessa ação estatal em prol de empresas já estabelecidas e contra o surgimento de concorrentes pode ser visto na criação de agências reguladoras. E também quando o governo concede subsídios ou empréstimos subsidiados para determinadas empresas. Ou quando ele simplesmente impõe tarifas de importação para impedir que produtos estrangeiros entrem no mercado nacional e concorram com as empresas já estabelecidas no país.
Ter o governo ao seu lado — por meio de regulamentações especiais, protecionismo, subsídios — significa que uma empresa pode ser muito menos dedicada aos desejos dos consumidores. O governo poderá mantê-la operante mesmo que isso vá contra a vontade dos consumidores.
Os lucros auferidos desta maneira podem, e devem, ser condenados.
Curiosamente, este arranjo protecionista e intervencionista — que garante altos lucros para as empresas protegidas — é exatamente aquele defendido pela esquerda, que ao mesmo tempo condena os lucros. Não dá para entender.
http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2482
O ENCOSTO
Onde houver fé, levarei a dúvida!
Comentários
Este raciocínio econômico de que o lucro de uns atrai outros para exercer uma determinada atividade que o mercado precisa é válido em microeconomia, mas não dá certo na macroeconomia.
O que uma empresa menos quer é ter concorrente. Então se ela aufere lucro com algo, ela fará de tudo para que deter o monopólio sobre a exploração deste mercado. É por isto que um mercado tão essencial como o dos alimentos é controlado por apenas dez empresas interligadas entre si. As práticas monopolistas e cartelizadas estão em todos os produtos. Para piorar a situação, sempre que um produto novo é lançado, ele é patenteado. Impedindo que outros possam seguir o mesmo roteiro que foi seguindo para obter determinados produtos.
Enquanto mais uma empresa lucra, mais ela pode lucrar. Dinheiro gera dinheiro. Dinheiro compra políticos para que estes beneficiem as empresas mais lucrativas através de legislações que permitem a estas empresa auferir ainda mais lucros. O fato é que a economia de mercado é concentradora. No final apenas poucas empresas continuam. As mais fortes engolem as mais fracas. Até que o mercado seja formado por poucas empresas ou apenas uma. A concentração de rendas nas mãos de poucos sempre foi característico da economia de mercado. É por isto que menos de 100 pessoas concentram hoje metade da riqueza mundial.
O fato é que você, mais uma vez, não deve ter lido o texto pois isso ai é qualquer coisa, menos economia de mercado...
Riqueza essa pulverizada em investimentos que beneficiam a todos. Bill gates deve ser o topo da sua lista. Como ele entrou no clubinho dos 100? Sempre esteve lá?
Onde houver fé, levarei a dúvida!