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AQUARIUS - Filme reaça prá caralho

Pouca gente se deu conta disso ainda, mas "Aquarius" é um filme de direita.


Sim, de direita.
No meio desse tiroteio político todo, vocês chegaram a tentar entender qual é a história da bagaça? Imaginem uma quase senhora que mora num apartamento de classe média na praia de Boa Viagem. Aquarius é o nome do edifício. A relação dela com aquele lugar é umbilical. Foi ali que ela passou a maior parte da vida. É ali que ela pretende ficar até morrer. Pelos seus valores. Pela sua família. Em defesa de suas tradições.

E é aí que entra uma grande construtora na parada - dessas que fazem contratos escusos com as obras do PAC. Eles são os vilões. Gente como Marcelo Odebrecht e Léo Pinheiro. Gente que oferece triplex pra político famoso só pra obter vantagens em licitações públicas. Gente que corrompe a Petrobras.
E o que eles querem? A droga do apartamento da mulher, claro. Só que ela não quer ceder aquele lugar pra ninguém. Aquilo é dela, afinal.

Esse é o conflito da história que, recheado de elementos menores à esquerda, não passa de uma grande propaganda de dois pressupostos básicos da direita: o direito à propriedade privada e a defesa da família.

Kleber Mendonça Filho, o diretor do filme, talvez nem tenha se tocado disso. E muitos desses caras que vão ao cinema pelo cunho partidário de seus idealizadores podem sequer sonhar com essas bandeiras. Mas essa noção maniqueísta da grande construtora malvadona tentando forçar a venda de propriedades que não estão à venda de senhoras indefesas, muito longe de ser uma imagem fiel ao ideal capitalista, é a essência da luta pelo direito à propriedade privada - que, por sua vez, é a essência da economia capitalista e parte de um discurso costumeiramente encarado como de direita.
E é isso. Muito mais do que um batido e previsível "Fora Temer", tudo que Aquarius tem a nos ensinar pode ser resumido num outro bordão:
- Minha propriedade privada, minhas regras.

Obrigado pela mensagem, Kleber Mendonça Filho.

Obrigado, Aquarius.

Fora MST!
O ENCOSTO
Onde houver fé, levarei a dúvida!

Comentários

  • 7 Comentários sorted by Votes Date Added
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Pois é, uma mulher egoísta e individualista acha que o direito dela à propriedade privada se sobrepõe ao interesse da comunidade que precisa daquele espaço para se instalar.
  • PercivalPercival Membro
    edited setembro 14 Vote Up0Vote Down
    NOTAS DA SESSÃO:

    - Legal a maneira do filme apresentar a história do apartamento (o que será importante depois pra justificar o apego da personagem ao lugar). O apartamento realmente ganha vida, parece fazer parte da história dessas pessoas. Até os móveis têm personalidade (chocado com as lembranças que a avó tem da cômoda enquanto os netos fazem a homenagem - a classificação 18 anos não tinha sido um exagero não!).

    - Bizarro esse exercício de respiração na praia, todos deitados um em cima do outro. O cineasta tem estilo e retrata as coisas de maneira diferente, o que torna o filme mais interessante do que obras Naturalistas em geral.

    - Me irrita um pouco que tudo no filme tem um subtexto político. Vários detalhes são inseridos de maneira meio forçada só pra mostrar que a Sonia Braga (apesar de ter dinheiro) é uma mulher generosa, que trata bem os empregados, se mistura com os pobres, aceita o filho gay, etc. E quando surge o Diego (o "vilão" da construtora - o coxinha, capitalista, etc), nós sabemos que ele está ali só pra representar tudo o que o cineasta odeia na sociedade. Não há nada de errado com a avaliação que o filme faz desses personagens em particular (a Sonia Braga realmente parece uma mulher admirável e o cara da construtora é de fato odioso), mas fica a sensação de que o filme é motivado primeiramente por ódio, e não pelo desejo de criar algo positivo pra plateia. Ele quer incitar ódio não apenas contra esse vilão em particular, mas contra "burgueses" em geral (Alerta Vermelho). Por exemplo, mostrando ricos como traficantes de droga na praia (o que é meio contraditório - a esquerda geralmente não é a favor da liberação das drogas? A própria Sonia Braga não é uma mulher rica que fuma maconha? Por que então retratar negativamente os "filhinhos de papai" que vendem drogas?).

    - A Sonia Braga está excelente. É daquelas performances onde a atriz parece estar interpretando a si mesma, mas não deixa de ter o seu mérito. Há momentos de muita sutileza e autenticidade. E a personagem está certíssima em não querer vender seu apartamento. É direito dela, ela faz o que preferir com sua propriedade (é interessante um filme apoiado tão fortemente pela esquerda defender egoísmo e propriedade privada).

    - Que surreal essa cena em que a personagem está dançando e a rede do prédio ao lado passa pela janela. O cineasta às vezes coloca estilo acima de conteúdo, mas não deixa de ser curioso.

    - Naturalismo. Há muitas cenas irrelevantes, que servem só pra explorar a caracterização da personagem (ela indo ao baile com as amigas, ouvindo música, tocando piano, indo ao cemitério, etc). E daí, só a cada 10 ou 20 minutos acontece algum evento que realmente progride a "trama". É o que o Robert McKee chama de "minimalismo" ou "mini-plot". Mas o filme não chega a ficar chato, afinal a protagonista é interessante e o estilo do cineasta também ajuda.

    - Mais ódio: a filha da Sonia Braga consegue ser um personagem quase tão detestável quanto o do vilão.

    - SPOILER: Chocado com a orgia no andar de cima. Ou a cena em que a Sonia Braga transa com o garoto de programa. O filme é cheio de imagens chocantes, o que não torna o filme necessariamente melhor, mas pelo menos o impede de se tornar tedioso (o casal fazendo sexo na grama, ou até a fralda suja do bebê, etc).

    - Quando há o grande bate boca entre a Sonia Braga e o Diego no estacionamento, ela se mostra pela primeira vez frágil e preconceituosa. No fundo ela parece estar falando tudo o que o cineasta gostaria de falar pra essa "gente". A cena acaba tirando um pouco da nobreza e maturidade da protagonista, pois ela generaliza e condena não apenas o comportamento do Diego, mas de toda a "raça" dele.

    - Só nos últimos 20 minutos a história começa a ganhar mais ritmo (ela resolve ir atrás dos papéis pra se defender contra a construtora, etc).

    - SPOILER: Como reviravolta de roteiro, é muito interessante a ideia do cupim (mas existe mesmo um cupim capaz de demolir prédios?!?!). O final na construtora também é satisfatório e conclusivo.


    CONCLUSÃO: Não sou fã do Naturalismo, não gosto do sentimento de ódio que permeia a história, mas ainda assim é um filme respeitável, com uma performance marcante da Sonia Braga e uma direção cheia de personalidade. Quanto ao Oscar, acho que as cenas de sexo podem impedir o filme de ir muito longe, mas em termos de qualidade, pelo menos é melhor que Ida, Filho de Saul e outros que ganharam o prêmio recentemente. Uma indicação pra Sonia Braga de Melhor Atriz também não seria surpresa (seria a atriz estrangeira reconhecida do ano, como Marion Cotillard em Dois Dias, Uma Noite ou a Emmanuelle Riva em Amor).

    http://profissaocinefilo.blogspot.com.br/2016/09/aquarius.html
    Post edited by Percival on
    “Só tenho para oferecer sangue, sofrimento, lágrimas e suor.”
    ― Winston Churchill

  • SilvanaSilvana Membro
    edited setembro 16 Vote Up0Vote Down
    Saudações Fernando
    Fernando disse: Pois é, uma mulher egoísta e individualista acha que o direito dela à propriedade privada se sobrepõe ao interesse da comunidade que precisa daquele espaço para se instalar.

    E não é... é uma bruxa...rs

    hahahahahaha

    Não vi o filme ainda. Pretendo ver assim que der...


    abraços fraternos a ti
    Silvana
    Post edited by Silvana on
  • Não sei se é bom filme (faz tempo que não assisto a filme algum), mas prefeririam escolher a outro para representar o Brasil no Oscar... Parece ser do tipo sem graça o vencedor. Mas não importa. O Brasil não ganha mesmo. Parece que quando o Nosso Lar poderia ser indicado e teve boa bilheteria, acharam melhor colocar Lula, Filho do Brasil. Acho que só o Lula e família chorou ao ver este filme...
  • Botanico disse: Não sei se é bom filme (faz tempo que não assisto a filme algum), mas prefeririam escolher a outro para representar o Brasil no Oscar... Parece ser do tipo sem graça o vencedor. Mas não importa. O Brasil não ganha mesmo. Parece que quando o Nosso Lar poderia ser indicado e teve boa bilheteria, acharam melhor colocar Lula, Filho do Brasil. Acho que só o Lula e família chorou ao ver este filme...

    - Cara, Nosso Lar é ruim pra caralho, acho que é o pior filme religioso que já vi, é tão piegas que deu ânsia de vômito.

    Abraços
  • Concordo. Gastou-se uma nota com efeitos especiais e não foi um roteiro montado de boa. Isso é o que acho chato em quem pega livro e tenta fazer filme: quer ser fiel ao original e não sabe montar a coisa direito.
  • O problema dos filmes nacionais que querem ser pretensiosamente candidatar-se ao Oscar é o Naturalismo e quando artista demonstra, de maneira consistente, antipatia ou ódio por alguns dos seguintes conceitos (que deveriam ser vistos como coisas corretas e desejáveis por um ser humano esclarecido):

    - autoestima / orgulho / ambição / individualismo
    - sucesso / habilidade / força
    - fama / popularidade
    - carisma / beleza física / sensualidade
    - julgamentos morais / hierarquias / certo vs. errado / melhor vs. pior
    - razão / objetividade
    - cultura ocidental / EUA / capitalismo
    - dinheiro / ricos / conforto material / heranças / propriedade privada
    - civilização / progresso / tecnologia / indústria
    - otimismo / felicidade / romantismo
    - prazer / diversão / entretenimento
    “Só tenho para oferecer sangue, sofrimento, lágrimas e suor.”
    ― Winston Churchill

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