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Nos meus vídeos Minha Viagem de LSD e LSD - Fragilidades e Repressão eu discuti como o LSD me colocou em contato com alguns sentimentos reprimidos meus - e como, a partir daí, eu comecei a perceber o quanto minha vida e emoções estavam conectadas a esses sentimentos de alguma forma.
No meu caso, os sentimentos reprimidos tinham a ver com baixa autoestima, fragilidade, inferioridade, falta de dignidade, repulsa ao corpo, vergonha, etc.
No segundo vídeo (Fragilidades e Repressão) eu sugeri que existem 2 tipos de pessoas no que diz respeito a repressão:
A) As que reprimem sentimentos de inferioridade e vivem perseguindo uma versão idealizada de si mesmas.
B) As que aceitam os sentimentos de inferioridade mas desejam negar e destruir as projeções idealizadas do ser humano.
O que eu descrevi melhor no vídeo foi o tipo A, pois seria o tipo ao qual eu pertenço e portanto o que conheço melhor. Mas agora, pensando melhor sobre o assunto, me veio uma ideia que pode explicar o tipo B de uma maneira mais interessante.
Eu tinha sugerido que o tipo B não tem sentimentos reprimidos necessariamente, que ele se aceita melhor, não nega seus sentimentos negativos como faz o tipo A, e simplesmente deseja destruir os "fortes" pra não se sentir tão por baixo. Mas acho que isso foi um erro, pois há uma contradição aí. Se eles lidam bem com o aspecto frágil de suas naturezas, não o considera tão inaceitável, fica difícil explicar a intensidade com a qual eles atacam o "inimigo". Uma aversão tão profunda só poderia existir na presença de um sentimento intenso de negação - algo tão inaceitável pra eles quanto o sentimento de inferioridade do qual foge o tipo A.
É um pouco aquela ideia de que o que nós mais detestamos nos outros é algo que existe dentro de nós mesmo.
A partir daí, juntando algumas observações, me veio essa ideia de que o sentimento reprimido do tipo B pode ser na verdade o sentimento de agressividade. Me perguntei se seria isso o que eles realmente temem neles próprios e passam a vida tentando negar, assim como o sentimento de inferioridade pro tipo A.
Aqui eu estou apenas eu brincando com ideias e tentando chegar a conclusões de maneira dedutiva, sem grandes pesquisas suportando minha teoria, mas vou resumir rapidamente o que me levou a esse insight:
1) Vendo alguns depoimentos de pessoas que usaram LSD, me chamou atenção um depoimento em particular de uma garota que, em vez de entrar em contato com sentimentos de inferioridade como eu e muita gente, ela teve uma experiência onde acreditou ter agredido e matado pessoas durante sua "viagem" (alguém até de sua própria família pelo que lembro), e feito coisas horríveis nesse sentido, deixando-a extremamente perturbada. Isso me impressionou porque esse sentimento é totalmente fora do meu repertório. Eu nunca temi de fato que eu pudesse ser uma pessoa violenta, que se eu perdesse o controle poderia acabar machucando alguém, etc. Então fiquei pensando: será que pra algumas pessoas é isso que elas mais rejeitam na natureza delas? A agressividade? Da mesma forma que pra mim são esses sentimentos de inferioridade? Será que o LSD sempre faz isso - libera nosso subconsciente e traz à tona sentimentos reprimidos?
2) Outra coisa que suporta essa ideia pra mim é a constatação de que vários conhecidos meus que publicamente levantam a bandeira do altruísmo, defendem os mais fracos, se dizem anti-capitalistas, não querem de forma alguma se associar a figuras de poder e dominância - são pessoas que por baixo da superfície são bastante ambiciosas, competitivas, de certa forma agressivas, com personalidades dominantes - muito mais até do que eu. Como isso poderia fazer sentido?
3) Outra coisa curiosa: por que os intelectuais que pregam altruísmo, os que são contra o individualismo, etc, são geralmente os mais furiosos em suas palavras e os que têm a visão mais pessimista da natureza humana? Até que ponto eles concluem que o ser humano é mau / perverso baseado apenas em observação externa, e até que ponto eles concluem isso porque é o que eles enxergam dentro deles mesmos?
Daí me ocorreu essa hipótese: talvez seja justamente a agressividade que essas pessoas do tipo B estejam tentando negar em si mesmas. A sensação de que no fundo elas possam ser essas pessoas violentas e dominantes que pra elas são inaceitáveis. E por isso, elas passam a vida tentando neutralizar esse sentimento, provando para o mundo o quão pacíficas, igualitárias e não-agressivas / não-egoístas elas são, da mesma forma que o tipo A passa a vida tentando provar seu valor, sua força e dignidade, pra neutralizar o sentimento de inferioridade. A insistência no altruísmo poderia ser no fundo apenas uma máscara pra esconder o aspecto agressivo de suas naturezas.
Ou seja, o ódio do tipo B pelos mais "fortes" pode não ser apenas pelo fato deles se sentirem inferiores e frágeis em comparação (como eu pensei originalmente), mas também pelo fato dos "fortes" exporem sem culpa esse lado dominante do ser humano, justamente aquilo que eles tentam o negar neles mesmos, pois há o receio de que no fundo eles sejam pessoas más, violentas, arrogantes, egoístas, ou até criminosas - como a menina que pensou poder ter matado alguém assim que o LSD tirou seus controles e a colocou em contato com sua "real natureza".
O grande medo deles pode não ser que eles sejam animais frágeis, feios e desprezíveis (como eu senti na minha experiência), mas que eles sejam na verdade terríveis predadores.
Isso tudo é só uma hipótese - pode ser uma coisa, pode ser a outra, e acho que há grandes chances de ser uma combinação das 2 coisas: a agressividade ser uma consequência do sentimento de inferioridade e surgir por causa dele. Ou seja, a pessoa primeiro tem o sentimento de inferioridade / impotência, mas em vez de reprimi-lo e tentar superá-lo se transformando em algo melhor (como o tipo A, o que seria uma estratégia mais inocente), ela não consegue fazer isso e então passa a odiar aqueles que representam e promovem uma visão elevada do ser humano (e os fazem se sentir inferiores / impotentes). Daí, percebendo a agressividade e violência dentro delas contra esse grupo, elas se apegam a ideologias como o altruísmo e humildade para camuflar a violência e se convencerem de que no fundo são benevolentes, vítimas, que "amam o próximo", etc.
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