Impossível ler Privataria Tucana sem passar, antes, por Aloysio Biondi, em O Brasil Privatizado. É um tema aparentemente complicado mas que ressoa, até hoje, na memória coletiva. Como disse um motorista de táxi que me trouxe certo dia ao Higienópolis, baiano de Vitória da Conquista, ao ingressar no que ele chamou de “território dos bicudos”: “O negócio deles é vender”.
O ex-presidente Lula explorou este sentimento muito bem, nos debates que precederam o segundo turno da campanha presidencial de 2006, quando lembrou que Geraldo Alckmin queria vender “até o avião da presidência”. Em 2010, Dilma Rousseff trouxe de volta a Petrobrax, que é o retrato perfeito da relação dos tucanos com o patrimônio público: enfraquece, desvaloriza, descaracteriza, desmilingue e… vende.
O livro já é de domínio público (aqui) e vendeu 150 mil cópias quando ainda não existia a internet. Vale a pena relembrá-lo e disseminá-lo.
PRIMEIRA PARTE
por Aloysio Biondi, em O Brasil Privatizado
Compre você também uma empresa pública, um banco, uma ferrovia, uma rodovia, um porto. O governo vende baratíssimo. Ou pode doar. Aproveite a política de privatizações do governo brasileiro. Confira
nas páginas seguintes os grandes negócios que foram feitos com as privatizações – “negócios da China” para os “compradores”, mas péssimos para o Brasil.
Antes de vender as empresas telefônicas, o governo investiu 21 bilhões de reais no setor, em dois anos e meio. Vendeu tudo por uma “entrada” de 8,8 bilhões de reais ou menos – porque financiou metade da “entrada” para grupos brasileiros.
Na venda do Banco do Estado do Rio de Janeiro (Banerj), o “comprador” pagou apenas 330 milhões de reais e o governo do Rio tomou, antes, um empréstimo dez vezes maior, de 3,3 bilhões de reais, para pagar direitos dos trabalhadores.
Na privatização da rodovia dos Bandeirantes, em São Paulo, a empreiteira que ganhou o leilão está recebendo 220 milhões de reais de pedágio por ano desde que assinou o contrato – e até abril de 1999 não começara a construção da nova pista.
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) foi comprada por 1,05 bilhão de reais, dos quais 1,01 bilhão em “moedas podres” – vendidas aos “compradores” pelo próprio BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), financiadas em 12 anos.
Assim é a privatização brasileira: o governo financia a compra no leilão, vende “moedas podres” a longo prazo e ainda financia os investimentos que os “compradores” precisam fazer – até a Light recebeu um empréstimo de 730 milhões de reais no ano passado. E, para aumentar os lucros dos futuros “compradores”, o governo “engole” dívidas bilionárias, demite funcionários, investe maciçamente e até aumenta tarifas e preços antes da privatização.
Aproveite você também, conheça os detalhes neste livro.
E veja, nas páginas 65 a 68, um balanço das contas que o governo está escondendo.
Promessas e fatos
Irritada, tentando há 15 minutos utilizar um orelhão, Maria coloca o telefone no gancho e desabafa:
– Esse demônio só liga em número errado… É o terceiro orelhão com defeito em que estou tentando, e preciso falar urgente com meu filho, que vai sair para a escola…
– É, tá um inferno mesmo – retruca o Zé, no orelhão ao lado. –
E olhe que já estou sendo forçado a vir fazer ligações no orelhão porque o telefone lá de casa está mudo há duas semanas… E disseram que tudo ia melhorar com a tal privatização… “Telefone instalado, já, já, até em São José da Tapera”. Lembra do anúncio na televisão? Este país…
Diálogos igualmente indignados repetiram-se aos milhares, nas principais cidades brasileiras, nos últimos meses. Não apenas por causa das “telefônicas”, hoje tristemente famosas, mas também em razão dos desastrosos “apagões” da Light, da Eletropaulo, do “raio de Bauru”… Ou dos postos de pedágios que brotaram como cogumelos nas rodovias de São Paulo, Paraná etc., antes mesmo de as empreiteiras “compradoras” terem executado um único centímetro de pista nova… Ou dos bancos, que fecham agências em cidades onde eram os únicos a atender à população… Ou das ferrovias, que não cumprem metas, mas aumentam os fretes… Ou dos fertilizantes, defensivos, remédios para o gado, antes produzidos no país e agora importados e, por isso mesmo, pagos em dólar pelos agricultores…
Todos esses desastres já criaram a convicção de que o famoso processo de privatização no Brasil está cheio de aberrações. Não foi feito para “beneficiar o consumidor”, a população, e sim levando em conta os interesses – e a busca de grandes lucros – dos grupos que “compraram” as estatais, sejam eles brasileiros ou multinacionais. Mas há mentiras ainda maiores a serem descobertas pelos brasileiros, destruindo os argumentos que o governo e os meios de comunicação utilizaram para privatizar as estatais a toque de caixa, a preços incrivelmente baixos.
A venda das estatais, segundo o governo, serviria para atrair dólares, reduzindo a dívida do Brasil com o resto do mundo – e “salvando” o real. E o dinheiro arrecadado com a venda serviria ainda, segundo o governo, para reduzir também a dívida interna, isto é, aqui dentro do país, do governo federal e dos estados. Aconteceu o contrário: as vendas foram um “negócio da China” e o governo “engoliu” dívidas de todos os tipos das estatais vendidas; isto é, a privatização acabou por aumentar a dívida interna. Ao mesmo tempo, as empresas multinacionais ou brasileiras que “compraram” as estatais não usaram capital próprio, dinheiro delas mesmas, mas, em vez disso, tomaram empréstimos lá fora para fechar os negócios. Assim, aumentaram a dívida externa do Brasil. É o que se pode demonstrar, na ponta do lápis, neste “balanço” das privatizações brasileiras, aceleradas a partir do governo Fernando Henrique Cardoso.
Comentários
Não satisfeito, o desgovernador Jose Serrote, obriga a todos os funcionarios que tem conta no Santander a abrir conta no Nossa Caixa. A história foi...ou o funcionário abre a conta ou nós a abrimos onde acharmos melhor. Resumindo, teve funcionarios que morava na zona sul que teve sua conta aberta em uma agencia na zona norte. Após essa meleca, Geraldo Alckimerda vende o Nossa Caixa pro Banco do Brasil, uma das agencias bancarias mais safadas que existe (só quem conhece pode falar). Isso porque não se pode mais vender banco publico para banco privado, pois se pudesse, vai saber para quem Alckimerda venderia o Nossa Caixa.
Ainda corre o boato de que o Banco do Brasil vai comprar a Caixa Economica Federal. Se isso acontecer...vai virar uma merda bancaria nacional para os correntistas.
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8609 + aquelas que tenho agora. ):-))
Bem, para que serve uma estatal? Serve como moeda de troca política. Estão vendo a briga de foice entre PT e PMDB aí na CEF? Os nossos políticos querem CARGOS (adivinhe pra quê!) e nem por isso fazem as coisas direito. Veja só que por dois anos um sistema aí ficou fora do ar e durante esse tempo aquela corretora do Rio de Janeiro vendeu papéis podres, garantidos pelo Governo, e só agora descobriu o problema. Os papéis são micados, valem muito, mas devem muito, ou seja, no frigir dos ovos nada valem... Mas como são garantidos pelo Governo, este deverá pagar (com a grana dos contribuintes, é claro!) os papéis pelo valor de face e pagar a dívida deles também. Estatal é uma beleza, né?
Ah! A sagrada Petrobras... Não foi ela que dava dinheiro pro Sarney fazer eventos culturais no Maranhão? Só que quando se foi saber da firma que prestou serviços para a família do cara, a empresa não sabia dizer que serviços prestou. É! Estatal também serve para dar dinheiro pros apaniguados da base governista.
Pois bem! O PT também privatizou o Governo entre seus aliados e cupinchas. Dessa privatização, o repórter da tal Privataria ainda não se manifestou.
Uma pena.
Existe a conta salário e na iniciativa privada as empresas mudam de banco com frequencia. Nunca vi alguém chorar por uma besteira dessas.
Onde houver fé, levarei a dúvida!
Enquanto isso, toupeiras como o Carlo e demais idiotas uteis postam essas abobrinhas tolas nas "redis sociaus" para formar mais e mais idiotas uteis. Me parece que a tal militancia petista abandonou as ruas já que agora qualquer mané tem acesso a internet.
Onde houver fé, levarei a dúvida!
A militância petista se divide hoje entre a oficial, a profissional e a amadora.
A oficial são funcionários públicos e de estatais em cargos de confiança ou pretendentes a algum que defendem caninamente o PT para garantir seus empregos, promoções e, em muitos casos, seus "por fora".
Não sendo o bastante o partido paga - haja caixa partidário - um exército de desocupados para patrulhar a net, encher o saco de qualquer blogueiro que manifeste opiniões oposicionistas e repetir os mantras contra a imprensa livre, o PSDB e as privatizações em cada espaço da rede que lhes abra a porta.
E tem os amadores, um bando que ouve um galo cantar e não sabe onde e segue atrás da manada ideológica certo de que se tantos lêmures vão praquela direção, então deve ser o caminho certo. São os idiotas úteis que puxam o saco do partido de graça enquanto outros são pagos para isto. Os que são pagos devem morrer de rir desta arraia miúda.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!