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Natal substitui o sentimento de fraternidade pela comilança indigesta

carlocarlo Membro
Título original

Por que não festejo e me faz mal o natal


por Mário Maestri


Não festejo e me faz mal o natal por diversas razões, algumas fracas, outras mais fortes, algumas pessoais, outras sociais. Primeiro, sou ateu praticante e, sobretudo, adulto. Portanto, não participo da solução fácil e infantil de responsabilizar entidade superior, o tal de "pai eterno", pelos desastres espirituais e materiais de cuja produção e, sobretudo, necessária reparação, nós mesmos, humanos, somos totalmente responsáveis.

Sobretudo como historiador, não vejo como celebrar o natalício de personagem sobre o qual quase não temos informação positiva e não sabemos nada sobre a data, local e condições de nascimento. Personagem que, confesso, não me é simpático, mesmo na narrativa mítico-religiosa, pois amarelou na hora de liderar seu povo, mandando-o pagar o exigido pelo invasor romano: "Dai a deus o que é de deus, dai a César, o que é de César"!

O natal me faz mal por constituir promoção mercadológica escandalosa que invade crescentemente o mundo exigindo que, sob a pena da imediata sanção moral e afetiva, a população, seja qual for o credo, caso o tenha, presenteie familiares, amigos, superiores e subalternos, para o gáudio do comércio e a tristeza de suas finanças, numa redução miserável do valor do sentimento ao custo do presente.

Não festejo e me desgosta o natal por ser momento de ritual mecânico de hipócrita fraternidade que, em vez de fortalecer a solidariedade agonizante em cada um de nós, reforça a pretensão da redenção e do poder do indivíduo, maldição mitológica do liberalismo, simbolizada na excelência do aniversariante, exclusivo e único demiurgo dos bens e dos males sociais e espirituais da humanidade.

Desgosta-me o caráter anti-social e exclusivista de celebração egoísta que reúne apenas os membros da família restrita, mesmo os que não se frequentaram e se suportaram durante o ano vencido, e não o farão, no ano vindouro. Festa que acolhe somente os estrangeiros incorporados por vínculos matrimoniais ao grupo familiar excelente, expulsos da cerimônia apenas ousam romper aqueles liames.

Horroriza-me o sentimento de falsa e melosa fraternidade geral, com que a grande mídia nos intoxica com impudicícia crescente, ano após ano, quando a celebração aproxima-se, no contexto da contraditória santificação social do egoísmo e do individualismo. Tudo muito parecido aos armistícios natalinos das grandes guerras que reforçavam, e ainda reforçam o consenso sobre a bondade dos valores que justificavam o massacre de cada dia, interrompendo-o por uma noite apenas.

Não festejo o natal porque, desde criança, como creio que também para muitíssimos dos leitores, a festa, não sei muito bem por que, constituía um momento de tensão e angústia, talvez por prometer sentimentos de paz e fraternidade há muito perdidos, substituindo-os pela comilança indigesta e a abertura sôfrega de presentes, ciumentamente cotejados com os cantos dos olhos aos dos outros presenteados.

Por tudo isso, celebro, sim, o Primeiro do Ano, festa plebeia, aberta a todos, sem deus, sem pátria, sem patrão e, sobretudo, sem discursos melosos, celebrada na praça e na rua, no virar da noite, ao pipocar dos fogos lançados contra os céus. Celebro o Primeiro do Ano, tradição pagã, sem religião e cor, quando os extrovertidos abraçam os mais próximos e os introvertidos levantam tímidos a taça aos estranhos, despedindo-se com esperança de um ano mais ou menos pesado, mais ou menos frutífero, mais ou menos sofrido, mas objetivamente vivido, na certeza renovada de que, enquanto houver vida e luta, haverá esperança.

Este texto foi publicado originalmente no La Insignia, um site espanhol. Mário Maestri é historiador marxista brasileiro.

Outdoor de ateus americanos mostra Jesus com Netuno e Papai Noel.
novembr

Leia mais em http://www.paulopes.com.br/2011/12/natal-substitui-o-sentimento-de.html#ixzz1hTGhal7l
Paulopes só permite a cópia deste texto para uso não comercial e com a atribuição do crédito e link.

Comentários

  • 11 Comentários sorted by Votes Date Added
  • Assim mesmo, um feliz natal para todos. Que o peru lhes seja farto e digesto.

    Abraços!
    O ateísmo é uma consequência em mim, não uma militância sistemática.
    '' O homem sábio molda a sí mesmo, os tolos só vivem para morrer.'' (O Messias de Duna - F.Herbert)
  • JohnnyJohnny Membro
    edited dezembro 2011 Vote Up0Vote Down
    Típica mentalidade de esquisofrênico que deve ter sido traumatizado na infância. Mesmo que muitos atestem que o Natal como é hoje (inclusive eu) seja apenas mais um motivo para beber, fazer churrasco e comilanças, ninguém poderá dizer que seu caráter social e de confraternização não funcione. Sò o fato de unir os familiares mesmo que apenas uma vez por ano já valida a data como sendo especial.

    Agora, quem temmentalidade egocêntrica e acha que tudo tem que ser de acordo com sua vontade, tem mais é que sifuder sózinho mesmo. E mesmo assim, ainda tenta buscar alguém para compartilhar seu sentimento solitário, escrevendo mimimis. Deveria ter ficado quietinho no seu canto, ou trabalhando.

    Eu consegui reunir num só dia uma cunhada TJ, uma atéia, uma católica e claro, a minha espírita. E já consegui o apoio para que no ano que vem nos reunamos novamente, coisa que não ocorria faz anos. Viva o Natal.

    E claro, um feliz natal à todos, sem excessões.
    Post edited by Johnny on
  • Comi carne de porco, ovelha e gado o final de semana inteiro. Meu natal foi muito bacana e estou arrotando feito um porco até agora.
    O ENCOSTO
    Onde houver fé, levarei a dúvida!
  • Johnny disse: Eu consegui reunir num só dia uma cunhada TJ, uma atéia, uma católica e claro, a minha espírita.

    Juro que, por um instante, entendi outra coisa. Voce ia ser meu heroi de final de ano. ):-))
    Eu sou o Doutor. Venho do planeta Gallifrey da constelação de Kasterborous. Com a minha nave, a TARDIS (Time And Relative Dimensions In Space (Tempo e Dimensões Relativas No Espaço) eu viajo por varios mundos e épocas combatendo as injustiças em minhas explorações. Eu o convido para me acompanhar em minhas aventuras, a maioria delas perigosas. Voce quer me acompanhar?

    Total de Mensagens:
    8609 + aquelas que tenho agora. ):-))
  • O Papai Noel é o novo Ópio do Povo

    Escrito por Emmanuel Goldstein


    Karl Marx não precisou examinar profundamente a sociedade capitalista para apreender sua natureza essencialmente doentia, escravista, opressora, exploradora, consumista de recursos naturais e poluidora do meio ambiente.

    Papai Noel - Inimigo do Povo (clique p/ ampliar)
    Marx leu rapidamente alguns relatórios do Parlamento Britânico e um resumo improvisado que Friedrich Engels havia escrito durante uma festa hippie e, gênio que era, logo concluiu que o capitalismo deveria ser destruído e que só o socialismo traria a verdadeira felicidade para o Povo.

    A singularidade do pensamento de Marx está na clareza de suas idéias em relação ao Ópio do Povo (a religião). Marx diz, com toda razão, que a “religião é o soluço da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, o espírito de uma situação carente de espírito. É o ÓPIO DO POVO”.

    Dotado de uma mente extraordinariamente fértil e criativa – com inteligência muito superior à de um chipanzé comum – Marx concluiu que a “verdadeira felicidade do Povo IMPLICA que a religião seja SUPRIMIDA, enquanto felicidade ilusória do Povo”.

    Infelizmente vivemos num mundo cruel que não dá ouvidos à voz de Marx. Somente alguns países democráticos possuem leis que buscam a SUPRESSÃO = EXTINÇÃO = ELIMINAÇÃO do Ópio do Povo. Nesse sentido, a política dos camaradas norte-coreanos – apoiada pela ONU – é um exemplo para o mundo.

    Alguns camaradas, desprovidos da crítica como método de análise social, não percebem e muito menos entendem que o “ópio do povo” denunciado por Karl Marx não tinha como forma sensível, significação conceitual e função social, exclusivamente, a própria religião, mas todas as formas de narcóticos sociais que alienam os homens, como o Papai Noel e o consumismo burguês natalino. Na verdade, todas as fantasias ligadas ao “Natal”, do começo ao fim, não passam de tolices destinadas a enganar as massas populares.

    Camaradas, diante desse quadro terrível, é evidente que só o proletariado revolucionário é chamado pela história para libertar a humanidade e dar felicidade ao mundo. Somente o movimento operário se baseia num terreno sólido (o marxismo) e somente ele é imune a qualquer mentira utopista.

    Firmados, pois, nas análises e nas conclusões brilhantes de Karl Marx, lutemos corajosamente, com a nossa consciência e com a nossa vontade, contra o nosso novo inimigo comum: o Papai Noel.

    Abaixo o Papai Noel lacaio da burguesia delirante!

    Viva a aliança fraternal, combativa, voluntária e compulsória dos operários!


    O ENCOSTO
    Onde houver fé, levarei a dúvida!
  • Lucifer disse: Juro que, por um instante, entendi outra coisa. Voce ia ser meu heroi de final de ano. ):-))

    Mente poliuída...
  • Johnny disse: Lucifer disse: Juro que, por um instante, entendi outra coisa. Voce ia ser meu heroi de final de ano. ):-))

    Mente poliuída...

    Agora, só entre nós e a torcida do coringão....
    Valeria a pena?? ):-))
    Eu sou o Doutor. Venho do planeta Gallifrey da constelação de Kasterborous. Com a minha nave, a TARDIS (Time And Relative Dimensions In Space (Tempo e Dimensões Relativas No Espaço) eu viajo por varios mundos e épocas combatendo as injustiças em minhas explorações. Eu o convido para me acompanhar em minhas aventuras, a maioria delas perigosas. Voce quer me acompanhar?

    Total de Mensagens:
    8609 + aquelas que tenho agora. ):-))
  • Lucifer disse: Agora, só entre nós e a torcida do coringão....
    Valeria a pena?? ):-))
    Que nada...sou mais a minha. Muito mais aliás....
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    ENCOSTO disse: Escrito por Emmanuel Goldstein

    Emmanuel Goldstein é o vilão fictício de "1984", inventado pelo Big Brother.
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