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O fechamento do Megaupload

Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
http://www.hardware.com.br/noticias/2012-01/mais-megaupload.html
Mais sobre o fechamento do Megaupload

Carlos Morimoto

Desde seu aparecimento, o Megaupload se tornou rapidamente um dos serviços mais usados para compartilhamento de conteúdo, em grande parte devido à facilidade em disponibilizar e baixar arquivos. Para quem disponibilizava era mais fácil, já que bastava dar upload uma vez, sem precisar deixar um seeder ligado para alimentar o bittorrent, e para quem baixava também, já que bastava realizar o download, sem depender de um certo número de usuários estarem compartilhando cada arquivo como nas redes P2P.

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Embora muitos utilizassem o Megaupload para disponibilizar conteúdo legítimo (incluindo diversos artistas e produtores), não dá para negar que grande parte, senão a grande maioria do conteúdo e da renda do site em assinaturas provinha de conteúdo pirateado. Para piorar, o site realmente hospedava os arquivos (diferente do Piratebay, por exemplo) e ainda por cima lucrava com os planos de assinaturas. Para muitos, era apenas mais um caso Napster esperando para explodir, e ontem ela realmente explodiu, com a justiça americana apreendendo nomes de domínio, congelando contas bancárias e conseguindo prender 4 dos fundadores do site, com a cooperação da polícia da Nova Zelândia.

Mesmo que se argumente que os 175 milhões alegados pelos promotores sejam exagerados, não restam dúvidas de que o Megaupload é um negócio que rendeu muito dinheiro, a ponto de Julius Bencko, que era apenas um artista gráfico encarregado da parte de design ter recebido US$ 1 milhão apenas em 2010. Além de diversas propriedades (incluindo 14 Mercedes) o grupo tinha US$ 50 milhões em aplicações bancárias.

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Por um lado o site realmente hospedava muito material pirateado: softwares, filmes, músicas e praticamente qualquer outra coisa que alguém pudesse desejar podia ser facilmente encontrado usando a busca do Google. Por outro, existia um aparente esforço de manter o negócio dentro da legalidade, criando mecanismos que permitiam aos detentores de direitos autorais remover conteúdo do site com relativa rapidez (ou pelo menos um dos links apontando para o arquivo, já que os arquivos propriamente ditos continuavam hospedados e disponíveis através de outros links). O grande problema é que com tanto material sendo disponibilizado diariamente, seria quase impossível para qualquer empresa monitorar e remover material pirateado em tempo hábil, já que mesmo um funcionário exclusivamente dedicado a monitorar o site precisaria concorrer com dezenas ou centenas de uploaders na prática anônimos, já que as informações pedidas no cadastro podiam ser falseadas facilmente.

A investigação trouxe à tona vários e-mails de funcionários, que confirmam que não apenas eles tinham ciência de que o site era usado para distribuição de conteúdo ilegal (algo óbvio já que bastaria uma olhada rápida nas listas de downloads mais populares ou usuários mais ativos para ver rips de DVDs, warez, pornografia, etc.), mas que de fato o site premiava estes usuários com pagamentos em dinheiro através do programa uploader rewards.

Tendo tudo isso em mente, não é de se estranhar que a RIAA e outros cartéis de mídia tenham conseguido esferir um golpe tão fulminante contra o site com o apoio da justiça norte-americana. A questão central é que apesar de tudo o Megaupload era baseado em fórmulas aplicadas pela maioria dos sites de armazenamento de compartilhamento de arquivos, como premiar os usuários mais ativos, oferecer assinaturas premium, vender anúncios, etc. O juri que julgará o caso terá um trabalho difícil em identificar exatamente em que pontos o Megaupload cruzou a linha da legalidade. Da nossa parte, restará observar como isso afetará outros sites e a indústria de hospedagem como um todo.

Embora o caso já esteja correndo na justiça é importante notar que esta é uma briga que está longe de terminar. Muito embora o domínio tenha sido apreendido, bem como muitos servidores e equipamentos, a maior parte do que mantinha o site no ar continua de posse de funcionários, fundadores e membros da comunidade, que prometem brigar para manter o site no ar, de uma forma ou de outra. Isso significa que ele tende a ressurgir usando outros nomes e domínios, continuando a oferecer grande parte do conteúdo anteriormente hospedado. Esta é uma briga que ainda vai longe.

A forma efetiva como o site foi tirado do ar, envolvendo uma efetiva coordenação com polícias de outras partes do mundo também enfraquece o SOPA/PIPA, já que mostra que o sistema atual já oferece poder mais do que suficiente para as grandes empresas.
Post edited by Fernando_Silva on

Comentários

  • 2 Comentários sorted by Votes Date Added
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    http://www.hardware.com.br/noticias/2012-01/fim-megaupload.html
    O fim do Megaupload e a guerra na internet

    Marcos Elias Picão

    Na quinta-feira muita coisa aconteceu no mundo da internet. O mais impactante foi o fim do Megaupload, um dos maiores sites de compartilhamento de arquivos. Isso justo no dia seguinte ao grande protesto contra o SOPA e PIPA, projetos de lei nos Estados Unidos que poderão censurar a web em boa parte do mundo.

    Numa ação com apoio de policiais de outros países, o FBI fechou o site e prendeu alguns dos responsáveis pelo mesmo. Além das acusações indicarem prejuízo de mais de $500 milhões em direitos autorais a grandes gravadoras e produtoras, esse nem era o maior problema. Para a justiça dos EUA o Megaupload foi visto como uma “organização criminosa mundial cujos membros participam de infração de direitos autorais e lavagem de dinheiro em uma escala massiva.”

    A resposta da comunidade contrária à ação foi dada por meio de ataques de negação de serviço promovidos pelo Anonymous, que tiraram do ar temporariamente sites de organizações como MPAA, RIAA, Universal Music Group, FBI, Casa Branca e Departamento de Justiça Americano.

    Há pouco tempo alguns artistas fizeram uma campanha publicitária para o Megaupload. Entre os nomes estavam Chris Brown, Snoop Dogg, Mary J Blige, P Diddy, Will.i.am, Alicia Keys e Kanye West. Eles apareciam cantando e apoiando o site:



    O comercial foi removido do YouTube a pedido da UMG, apesar de não violar nenhum direito autoral dela. Isso abriu uma polêmica no final do ano passado: um acordo entre a UMG e o Google permitiria, em tese, ao grupo mandar remover qualquer vídeo da rede - mesmo que não violasse nenhuma propriedade intelectual ou conteúdo registrado. Isso acabou passando com uma resposta melhor do Google, que afirmou que os parceiros não têm permissão para remover vídeos do site caso não tenham direitos sobre os mesmos (ou acordos de exclusividade com os artistas envolvidos em gravações ao vivo).

    Apesar de tudo, o Megaupload já colaborava com remoções de arquivos mediante denúncias com base no DMCA, mas isso não foi o suficiente. A empresa também quis processar a UMG (o que ganhou força com a remoção do vídeo do YouTube). Dadas as circunstâncias e a longa investigação, nem foi necessário ter projetos como SOPA e PIPA, o fechamento do site pelo FBI foi possível usando as leis atuais. Além do próprio megaupload.com, vários outros sites do mesmo grupo também ficaram inacessíveis - talvez para sempre?

    O pessoal do site rebate dizendo que a maioria dos arquivos hospedados lá são legítimos (muitos certamente são, mas não dá para fingir que o site não ganhava às custas da pirataria). Se os projetos SOPA e PIPA forem aprovados, casos como esse serão mais comuns, com uma grande diferença: não serão necessários meses de investigação, e muitos sites realmente honestos poderiam pagar a conta.
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