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Visão Dialética sobre a História do Brasil

ENCOSTOENCOSTO Membro
A HISTÓRIA DO BRASIL APROVADA PELO PARTIDO - PARTE I

Escrito por Elemério Zangu de Piá

Camaradas, meu nome é Elemério Zangu de Piá, filho da terra, neto de caiçaras e descendente de Caximarã, sociólogo de orientação socialista formado na USP. Participei do PT até 2003, quando me desiludi com esse partido canalha vendido à burguesia, ou, o que é absolutamente a mesma coisa, vendido ao Partido da Imprensa Golpista (PIG) e aos interesses dos grandes empresários e latifundiários.

Reencontrei-me no Partido da Vanguarda Popular ©, por acreditar que nossa libertação das garras do sistema econômico monopolista baseado no capital - pautado nos interesses das elites econômicas burguesas - só se dará pela revolução armada do proletário, conforme sacramentado no Manifesto Comunista e reforçado pela boa gente do Partido em questão.

Segundo os preceitos marxistas-leninistas do Partido, não existem fronteiras de nação. O comunismo é universal pois o Povo é um só, e as limitações invisíveis que separam o proletariado da libertação da opressão das grandes potências no mundo só serão desfeitas com a Nova Ordem Socialista Mundial, assunto que será tratado em outro artigo revolucionário.

Neste e no próximo artigo, não me proponho esgotar o assunto, tentarei esboçar/relembrar as características gerais da "nação brasileira" e os caminhos que a tornaram um país neo-liberal repleto de desigualdades sociais. Só assim poderemos verdadeiramente nos tornar indivíduos intelectuais coletivos pensantes e atuantes na sociedade.

Nossos livros de história estão repletos de mentiras instauradas pelas elites culturais para manter os proletários na linha da pobreza. Nossa (PSEUDO-)história foi escrita por parasitas vendidos para o grande capital, que diretamente atuam na manutenção do status quo da burguesia e na dominação mundial estadunidense.

Felizmente tivemos educadores respeitáveis como Paulo Freire, autor da pedagogia da libertação, que claramente definiu que "todo ato de educação é um ato político", reforçando a importância da doutrinação marxista nas escolas o mais cedo possível - antes que os imperialistas o façam.

Sabe-se que antes da chegada dos exploradores (fascistas) portugueses, ao contrário do que se diz os livros de história, os indígenas não se dividiam em diferentes tribos, etnias, religiões e línguas e não disputavam territórios entre si. Na realidade, viviam numa sociedade igualitária e sem classes sociais, como só se veria mais tarde apenas na gloriosa Revolução Russa de 1917.

Os camardas Tupiniquins (todos eram tupiniquins) tinham um excelente padrão de vida e condições sanitárias que jamais voltariam a ter sob o domínio da elite branca portuguesa e, posteriormente, do imperialismo expoliativo yankee. Alguns livros, ainda mais ousados, e mais vendidos aos interesses burgueses, falam em "divisão de tarefas" e na existência de "caciques" dentro das sociedades indígenas igualitárias, clara alusão ao único sistema político-econômico baseado na divisão de classes que já existiu, o capitalismo, em voga na Europa na mesma época.

Os índios locais também praticavam a agricultura orgânica, ao contrário da versão vendida ao "deus mercado" de que praticassem queimadas e caçadas que agredissem o meio ambiente -, eram guerreiros, puros e heróicos, amantes do meio ambiente e da terra (verdadeiros precursores do Greenpeace), sem as noções de dominação e necessidade de lucro, a personalidade reincorporada mais tarde pelo revolucionário argentino Che Guevara.
O ENCOSTO
Onde houver fé, levarei a dúvida!

Comentários

  • 12 Comentários sorted by Votes Date Added
  • A HISTÓRIA DO BRASIL APROVADA PELO PARTIDO - PARTE II

    Escrito por Elemério Zangu de Piá


    Quando os europeus chegaram no litoral sul da Bahia, estavam em vasta inferioridade numérica, entretanto, utilizaram-se de técnicas avançadas de dominação para conquistar o Povo indígena. A mais radical interferência dos opressores portugueses foi no campo econômico, a transição do estado socialista indígena para a estrutura econômica baseada no capital expoliativo. Estes colonos fizeram trocas capitalistas com os nativos, oferecendo espelhos e outros artigos, criando na população local o início da CADEIA de consumo, e a formação de um mercado opressivo na região.

    Também instituíram o movimento dos jesuítas para instaurar o Ópio do Povo, e pela opressão religiosa forçada, combinada com as primeiras medidas neo-liberais, iniciaram o gradual empobrecimento do proletário indígena, conforme o movimento libertador marxista viria a prever centenas de anos depois. É sabido por todos os historiadores que milhões, talvez bilhões de índios vieram a morrer nesse acontecimento, pela infame força bélica e o treinamento de guerrilha dos especializados colonizadores europeus (brancos dos olhos azuis).

    Nesta mesma época vivia-se no continente africano uma situação semelhante. Existia também nesse continente um sistema político muito similar ao socialismo, como seria conhecido mais tarde. Os povos viviam em liberdade e em sintonia com a natureza. Não existiam guerras, escravidão, pobreza, sacrifícios de seres humanos ou canibalismo (invenções burguesas para oprimir o proletário). Nesta região a enorme influência européia chegou mais tarde, fazendo eclodir os problemas sociais inerentes ao sistema capitalista, introduzindo também, a despeito dos historiadores burgueses golpistas que sugeriam que a escravidão fosse uma prática comum nesta época, a criação de um mercado escravista neo-liberal que viria a suprir mão-de-obra para os latifundiários locais, que praticavam na época monocultura inorgânica, lesiva ao delicado bioma brasileiro.

    A situação gerada pelos eventos da época colonial-capitalista, resultou mais tarde na formação de uma camada social operária sufocada pelos interesses da elite burguesa. Porém, séculos mais tarde, na mesma época em que Cuba, libertada pelo comandante Che Guevara e pelo líder democraticamente eleito Fidel Castro, estava para tornar-se uma superpotência econômica, mostrando a eficiência do socialismo e da economia planificada (refutando de uma vez por todas a maldita Escola Austríaca de Economia), surgia no Brasil um movimento liderado pelo Partido Comunista associado a União Soviética, que, inspirado nos princípios democráticos e stalinistas, estava desejoso de alcançar o poder libertando o proletário da exploração da elite econômica opressora.

    Esses revolucionários políticos altruístas da esquerda nacional tiveram seus planos frustrados pelo golpe militar estadunidense que se seguiu, roubando do Povo mais uma vez a possibilidade da consolidação de uma nação mais justa baseada no Socialismo. A forte repressão política da extrema-direita golpista - apoiada pelo PIG - culminou na morte do líder pacifista Carlos Marighella, após o sequestro do embaixador burguês reacionário estadunidense, e mais tarde veio a exilar Luís Carlos Prestes, o cavalo cavaleiro da esperança, na União Soviética, onde ele teve a oportunidade de conhecer de perto as maravilhas do Estado comunista. Na retomada da "democracia" (nome que mascarou a ditadura midiática da Rede Globo e da Revista Veja) nos anos 80, os partidos nacionais mostraram-se ineficientes para a gestão de um sistema coletivista justo e submeteram-se novamente aos interesses capitalistas das grandes potências.

    Em histórico recente, os movimentos de libertação nacional do proletariado explorado como a Conlutas, a Força Sindical, o MST e o PCC não são capazes de deter a enorme opressão burguesa gerada pela concentração de capital e pelos monopólios econômicos da direita reacionária nazi-golpista. O glorioso Plano Nacional-Socialista dos Direitos Humanos III (PNDH-III) sofreu enorme resistência pelas vias "democráticas", mostrando a impossibilidade - pelo menos por enquanto - da imposição de um regime comunista em um país manipulado pela grande mídia. Apenas a ascenção do Partido como representante do Povo consolidará um mundo menos materialista e mais fraterno, como na Coréia do Norte, Cuba e na antiga União Soviética.
    O ENCOSTO
    Onde houver fé, levarei a dúvida!
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Arrisca de alguém achar que é verdade e adotar como guia...
  • Realmente, no desenrolar da leitura, já parecia piada.
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Judas disse: Procurei pelo nome de um dos autores do texto e achei isso aqui:

    E outro colunista é o Emmanuel Goldstein, prá quem não lembra, aquele do 1984 do Orwell.

    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Isto, aparentemente, não é piada:

    http://resistir.info/petras/petras_30dez11.html
    Na década de 1980 a CIA, através de canais do Vaticano, transferiu milhões de dólares para apoiar o "Sindicato Solidariedade" na Polónia, transformando num herói o líder dos trabalhadores dos estaleiros de Gdansk, Lech Walesa, o qual actuou como ponta de lança na greve geral para deitar abaixo o regime. Com o seu derrube também foram derrubadas a garantia de emprego, a segurança social e a militância sindical: os regimes neoliberais reduziram a força de trabalho em Gdansk em cinquenta por cento e finalmente encerraram o estaleiro, dando um pontapé em toda a força de trabalho... Walesa aposentou-se com uma magnífica pensão presidencial, enquanto os seus antigos colegas de trabalho vagueavam nas ruas e os novos dominadores "independentes" da Polónia proporcionavam bases militares para a NATO e mercenários para guerras imperiais no Afeganistão e no Iraque.
  • Raphael disse: Realmente, no desenrolar da leitura, já parecia piada.

    O problema é quando parece piada, mas não é.

    http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/13098-alo-e-do-iml-temos-um-suspeito-aqui-morreu-porque-era-negro
    'Alô, é do IML? Temos um suspeito aqui...' Morreu porque era negro
    A pergunta que se faz é: se fosse um loiro de olhos claros que estivesse dando um chilique no shopping teria recebido o mesmo tratamento? Obvio que não. O distinto homem branco seria interpelado educadamente, provavelmente convidado a beber um cafezinho na gerência, onde ouviria um formal pedido de desculpas.
    O coordenador do estudo, o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, levanta duas hipóteses para o caso da mortandade dos negros mais especificamente. A primeira delas é que acontece com a segurança o mesmo ocorrido com a educação e a saúde: a privatização.
  • Acauan disse: E outro colunista é o Emmanuel Goldstein, prá quem não lembra, aquele do 1984 do Orwell.

    Eu gosto dos artigos revolucionários do "Servidor Público Federal".


    O ENCOSTO
    Onde houver fé, levarei a dúvida!
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    http://averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=6628&Itemid=1
    'Vamos chamar a presidente (para depor)?'

    General lança suspeita sobre participação de Dilma em atentado e duvida que ela tenha sido torturada

    Entrevista do General Rocha Paiva a "O Globo" em 02/03/2112

    O General Rocha Paiva propõe que a Comissão da Verdade investigue a morte do soldado Mario Kozel, morto pela VAR-Palmares, e sugere que a presidente Dilma Rousseff preste depoimento sobre o caso.

    O general Luiz Eduardo Rocha Paiva acha que a Comissão da Verdade, para não ser "parcial e maniqueísta", tem que convocar também os que participaram de ações armadas, direta ou indiretamente. Não hesita em perguntar até se a presidente Dilma Rousseff não tem que depor:

    - Ela era da VAR-Palmares, que lançou o carro-bomba que matou o soldado Mario Kozel Filho. A comissão não vai chamá-la, por quê?

    Rocha Paiva se refere ao atentado ocorrido em 26 de junho de 1968 no Quartel-General do II Exército, em São Paulo. Até 2007 Rocha Paiva ocupava posição de destaque no Exército. Foi comandante da Escola de Comando do Estado-Maior do Exército e secretário-geral do Exército.

    Abaixo, trechos da entrevista:
    O GLOBO: Por que o senhor é contra a Comissão da Verdade?
    GENERAL LUIZ EDUARDO ROCHA PAIVA: Ela busca a reconciliação nacional depois de 30 anos, e não há mais cisão alguma que tenha ficado do regime militar. Se há alguma coisa a investigar, é só usar a Polícia Federal, e, com vontade política, a presidente tem autoridade para ir até onde ela quiser, respeitada a Lei de Anistia. A Comissão da Verdade não é imparcial. É maniqueísta. O objetivo é promover o esclarecimento de torturas, mortes, desaparecimentos forçados e ocultação de cadáveres. Por que não promover também o esclarecimento de atentados terroristas e sequestros de pessoas e aviões, e de execução e justiçamento até de companheiros da luta armada?

    Quem era contra o regime foi punido, preso, torturado, exilado. O que o senhor acha desse argumento?

    ROCHA PAIVA: Acho que não cola. Nem todos os assassinos, terroristas, sequestradores são conhecidos. Os que planejaram ou estiveram no apoio logístico e no financiamento, não são conhecidos.
    O ministro Ayres Britto, do STF, reconheceu, em parecer, à revelia da Lei da Anistia, o direito dos que se sentiram vítimas do regime militar de mover ações civis indenizatórias contra ex-agentes do Estado.
    No momento em que se abre esse precedente, quem for ouvido na Comissão da Verdade poderá estar produzindo provas contra si próprio. Os que sofreram com a luta armada também deveriam ter o mesmo direito.


    O ex-deputado Rubens Paiva sumiu dentro de um batalhão do Exército. A família há 41 anos busca informação e não tem. O Exército não tem a obrigação de dar informação?

    ROCHA PAIVA: É emblemático o caso Rubens Paiva. Por quê? O homem foi deputado, das classes favorecidas, e todos se preocupam com ele e com Stuart Angel, também. Agora, por que os crimes do PCdoB no Araguaia, de perseguição e morte de mateiros, que eram guias das forças legais, não são emblemáticos?

    O senhor não acha que tortura é um desvio?

    ROCHA PAIVA: Isso é um desvio, ninguém está dizendo que não. Agora, não foi anistiado? Não é desvio também aqueles grupos armados revolucionários da esquerda, que seguiam linha maoísta, linha soviética, linha cubana, que queriam implantar uma ditadura nos moldes dos países responsáveis pelos maiores crimes contra a Humanidade no século passado? Existiu uma luta, foram cometidos desvios pelos dois lados.

    Um lado foi punido. A presidente Dilma ficou presa três anos e foi submetida a tortura.

    ROCHA PAIVA: Ela diz que foi submetida a torturas. A senhora tem certeza?

    Ah, eu acredito nela...

    ROCHA PAIVA: Ah, e eu não sei.

    O senhor acha que essas suas opiniões contra a Comissão da Verdade são compartilhadas por pessoas na ativa?

    ROCHA PAIVA: Olha, não tenho dúvida de que é geral. Agora, a gente tem que ver o seguinte: o que um militar na ativa pode falar? Não pode falar contra o governo. Os chefes militares cultuam hierarquia, disciplina e também justiça. Ante a iminência de uma injustiça que vai ser perpetrada contra seus subordinados, eles têm obrigação moral e funcional de - com franqueza, disciplina, dentro da lei - levar sua posição a seus comandantes superiores. Se não fizerem isso, não são dignos de serem chefes.

    Acha justo que os torturadores não sejam conhecidos?

    ROCHA PAIVA: Não vejo por que eles têm que aparecer agora, porque estão anistiados. Por que não tem que aparecer também quem sequestrou, quem planejou? Se uma autoridade de hoje tiver participado; até a presidente Dilma tiver participado, seja diretamente ou indiretamente, que aí é cor-responsável, de um crime que tenha deixado sequelas com vítimas, vai haver a Comissão da Verdade? A presidente vai aparecer? É isso que a senhora quer depois de 30 anos?

    O senhor nunca ouviu sequer falar que havia tortura dentro do Exército?

    ROCHA PAIVA : Miriam, sempre se falou. Agora, quando é que não houve tortura no Brasil? Quer fazer um cálculo comigo? A senhora pega o livro "Brasil, nunca mais", da insuspeita Arquidiocese de São Paulo, de dom Paulo Evaristo Arns. Fizeram pesquisas nos arquivos do STM. Levantaram 1.918 torturados. Se a senhora dividir isso pelo tempo da luta armada, são dez anos. Doze meses no ano e 30 dias, a senhora vai ter menos de um torturado por dia. Aí esse número de 1.918, depois que sai o bolsa-ditadura, sobe pra 20 mil torturados. Se a senhora fizer essa mesma conta que eu fiz, a senhora vai chegar a seis torturados por dia. Então uma média de meio torturado por dia, se é que se pode dizer assim, e seis. A senhora vai ter em torno de quatro torturados por dia por conta da luta armada.

    O senhor não acha que é mais inteligente da parte das Forças Armadas admitirem que houve o erro? Até para preservar a instituição?

    ROCHA PAIVA: Não vejo por que pedir perdão se não houve nenhuma cisão social remanescente do regime militar. Quando saiu o regime militar, e começaram a fazer pesquisas, as Forças Armadas já estavam no topo das instituições de maior credibilidade do país, acima até da imprensa. Então, por que essa instituição precisa pedir perdão?

    Porque é crime, general.

    ROCHA PAIVA: Foi anistiado, insisto nisso. Não tem que pedir perdão coisa nenhuma.

    Vladimir Herzog foi se apresentar para depor e morreu.

    ROCHA PAIVA: E quem disse que ele foi morto pelos agentes do Estado? Nisso há controvérsias. Ninguém pode afirmar.

    Por que os militares que estavam lá naquele momento não esclarecem tudo na Comissão da Verdade?

    ROCHA PAIVA: Existe um inquérito e está escrito no inquérito. Chame os oficiais que estão ali. Chame a pessoa e escute. Agora, chame também quem pode ter mandado matar ou quem pode ter dado a ordem para assassinar o capitão Chandler, assassinado na frente do seu filho. Quem fez, a gente sabe. Foi a ALN. O senador que foi relator da Comissão da Verdade, do projeto de lei. Aloysio Nunes Ferreira era da ALN. Será que ele não tem alguma coisa? Vamos chamar o senador na Comissão da Verdade? Sim. Por que não? Vamos chamar a presidente Dilma? Ela era da VAR-Palmares. E a VAR-Palmares foi a que lançou o carro-bomba que matou o soldado Mario Kozel Filho. Ela era da parte de apoio. Será que ela participou do apoio a essa operação? A Comissão da Verdade não vai chamá-la, por quê? Entende? Minha posição é essa.
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Eu sei que é do Olavo de Carvalho, mas às vezes ele se distrai e escreve alguma coisa que preste.

    http://www.olavodecarvalho.org/semana/1964.htm
    “Se houve na história da América Latina um episódio sui generis, foi a Revolução de Março (ou, se quiserem, o golpe de abril) de 1964. Numa década em que guerrilhas e atentados espoucavam por toda parte, seqüestros e bombas eram parte do cotidiano e a ascensão do comunismo parecia irresistível, o maior esquema revolucionário já montado pela esquerda neste continente foi desmantelado da noite para o dia e sem qualquer derramamento de sangue.

    O fato é tanto mais inusitado quando se considera que os comunistas estavam fortemente encravados na administração federal, que o presidente da República apoiava ostensivamente a rebelião esquerdista no Exército e que em janeiro daquele ano Luís Carlos Prestes, após relatar à alta liderança soviética o estado de coisas no Brasil, voltara de Moscou com autorização para desencadear – por fim! – a guerra civil no campo.

    Mais ainda, a extrema direita civil, chefiada pelos governadores Adhemar de Barros, de São Paulo, e Carlos Lacerda, da Guanabara, tinha montado um imenso esquema paramilitar mais ou menos clandestino, que totalizava não menos de 30 mil homens armados de helicópteros, bazucas e metralhadoras e dispostos a opor à ousadia comunista uma reação violenta. Tudo estava, enfim, preparado para um formidável banho de sangue.

    Na noite de 31 de março para 1° de abril, uma mobilização militar meio improvisada bloqueou as ruas, pôs a liderança esquerdista para correr e instaurou um novo regime num país de dimensões continentais – sem que houvesse, na gigantesca operação, mais que duas vítimas: um estudante baleado na perna acidentalmente por um colega e o líder comunista Gregório Bezerra, severamente maltratado por um grupo de soldados no Recife.

    As lideranças esquerdistas, que até a véspera se gabavam de seu respaldo militar, fugiram em debandada para dentro das embaixadas, enquanto a extrema-direita civil, que acreditava ter chegado sua vez de mandar no país, foi cuidadosamente imobilizada pelo governo militar e acabou por desaparecer do cenário político.

    Qualquer pessoa no pleno uso da razão percebe que houve aí um fenômeno estranhíssimo, que requer investigação. No entanto, a bibliografia sobre o período, sendo de natureza predominantemente revanchista e incriminatória, acaba por dissolver a originalidade do episódio numa sopa reducionista onde tudo se resume aos lugares-comuns da “violência” e da “repressão”, incumbidos de caracterizar magicamente uma etapa da história onde o sangue e a maldade apareceram bem menos do que seria normal esperar naquelas circunstâncias.

    Os trezentos esquerdistas mortos após o endurecimento repressivo com que os militares responderam à reação terrorista da esquerda, em 1968, representam uma taxa de violência bem modesta para um país que ultrapassava a centena de milhões de habitantes, principalmente quando comparada aos 17 mil dissidentes assassinados pelo regime cubano numa população quinze vezes menor.

    Com mais nitidez ainda, na nossa escala demográfica, os dois mil prisioneiros políticos que chegaram a habitar os nossos cárceres foram rigorosamente um nada, em comparação com os cem mil que abarrotavam as cadeias daquela ilhota do Caribe. E é ridículo supor que, na época, a alternativa ao golpe militar fosse a normalidade democrática. Essa alternativa simplesmente não existia: a revolução destinada a implantar aqui um regime de tipo fidelista com o apoio do governo soviético e da Conferência Tricontinental de Havana já ia bem adiantada.

    Longe de se caracterizar pela crueldade repressiva, a resposta militar brasileira, seja em comparação com os demais golpes de direita na América Latina seja com a repressão cubana, se destacou pela brandura de sua conduta e por sua habilidade de contornar com o mínimo de violência uma das situações mais explosivas já verificadas na história deste continente.

    No entanto, a historiografia oficial – repetida ad nauseam pelos livros didáticos, pela TV e pelos jornais – consagrou uma visão invertida e caricatural dos acontecimentos, enfatizando até à demência os feitos singulares de violência e omitindo sistematicamente os números comparativos que mostrariam – sem abrandar, é claro, a sua feiúra moral – a sua perfeita inocuidade histórica.

    Por uma coincidência das mais irônicas, foi a própria brandura do governo militar que permitiu a entronização da mentira esquerdista como história oficial. Inutilizada para qualquer ação armada, a esquerda se refugiou nas universidades, nos jornais e no movimento editorial, instalando aí sua principal trincheira.

    O governo, influenciado pela teoria golberiniana da “panela de pressão”, que afirmava a necessidade de uma válvula de escape para o ressentimento esquerdista, jamais fez o mínimo esforço para desafiar a hegemonia da esquerda nos meios intelectuais, considerados militarmente inofensivos numa época em que o governo ainda não tomara conhecimento da estratégia gramsciana e não imaginava ações esquerdistas senão de natureza inssurrecional, leninista.

    Deixados à vontade no seu feudo intelectual, os derrotados de 1964 obtiveram assim uma vingança literária, monopolizando a indústria das interpretações do fato consumado. E, quando a ditadura se desfez por mero cansaço, a esquerda, intoxicada de Gramsci, já tinha tomado consciência das vantagens políticas da hegemonia cultural, e apegou-se com redobrada sanha ao seu monopólio do passado histórico.

    É por isso que a literatura sobre o regime militar, em vez de se tornar mais serena e objetiva com a passagem dos anos, tanto mais assume o tom de polêmica e denúncia quanto mais os fatos se tornam distantes e os personagens desaparecem nas brumas do tempo.

    Mais irônico ainda é que o ódio não se atenue nem mesmo hoje em dia, quando a esquerda, levada pelas mudanças do cenário mundial, já vem se transformando rapidamente naquilo mesmo que os militares brasileiros desejavam que ela fosse: uma esquerda socialdemocrática parlamentar, à européia, desprovida de ambições revolucionárias de estilo cubano.

    O discurso da esquerda atual coincide, em gênero, número e grau, com o tipo de oposição que, na época, era não somente consentido como incentivado pelos militares, que viam na militância socialdemocrática uma alternativa saudável para a violência revolucionária.

    Durante toda a história da esquerda mundial, os comunistas votaram a seus concorrentes, os socialdemocratas, um ódio muito mais profundo do que aos liberais e capitalistas. Mas o tempo deu ao “renegado Kautsky” a vitória sobre a truculência leninista. E, se os nossos militares tudo fizeram justamente para apressar essa vitória, por que continuar a considerá-los fantasmas de um passado tenebroso, em vez de reconhecer neles os precursores de um tempo que é melhor para todos, inclusive para as esquerdas?

    Para completar, muita gente na própria esquerda já admitiu não apenas o caráter maligno e suicidário da reação guerrilheira, mas a contribuição positiva do regime militar à consolidação de uma economia voltada predominantemente para o mercado interno – uma condição básica da soberania nacional.

    Tendo em vista o preço modesto que esta nação pagou, em vidas humanas, para a eliminação daquele mal e a conquista deste bem, não estaria na hora de repensar a Revolução de 1964 e remover a pesada crosta de slogans pejorativos que ainda encobre a sua realidade histórica?”

    (Olavo de Carvalho,janeiro de 1999)
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Fernando_Silva disse: Eu sei que é do Olavo de Carvalho, mas às vezes ele se distrai e escreve alguma coisa que preste.

    Este é o Olavo de Carvalho dos tempos de O Imbecil Coletivo, quando ele era o terror dos Emir Sader da vida. Tá certo que era o equivalente intelectual de bater em bêbado, mas antes de O Imbecil Coletivo, por absurdo que pareça, Emir Sader era levado a sério.
    Depois Carvalho virou uma espécie de caricatura de si mesmo. Ainda acima da Esquerda média, o que não quer dizer absolutamente nada.


    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • De onde o Encosto dessenterra essas piadas? :-)
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