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DOUTRINAS X PRINCÍPIOS

RaphaelRaphael Administrador
Postado Originalmente em 16/09/2005

Por Acauan Guajajara



Muitos religiosos gostam de repetir que ateus não acreditam em nada ou que acreditam em qualquer coisa (neste caso citando G.K. Chesterton, sabendo ou não disto).

É um pensamento simplista, para não dizer idiota. Tarde demais, já disse.

Ateus se definem pelo que não acreditam, logo pressupor no que acreditam é perda de tempo ou encheção de saco.

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Uma abordagem mais produtiva desta questão seria colocar a dualidade em outros termos:

Religiosos acreditam em doutrinas e céticos acreditam em princípios.

As grandes religiões monoteístas possuem doutrinas às quais o fiel se obriga a acreditar e seguir na íntegra, sem direito a selecionar os extratos com os quais concorda e rejeitar o que não lhe apetece na regra posta. O pacote é oferecido fechado, é pegar ou largar.

Como estas religiões proclamam que suas doutrinas foram ditadas pessoalmente por Deus, questionar um til que fosse seria sacrilégio, logo se lá estão escritas coisas que o fiel sempre achou absurdas, as únicas opções que lhe restam são refazer sua definição de coerência ou deixar de ser fiel.

Céticos não acreditam em doutrinas.
Céticos acreditam em princípios.

Isto implica que quebrarão qualquer doutrina em suas idéias fundamentais, que serão analisadas, aceitas ou rejeitadas cada idéia individualmente.
Mesmo que o conjunto das idéias pareça, no geral, correta, o beneplácito ao conjunto não se estende obrigatória ou necessariamente aos seus componentes e vice-versa.

Ou seja, não aceitam o pacote fechado.

- E você acha que pode criticar uma doutrina ditada por Deus? Talvez me perguntasse alguém.

Modéstia a parte, sim.
Se qualquer ponto de uma doutrina viola meus princípios, a doutrina que se dane.

Um exemplo.

A Bíblia em I Samuel 15 diz que Deus deu ordem expressa e direta para que os soldados de Israel perpetrassem um massacre do qual crianças de peito não deveriam ser poupadas.

As doutrinas fundamentalistas pregam que se Deus ditou a Bíblia então, naquelas circunstâncias (seja lá o que queiram dizer com isto) matar os bebês era a coisa mais certa a ser feita.

Para quem acredita em certos princípios, se a Bíblia diz que Deus mandou matar bebês, ou a Bíblia está errada ou Deus é um canalha.

Reduzida a princípios, a questão é simples: matar bebês é ruim.

Quem crê em doutrinas diz que matar bebês pode ser ruim ou bom, dependendo da leitura doutrinária da questão – o que costumam chamar de contexto.

Tem quem diga que é necessária a inspiração divina para a plena compreensão e interpretação das doutrinas religiosas. Quem acredita nisto que faça bom proveito.
Qualquer inspiração que diga que assassinato de bebês é bom, para mim é coisa do capeta.
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