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Vaticano: a encíclica contra Hitler

Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
Protestantes aplaudiram, mas 108 mil católicos alemães que apoiavam Hitler se desligaram da Igreja.

www.aarffsa.com.br/noticias4/17031225.pdf
A MISTERIOSA RELAÇÃO DO VATICANO COM HITLER

Novos estudos revelam que Igreja teria sido sempre contrária ao
nazismo, mesmo quando silenciou


Graça Magalhães-Ruether
graca.magalhaes@oglobo.com.br

papa_pio_xii.jpg

O PAPA PIO XII e os nazistas: novos estudos dizem que, na verdade,
ele era contrário ao regime


Há 75 anos, no Domingo de Ramos de 1937, dia 21 de março, a Igreja
Católica conseguiu driblar a Gestapo distribuindo em toda a Alemanha
uma encíclica que definia um posicionamento claro contra o ditador
Adolf Hitler e a sua política racista. Em "Mit brennender Sorge" ("Com
profunda preocupação", em português), a única encíclica já escrita em
alemão, a Igreja - que anos antes havia assinado um acordo com o
regime nazista, chamado Concordata - levantou pela primeira vez a
sua voz contra o fim das liberdades e as prisões em massa que
aconteciam há quatro anos na Alemanha.

Novos estudos indicam que esta mudança de posição em relação ao regime
seria mantida mesmo no papado seguinte, de Pio XII, que entrou para a
História como o líder católico que silenciou diante do extermínio dos judeus.

A encíclica de 1937, que criticava também o culto à figura do ditador,
foi lida em todas as igrejas do país naquele domingo. Hitler ficou
furioso. Entre as Waffen SS, as mais sangrentas tropas do regime, os
mais radicais queriam mandar prender e executar todos os bispos
alemães por "alta traição". No final, o regime resolveu adotar uma
posição menos rigorosa, mandando confiscar os exemplares do texto,
prender padres que o liam ou fechar tipografias que o imprimiam.
Segundo o historiador René Schlott, da Universidade de Giessen, os
nazistas não reagiram de forma mais brutal por orientação do
perspicaz Joseph Goebbels, o ministro da propaganda.

- A ditadura tinha ainda apenas quatro anos e os nazistas não queriam,
nessa fase, comprar uma guerra aberta contra parte da população, o
que só foram fazer mais tarde - afirma.

A encíclica marcou também uma mudança de posição do Vaticano para
com o regime nazista. Em janeiro, o Papa Pio XI convidou os bispos
alemães para uma reunião, na qual encomendou ao cardeal Michael
von Faulhabe a redação da encíclica. Schlott afirma que o Papa teria se
arrependido da Concordata e queria manifestar à população sua
aversão ao regime. Negociada com a ajuda do então cardeal Eugenio
Pacelli (que a partir de 1939 se tornaria o Papa Pio XII), a Concordata
foi assinada em julho de 1933, meses depois da ascensão de Hitler ao
poder, e era vista pela Igreja com um meio de garantir a sua
sobrevivência no regime autoritário. Na verdade, porém, o acordo teve
o efeito de quebrar o isolamento internacional do regime. O Terceiro
Reich tirava proveito do reconhecimento internacional que obteve
graças ao acordo com a Igreja.

"Tudo o que tome a raça, o povo ou o Estado (...) como elementos
fundamentais da sociedade e os divinize com culto idolátrico perverte
e falsifica a ordem criada e imposta por Deus", dizia a nova encíclica,
redigida em apenas 72 horas. Faulhaber escreveu à mão para evitar
que um número maior de pessoas tomasse conhecimento do projeto.
Depois de impresso no Vaticano, o documento foi transportado por
emissários da Igreja para Berlim, de onde foi distribuído para mais de
dez mil igrejas do país sem que a Gestapo tomasse conhecimento da
ação.

- Ao receber os textos, os sacerdotes o guardaram no altar até o dia
planejado para a sua divulgação na missa de domingo - conta Schlott.
Cada igreja recebeu duas cópias do documento, para garantir que,
mesmo no caso de uma eventual perda, o texto fosse lido
simultaneamente, no mesmo dia e na mesma hora. Segundo o
historiador, o projeto da encíclica de Pio XI foi "a ação mais
espetacular do Vaticano durante toda a ditadura nazista". Nada menos
que 300 mil cópias de um texto que criticava abertamente Hitler foram
distribuídas em uma época em que criticar o ditador já era um motivo
de condenação à morte.

Mas a ação secreta do Vaticano contra Hitler quase terminou em um
fracasso e massacre dos seus envolvidos. Um dia antes do Domingo de
Ramos, no sábado, dia 20 de março de 1937, a Gestapo recebeu uma
cópia da encíclica, fornecida por delatores.

- Como era impossível, em poucas horas, confiscar o documento em
mais de dez mil igrejas espalhadas por toda a Alemanha, os agentes da
Gestapo tentaram atrapalhar a leitura do documento apenas em
algumas cidades - afirma Schlott.

Mesmo assim, a encíclica teve um efeito estrondoso. Os devotos, até os
protestantes, ficaram satisfeitos ao ver como a Igreja tomava partido
contra o regime, como relatou mais tarde o cardeal Faulhaber no
Vaticano. Mas houve também católicos adeptos do regime que
manifestaram irritação, e se afastaram da Igreja. Nada menos que 108
mil pessoas solicitaram oficialmente o desligamento da Igreja Católica
alemã.

Dias depois da leitura, os nazistas investiram com toda a fúria contra o
que julgavam uma audácia. Mais de mil sacerdotes foram presos,
sendo que 300 foram deportados para um campo de concentração.
Organizações e escolas católicas foram fechadas. Na sua residência de
Obersalzberg, na Baviera, Hitler reagiu dizendo: "Se procuram, através
de qualquer encíclica, assumir poderes que são do Estado, vão ser
pressionados a voltar a sua atividade espiritual."

Se Pio XI não tivesse morrido, no início de 1939, o Vaticano teria
insistido mais na politica de confrontação, sustentam historiadores. Já
no seu leito de morte, ele ordenou a redação de uma outra encíclica,
que entrou para a História como "a encíclica escondida de Pio XI". O
documento, redigido por dois jesuitas, denunciava o antissemitismo
fanático e o culto ao estado totalitário, mas foi engavetado com a
morte do Pontífice. Seu sucessor, Pio XII, foi várias vezes acusado de
ter sido conivente com o regime. Novos estudos mostram, no entanto,
que não só tinha a mesma posição de Pio XI, como teria, inclusive,
ajudado muitos judeus.

- Só com a abertura dos arquivos do Vaticano, dentro de alguns anos,
será possivel desvendar o enigma de Pio XII, que silenciou embora
fosse também contra a ditadura - conclui Schlott.
Post edited by Fernando_Silva on

Comentários

  • 7 Comentários sorted by Votes Date Added
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    edited março 2012 Vote Up0Vote Down

    É um exagero falar de novos estudos ou da abertura dos arquivos do Vaticano quanto ao assunto das posições anti-nazistas de Pio XII, suficientemente documentadas e conhecidas.

    Um dos formadores recentes de opinião sobre Pio XII foi o livro O Papa de Hitler, um estelionato editorial a partir da capa:
    papa_pio_xii.jpg

    Como a própria legenda evidencia, a foto é de quatro anos antes da tomada do poder por Adolf Hitler, mas quando foi usada na capa do livro esta informação era sacanamente omitida, induzindo à idéia de alguma conspiração entre o Vaticano e o Reich.

    O problema da posição das Igrejas tanto católica quanto protestante perante o nazismo é muito mais terrível e talvez por isto muitos evitem abordá-la de frente, preferindo a periferia da questão como estas envolvendo este ou aquele líder religioso em particular.

    A pergunta chave é por que dois mil anos de tradição cristã não foram suficientes para conter o nazismo?

    O povo alemão, fundadores da Reforma Protestante e católicos devotos nas regiões administradas pelos principados que mantiveram o vínculo com Roma, não apresentou oposição de consciência religiosa ao nazismo.

    Os que estenderam o braço para gritar sig e heil eram os mesmos que comungavam ou cantavam hinos e liam a Bíblia no domingo. Enquanto a sinagoga ardia.

    Se todo problema fosse se Pacelli era ou não um fascista, tudo se reduziria às fraquezas morais de um homem.
    Ocorreu que dezenas de milhões formados em uma fé que deveria ter impedido a tragédia não apenas se calaram, mas apoiaram entusiasticamente a doutrina genocida, só perdendo o entusiasmo quando as bombas começaram a cair sobre suas cabeça, não quando seus vizinhos começaram a desaparecer.

    A questão não é se Pio XII colaborou com o nazismo, o que se sabe que não, tanto quanto se sabe que deveria ter feito muito mais do que fez para combater aquele mal.

    A questão é por que um povo cristão se tornou um povo nazista e não conseguiu enxergar contradição nisto.
    Enquanto os cristãos fugirem de responder diretamente esta pergunta, se esquivando com desculpas do tipo "os líderes nazistas eram ateus ou neo-pagãos", fica a dúvida se o cristianismo institucionalizado tem o direito de reivindicar direitos como guardião dos valores da Civilização do Ocidente.




    Post edited by Acauan on
    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • CameronCameron Membro
    edited março 2012 Vote Up0Vote Down
    Acauan disse: Enquanto os cristãos fugirem de responder diretamente esta pergunta, se esquivando com desculpas do tipo "os líderes nazistas eram ateus ou neo-pagãos", fica a dúvida se o cristianismo institucionalizado tem o direito de reivindicar direitos como guardião dos valores da Civilização do Ocidente.
    É mais fácil tentar jogar a culpa nos outros, para mim o cristianismo sofre o mesmo mal de todas as outras ideologias que se dizem a solução dos problemas humanos, uma diferença gritante e constrangedora entre o discurso e a prática.

    Post edited by Cameron on
    Come with me if you wanna live.
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Cameron disse: É mais fácil tentar jogar a culpa nos outros, para mim o cristianismo sofre o mesmo mal de todas as outras ideologias que se dizem a solução dos problemas humanos, uma diferença gritante e constrangedora entre o discurso e a prática.
    'Jesus' não se propôs a resolver os problema humanos. Prometeu apenas o paraíso na outra vida e prometeu para breve.
    Como ele não voltou dos mortos, alguns espertos criaram a Igreja que, esta sim, prometeu um monte de coisas aqui e agora.

  • Fernando_Silva disse: Novos estudos revelam que Igreja teria sido sempre contrária ao
    nazismo, mesmo quando silenciou

    Novos estudos revelam que Igreja teria sido sempre contrária à pedofilia, mesmo quando silenciou.
  • CameronCameron Membro
    edited março 2012 Vote Up0Vote Down
    Novos estudos (leia-se conversa mole de crente), revelam que a igreja cristã nunca apoiou a escravidão em toda a a sua história.

    Parece piada mas não é, trata-se do discurso recente de Craig e CIA.
    Post edited by Cameron on
    Come with me if you wanna live.
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Cameron disse: Novos estudos (leia-se conversa mole de crente), revelam que a igreja cristã nunca apoiou a escravidão em toda a a sua história.

    "Mais vale ser escravo no Brasil e salvar sua alma que ser livre na África e perdê-la" (Padre Vieira).
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