A vingança de Ruppert Murdoch!!!!!
A gravação com uma câmera oculta do tesoureiro do Partido Conservador, Peter Cruddas, na qual ele oferecia facilidades de acesso ao primeiro ministro e influência sobre o governo em troca de financiamento partidário, esteve a cargo de dois repórteres do Sunday Times, de propriedade de Ruppert Murdoch. Se o primeiro ministro David Cameron se distanciou do magnata australiano quando o escândalo das escutas telefônicas ficou quente demais, agora Murdoch devolve gentilezas. O artigo é de Marcelo Justo.
Marcelo Justo - De Londres
Londres - O novo escândalo da política britânica – troca de doações por favores – tem o aspecto de uma vingança de velhos aliados traídos. Em sua conta no Twitter, o magnata midiático da News International, Ruppert Murdoch, exigiu uma investigação independente do governo e do Partido Conservador “com claras consequências para reestabelecer a confiança”.
Não se trata de uma mensagem oportunista para vingar-se da Comissão Levenson instituída pela coalizão conservadora-liberal democrata para investigar as relações do grupo Murdoch, o mundo midiático e a política. A gravação com uma câmera oculta do agora ex-tesoureiro do Partido Conservador, Peter Cruddas, na qual ele oferecia facilidades de acesso ao primeiro ministro e influência sobre a política governamental em troca de financiamento partidário, esteve a cargo de dois repórteres do Sunday Times, de propriedade do magnata australiano. Se o primeiro ministro David Cameron se distanciou do grupo Murdoch quando o escândalo das escutas telefônicas do News of the World ficou quente demais, agora Murdoch devolve gentilezas.
Com este panorama de fundo, o primeiro ministro passou a manhã de segunda-feira decidindo o que fazer. Os trabalhistas exigiram a divulgação da lista de doadores que visitaram Downing Street (a residência oficial do primeiro ministro) desde que a coalizão conservadora-liberal democrata chegou ao governo em maio de 2010. Em um primeiro momento o gabinete do primeiro ministro reconheceu que havia doadores entre as pessoas que haviam visitado a residência oficial do mandatário, mas observou que seus nomes não seriam publicados porque se tratava de “um assunto privado”. Até o meio dia o rumo do filme mudou.
O primeiro ministro David Cameron aproveitou sua participação em um ato na Sociedade de Alzheimer do Reino Unido para anunciar que divulgaria o nome de todos os doadores que jantaram em Downing Street. “Nos dois anos de primeiro ministro houve três oportunidades nas quais doadores jantaram comigo. Além disso, houve uma janta logo após as eleições. Nenhuma destas jantas foi para obter doações, nem foram pagas com dinheiro do contribuinte. Hoje publicaremos seus detalhes”, disse o primeiro ministro.
A publicação da lista, à primeira vista, não trouxe grandes surpresas. Entre os visitantes aparecem o empresário David Rowland, que doou mais de 4 milhões de libras desde 2009, um empresário do setor petrolífero, Ian Taylor, um banqueiro, Henry Angest, ambos acompanhados por suas esposas. Na janta de celebração da vitória eleitoral, encontravam-se, entre outros, Lord Sainsbury, dono da cadeia de supermercados Sainsbury, e Murdoch Maclennan, executivo da empresa que edita o matutino conservador, Daily Telegraph.
Um olhar mais detido à lista de doadores do Partido Conservador traz um achado. O maior doador de 2011 não é outro do que Peter Cruddas, o ex-tesoureiro do partido que ofereceu aos supostos executivos de um suposto fundo de investimento com sede no paraíso fiscal de Litchenstein, “acesso ao primeiro ministro e ao seu ministro de Finanças”, se, em troca, doassem 250 mil libras ao partido. Seu caráter de principal doador dimensiona ainda mais a oferta que fazia aos supostos investidores: falava por experiência própria? Mas, além disso, revelou-se ontem que os conservadores receberam 250 mil libras de 76 doadores desde que David Cameron assumiu a liderança partidária em 2005.
Na Sociedade de Alzheimer, Cameron tentou recuperar a iniciativa oferecendo a todos os partidos um acordo imediato para proibir as doações superiores a 50 mil libras. A oferta continha uma armadilha para a oposição trabalhista. “Essa medida deve valer não só para os doadores individuais, mas também para os sindicatos”, assinalou o primeiro ministro. Os sindicatos representam mais de 91% do financiamento dos trabalhistas, ainda que, em nível individual, a máxima doação, no início de 2011, tinha sido uma de 10 mil libras feita ao partido pelo ex-chefe de imprensa de Tony Blair, Alistair Campbell.
No momento, a lupa está na relação do Partido Conservador com o mundo do dinheiro. A tormenta pelo orçamento anunciado na quarta-feira passada, que incluía uma redução do imposto para os mais ricos e uma redução de benefícios para os aposentados, foi um duro golpe para a coalizão que insistiu em que “todos estamos no mesmo barco nestes tempos de austeridade”. Na Câmara dos Comuns, o líder do trabalhismo, Ed Milliband, assinalou que o próprio ex-tesoureiro reconheceu que os doadores “teriam uma oportunidade de perguntar qual seria nossa política sobre a redução de impostos para os mais ricos”. Raposa velha, Ruppert Murdoch apontou nesta mesma direção. O editorial de um de seus jornais, The Sun, diz abertamente que “milhões de pessoas se perguntaram se Osborne baixou o limite tributário de 50 pence por libra depois de alguns almoços com doadores milionários”.
A dois meses das eleições de 2010, em fevereiro daquele ano, David Cameron denunciou o lobby político – uma política que investe cerca de dois bilhões de libras anuais – e se comprometeu a combater o problema. Estas palavras podem se converter agora em um bumerangue. O problema não é só de percepção pública. A polícia analisa o caso para determinar se inicia ou não uma investigação do Partido Conservador para saber se violou a lei. A lei estipula que as companhias estrangeiras não podem fazer doações aos partidos.
Na gravação com a câmera oculta, o ex-tesoureiro – que fez sua fortuna em uma empresa de apostas – disse aos supostos investidores de Liechtenstein que podia encobrir a origem da doação canalizando-a para alguma empresa britânica. Segundo o Sunday Times, não seria a primeira vez que o partido apelaria a esta engenharia para burlar a lei. A vingança (de Ruppert Murdoch) é um prato que se serve frio.
Tradução: Katarina Peixoto
Comentários
Cães de Guarda – Jornalistas e Censores, do AI5 à Constituição de 1988
Kushnir, Beatriz – Editora Boitempo, março de 2004.
- Beatriz Kushnir é mestre em História Social pela Universidade Federal Fluminense e doutora pela UNICAMP
Kushnir trata da correlação que havia entre os jornalistas e os censores. Uma relação tortuosa, onde, ora, jornalistas iam para aparato estatal, e censores iam para as redações.
Resumi ponto a ponto. Segue a analise com comentários meus. (Em itálico, citação do original).
1.) Pág 42 – Sobre a tese de Mino Carta de que não havia censura aos grandes jornais. A autora cita o censor do Estadão, uma de suas inúmeras entrevistas, e derruba o argumento utilizado principalmente pelo Estadão para sustentar que o jornal lutou pela democracia: “Para o censor Coriolano Loyola Cabral Fagundes , que atuou no Estadão na época, a tática de utilizar as receitas de bolo e os poemas era, na visão da censura, uma permissão ao jornal.”
2.) Pág 44 – A autora defende que a autocensura adotada pelos jornais, se não simpáticos ao regime, se tornaram historicamente ligados ao processo que nele resultou, foi o recurso predominante na época. Ela cita Bernardo Kucinski: “A autocensura determinou o padrão de controle de informação durante quinze anos de ditadura militar [...] A autocensura é a supressão intencional da verdade ou de parte pelo jornalista ou pela empresa jornalística, de forma a iludir o leitor ou privá-lo de dados relevantes. Trata-se de uma importante fraude [..] um crime intelectual.”
3.) Pág 49 – A autora reproduz trechos de uma circular de Sette Câmara para aplicar a autocensura no JB: “Em teoria há plana liberdade de expressão. Mas na prática o exercício dessa liberdade tem que ser pautado pelo bom senso e pela prudência [...] O JB teve uma parte importante na Revolução de 1964 e continua fiel ao ideário, que então pregou. Se alguém mudou foram os líderes da Revolução. [Nesse sentido] deverão sempre optar pela supressão de qualquer notícia que possa representar um risco para o jornal.”
4.) Pág 51 – A autora cita texto incrível de Jânio de Freitas na Folha, na semana em que se lembrava dos 30 anos do AI5. Ele diz: “Não seria possível ser contra o AI-5 sem ser contra o regime. E a imprensa , embora uma ou outra discordância eventual, mais do que aceitou o regime: foi uma arma essencial da ditadura.”
5.) Pág 189 – Walter Clark aparece como herói da autocensura na Globo. O Padrão Globo de Qualidade, assim como o memorando do JB que tinha o mesmo nome, veio para blindar a emissora de problemas com o Governo, da qual era aliada. Ele diz sem corar que contratou um censor profissional para revisar toda a programação.
“Não iria oferecer meu pescoço em holocausto, para ele [Dias Gomes] posar de campeão da liberdade. Contratei um ex-diretor do Departamento de Censura da Guanabara, Ottati, e o coloquei ali com a missão de ler tudo que ia para o ar, fazendo a censura mais rigorosa que era possível.”
6.) Pág 203 – Boris Casoy, editor-responsável pela Folha entre 77 e 84, revela a Kushnir que tinha uma relação “cordial” com seu censor, Richard Bloch. A relação se tornou quase de amizade: “Após deixar o Serviço de Censura, Bloch um dia ligou para Casoy, queria conhece-lo, saíram para almoçar”.
7.) Pag 214 – Kushnir cita a “Regra do Jogo”, livro de Claudio Abramo, onde o jornalista explica que é um equívoco da esquerda achar que é o Estado quem censura. Segundo Abramo, quem censura são os donos de jornal.
(A proposito, não deixe de ler editorial do Mino Carta desta semana: trata de Claudio Abramo)
8.) Pág 221 – A autora volta a citar “Regra do Jogo”, onde Abramo lamenta o dia em que foi parar na Folha: “ Às vezes, acho que ter ido para Folha foi um dos maiores erros que cometi na vida, pois ajudei muito o jornal e hoje sou marginalizado”.
9.)Pág 222 – Para fazer um contraponto a Abramo, Kushnir cita outro autor recorrente no livro, B. Kucinski, para quem Abramo se tornou um homem amargo, quase infeliz: “Abramo desperdiçou energia tentando inutilmente reeducar os donos da imprensa brasileira, fazer deles uma elite educada para um espaço público republicano e o compromisso social”.
10.) Pág 225 – Kushnir reproduz pensamento de Mino Carta sobre a demissão de Abramo, no episódio que envolveu artigo de Lourenço Diaféria. Abramo teria saído por exigência do Ministro da Guerra, Silvio Frota. Porém, dias depois, Frota caiu, como Mino havia previsto, em conversa com Otávio Frias. Mesmo depois da queda de Frota, Abramo não retornou à redação. Abramo diz em seu “A Regra do Jogo” que saiu porque ficou forte, e se ficou forte, eles, os donos, eliminam.
11.) Pág 229 – Kushnir explica em nota que Otávio Frias pai e filho, não quiseram dar entrevista.
12.) Pág 233 – A autora traz entrevista com o jornalista Carlos Brickmann que fala da fase sinistra da Folha da Tarde de 1967 a 1969. Ele explicita o caráter comercial da empreitada que servia para competir com o Jornal da Tarde, de Mino Carta. Brickmann deixa clara uma característica marcante de Frias, pai: “Naquela época, ele [Frias] disse na minha frente que, em primeiro lugar, ele era criador de pintos, em segundo, comerciante, em terceiro, industrial, em quarto, nada, em quinto, nada, em sexto, jornalista [...] O Jorge Miranda Jordão me contou numa conversa de bar que Frias o chamou para fazer um jornal de esquerda. Ele gostou da ideia e fez [...] Não era nada, exceto oportunismo mercadológico”.
13.) Pag 273. Kushnir cita o jornalista Antônio Carlos Fon, de “Tortura: a histórica da repressão política no Brasil”, onde o autor acusa a Folha da Tarde de usar suas caminhonetes para transportar presos do DOI-CODI. A autora mostra que carros da Folha foram queimados por militantes de esquerda entre 21/9/1971 à 25/10/1971, em represália. Fon ainda acusa a Folha de entregar a direção da Folha da Tarde aos agentes da repressão, que fizeram dele instrumento de propaganda e colaboração com os militares ligados à tortura.
14.) Pág 300. Sobre o justiçamento do empresário Henning Boilesen, da Ultra Gás, notório colaborador do regime. A autora traz entrevista com Ivan Seixas, militante do MRT, preso no dia 17 de abril de 1971, então com 17 anos, com seu pai, também militante. Ivan foi acusado de participar do assassinato do empresário. E conta que às 12h do dia 17, se encontrava dentro de uma viatura policial quando leu na Folha da Tarde a notícia da solução do caso Boilesen e do assassinato de seu pai. Ao retornar à OBAN ainda encontrou o pai vivo. Dias depois a profecia do jornal se cumpriria.
15.) Pág 318. O “Jornal de Maior Tiragem”, como ficou conhecida A Folha da Tarde. Sobre a trinca que passou a comandar o jornal em julho de 1969, o editor chefe Antônio Aggio Jr, Secretário Geral Horley Antônio Destro e o Chefe de Reportagem Carlos Dias Torres. A autora usa entrevista que fez com Ítalo Tronca, jornalista remanescente da redação progressista da Folha da Tarde: “Ele [Aggio] trazia para dentro da redação um estojo que parecia um violão. Não sabíamos o que era. Mas ele gostava de exibi-lo na sua sala: uma carabina turca.
Nós não sabíamos de onde vinha essa gente [Aggio, Horley e Torres]. O Horley vinha armado de uma automática. Torres era relações-públicas do IV Comar e fazia um gênero amigo. Os outros dois eram acintosamente policiais”.
16.) Pág 320. Kushnir lembra que nos aniversários do jornal, comemorados sempre no dia 1º de julho com um almoço na sede, os donos do jornal se reuniam com expoentes da ditadura. Como o coronel Lepiane que o jornal considerava “um dos mais respeitados e estimados oficias do Estado Maior [...] um dos principais integrantes das Forças Armadas que acorreram ao chamado do povo , em 1964[...]”. É o que disse texto do jornal sobre a posse do militar na superintendência da PF de São Paulo, isso já em 1974.
17.) Pág 322. Boris revela textualmente em entrevista que “o jornal (Folha) decidiu não enfrentar o regime. Fez autocensura”.
18.) Pág 323. Tonico Ferreira conta em entrevista que havia ameaças de bomba na redação. E que os funcionários jamais eram avisados, nunca foram retirados do local. Diz ainda, assim como Ítalo Tronca, que era normal ver armas na mesa dos diretores.
19.) Pág 324. O decálogo de nove pontos. Além de tudo eram geniais os diretores da Folha da Tarde. Seguiam nove normas que formavam o decálogo do jornal:
I- Desarticular as agressões alienígenas e suas alianças.
II- Conter a corrupção em todas as suas formas.
III- Combater a desordem econômica.
IV- Incentivar o desenvolvimento.
V-Apoiar a livre iniciativa.
VI- Manter a paz social.
VII- Valorizar o homem brasileiro.
VIII- Fortalecer a segurança nacional.
IX- Assegurar o prestígio internacional do país, como um jornal a serviço do povo
20.) Pág 327. Com base em entrevista de Carlos Antônio Guimarães Sequeira, ex-agente do DOPS e editor de internacional da Folha da Tarde, Kushnir relaciona os policiais que ocupavam altos postos na redação. Aggio tinha um cargo administrativo na Polícia; o coronel da PM Edson Correia era repórter de geral; o delegado Antônio Bim esteve por algum tempo no jornal. O chefe de reportagem Carlos Dias Torres era investigador de polícia.
21.) Pág 332. Otávio Frias assina o único editorial de sua vida para repudiar a ação contra as caminhonetes da empresa. Nesse texto ele reafirma cada linha do que diziam seus jornais: o alinhamento com a ideologia do regime militar.
22.) Pág 337. Mino Carta explica o verdadeiro motivo do afastamento de Abramo já que Frota, seu suposto carrasco, caiu dias depois de seu afastamento. Para Carta, Abramo tinha convicções fortes, e ocupava um posto que pertencia ao “herdeiro natural”. Mino é enfático: “Otavinho talvez sofra, em um silêncio que não concede sorrisos de Gioconda, a sua condição de diretor por direito divino. Sempre lhe faltará a certeza de que foi para o trono por mérito próprio, e não por ser filho do patrão. O Projeto Folha valeria, assim, para demonstrar que ele está no lugar certo – quer dizer, serviria para minorar a culpa”.
23.) Pág 339. Sobre o “”Projeto Folha”, o jornalista Carlos Carlos Eduardo Lins e Silva diz: “O projeto é uma ‘ideologia jornalística’ criada para dar legitimidade a um grupo jovem, inexperiente e sem o carisma que muitos chefes de redação tinham na imprensa brasileira.” Para Mino, o Projeto é a submissão do jornal ao marketing, um jornal feito para vender.
24) Pag 349. Por fim a autora cita Francisco Weffort, que: “A tradição liberal gosta de definir os partidos como partidos de opinião. E que dizer da tradição da imprensa moderna senão enraizada, também no prestigio da opinião? Se os partidos são de opinião e os jornais também são de opinião, nada surpreendente se estes ás vezes se comportarem como aqueles.”
Ou, como diria a Judith Brito, da ANJ: o PiG (*) é a verdadeira oposição.
Autor:
Luis Nassif
A revelação das ligações do senador Demóstenes Torres com o bicheiro Carlinhos Cachoeira lança uma sombra de suspeita sobre o procurador geral Roberto Gurgel.
Demóstenes foi elemento central na recondução de Gurgel ao cargo de Procurador Geral, desempenhando papel bastante conhecido em assembléias de acionistas.
Nessas assembléias há um estratagema corporativo que consiste em canalizar as insatisfações dos minoritários para um deles. O sujeito esbraveja, fala alto e torna-se o líder da resistência contra os controladores. Depois, à medida em que a AGE avança, ele cede rapidamente aos argumentos dos controladores, esvaziando a reação dos demais.
Demóstenes desempenhou esse papel no processo de recondução de Gurgel ao cargo de Procurador Geral.
Primeiro esbravejou, exigindo de Gurgel a abertura de processo contra Antonio Palocci, ameaçando não votar a favor da sua recondução ao cargo. Depois, recuou, disse que, infelizmente, as alegações de Gurgel - de que não havia nenhum elemento que comprovasse origem ilícita dos recursos de Palocci - eram corretas e só lhe restava acatar a lei.
Independentemente do mérito dos argumentos de Gurgel, os movimentos iniciais de Demóstenes lhe conferiram o papel de líder dos minoritários; e seu convencimento final matou toda a reação contra a indicação do Procurador Geral.
Poderia ser apenas um caso de um Senador procurador reconhecendo o mérito da alegação de outro, não fosse a circunstância de que Gurgel há dois anos estava sentado em cima de um inquérito que denunciava as ligações espúrias de Demóstenes com Cachoeira.
Demóstenes só chegou a essa posição de destaque no Senado, a ponto de ser figura chave na aprovação do Procurador Geral, graças à cobertura que recebia da revista Veja - que, por sua vez, se associou ao bicheiro Carlinhos Cachoeira em diversas denúncias. E foi graças a essa posição de destaque que Demóstenes tornou-se suspeito da mais grave armação contra as instituições desde o Plano Cohen: a farsa do grampo sem áudio.
É importante entender que essa promiscuidade mídia-político-criminoso - que não é generalizada na velha mídia, mas específica da revista Veja - não é apenas um caso de exorbitância jornalística: é algo que ameaça a própria normalidade institucional do país, abrindo espaço inédito para que o crime organizado ascenda aos mais altos escalões da República, constrangendo autoridades diversas. No caso Daniel Dantas, a revista fuzilou reputação de Ministro do STJ que havia confirmado uma liminar contra o banqueiro.
Até agora, apenas alguns blogs, isoladamente, têm atuado como contrapeso a esse poder avassalador de um jornalismo sem limites. Mas somos vítimas de uma judicialização da discussão - com torrentes de ações desabando sobre nós. Em nome de uma visão equivocada sobre os limites da liberdade de imprensa, o Judiciário é condescendente. Quando age, sempre é com enorme atraso, devido aos problemas processuais conhecidos. Os demais veículos se calam antes os abusos da Veja.
Gurgel terá que provar, daqui para diante, sua independência - e não propriamente em relação ao Executivo. E os poderes públicos - especialmente o Judiciário - terão que acordar para a realidade de que, hoje em dia, são reféns da escandalização praticada pelo mau jornalismo. E que a melhor maneira de defender a liberdade de imprensa é expurgar as práticas criminosas que se escondem debaixo do seu manto.
A outra opção era ser preso e ter o jornal fechado.
Não me parece que esses críticos tenham botado a boca no trombone na época.
UGA BUGA! PT BOM. IMPRENSA RUIM.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Abençoada mania de procurar a fonte do texto antes de ler.
Não que eu leia muita coisa que o carlo posta...
Só uma pergunta, existe a versão UNGA BUNGA ou é só erro ortográfico? :P
UGA BUGA é a versão canônica.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!