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As penas alugadas ao petismo e a máquina de demolir reputações
O leitor que se quer bem-informado deve estar atônito com a lama que escorre no entorno da CPI do Cachoeira. A imprensa brasileira — aí compreendidas todas as publicações, nos veículos formais e também na internet — parece ter sido tomada por escribas ora a serviço da quadrilha do bicheiro Cachoeira, ora a serviço da quadrilha do mensaleiro Zé Dirceu. A disputa nas várias mídias parece ser em torno de quem representa melhor os interesses espúrios das hordas de bandidos que se acercaram do Poder.
O grande esforço da BESTA (Blogosfera Estatal), neste momento, é para comprovar que a Revista Veja, na pessoa de seu editor Policarpo Jr., estava a serviço do submundo da espionagem e à disposição da interface parlamentar da organização, capitaneada pelo ainda senador Demóstenes Torres.
Do outro lado, jornalistas de grandes veículos e blogues a eles vinculados (chamados de PIG pela BESTA) tentam desmontar o jogo de manipulação de colegas regiamente pagos — e isso é inquestionável — pelo dinheiro público para mover uma campanha de desmonte da “velha mídia”, ou do jornalismo formal, como queiram.
Em meio a essa confusão, surgem outros atores, que passam a duelar publicamente, difundindo informações que põe em xeque a lisura das apurações e das intenções de seus contendores. Na contradita, os injuriados do outro lado apresentam argumentos de que seus novos desafetos estão igualmente comprometidos com uma ou outra vertente derivada do problema. E isso faz com que todos os jornalsitas pareçam iguais aos olhos do público, o que não é verdade.
Vou tratar aqui do caso Policarpo. Há cerca de um mês o editor de Veja em Brasília está sob fogo cerrado. Primeiro, falava-se que ele tinha trocado cerca de 200 telefonemas com os arapongas de Carlinhos Cachoeira. Se não serviu para condená-lo definitivamente, a quantidade de conversas apresentadas o incriminava de maneira contundente. Nada, além de suposições perniciosas, demonstrava que havia algo errado na relação entre o jornalista e suas fontes.
Quando a íntegra do inquérito contra Demóstenes vazou, uma vez mais não havia ali qualquer indício de anomalia nessas relações. O que ficou comprovado, entao, foi que Policarpo recebeu informações dos arapongas de cachoeira e as utilizou em benefício do interesse público. Foi assim com a cena da propina paga a um dirigente dos Correios que despertou a fúria de Roberto Jefferson, e que serviu para desbaratar a quadrilha dos mensaleiros arregimentada por José Dirceu. Foi assim mais tarde, quando se descobriu que o “chefe da quadrilha” havia transformado a suíte de um hotel de Brasília em gabinete do governo paralelo que, sob Lula, o mesmo Dirceu continuava comandando.
A esta altura, sabe-se que os arapongas de Cachoeira comentavam em suas conversas pornográficas os resultados que esperavam advir da publicação do material que haviam fornecido ao jornalista. Isso, nem de longe, leva a qualquer indício de atrelamento entre o repórter e o esquema que os inimigos da liberdade de imprensa pretendem implodir. Apesar disso, a BESTA continua tentando colecionar elementos que possam referendar sua teoria conspiratória com recortes das gravações vazadas do inquérito da PF.
Ao mesmo tempo, o que se pode comprovar é que o time que ataca o jornalismo formal — ele mesmo composto por jornalistas que perderam espaço da grande imprensa e ocupam hoje posições terciárias em veículos aparelhados pelo pior do petismo — está claramente comprometido com um lado do problema.
E os interesses podem ser vistos a olhos nus, sem a necessidade de lentes ideológicas ou doutrinárias. É o caso notório do chefe da claque da BESTA na internet, Paulo Henrique Amorim, cujo discurso paranoico é financiado por empresas estatais como o Banco do Brasil, a CEF e a PETROBRAS. A respeito disso, o Blog do Pannunzio descobriu que, só em contratos firmados com a CEF, o governo Tarso Genro e os Correios, Paulo Henrique Amorim se transformou num gênio financeiro da “nova mídia”, com faturamento de quase R$ 1 milhão desde o ano passado. As informações foram confirmadas por fontes oficiais e não houve nenhuma contestação ou desmentido.
O trabalho a que se propõem os arautos do fim do jornalismo, no entanto, não se limita ao ataque institucional. Para demolir a Imprensa, é preciso dinamitar reputações. É a isso que se dedicam com muito afinco os atores secundários do esquema da BESTA nesse dias de conturbação absoluta.
A investida não constitui propriamente uma novidade. O método é o mesmo de 2009, quando a organização que chamo de BESTA criou seu know-how de injuriar em série. A estratégia consiste em repercutir ao máximo “informações reveladoras” que um dos militantes “descobre” invariavelmente na internet, em investigações pífias e cheias de problemas éticos, até que o assunto “denunciado”se transforme em “verdade absoluta” e, em seguida, em fato político. É sempre assim, não importando se o objeto da denúncia é ou não verdadeiro — ou quiça verossímil.
Uma das primeiras vítimas do esquema dos detratores profissionais da BESTA foi o jornalista Heraldo Pereira. Em maio de 2009, ele ocupou a posição em que hoje está Policarpo Jr. A história vem sendo contanda por este blog desde então. Sinteticamente, Heraldo foi acusado de trabalhar para o então presidente do STF, Gilmar Mendes, que era a quem se pretendia atingir. As “provas”contra ele foram coletadas pelo site Cloaca News, organizadas em formato de reportagem por Luis Carlos Azenha e, na sequência, passaram a servir como munição para Paulo Henrique Amorim atacá-lo até a insanidade das injúrias raciais, que já lhe custaram uma indenização de R$ 30 mil e um recalcitrante pedido de desculpas publicado em dois grandes jornais brasileiros.
Para construir a série de injúrias, a BESTA ignorou pressupostos elementares do Código de Ética dos jornalistas, como ouvir o outro lado. Isso apesar de Heraldo ter sido muito próximo de um de seus detratores — foi ele quem indicou Azenha para a Rede Manchete, onde consolidou sua carreira. A história é contada pelo próprio Azenha, em julho de 2010, conforme o trecho que reproduzo abaixo:
Um dia, estudante em São Paulo e desempregado, passei pela entrada do Hospital das Clínicas, onde Tancredo Neves estava moribundo, e encontrei o Heraldo Pereira, então repórter da TV Manchete, que me disse que a emissora tinha vaga para repórter (àquela altura eu já tinha quatro anos de experiência em TV, o que incluia longos meses cobrindo férias na Globo de São Paulo, com muitas reportagens em jornais de rede e algumas no Jornal Nacional).
Fui contratado.
Vinte e cinco anos depois, nem a gratidão motivou Azenha a cumprir o dever ético de ouvir o outro lado antes de condenar o colega. Em seu blog, depois de apresentar como verdades as denúncias falsas dos outros blogues coligados à BESTA, Azenha escreveu o seguinte:
“Tendo em vista que Gilmar Mendes teve participação direta e decisiva na polêmica que levou ao afastamento de Paulo Lacerda da ABIN, você considera que Heraldo Pereira deveria ter revelado que é funcionário de Gilmar antes ou depois do comentário que fez a respeito de Lacerda no Jornal da Globo?”
Aí está a soma de mentiras rematadas transformada em verdade absoluta pelos inimigos da imprensa livre. O post sumiu do site de Azenha, mas ainda pode ser lido no webarchive.org. O link está aqui. As aleivosias jamais foram objeto de um desmentido. Heraldo suportou um período terrível de provações até conseguir a primeira reparação — a sentença que obrigou PHA a se retratar e a indenizá-lo. E ainda aguarda a condenação do editor do Conversa Afiada por crime de racismo, que deve acontecer antes do recesso forense.
Hoje, é Policarpo Jr. quem está no alvo das penas alugadas da BESTA. Contra ele erguem-se suspeitas infundadas construídas sobre falaciosos recortes da investigação. Até agora, no entanto, não há uma evidência sequer de que o editor de Veja tenha oferecido qualquer contrapartida a suas fontes, muito menos que tenha de alguma forma auferido qualquer tipo de vantagem pessoal a partir das relações com o submundo da espionagem de Cachoeira.
Para quem prometia revelações bombásticas nos “200 telefonemas”, o resultado do frenético CTRL-C/CTRL-V nos inquéritos vazados é pífio. Onde estão os elementos que levam à suposição de que Veja planejava golpear o governo Lula ? Onde estão as provas de que Policarpo era parte do esquema Cachoeira, como muitas vezes a BESTA tem sugerido e afirmado em suas copiosas páginas de aleivosias ? Simplesmente não há.
Em compensação, repito, há evidências de sobra de que a Blogosfera Estatal acumula privilégios e vantagens no acesso aos cofres da União e seus prepostos. Vantagens checadas e confirmadas por fontes limpas, que não foram nem serão objeto de contestação porque simplesmente não podem ser contestadas. Ao contrário dos sofismas da BESTA, as informações sobre o comprometimento dos escribas a mando de José Dirceu são verdadeiras e cristalinas.
Ao leitor, antes de entrar em desespero com tantas versões antagônicas sobre os mesmos fatos políticos, recomendo que façam uma triagem dessas fontes de informação. Antes de elaborar juízos de valor a partir do que se escreve, é preciso saber quem escreve e com que propósitos escreve.
Só assim será possível separar o joio da imprensa de aluguel do trigo da informação genuína.
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Comentários
Basta ler tantas declarações de petistas e simpatizantes quantas aguentar e verá em todas o exato mesmo discurso panfletário anti-PIG.
Que todos fossem contra, vá lá. Que falem exatamente as mesmas coisas com as mesmas palavras demonstra o efeito manada ideológico que esta gente segue.
Fato 1: A imprensa brasileira não é nenhuma maravilha.
Fato 2: Por pior que seja, se vigia o poder estatal e inibe corrupção e abusos de poder está ótimo, seja lá quais forem os interesses da tal mídia ao fazer isto;
Fato 3: Se pisam mais no calo do PT que de outros partidos melhor, pois é o partido que está no poder e se pisa menos do que devia no calo de outros partidos então precisamos de mais imprensa livre, não menos, como o PT quer;
Fato 4: Ai de nós se o PT realiza seu plano de suprimir a liberdade de imprensa.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Os PTelhos malham a Veja faz algum tempo; não gosto da revista, que está cheia de publicidade e é pra lá de parcial. MAS é o preço de uma imprensa livre! Às vezes, ela acerta, como no escândalo Fernando Collor... perguntar não ofende: por que a imprensa podia investigar as falcatruas do governo, quanto o PT era oposição, mas não pode fazer o mesmo quando o PT é governo? É por essas e outras razões que NÃO voto no PT.
Onde houver fé, levarei a dúvida!
Pelo contrário, quanto mais anunciantes, mais independente ela se torna.
Ao contrário de certas revistas, que tem sua renda somente (ou em maioria) de fontes estatais e que portanto, não passa de um folheto de propaganda governamental não oficializado.
Pagas com os impostos do contribuinte para fazer propaganda, puxar o saco e defender o governo, não importando a verdade ou quão imoral ou errado possa ser as ações do seu financiador.
Prefiro ler revista parcial que pago somente pela edição que compro, e que tem chance de ter meia verdade em meio parcialidade dela, do que pagar a cada imposto meu revistas parciais ou imparciais que só falam aquilo que querem que eu ache que é verdade.
- “É isto que dá ao comunismo seu peculiar caráter fanático. Tem sido observado que se trata de uma religião secular (ou de uma fé?) que tem seu céu e seu inferno, seus eleitos e seus malditos, seus livros sagrados e os ungidos que podem interpretá-los. De qualquer maneira, o comunismo é um remanescente das seitas religiosas da Idade Média”. Carew Hunt (A Guide to Communist Jargon).