Tipos Cariocas
(De Os Diários de um Índio Viajante - I)
Por Acauan
1. Ascensoristas
A última vez que vi um ascensorista em São Paulo ele usava calças boca de sino e estava trajado na última moda.
Ao reencontrar no Rio espécimes vivos desta profissão presumidamente extinta tive impulsos de fotografar e encaminhar a descoberta aos museus antropológicos.
Entro no elevador de um prédio moderno que abriga um Centro de Convenções com vista para a Baía.
Uma senhora uniformizada posicionada no canto deixa claro que não devo selecionar meu andar apertando o botão com seu respectivo número. Preciso cumprir o protocolo de cumprimentar, solicitar, agradecer e despedir. Seria mais fácil e rápido apertar o botão.
A cena se repete algumas vezes.
Na última, sou o único passageiro. De repente o silêncio protocolar entre a solicitação e o agradecimento é rompido quando a ascensorista começa a entoar entusiasmadamente um hino evangélico em alto e não tão bom som.
O trajeto vertical de dezoito andares se torna terrivelmente longo.
Cogito se o recital Gospel foi motivado por intervenção do Espírito Santo ou se porque aparento apreciar este tipo de espetáculo. Espero que tenha sido por intervenção do Espírito Santo. Em um Hotel do Centro do Rio que viveu seus tempos de glória em outra era, o ascensorista ostentando um modelo de uniforme dos anos trinta comanda um elevador aparentemente fabricado décadas antes.
A cena sugere um paradoxo temporal.
Visto por um aspecto o ascensorista e seus botões brilhantes conduzem um equipamento acionado por alavanca e cujas portas e grade são abertas e fechadas manualmente. E cada vez que ele abria a porta eu ficava na expectativa se Johnny Alf ou Dick Farney entrariam por ela.
Visto por outro, a alavanca de comando, os ruídos do sistema mecânico e as luzes dos andares piscando através da grade lembravam o turbolift da USS Enterprise.
2. Suburbanos
A população do Rio se divide em quatro nações: Zona Sul, Zona Norte, Morros e Subúrbio. Dizem que existe uma Zona Oeste, mas acredito que seja lenda urbana
As nações falam o mesmo idioma com diferentes dialetos e sotaques, distinguindo-se uma das outras pela localização geográfica e comportamento.
O território neutro é a praia, que as quatro nações dividem democraticamente, com variados graus de apreciação desta democracia.
Fora da areia vivem um tipo de Paz Armada na qual as quatro nações se hostilizam entre si e o único consenso é que as populações da Zona Sul, Zona Norte e Morros não gostam dos suburbanos.
Tentei ouvir a versão de um suburbano, mas no Rio ninguém admite sê-lo.
Voltando de Bonsucesso (um lugar que deveria ser uma lenda urbana, mas infelizmente não é) o taxista me tira uma dúvida histórica sobre quem seriam e onde viveriam os tais suburbanos. Explicou alguma coisa a ver com as linhas de trens.
Não sei se entendi bem como os trilhos definem um padrão sócio-cultural que sucinta tanta rejeição, mas talvez certos aspectos do Rio sejam incompreensíveis para os paulistas.
3. O Garçom
Um tipo que Rio e São Paulo têm em comum é o Garçom à Moda Antiga.
O Garçom à Moda Antiga não é uma pessoa. É uma instituição.
Esta nobre estirpe pode ser identificada pelo paletó branco com gravata borboleta, a postura impecavelmente ereta, a elegância dos movimentos e gestos e a cortesia hospitaleira.
Sou recebido e servido por um destes em um restaurante sem credenciais do Centro.
Comer fora de casa espeta nosso inconsciente coletivo e nos retorna àqueles medos tribais de que enquanto comemos estamos desatentos e indefesos perante sabe-se lá quais ameaças que nos espreitam da floresta ou pela vidraça. A fina arte do Garçom à Moda Antiga é a de nos fazer sentir em casa durante a refeição, acalmando nossos antigos instintos tribais, que no meu caso em particular nem são tão antigos assim.
Observo o Garçom que me atende enquanto leva um prato com uma refeição quente para o guardador de carros que marca ponto na rua sem saída onde fica o restaurante. O homem que pede para olhar carros sob a chuva fina e fria da noite na esperança de receber trocados tem seu jantar grátis servido pelo Garçom à Moda Antiga com a mesma cortesia dirigida aos clientes pagantes, acompanhado de uma rápida conversa, atenciosa e amistosa.
Como disse, uma nobre estirpe.
4. Taxistas
Taxistas... Um deles foi o que me correlacionou suburbanos e trens.
Não lembro se antes ou depois de me contar que era graduado, pós-graduado, falava duas línguas e se sentia plenamente realizado – espiritual e financeiramente – sendo motorista de táxi.
Até aí tudo bem, seria uma parte da vida dele até interessante de se saber.
O problema é que no caminho ficamos retidos no congestionamento e ele me contou todas as partes restantes da vida dele. Exagero meu. Ele não falou sobre o período do zero aos três anos, do qual pouco se lembra.
Como não bastasse me pôr de posse de material suficiente para que eu escrevesse sua biografia autorizada, nos lentos e longos quilômetros que separam Bonsucesso (aquele) do hotel (o do elevador velho) meu condutor me ilumina com sua visão de mundo, o que incluiu teoria moral, teoria política, solução para os problemas brasileiros – todos -, análise autocrítica sobre os motoristas de táxi do Rio, entendendoo-se por análise autocrítica uma explanação sobre os outros motoristas não serem tão honestos quanto ele próprio e..., claro, seus sucessos românticos e sexuais, que culminaram em uma narrativa sobre como conquistou uma linda prostituta tratando-a como se não o fosse.
Respondo com frases cientificamente escolhidas, cujo principal conteúdo é a sugestão subliminar e neurolinguistica de que ele parasse de falar.
Nesta instrutiva viagem aprendi que Neurolinguística não serve prá porra nenhuma. Outro taxista.
Vem me pegar no hotel. Ainda traumatizado pela corrida veicular e verbal da noite anterior, eu o cumprimento e me preparo para acrescentar a vida e as brilhantes ideias dele ao arquivo da memória onde jazem as de seu colega.
Ele responde ao bom dia com um quase imperceptível aceno de cabeça.
Um inesperado e sepulcral silêncio nos acompanha por toda a viagem.
Dou uma rápida examinada no motorista, que se parece muito com o Sargento Garcia em dia de depressão profunda.
A certa altura a combinação de atitude misteriosa e aparência denunciante me faz temer que aquele fosse um falso taxista, que estaria me sequestrando com objetivo de me usar como escudo humano contra os Minutemen em sua tentativa de cruzar ilegalmente o Rio Grande rumo a El Paso.
Mas ele me deixa em Bonsucesso, tão sinistramente calado quanto me recebeu. E depois deve ter seguido para a fronteira do México.
5. O Guardador de Carros
Aquele do restaurante sem credenciais onde trabalha o Garçom à Moda Antiga.
O sujeito é baixinho, de meia idade e passaria despercebido não fosse sua tintura de cabelo loiro-alaranjado anunciar sua presença de modo impossível de ignorar.
Ele vai e volta pela calçada em frente ao restaurante, mantendo uma expressão preocupada e um olhar vigilante sobre carros cujos donos estão sentados a poucos metros e podem enxergá-los pela vidraça.
Usa uma daquelas capas plásticas vendidas em estádios para se proteger da chuva – aquela fria e fina, que eu devo ter trazido de São Paulo para o Rio por algum engano.
Quando o Garçom lhe traz a comida o Guardador conta a ele sobre suas filhas. Diz que estão muito bem de vida, que moram em casões e que ficava com vergonha diante delas.
O Garçom pergunta sobre a vergonha, com um tom de voz que não expressava censura ou julgamento.
A conversa é interrompida por um cliente de saída, que dá um dinheiro maior que o esperado ao Guardador, acompanhado de comentários lançados em tom de brincadeira sobre ele não merecer aquele dinheiro, seguidos de recomendações para que cortasse o cabelo, parasse de pintá-lo e arranjasse emprego.
Endosso a sugestão para que abandonasse aquela cor capilar. As demais me pareceram grosseiramente desnecessárias. Percebo que a nota recebida custou mais caro ao Guardador do que o esforço para se fingir vigilante.
Fico sem saber se as filhas ricas eram reais ou uma daquelas fantasias que pessoas nesta condição acreditam que as farão ser vistas com algum respeito. Ou que caminhos da vida o levaram àquele beco.
Do meu ponto de vista, se parasse de chover a vida do Guardador já melhoraria.
Fiz minha parte voltando para São Paulo no dia seguinte.
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Acauan dos Tupis
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Acauan disse:O território neutro é a praia, que as quatro nações dividem democraticamente, com variados graus de apreciação desta democracia.
Fora da areia vivem um tipo de Paz Armada na qual as quatro nações se hostilizam entre si e o único consenso é que as populações da Zona Sul, Zona Norte e Morros não gostam dos suburbanos.
Uma moradora de Ipanema disse que, no fim de semana, ia à praia bem cedo e saía assim que ouvia o primeiro grito de "Wandikleison, segura a mão da Shayenne!".
Acauan disse: Taxistas... Um deles foi o que me correlacionou suburbanos e trens.
Não lembro se antes ou depois de me contar que era graduado, pós-graduado, falava duas línguas e se sentia plenamente realizado – espiritual e financeiramente – sendo motorista de táxi.
Houve uma época, não tão distante, em que grande parte dos taxistas do Rio tinha diploma superior: médicos, advogados, engenheiros, todos desempregados.
Hoje, um dos grandes problemas é ter que aturar o rádio numa emissora evangélica ou tocando funk.
Acauan disse: Dizem que existe uma Zona Oeste, mas acredito que seja lenda urbana
A Zona Oeste é uma região ainda meio rural e despovoada da cidade, que só agora está crescendo devido à construção de vias de acesso.
Acauan disse: Voltando de Bonsucesso (um lugar que deveria ser uma lenda urbana, mas infelizmente não é) o taxista me tira uma dúvida histórica sobre quem seriam e onde viveriam os tais suburbanos. Explicou alguma coisa a ver com as linhas de trens.
Bonsucesso, do meu ponto de vista, não é subúrbio, apenas um bairro um pouco afastado, já que hoje eu trabalho muito mais longe e lembro dele como local civilizado.
Quanto às linhas de trem, não posso confirmar, mas tenho a impressão de que os bairros cresceram em torno das estações, ao longo das linhas que vão do centro para fora.
Não tenho este tipo de lembrança de S.Paulo. O que ficou na memória foram dois hotéis, um numa transversal da Paulista, cujo nome esqueci e que era vagabundérrimo. O cara que nos levou ao quarto borrifou inseticida debaixo das cobertas e deixou a lata.
Houve um outro que me foi recomendado pela taxista, já que eu tinha chegado de madrugada na rodoviária, vindo lá das nascentes do Tietê (tinha até peixe!). Ela me deixou, desceu e foi pegar a comissão dela na recepção. E cada um me chamava no canto e informava que tinha um esquema para levar mulheres no quarto: o cara da recepção, o carregador de malas, o garçon do restaurante etc. Ganhei um vale para um drink de graça e fiquei observando os hóspedes chegarem com as 'contratadas', mas preferi não utilizar os 'serviços'.
Aliás, lembrei de um taxista já com uma certa idade que me contou a história da vida dele e me disse que tinha se aposentado, mas não aguentou ficar em casa porque a mulher vivia lhe pedindo para consertar isto e carregar aquilo, portanto ele voltou para o táxi. Tinha raiva de nordestinos e motoboys.
Acauan disse: Cogito se o recital Gospel foi motivado por intervenção do Espírito Santo ou se porque aparento apreciar este tipo de espetáculo. Espero que tenha sido por intervenção do Espírito Santo.
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Acauan disse: Nesta instrutiva viagem aprendi que Neurolinguística não serve prá porra nenhuma.
Fernando_Silva disse: Bonsucesso, do meu ponto de vista, não é subúrbio, apenas um bairro um pouco afastado, já que hoje eu trabalho muito mais longe e lembro dele como local civilizado.
Guarulhos, na Grande São Paulo, também tem um bairro chamado Bonsucesso, muito parecido com o homônimo carioca.
Os dois compartilham a proximidade com o aeroporto internacional, serem cortados por uma via de grande movimento, a paisagem desoladora dos galpões à beira da estrada e a ironia do nome.
Acauan dos Tupis
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Quando os italianos chegaram à cidade eram chamados de carcamanos e considerados colonos ignorantes e grosseiros pela classe média paulistana, composta de comerciantes e profissionais liberais.
Depois a italianada melhorou de vida e passou a considerar os nordestinos recém chegados como sertanejos ignorantes e grosseiros.
Os nordestinos tão melhorando de vida e logo, logo vão considerar os bolivianos imigrantes, recém chegados à cidade, como mascadores de coca ignorantes e grosseiros.
No fim, com o tempo todo mundo se dá bem aqui e passa a ter raiva de quem ainda não chegou lá.
Raiva de motoboy é autoexplicativa.
Acauan dos Tupis
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Acauan, EXCELENTE texto! Adoro este estilo... fagueiro.
Foi muito interessante para pensar em sobre como as coisas mudam, permanecem ou ainda um misto de tudo um pouco.
Sobre táxis: faz já bastante tempo que tenho percebido um comportamento dos taxistas aqui quanto a puxar papo e contar aventuras e desventuras. São raríssimos os que o fazem.A maioria faz um outro comentário trivial ou então permanecem calados.
Quanto à música, a grande maioria mantêm seus instrumentos tocadores desligados. Dos que os ligam,tenho observado uma ou outra rádio de bom gosto, tocando pop rock e já peguei um distinto que ouvia música erudita. Mas todos os que ouvem alguma coisa, ouvem em volume muito discreto.
Sobre elevadores e ascensoristas: que eu saiba, a Prefeitura de Porto Alegre conta com ascensoristas desde sempre. Mas os elevadores não são mais de manivela. Aliás, nunca mais vi destes. O que se vê no centrão em alguns prédios muito antigos é a troca da "cápsula" por outras mais modernas e a permanência daqueles módulos ou portas externos bem antigos, tipo jaula de ferro, cheios de trabalhos artísticos. Eu acho até bonito o contraste.
Ascensorista costumo ver nas lojas da rede de supermercados que frequento. É bom porque organizam a entrada de carrinhos de todas as espécies,incluindo os de bebês.Mas a tendência agora são os prédios com elevadores inteligentes. A gente nem aperta botão algum. Um recepcionista pergunta os andares em que você vai e lhe fornece um cartão codificado. Você insere o cartão e o elevador leva você direto e reto.
Garçons: muitos restaurantes ainda mantêm a figura do garçom tradicional de gravatinha borboleta e guardanapo no braço, para dar um ar antiguinho ao local. Geralmente são aquelas figuras tarimbadas que estão no mesmo local há décadas e conhecem os habituês.
Acauan disse:Guarulhos, na Grande São Paulo, também tem um bairro chamado Bonsucesso, muito parecido com o homônimo carioca.
Os dois compartilham a proximidade com o aeroporto internacional, serem cortados por uma via de grande movimento, a paisagem desoladora dos galpões à beira da estrada e a ironia do nome.
Esta é a parte mais feia de Bonsucesso, sua periferia. A parte de dentro tem um visual melhor.
Bonsucesso nao e tao ruim, mas ta cercado de favelas bem escrotas.
Quanto aos taxistas. Voce ate deu sorte. Alguns taxistas sao proxenetas e tentam prospectar clientes para suas prostitutas entre seus passageiros. Se voce pega taxi sozinho saindo do aeroporto provavelmente vai cair num desses.
ufka_Cabecao disse: Alguns taxistas sao proxenetas e tentam prospectar clientes para suas prostitutas entre seus passageiros. Se voce pega taxi sozinho saindo do aeroporto provavelmente vai cair num desses.
Isto nunca me aconteceu. Talvez se eu pegasse um táxi pirata, desses que também existem em Congonhas / S.Paulo, mas eu costumo pegar os legalizados.
Passei uma semana em Copacabana. Fui no show do Paul Mccartney no Engenhão.
Achei os cariocas muito vagabundos e cheios de malandragem. Dai devem ter tirado a imagem do Brasil no exterior.
Fiquei num hotel que não era dos piores e, sempre que ia na recepção solicitar alguma coisa, a resposta era sempre "doixxx minutinhos". Poxa! e fosse um minutinho ao menos. Detalhe era que o cabra não tava fazendo nada e os dois minutinhos deviam servir para ligar o tico e teco. E sempre passava dos dois minutos.
Outra cena absurda foi num restaurante que servia churrasco. Uma fila enorme para chegar na carne e, quando cheguei lá, vi que quase todo mundo pedia para o cara que servia para picar a carne no prato!!!!
Os caras são tão vagabundos que não se prestavam ao menos para ciortar a propria carne.
Dos taxistas gaúchos, lembro de três: um que foi descrevendo Porto Alegre como um guia turístico, outro que às vezes misturava espanhol com português (sua primeira frase foi "Buenas, che!") e outro, acho eu que em Canoas, que mostrou um hospital público e disse, sobre os funcionários: "Só tem negros!" (pronunciando 'negros' como quem diz 'bleaarghh!').
Morei um bom tempo no Rio e um tipo maluco que sempre vejo lá são os motoristas de ônibus. Parecem pilotos frustrados de fórmula 1 e vivem correndo, principalmente quando a rua é estreita. A primeira vez que peguei um ônibus para a Barra quase morri de medo pois ele ia pela Niemayer à toda, passando tão pertinho da rocha que a gente tinha que tirar o braço da janela. Uma vez voltando do Colégio Militar na Tijuca, dentro do túnel Santa Bárbara, o cara acelerou tanto o maldito ônibus que estourou algo no motor (aqueles que ficavam na frente, junto do motorista) e começou a jorrar vapor quente para dentro. E nem assim ele diminuiu. E o pior de tudo era o hábito de não parar na parada que a gente desejava. Uma vez eu e uns amigos quase brigamos com um cobrador e motorista quando tocamos a campainha na Av. Pasteur para pararmos na Praia Vermelha, e o cara se fez de surdo e só foi parar lá no final da Urca.
Outra coisa que acho muito estranha no Rio é o fato de muitas famílias morarem em apartamentos minúsculos em Copacabana, com filhos, tia, cachorro e papagaio, e mais uma empregada (que chamam de babá ou "secretária") que leva as crianças para passear, completamente uniformizada. Uniformizados também são os porteiros, todo prédio que se preze tem que ter um porteiro no Rio. Eles normalmente são nordestinos e além de ficarem na portaria são requisitados para todo o tipo de serviço, de carregar compras a fazer uma aposta no jogo do bicho.
O Rio é uma cidade interessante, ainda bem que costumo visitá-lo frequentemente.
Rainor disse: Uniformizados também são os porteiros, todo prédio que se preze tem que ter um porteiro no Rio. Eles normalmente são nordestinos e além de ficarem na portaria são requisitados para todo o tipo de serviço, de carregar compras a fazer uma aposta no jogo do bicho.
Como a porta da rua não pode ficar aberta, é preciso haver um porteiro, caso contrário a bandidagem sobe direto para os apartamentos.
Sim, é tradicional que porteiros sejam nordestinos, em geral com um radinho no ouvido.
No meu prédio, há porteiros, faxineiros, manobristas de garagem, zeladores etc., todos nordestinos.
E eles ainda têm que aturar as velhinhas solitárias que alugam seu ouvido.
Fernando_Silva disse: ufka_Cabecao disse: Alguns taxistas sao proxenetas e tentam prospectar clientes para suas prostitutas entre seus passageiros. Se voce pega taxi sozinho saindo do aeroporto provavelmente vai cair num desses.
Isto nunca me aconteceu. Talvez se eu pegasse um táxi pirata, desses que também existem em Congonhas / S.Paulo, mas eu costumo pegar os legalizados.
Comigo também não. E já peguei uns 30 taxistas diferentes, e eu sendo pauli-sh-ta
"In any case, what westeners call civilization, the others would call barbarity, because it is precisely lacking in the essential, that is to say a principle of a higher order." - René Guénon
Eu sou o Doutor. Venho do planeta Gallifrey da constelação de Kasterborous. Com a minha nave, a TARDIS (Time And Relative Dimensions In Space (Tempo e Dimensões Relativas No Espaço) eu viajo por varios mundos e épocas combatendo as injustiças em minhas explorações. Eu o convido para me acompanhar em minhas aventuras, a maioria delas perigosas. Voce quer me acompanhar?
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Comentários
Houve uma época, não tão distante, em que grande parte dos taxistas do Rio tinha diploma superior: médicos, advogados, engenheiros, todos desempregados.
Hoje, um dos grandes problemas é ter que aturar o rádio numa emissora evangélica ou tocando funk.
A Zona Oeste é uma região ainda meio rural e despovoada da cidade, que só agora está crescendo devido à construção de vias de acesso.
Bonsucesso, do meu ponto de vista, não é subúrbio, apenas um bairro um pouco afastado, já que hoje eu trabalho muito mais longe e lembro dele como local civilizado.
Quanto às linhas de trem, não posso confirmar, mas tenho a impressão de que os bairros cresceram em torno das estações, ao longo das linhas que vão do centro para fora.
Houve um outro que me foi recomendado pela taxista, já que eu tinha chegado de madrugada na rodoviária, vindo lá das nascentes do Tietê (tinha até peixe!). Ela me deixou, desceu e foi pegar a comissão dela na recepção. E cada um me chamava no canto e informava que tinha um esquema para levar mulheres no quarto: o cara da recepção, o carregador de malas, o garçon do restaurante etc. Ganhei um vale para um drink de graça e fiquei observando os hóspedes chegarem com as 'contratadas', mas preferi não utilizar os 'serviços'.
Aliás, lembrei de um taxista já com uma certa idade que me contou a história da vida dele e me disse que tinha se aposentado, mas não aguentou ficar em casa porque a mulher vivia lhe pedindo para consertar isto e carregar aquilo, portanto ele voltou para o táxi. Tinha raiva de nordestinos e motoboys.
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Eu já desconfiava, valeu por confirmar.
Guarulhos, na Grande São Paulo, também tem um bairro chamado Bonsucesso, muito parecido com o homônimo carioca.
Os dois compartilham a proximidade com o aeroporto internacional, serem cortados por uma via de grande movimento, a paisagem desoladora dos galpões à beira da estrada e a ironia do nome.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Quando os italianos chegaram à cidade eram chamados de carcamanos e considerados colonos ignorantes e grosseiros pela classe média paulistana, composta de comerciantes e profissionais liberais.
Depois a italianada melhorou de vida e passou a considerar os nordestinos recém chegados como sertanejos ignorantes e grosseiros.
Os nordestinos tão melhorando de vida e logo, logo vão considerar os bolivianos imigrantes, recém chegados à cidade, como mascadores de coca ignorantes e grosseiros.
No fim, com o tempo todo mundo se dá bem aqui e passa a ter raiva de quem ainda não chegou lá.
Raiva de motoboy é autoexplicativa.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Foi muito interessante para pensar em sobre como as coisas mudam, permanecem ou ainda um misto de tudo um pouco.
Sobre táxis: faz já bastante tempo que tenho percebido um comportamento dos taxistas aqui quanto a puxar papo e contar aventuras e desventuras. São raríssimos os que o fazem.A maioria faz um outro comentário trivial ou então permanecem calados.
Quanto à música, a grande maioria mantêm seus instrumentos tocadores desligados. Dos que os ligam,tenho observado uma ou outra rádio de bom gosto, tocando pop rock e já peguei um distinto que ouvia música erudita. Mas todos os que ouvem alguma coisa, ouvem em volume muito discreto.
Sobre elevadores e ascensoristas: que eu saiba, a Prefeitura de Porto Alegre conta com ascensoristas desde sempre. Mas os elevadores não são mais de manivela. Aliás, nunca mais vi destes. O que se vê no centrão em alguns prédios muito antigos é a troca da "cápsula" por outras mais modernas e a permanência daqueles módulos ou portas externos bem antigos, tipo jaula de ferro, cheios de trabalhos artísticos. Eu acho até bonito o contraste.
Ascensorista costumo ver nas lojas da rede de supermercados que frequento. É bom porque organizam a entrada de carrinhos de todas as espécies,incluindo os de bebês.Mas a tendência agora são os prédios com elevadores inteligentes. A gente nem aperta botão algum. Um recepcionista pergunta os andares em que você vai e lhe fornece um cartão codificado. Você insere o cartão e o elevador leva você direto e reto.
Garçons: muitos restaurantes ainda mantêm a figura do garçom tradicional de gravatinha borboleta e guardanapo no braço, para dar um ar antiguinho ao local. Geralmente são aquelas figuras tarimbadas que estão no mesmo local há décadas e conhecem os habituês.
Bonsucesso nao e tao ruim, mas ta cercado de favelas bem escrotas.
Quanto aos taxistas. Voce ate deu sorte. Alguns taxistas sao proxenetas e tentam prospectar clientes para suas prostitutas entre seus passageiros. Se voce pega taxi sozinho saindo do aeroporto provavelmente vai cair num desses.
Imagine-se o mesmo na escala continental ou mundial - A globalização.
"No fim, com o tempo todo mundo se dá bem"
Isto nunca me aconteceu. Talvez se eu pegasse um táxi pirata, desses que também existem em Congonhas / S.Paulo, mas eu costumo pegar os legalizados.
- Parabéns Acauan, você está cada dia melhor, devia ser redator de programa humorístico, me borrei de rir no capítulo sobre o taxista, uma obra-prima.
Abraços,
Achei os cariocas muito vagabundos e cheios de malandragem. Dai devem ter tirado a imagem do Brasil no exterior.
Fiquei num hotel que não era dos piores e, sempre que ia na recepção solicitar alguma coisa, a resposta era sempre "doixxx minutinhos". Poxa! e fosse um minutinho ao menos. Detalhe era que o cabra não tava fazendo nada e os dois minutinhos deviam servir para ligar o tico e teco. E sempre passava dos dois minutos.
Outra cena absurda foi num restaurante que servia churrasco. Uma fila enorme para chegar na carne e, quando cheguei lá, vi que quase todo mundo pedia para o cara que servia para picar a carne no prato!!!!
Os caras são tão vagabundos que não se prestavam ao menos para ciortar a propria carne.
Onde houver fé, levarei a dúvida!
http://www.naosalvo.com.br/o-dia-em-que-eu-descobri-que-nao-era-da-zoeira/
Morei um bom tempo no Rio e um tipo maluco que sempre vejo lá são os motoristas de ônibus. Parecem pilotos frustrados de fórmula 1 e vivem correndo, principalmente quando a rua é estreita. A primeira vez que peguei um ônibus para a Barra quase morri de medo pois ele ia pela Niemayer à toda, passando tão pertinho da rocha que a gente tinha que tirar o braço da janela. Uma vez voltando do Colégio Militar na Tijuca, dentro do túnel Santa Bárbara, o cara acelerou tanto o maldito ônibus que estourou algo no motor (aqueles que ficavam na frente, junto do motorista) e começou a jorrar vapor quente para dentro. E nem assim ele diminuiu. E o pior de tudo era o hábito de não parar na parada que a gente desejava. Uma vez eu e uns amigos quase brigamos com um cobrador e motorista quando tocamos a campainha na Av. Pasteur para pararmos na Praia Vermelha, e o cara se fez de surdo e só foi parar lá no final da Urca.
Outra coisa que acho muito estranha no Rio é o fato de muitas famílias morarem em apartamentos minúsculos em Copacabana, com filhos, tia, cachorro e papagaio, e mais uma empregada (que chamam de babá ou "secretária") que leva as crianças para passear, completamente uniformizada. Uniformizados também são os porteiros, todo prédio que se preze tem que ter um porteiro no Rio. Eles normalmente são nordestinos e além de ficarem na portaria são requisitados para todo o tipo de serviço, de carregar compras a fazer uma aposta no jogo do bicho.
O Rio é uma cidade interessante, ainda bem que costumo visitá-lo frequentemente.
Como a porta da rua não pode ficar aberta, é preciso haver um porteiro, caso contrário a bandidagem sobe direto para os apartamentos.
Sim, é tradicional que porteiros sejam nordestinos, em geral com um radinho no ouvido.
No meu prédio, há porteiros, faxineiros, manobristas de garagem, zeladores etc., todos nordestinos.
E eles ainda têm que aturar as velhinhas solitárias que alugam seu ouvido.
Deus me livre, Cruz Credo!
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
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