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Argentina: também falta papel higiênico devido ao controle artificial de preços

Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
http://economia.ig.com.br/2012-05-23/faltam-produtos-nas-prateleiras-de-supermercados-de-buenos-aires.html
Faltam produtos nas prateleiras de supermercados de Buenos Aires

Medidas contra importados e acordo de preços fazem itens sumirem ou terem venda limitada

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Loja do Eki, na capital argentina: "é impossível sustentar os custos e oferecer preços baixos", diz economista

No mercado Dia, da movimentada Avenida Santa Fe, falta papel higiênico e enlatados. Na imensa loja do Jumbo, em Palermo, a compra do óleo de soja é limitada por família e a seção de importados, que ocupava quase cinco corredores, agora cabe em algumas prateleiras, nas quais o espaço é dividido com chás e geleias nacionais. Até nos pequenos mercados de bairro – os “chinos”, quase sempre comandados por famílias chinesas, comuns em Buenos Aires – faltam açúcar e erva para chimarrão.

As barreiras a produtos importados, adotadas pelo governo Kirchner, desfalcam os comércios e, além disso, causam a falta de insumos para a produção local. Na lista de fatores que explicam as prateleiras vazias, há também discussões sindicais entre indústria e comerciantes. E um fator que os brasileiros mais velhos lembram sem saudades: o controle de preços por parte do governo, que também resultou em desabastecimentos – bem piores – nos planos econômicos do governo Sarney.

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No mercado Dia, o consumo de erva-mate para chimarrão é limitado a um pacote por pessoa

Apesar de Buenos Aires não viver um racionamento, é esquisito ver um mercado do tamanho do Jumbo – equivalente a um hipermercado – com uma placa limitando a compra de óleo. As medidas de Guillermo Moreno, ministro de Comércio Interior, pegaram comerciantes de surpresa e afetaram a vida dos argentinos. “Faço compras a cada quinze dias e tenho notado a diferença. É impressionante, os mercados estão com as prateleiras vazias”, diz a dona de casa Carmen Estigarribia, que mora na Grande Buenos Aires. “Muitas vezes não encontro coisas básicas.”

O controle (ou acordo) de preços argentino se dá de forma peculiar. Os produtores e supermercados recebem listas de valores a serem cobrados para cada produto da cesta básica, considerados de primeira necessidade. Mas essa lista não fica disponível para o consumidor. O ministério é quem controla e fiscaliza. Se alguém quer subir o preço, tem que pedir permissão, explica Aldo Abram, da Fundação Libertad y Progreso. Em abril, 20 empresas foram autorizadas por Guillermo Moreno a fazer reajustes.

“Em geral, as grandes redes de comercialização têm trabalhado sob um controle muito rigoroso de preço. É praticamente impossível sustentar os custos e oferecer preços baixos”, explica Abram. Nos mercados menores, como os chineses, onde não há fiscalização tão presente, a oferta se normaliza quando os preços sobem e superam os autorizados pelo governo. “Se os preços continuarem sendo controlados dessa maneira, o desabastecimento só tende a aumentar”, diz o economista.

O presidente da Associação de Defesa dos Usuários e Consumidores, Osvaldo Héctor Bassano, afirma que os maiores problemas são a falta de variedade de marcas e a limitação da quantidade de produtos que pode ser adquirida. “Limitar a compra de mercadorias por pessoa é proibido por lei”, diz.

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Num mercado "chino", o óleo é comercializado em venda casada com algum outro produto

O problema acontece tanto nos grandes mercados quanto nos “chinos”. Em Buenos Aires, os hábitos de compra são diferentes das grandes cidades brasileiras, como São Paulo. Nos anos 90, ir ao supermercado era um programa familiar, como ir ao shopping. Quanto maior, melhor. A crise de 2001 quebrou esse pensamento. “O consumidor mudou sua forma de comprar e sua rotação no ponto de venda, que antes era de uma ida por mês e hoje chega a cinco”, explica o analista econômico Diego Gizzi, especialista em consumo.

Essa mudança fez com que a principal exigência na hora de ir a um supermercado fosse a proximidade de casa. Por isso os “chinos” são tão comuns. Hoje, somam mais de 10 mil lojas no país, detêm 29% do setor de varejo e apresentam um preço cerca de 6% superior às grandes redes. “Os ‘chinos’ se expandiram rapidamente e foram aceitos pela população. Suas associações permitem grandes compras em grupo, para competir com os grandes”, conta Gizzi.

E, nos chinos, também há prateleiras vazias. Isso porque a raiz do problema são os produtores e fornecedores, que pisam no freio quando os preços controlados passam a ameaçar os lucros. Num mercadinho visitado pela reportagem, a venda de óleo é limitada a uma unidade por pessoa e só pode ser feita se o cliente levar outro produto junto, numa espécie de venda casada (veja nas fotos).

Segundo Yolanda Durán, presidente da câmara que representa os “chinos” (a CEDEAPSA), alguns fornecedores e atacadistas estão racionando produtos, outros não. Mas, em geral, os “chinos” estão abastecidos. “Eu chamo o que está fazendo Moreno de acordos de preços, não controle. O governo deve saber como está manejando a situação com as grandes redes. Nós não temos as gôndolas cheias, mas não há desabastecimento”, afirma.

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Prateleira de papel higiênico no mercado Dia: faltam produtos premium, mas também os básicos

Além do controle de preços, existem pedidos de compras no exterior – que agora precisam de aprovação prévia – paralisados e há muita coisa presa na alfândega. Segundo Gizzi, isso é entendido como uma falta de regras claras por parte do governo, que gera incertezas no mercado local. “As empresas não sabem como lidar com as medidas impostas por Moreno”, diz. “O que o governo está fazendo é tentar controlar a inflação e os preços. Mas, na prática, os preços sobem”, diz Abram.

A produção local, por outro lado, não está conseguindo atender a demanda. O crescimento econômico do país após a crise de 2001 aumentou o poder de compra. Durante os primeiros meses de 2012, o consumo subiu 3,4%. Em média, 30% da verba familiar é destinada a compras para casa, principalmente alimentos. Mas faltam produtos premium e básicos. Analises econômicas divulgadas na imprensa local apontam que os problemas já começam a impactar os níveis de consumo.

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Nem um gigante como o Jumbo escapa: venda de óleo é limitada por família

O que está acontecendo com a erva-mate para chimarrão é emblemático. Cada argentino compra em media 6,2 quilos de mate por ano, o que confere ao país o segundo maior consumo per capta da erva, depois do Uruguai. É fácil imaginar os problemas gerados pela falta do produto ou pelo aumento do preço do pacote, que dobrou em alguns supermercados, passando de cerca de 10 pesos (R$ 4,80) para até 25,50 pesos no início do ano, segundo produtores e comerciantes.

O Ministério da Agricultura chegou a ameaçar fechar comércios que cobrassem preços mais altos do que o estipulado. “Os fabricantes, em represália a tudo isso, não abastecem o mercado e pressionam diferentes setores. E isso deve se passar com todos os tipos de produtos”, aponta Gizzi.

Segundo os especialistas, esse tipo de desabastecimento já aconteceu antes no país durante as crises econômicas do fim dos anos 80, quando a Argentina saía do regime militar, e na década de 1990. “Lembro de ir com meu pai ao supermercado e cada pessoa só poder comprar um pacote de papel higiênico. E isso não é muito diferente do que se vê agora. Parece que não aprendemos”, lembra Aldo Abram. Diego Gizzi é mais otimista. “É outro contexto histórico e as grandes economias do mundo estão em crise”, diz.

Mas ambos concordam que há contradições nas medidas adotadas por Moreno. “O problema é a maneira violenta de exercer essas normativas, que não colabora com a economia local”, afirma Gizzi.

Comentários

  • 7 Comentários sorted by Votes Date Added
  • Esse é um belo exemplo dos resultados maravilhosos da intervenção do governo no mercado, mas convenhamos, eles já deveriam saber que isso não funciona, até o Brasil, campeão mundial na categoria de só fazer a coisa certa depois de esgotar todas as outras alternativas já superou esse tipo de fiasco em gestão pública.
    Come with me if you wanna live.
  • Estive em Buenos Aires recentemente, é verdade que não tem variedade de produtos, tem quando muito 1 de cada tipo nos mercados menores e algumas pratileiras vazias, não tinha muitos produtos básicos mesmo, a maioria eram superfluos, não prestei muita atenção mesmo nisso, pois não sabia do racionamento, visitei uns 2 ou 3 Carrefour Bairro/express ou sei lá como chama a versão menor por lá, todos bem no centro onde tem muitos turistas, não vi nada parecido com as fotos ai de cima, mas talvez exatamente por ficarem onde ficam, esses tenham um disfarce melhor. O único lugar que estava realmente normal e tinha tudo em fartura foi um Carrefour (full size) dentro de um shopping que conheci.

    Não dúvido que esteja assim mesmo em outros lugares, as coisas lá estão pau-a-pau em matéria de valor com o Brasil, até mais caras, bem mais caras.
    - Quem deseja me desarmar são os que querem me fazer mal e tem medo que eu possa me defender.

    - “É isto que dá ao comunismo seu peculiar caráter fanático. Tem sido observado que se trata de uma religião secular (ou de uma fé?) que tem seu céu e seu inferno, seus eleitos e seus malditos, seus livros sagrados e os ungidos que podem interpretá-los. De qualquer maneira, o comunismo é um remanescente das seitas religiosas da Idade Média”. Carew Hunt (A Guide to Communist Jargon).
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Não deu certo no Brasil, não está dando certo na Venezuela, por que daria certo na Argentina?
  • Mig29Mig29 Membro
    edited maio 2012 Vote Up0Vote Down
    Barreiras e mais barreiras, depois queixam-se de não conseguirem mover-se ou limpar o rabo.

    Post edited by Mig29 on
  • NightWalkerNightWalker Membro
    edited maio 2012 Vote Up0Vote Down
    Mig29 disse: depois queixam-se de não conseguirem mover-se ou limpar o rabo.
    Vão ficar com a bunda suja como em Cuba, pelo menos até lá também começar a ter um jornalzinho de propaganda do governo para resolver o problema, isso ou podemos fazer um vaquinha para mandar o querosaber pra lá, para ele ensinar a sua tecnica de só evacuar antes de tomar banho, afinal nada mais higiênico do que deixar merda escorrer pelas suas pernas dentro do box.
    Post edited by NightWalker on
    - Quem deseja me desarmar são os que querem me fazer mal e tem medo que eu possa me defender.

    - “É isto que dá ao comunismo seu peculiar caráter fanático. Tem sido observado que se trata de uma religião secular (ou de uma fé?) que tem seu céu e seu inferno, seus eleitos e seus malditos, seus livros sagrados e os ungidos que podem interpretá-los. De qualquer maneira, o comunismo é um remanescente das seitas religiosas da Idade Média”. Carew Hunt (A Guide to Communist Jargon).
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    "O comunismo é a filosofia do fracasso, o credo da ignorância e o evangelho da inveja. Sua virtude inerente é a distribuição equitativa da miséria".
    Winston Churchill
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