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São Paulo – Uma nova tecnologia desenvolvida nos Estados Unidos
permite editar o DNA em seres vivos, alterando o genoma das células sem
danos ao organismo.
O feito realizado em conjunto pelo Massachusetts Institute of
Technology e a Universidade de Harvard foi bem sucedido em linhagens da
bactéria E.coli, mas pode abrir caminho para uma série de novos
experimentos.
A tecnologia que pode ser usada para reescrever o código
genético de um ser vivo foi publicada hoje na Science, uma das mais
renomadas revistas científicas do mundo. Ela é fruto de sete anos de
pesquisa dos laboratórios de Joseph Jacobson, dos MIT, e George
Church,de Harvard.
O processo pode ser descrito como similar à função “localizar e
substituir”, do software Word: ele encontra uma sequencia específica no
DNA e a reescreve, substituindo-a por outra.
O DNA é composto por longas cadeias de “letras” – A,T, C e G,
cada uma representando uma base nitrogenada. A combinação dessas
diferentes letras é como uma receita que a célula segue na hora de
produzir uma proteína: cada sequencia diz ao corpo que ele deve unir
aminoácidos específicos que, juntos, formam uma proteína.
Essa receita funciona com trechos de 3 letras- cada trecho é
chamado de “códon” e há, ao todo, 64 códons. Em praticamente todas as
células vivas, as mesmas sequencias são usadas para traduzir essas
proteínas. Embora a maioria deles represente um aminoácido, alguns são
responsáveis por dizer à célula para parar de adicionar aminoácidos na
cadeia de proteína.
O que os pesquisadores de MIT e de Harvard fizeram foi focar
os esforços em um desses códons de “parada” – ele consiste nas letras
TAG. No DNA das bactérias E.coli, essa sequencia TAG se repete apenas
314 vezes, o que a torna um bom teste para substituições.
Primeiro, eles usaram uma tecnologia que permite localizar
sequencias de DNA especificas e as substituir com uma nova sequencia.
Isso é feito no momento em que a célula copia o seu DNA para reprodução.
No caso, eles substituíram o códon TAG por outro, o TAA.
Para o processo ser mais manejável, eles criaram 32 linhagens
(grupos) de E.coli, cada uma com 10 sequencias TAG já substituídas por
TAA. Para chegar às 314 substituições, eles desenvolveram essa nova
técnica que os permite controlar o processo que as bactérias usam para
trocar material genético.Uma bactéria constrói uma extensão sua até sua
célula vizinha, e passa uma parte de material genético. No caso, a
linhagem modificada passa o codon TAA.
Eles criaram um sistema em que cada linhagem compartilha seu
DNA com uma outra. Depois do primeiro “round”, havia 16 linhagens, cada
uma com o dobro de códons de TAG editados do que no início. O processo
continuou até se chegar a quatro linhagens, cada uma com cerca de ¼ de
todos os códons TAG substituídos por TAA.
No momento, os pesquisadores estão a caminho de produzir uma linhagem com todas as 314 substituições.
Uma das partes mais importantes do trabalho é o fato da
substituição ter sido feita em uma célula viva, que continuou
funcionando e se reproduzindo normalmente.
Uma vez que a etapa de substituição estiver concluída, a
equipe pode partir para o próximo passo, que é pensar em criar células
capazes de produzir uma nova proteína. A técnica também permite que as
bactérias criadas em laboratório tenham algum tipo de mecanismo que as
impeça de trocar material genético com as bactérias comuns.
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Comentários
Não faço idéia, mas parece ser uma pesquisa bem promissora que pode abrir muitas possibilidades