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Marx, quem diria, era inimigo da censura à imprensa

Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
http://izidoroazevedo.blogspot.com.br/2012/07/karl-marx-um-arqui-inimigo-da-censura.html
KARL MARX - Um arqui-inimigo da censura

Pensador alemão reivindicado por ditaduras no século XX, Marx defendeu a liberdade de imprensa

FLÁVIO HENRIQUE LINO

RheinZeig.jpg

O “NEUE RHEINISCHE ZEITUNG", jornal de que Marx foi editor e em que fez vigorosa defesa da liberdade de imprensa
REPRODUÇÃO



O turbulento século XX colou a imagem de Karl Marx a alguns dos sistemas políticos mais autoritários e violentos já conhecidos pelo homem. Em nome de seu legado intelectual, as ditaduras comunistas implantaram ferozes perseguições a todo tipo de liberdade, transformando o Estado numa eficiente e onipresente máquina de repressão. No entanto, se tivessem seguido na íntegra o pensamento do filósofo alemão, os regimes que se espalharam nas décadas seguintes à Revolução Russa, em 1917, teriam respeitado ao menos um tipo de liberdade — a de imprensa.

Surpreendentemente para muitos — em razão da impressão que se cristalizou por causa dos governos marxistas estabelecidos de Pyongyang a Havana, de Moscou a Maputo —, Marx foi ferrenho crítico da censura. E deixou isso mais do que claro em vários escritos, antes e depois do famoso “Manifesto Comunista” que o catapultou para a História em 1848.

Pensador livre e jornalista numa Alemanha então dividida em monarquias absolutas, Marx cedo estabeleceu de que lado estava. “A imprensa em geral é a consumação da liberdade humana”, pontificou em 1842, aos 24 anos, num dos artigos de uma série publicada no jornal “Rheinische Zeitung”. “Uma imprensa censurada é ruim mesmo se produzir bons produtos”, escreveu, atacando de frente as práticas da monarquia prussiana.

O inquestionável e relevante papel do jornal impresso como multiplicador de ideias — que desde seu surgimento até hoje sempre esteve sob ameaça da censura — selou o destino do pequeno “Rheinische Zeitung”, fechado em março de 1843 pelas baionetas do rei da Prússia. A força das armas, no entanto, só reforçou Marx em sua convicções de que a censura jamais deve estar a serviço de ideologias.

Anos após seu vigoroso posicionamento, ele sofreu o destino muitas vezes reservado aos que se levantam em defesa da liberdade em regimes autoritários. No início de 1849, de novo editor do renascido “Neue Rheinische Zeitung”, foi processado no Tribunal de Colônia sob a acusação de difamar funcionários do governo. Ao se defender na corte, sedimentou sua visão do papel do jornalista numa sociedade livre: “A função da imprensa é ser o cão de guarda público, o denunciador incansável dos dirigentes, o olho onipresente, a boca onipresente do espírito do povo que guarda com ciúme sua liberdade”. Ele, seu coeditor Friedrich Engels e o administrador Hermann Korff, também acusados, acabaram inocentados pelo júri.

No século seguinte, porém, a implantação de uma severa censura esteve sempre entre as primeiras providências de regimes comunistas avessos à vigilância de cão de guarda do público. Todos, de uma forma ou de outra, reivindicando o legado do filósofo alemão. Erroneamente, a julgar por seus escritos, no que diz respeito à liberdade de imprensa.

— Seria um contrassenso cobrarmos de Marx linha política comprometida com a justificação da censura usada pelos “regimes marxistas” — disse ao GLOBO o filósofo e escritor Leandro Konder. — Se tivesse conhecido esses regimes, nada indica que o pensador insistisse nesse acumpliciamento.

Na verdade, os regimes marxistas que amordaçaram a imprensa sob tortuosas justificativas de estarem, assim, defendendo a própria liberdade de informação tinham outro guru nessa seara. Para o líder da Revolução Russa, Vladimir Lenin, a imprensa nas sociedades ocidentais, “incluindo as mais livres”, era apenas um instrumento nas mãos da burguesia. Daí a necessidade de colocá-la, em sua visão, a serviço direto do povo, sob controle do Estado.

“A liberdade de imprensa na prática se tornaria muito mais democrática, se tornaria incomparavelmente mais completa como resultado”, justificou no início de 1917, às vésperas de os bolcheviques tomarem o poder. Décadas antes, porém, Marx já previra o efeito de pôr a imprensa sob a tutela do Estado: “O governo ouve somente sua própria voz; sabe que ouve somente a sua voz; entretanto, tenta convencer-se de que ouve a voz do povo”, denunciou o jovem filósofo.

— Passados aqueles primeiros anos (da tomada de poder pelos comunistas), à medida que o conteúdo da imprensa e sua apresentação cada vez mais se distanciavam da realidade experimentada pelos leitores, o abismo entre os dois se tornou intransponível. Em suma, ela perdeu credibilidade, assim como os regimes comunistas e sua ideologia — avalia o professor Peter Gross, diretor da Escola de Jornalismo e Mídia Eletrônica da Universidade do Tennessee.

Especialista na imprensa da antiga Cortina de Ferro e autor de vários livros sobre o assunto, Gross ajudou a organizar o curso de jornalismo na Universidade de Timisoara, na Romênia, em 1992, logo após a queda do ditador Nicolae Ceausescu.

— Os jornalistas romenos não tinham experiência com uma imprensa livre. Foram feitas mudanças da noite para o dia, mas o sistema e as instituições ainda funcionam de maneira que indica que a mudança cultural não foi completada — diz ele, apontando a tendência como recorrente em ex-países comunistas da região.

Comentários

  • 3 Comentários sorted by Votes Date Added
  • NightWalkerNightWalker Membro
    edited julho 2012 Vote Up0Vote Down
    Karl Marx disse: “A função da imprensa é ser o cão de guarda público, o denunciador incansável dos dirigentes, o olho onipresente, a boca onipresente do espírito do povo que guarda com ciúme sua liberdade”
    [sarcasmo]Nossa parece que o PT, Carlo e querosaber, entenderam direitinho o que o profeta do comunismo pregava, afinal eles são todos tão respeitadores da imprenssa, da liberdade de expressão e nunca imaginaram suprimi-la[/sarcasmo]
    Karl Marx disse: “O governo ouve somente sua própria voz; sabe que ouve somente a sua voz; entretanto, tenta convencer-se de que ouve a voz do povo”
    Esse cara conhecia o PT, não..., sério, se eu não soubesse melhor teria certeza que conheceu, por outro lado governos e idiotas não são exclusividade dessa época, pelo contrário são regra.
    Post edited by NightWalker on
    - Quem deseja me desarmar são os que querem me fazer mal e tem medo que eu possa me defender.

    - “É isto que dá ao comunismo seu peculiar caráter fanático. Tem sido observado que se trata de uma religião secular (ou de uma fé?) que tem seu céu e seu inferno, seus eleitos e seus malditos, seus livros sagrados e os ungidos que podem interpretá-los. De qualquer maneira, o comunismo é um remanescente das seitas religiosas da Idade Média”. Carew Hunt (A Guide to Communist Jargon).
  • NeotribalistaNeotribalista Membro
    edited julho 2012 Vote Up0Vote Down
    Marx estava defendendo a própria pele no tribunal. Agir por interesse também é característica comunista. Se ele foi inocentado, dê graças a Deus de não estar num república comunista, onde não seria nem julgado.

    A idéia de imprensa livre é incongruente com o sistema comunista, como se mostrou na prática.
    Post edited by Neotribalista on
    "In any case, what westeners call civilization, the others would call barbarity, because it is precisely lacking in the essential, that is to say a principle of a higher order." - René Guénon
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