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Comentários
O escravagismo africano desenvolveu escalas industriais de captura e venda de escravos, que se mostravam suficientemente produtivos sob regime de trabalho forçado, formando um ciclo econômico perverso no qual a expansão das grandes monoculturas agrícolas promovia a expansão da indústria escravagista.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
A escravidão em larga escala apresenta ciclos de apogeu e declínio em diferentes épocas.
Roma Imperial foi o modelo histórico de sociedade escravagista. Os romanos não enxergavam nenhum problema moral na escravidão, que para eles era o destino natural dos povos vencidos na guerra.
Quando o Império caiu, a economia sustentada por trabalho escravo não podia mais ser mantida, uma vez que era a conquista permanente de povos que mantinha o sistema.
Na Idade Média, a combinação da hegemonia da moral cristã com a descentralização do poder militar e econômico substituiu o trabalho escravo pelo regime de servidão, na qual os servos estavam submetidos aos nobres feudais, mas também podiam reivindicar direitos em relação a eles.
O retorno da prática da escravidão em massa como fundamento de economias agrárias ressurge com a expansão européia, primeiro sob uma nova versão do modelo romano - escravização de povos conquistados - e depois como atividade comercial autônoma, mantida por traficantes e não mais por forças militares nacionais.
Uma coisa que cristãos não explicam direito é porque a moral religiosa foi incapaz de conter o escravagismo no Ocidente.
Se por um lado são falsas as citações que dizem que a Igreja Católica abençoou a escravidão e que decretou que os negros não tinham alma, por outro as condenações à prática - que houveram - podem ser consideradas apenas pró-forma.
Também é verdade que movimentos cristãos lideraram o abolicionismo nos Estados Unidos, só que tanto quanto é verdade que senhores e traficantes de escravos eram cristãos devotos.
A mesma dubiedade pode ser apontada entre os Iluministas, cujas idéias liberais incitaram sentimentos abolicionistas em alguns, mas não o suficiente, dados os exemplos de Voltaire e dos Founding Fathers.
No fim, acho que o fator decisivo para o fim da escravidão no Ocidente foi mesmo a Revolução Industrial, que criou um modelo de sociedade onde o trabalho escravo era não apenas dispensável como contra-producente.
Eliminada a desculpa moral de que a escravidão era um mal inevitável e estabelecidas as motivações econômicas para sua supressão, a queda do sistema se tornou fato consumado.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
É possível que as pessoas estivessem acomodadas e não questionassem o que faziam de errado, mas que lhes era conveniente, até que deixou de ser conveniente para uma parte da sociedade, que então passou a criticar a outra parte.
Interpretar fenômenos históricos sob a predominância dos aspectos econômicos é um cacoete marxista.
Um exemplo é como apresentam a decisão da corôa britânica de extirpar o tráfico de escravos dos oceanos como uma simples questão de defesa de interesses comerciais.
Na verdade tratou-se de um dos momentos mais dignos da História Humana, quando a maior armada do mundo levantou suas armas para combater aqueles que compravam e vendiam seres humanos. A Honra do Guerreiro em sua mais pura expressão.
Interesses comerciais haviam, óbvio, mas reduzir a grandeza do ato a apenas isto é reducionismo e cinismo ideológico.
Podemos dizer que a Revolução Industrial forneceu os meios para que a escravidão fosse abolida, mas ela por si não poderia estabelecer os fins. Em uma sociedade do modelo da Roma Imperial poderia ocorrer apenas a transferência da mão de obra escrava da agricultura para a indústria e posteriormente para o setor de serviços, sem que a idéia de libertar os escravos fosse sequer aventada.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Em uma sociedade cujo modelo moral é o cristão, qualquer tipo de aprovação do escravagismo só pode ser explicado pela hipocrisia e falta de vergonha na cara.
Já a omissão moral, padrão de comportamento dos cristãos quanto ao tema, talvez seja análoga à postura das sociedades modernas com relação à miséria.
Ninguém acha a miséria uma coisa boa, mas entendem que não há solução imediata para o problema.
Nós, Indios.
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Sim.
O melhor exemplo é o uso maciço de prisioneiros políticos em regime de trabalhos forçados utilizados na construção de grandes obras na União Soviética durante o regime de Stalin.
Ser considerado um "inimigo do povo" pelo regime era, na prática, ser transformado em escravo do Estado.
Frequentemente durante o regime stalinista as prisões políticas visavam exclusivamente o fornecimento de mão de obra gratuita. As centrais da polícia política tinham cotas de prisões a cumprir, que eram revisadas sempre que uma nova grande obra do regime era iniciada.
A China e o Camboja mantiveram modelos semelhantes na brutalidade, porém mais grosseiros no planejamento estratégico dos objetivos.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
A bíblia não chega a citar escravos em diversas passagens de forma corriqueira, sem elogiar nem condenar a prática?
Contra a escravidão e em defesa do abolicionismo não há sequer uma frase.
A Bíblia só regulamenta e faz recomendações. É o mesmo que dizer "Pode comer carne, mas mate o boi com o mínimo de sofrimento".
A capital do Império Romano pode servir de exemplo novamente.
No auge do Império a cidade era um centro de comando político e militar que não possuía uma agricultura ou manufatura proporcional ao tamanho de sua população.
Mesmo assim, por volta de um terço da população da cidade era constituída de escravos, que atuavam nos serviços urbanos, comércio, serviços domésticos etc.
Grandes monoculturas agrícolas incrementaram o escravagismo a uma escala industrial, mas economia agrária não é pré-requisito imprescendível para o escravagismo.
Já o caso da União Soviética Stalinista é uma anomalia histórica. Um Estado onde qualquer cidadão podia ser reduzido a escravo sem maiores justificativas que não o poder e vontade dos mandatários fazerem isto.
Não há uma única condenação à escravidão na Bíblia, pelo contrário, em vários versículos há regulamentações sobre como ela deve ser praticada, sem qualquer tipo de sanção moral a tal prática. Paulo exalta os escravos a serem submissos...
O Corão no máximo exorta muçulmanos a libertarem escravos em algumas situações específicas, mas condenações à instituição em si, necas de pitibiribas.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
?
A Escravidão é a pedra no sapato no argumento de que os livros sagrados das grandes religiões instituem uma moral absoluta.
Toda vez que um religioso é questionado quanto à omissão ou tolerância de suas escrituras com relação à escravidão recorre a explicações relativistas, aquelas que tanto condenam nos outros e que obviamente não podem ser utilizadas para defender absolutos.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Absolutamente nada na moral religiosa e cívica romana condenava a escravidão, pelo contrário, a referendava. Romanos escravagistas eram coerentes com sua cultura, por pior que fosse.
Já um cristão, que prega amar ao próximo como a si mesmo, sem exceções, e que mesmo assim comercia ou mantém escravos, só pode ser considerado um hipócrita filho da puta.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Ou, nas suas palavras:
A Escravidão é a pedra no sapato no argumento de que os livros sagrados das grandes religiões instituem uma moral absoluta.