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Dilma esculhamba com com a bandeira olímpica

Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador

Já começou o vexame...

http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/tag/porta-bandeira/
A PORTA-BANDEIRA DILMA LEVA A NOCAUTE O PROTOCOLO E O IDEAL OLÍMPICO


CELSO ARNALDO ARAÚJO

A atual bandeira olímpica está no Brasil desde segunda-feira ─ e aqui ficará até o término das Olimpíadas do Rio. Não é uma bandeira qualquer. São 2,22 metros de largura por 1,54 de altura da mais pura seda oriental e foi confeccionada, pelos melhores artesãos coreanos, para as Olimpíadas de Seul, em 1988 ─ e desde então transferida, de quatro em quatro anos, para o país-sede dos jogos seguintes.

Não só por isso, mas por ser o ícone máximo dos Jogos desde 1914, quando foi desenhada em pessoa pelo próprio Barão Pierre de Coubertin, o pai das Olimpíadas da era moderna, o conjunto de regras para o manuseio da bandeira é mais extenso que o rol de mesuras que um plebeu deve seguir na presença da Rainha da Inglaterra.

Por onde quer que tenha passado para uma temporada de quatro anos a bandeira de Coubertin foi tratada com os mimos que o centenário protocolo olímpico estabelece. Isso até chegar ao Brasil. Aqui, apesar de detalhada orientação a seus guardiães, foi esculhambada pela própria presidente da República, em pleno Palácio.

A avacalhação começou no momento mesmo em que a bandeira olímpica passou para as mãos de brasileiros, ainda em Londres. Para recebê-la, o Comitê Organizador Rio 2016 assinou um compromisso que impõe, entre muitos itens, que ela não pode sair de sua caixa para passeios na rua nem ser desfraldada sem um cerimonial específico, com direito até a uma “Guarda de Honra da Bandeira Olímpica”. Mas já no embarque, em Londres, segunda-feira, a coisa desandou.

O boxeador e medalhista Esquiva Falcão foi fotografado segurando o nobre lábaro para um oba-oba com as mãos nuas ─ ele que, ironicamente, ganhou sua medalha de luvas. Mas foi em pleno Palácio do Planalto que o protocolo olímpico iria, de vez, pras cucuias gregas. O atentado oficial à bandeira foi filmado e disponibilizado no próprio Blog do Planalto, na ocasião em que Dilma recepcionou também os irmãos Esquiva, medalhistas do boxe em Londres.

Começa com as três maiores autoridades presentes ─ a própria Dilma, o prefeito Eduardo Paes e Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB ─ fingindo para fotógrafos e cinegrafistas que estão interessados nos detalhes da caixa da porta-bandeira. Sem mais essa nem aquela, Paes abre a pequena arca e vai logo metendo a mão na bandeira, que estava posta em sossego, com todas as suas meigas dobraduras, à espera do toque gentil e formal. Em seguida, como quem vai estender a toalha na mesa para o café da manhã, a presidente ajuda Nuzman e Paes a desfraldar a seis mãos, lambuzadas de cumprimentos áulicos, o estandarte do barão de Coubertin ─ até ele roçar o chão.

Corta para o risonho trio de desfraldadores, Pezão ao fundo, exibindo a bandeira na mão grande ─ disfarçada com mal coreografadas pontas de dedos ─ num gesto caseiro de empáfia de troféu com um símbolo que é universal.

DISPUTA ESPORTIVA NÃO TEM SENTIDO


Dilma tem tanta noção da importância formal daquele pedaço de pano que, de cara, já errou o nome da coisa:

“O prefeito, que recebeu a medalha…a medalha, não, a, a, a bandeira…”, corrige, depois do sopro providencial de Eduardo Paes.

Vai começar um dos piores discursos da enorme dilmoteca armazenada neste espaço. Mas a presidente está tão compenetrada em sua falação olímpica que não nota a ponta de seu sapato impedindo o prefeito de erguer a bandeira do chão para devolvê-la, dobrada de qualquer jeito, àquela versão tupiniquim da caixa de Pandora ─ nome que Dilma poderia confundir com a da urna que guarda a bandeira dos Jogos Panamericanos.

Ele puxa meio sem jeito o ícone sagrado uma, duas, três vezes ─ até que Dilma se toca e levanta o pezinho, sem interromper a catilinária de fazer corar o último colocado dos Jogos Abertos do Interior:

“Esses atletas aqui, que receberam a medalha aqui, e que honraram muito o Brasil e os brasileiros e as brasileiras”, enfatizando, para o mundo, o nome do povo que habita este país, em seus dois gêneros.

“Porque, para nós, a Olimpíada tem essa característica: é um momento em que todos nós deixamos de nos preocupar com os problemas que cada um enfrenta e assistimos uma das coisas muito importantes que o gênero humano inventou, que é a disputa esportiva. Aquela disputa que não tem sentido além de ser o próprio espetáculo”.

Sabemos agora, pela própria presidente, o que o pessoal do Planalto e da Esplanada andou fazendo nas duas últimas semanas ─ o que explica também o aumento da audiência da TV Record e a ausência de qualquer ação de governo nesse período. Mas ficou uma dúvida: se a disputa não tem sentido, o que estão fazendo aqueles boxeadores com suas medalhas ali?

Dilma não se esquiva da resposta:

“Por isso, neste momento, a gente tem de fazer uma reflexão sobre a importância dos atletas. Eu estou aqui com dois atletas: o Esquiva e o Yamaguchi, o Yamaguchi e o Esquiva”.

Espere: são dois ou quatro? Família campeã, essa. E surpreendente: ao contrário dos demais atletas que participaram dos Jogos, eles foram a Londres para disputar medalhas olímpicas, não o programa Quem fica de pé, do Datena:

“O objetivo deles era ser ganhadores de medalhas olímpicas, porque medalhas olímpicas são muito importantes. Eu estou falando medalhas olímpicas. Não estou falando só ouro, só prata, só bronze, porque a distinção é esta. A distinção é o país ser premiado pela sua capacidade, pela sua expertise, pela sua arte. Porque lutar boxe além de ser uma luta é uma arte”.

Sim: lutar boxe é uma luta, disse um dia, com arte, Dilma Rousseff ─ congregando o mundo, em dilmês de lona, em torno dos Jogos Olímpicos do Rio.

As Olimpíadas de Dilma podem vir a ser um tremendo fracasso ─ mas, se depender dela, certamente serão as mais divertidas desde o compenetrado Barão de Coubertin.

Um último toque para os ambientalistas: para o Brasil não ficar mal na fita, iniciem já a campanha “Salvem a bandeira olímpica”
Post edited by Fernando_Silva on

Comentários

  • 8 Comentários sorted by Votes Date Added
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Brasil tem como objetivo aumentar o número de medalhas em 2016, afirma Dilma

  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    edited agosto 2012 Vote Up0Vote Down
    Tá, foi uma gafe, mas lendo o título achei que a presidente tinha assoado o nariz na bandeira ou coisa pior...
    E olha que sou eu que estranheis, sendo Monã minha testemunha que não morro de amores por esta turma que está no poder.
    Post edited by Acauan on
    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    edited agosto 2012 Vote Up0Vote Down
    O problema é que a bandeira só pode ser manuseada com cuidado, usando-se luvas, e por poucos. O governo assinou um documento se comprometendo a observar essas recomendações.
    Mal a bandeira chegou aqui, começou a passar de mão em mão, em lugares públicos, sem nenhum cuidado.

    Não sei se as recomendações são frescura ou se a ideia é preservar a bandeira, mas são importantes para eles, portanto é um desrespeito escancarado e transmite uma péssima imagem do país.


    Post edited by Fernando_Silva on
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Fernando_Silva disse: Não sei se as recomendações são frescura ou se a ideia é preservar a bandeira, mas são importantes para eles, portanto é um desrespeito escancarado e transmite uma péssima imagem do país.

    Como eu disse, foi uma gafe.
    É que o título dá a entender coisa pior.


    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • Acauan disse: Como eu disse, foi uma gafe.
    É que o título dá a entender coisa pior.
    Título da notícia:

    "Toneladas de pó encontradas na entrada da favela."

    Fato:

    Caminhão de areia tomba na rodovia.


    Come with me if you wanna live.
  • Fernando_Silva disse: Não sei se as recomendações são frescura ou se a ideia é preservar a bandeira, mas são importantes para eles, portanto é um desrespeito escancarado e transmite uma péssima imagem do país.

    Concordo.

    O que eu vejo de mais grave nesse episódio, além do fato de o Brasil – provavelmente – ter sido o único país a deixar de observar o protocolo, é que eles conheciam as regras; foram orientados, instruídos sobre como e quando agir, mas, como bons brasileiros e brasileiras que são, mandaram às favas o ritual, tão caro às demais nações, e deram o toque brasileiro, que jamais se confundirá com o toque de Midas. O nosso vira outra coisa.

    Há quem aprove esses rituais e há, como não poderia deixar de ser, quem os ache uma babaquice. Não importa. Pode ser a maior babaquice do planeta. Importa apenas que o Brasil assumiu o compromisso de sediar a próxima edição dos Jogos Olímpicos e ser o guardião de seus ritos sagrados. Mais do que assumir um compromisso, o Brasil se candidatou, se ofereceu, chamou para si as responsabilidades inerentes ao evento, e não pode agora se furtar a seguir a cartilha, tal qual foi escrita.

  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    http://sergyovitro.blogspot.com.br/2012/08/cartilha-olimpica-arthur-dapieve.html
    CARTILHA OLÍMPICA

    Arthur Dapieve

    Em 2008, ano dos Jogos Olímpicos de Pequim, as autoridades locais divulgaram uma cartilha de bons modos para suavizar o choque cultural entre os habitantes e os visitantes. Assim, costumes arraigados na China, como escarrar no chão, furar fila ou comprar produtos piratas foram desencorajados, sob pena de pequenas multas.

    Em 2012, não houve necessidade de nada similar na quase sempre ordeira Londres. Agora, levando-se em conta que a bandeira olímpica já está em nossas mãos, literalmente e contra a determinação do COI, talvez possamos ir adiantando alguns itens para a cartilha carioca de 2016, muito parecida com uma cartilha brasileira de 2014.

    Cabe reconhecer que não é “de hoje”, com Pan, Olimpíadas, grana e mais segurança, que o carioca se tem em alta conta. Nem as décadas em que o Rio viu-se transformado na Geni do Brasil — alvo de bosta no resto do país — conseguiram abafar sua autoestima. A cartilha, então, terá de ser redigida numa linguagem que ele entenda.

    Aí vai a contribuição de um carioca da gema dotado de simancol.

    FALE BAIXO, POR FAVOR.
    Em muitas culturas, por incrível que pareça, falar baixo é uma maneira de externar respeito pelo próximo, de não invadir o seu “espaço”. Nelas, não se entende que falar mais alto do que quem falou antes , e assim sucessivamente, é uma maneira criativa de sinalizar o entusiasmo que a conversa nos desperta. O ápice de qualquer noite, em qualquer boteco do Rio, é quando todos, em todas as mesas, berram e ficam roucos ao mesmo tempo. Ninguém consegue mais conversar, certo, mas esse nunca foi o ponto. Não se pode esperar, porém, que visitantes de cidades silenciosas, como Nápoles, captem o espírito da coisa nas parcas duas semanas de Jogos Olímpicos. Portanto, ostentemos nossa humildade e deixemos os outros falarem.

    AS LEIS DE TRÂNSITO SÃO IGUAIS PARA TODOS, INCLUSIVE PEDESTRES E CICLISTAS. No exterior não se consegue discernir uma hierarquia no tráfego, o que desorienta o turista carioca. O veículo maior e/ou mais caro não tem precedência sobre os outros. Quem está motorizado não tem direitos sobre quem está a pé. Ou seja, estranhamente, não vale a lei do mais forte. Em troca, quem está a pé não se materializa no meio da rua quando o sinal está aberto para os automóveis. Sim, em sociedades atrasadas, como a alemã ou a japonesa, motoristas e pedestres só avançam quando o sinal está verde para eles. São uns otários, claro, mas tentemos não chamar-lhes a atenção para isso em 2016. Vamos, também, fingir que enxergamos alguma distinção entre ciclovia e velódromo.

    O FREGUÊS SEMPRE TEM RAZÃO.
    Alguns povos simplórios são incapazes de compreender que nossa lendária simpatia substitui coisas caretas e conversadoras, tipo eficiência. Eles esperam, por exemplo, que seus pedidos no restaurante cheguem certos e no momento adequado para que todos os comensais de fato sejam comensais. Educados pelo atendimento dos call-centers de nossos bancos e telefônicas, já sabemos que o freguês é um encrenqueiro, com mania de pagar apenas por produto recebido. Em culturas distintas e inferiores, o freguês não sabe o seu lugar. É provável que um turista olímpico cometa descortesias indizíveis, como interromper a conversa de celular que a balconista está tendo com sua colega. Perdoai-o, Gedislaine, ele não sabe o que faz.

    A RUA NÃO É O QUINTAL DA CASA. Estrangeiros não percebem o charme da grã-fina de Ipanema que estaciona o Land Rover, sai com a Louis Vuitton numa das mãos e a Coca-Cola na outra, tranca o carro e joga a lata no chão.
    Também não têm a bondade da mãe carioca dizendo para o filho apertado se aliviar ali mesmo — o que ele fez, coitado, dentro do vagão do metrô. Reprimidos, fazem as necessidades só em banheiros. Um povo pobre, como o holandês, ergue tapumes ao longo da sarjeta durante as festas da cerveja. Os foliões urinam ocultos, e a urina escoa para a bueiro. Depois, limpa-se a rua. Não há a sofisticação dos nossos banheiros químicos, que nunca são suficientes, mas movimentam a economia, escoando milhões para o bolso de quem vence a licitação.

    O PATRIMÔNIO PÚBLICO É PÚBLICO. Assim como existem povos que escrevem e leem da direita para a esquerda, há povos que entendem tudo ao contrário na relação do cidadão com o Estado. Para 2016, devemos nos familiarizar com o seu pensamento primitivo. Se dizem “é público” querem dizer “de todos”, o contrário de nós que, queremos dizer ou “é privado” ou “de ninguém”. Em Paris, por exemplo, as obras em uma Cidade da Música prosseguiriam até que ela fosse entregue aos contribuintes, cassando-se ao prefeito o elementar direito de fazer política. Constatada malversação do dinheiro, seu antecessor iria em cana. São hábitos bárbaros, com certeza, mas devemos mostrar ao mundo a nossa superioridade olímpica.

    FOLHA DE S.PAULO
    24/08/2012
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