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MEC vai propor a fusão de disciplinas do ensino médio

FabiFabi Membro
O Ministério da Educação prepara um novo currículo do ensino médio em que as atuais 13 disciplinas sejam distribuídas em apenas quatro áreas (ciências humanas, ciências da natureza, linguagem e matemática).
A mudança prevê que alunos de escolas públicas e privadas passem a ter, em vez de aulas específicas de biologia, física e química, atividades que integrem estes conteúdos (em ciências da natureza).

A proposta deve ser fechada ainda neste ano e encaminhada para discussão no Conselho Nacional de Educação, conforme a Folha informou ontem. Se aprovada, vai se tornar diretriz para todo o país.

Para o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, os alunos passarão a receber os conteúdos de forma mais integrada, o que facilita a compreensão do que é ensinado.

"O aluno não vai ter mais a dispersão de disciplinas", afirmou Mercadante ontem, em entrevista à Folha.

Outra vantagem, diz, é que os professores poderão se fixar em uma escola.

Um docente de física, em vez de ensinar a disciplina em três colégios, por exemplo, fará parte do grupo de ciências da natureza em uma única escola.

Ainda não está definida, porém, como será a distribuição dos docentes nas áreas.

A mudança curricular é uma resposta da pasta à baixa qualidade do ensino médio, especialmente o da rede pública, que concentra 88% das matrículas do país.

Dados do ministério mostram que, em geral, alunos das públicas estão mais de três anos defasados em relação aos das particulares.

Educadores ouvidos pela reportagem afirmaram que a proposta do governo é interessante, mas a implementação é difícil, uma vez que os professores foram formados nas disciplinas específicas.

O secretário da Educação Básica do ministério, Cesar Callegari, diz que os dados do ensino médio forçam a aceleração nas mudanças, mas afirma que o processo será negociado com os Estados, responsáveis pelas escolas.

Já a formação docente, afirma, será articulada com universidades e Capes (órgão da União responsável pela área).

Uma mudança mais imediata deverá ocorrer no material didático. Na compra que deve começar neste ano, a pasta procurará também livros que trabalhem as quatro áreas do conhecimento.

Organização semelhante foi sugerida em 2009, quando o governo anunciou que mandaria verbas a escolas que alterassem seus currículos. O projeto, porém, era de caráter experimental.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/educacao/1138074-mec-vai-propor-a-fusao-de-disciplinas-do-ensino-medio.shtml
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Comentários

  • 26 Comentários sorted by Votes Date Added
  • Já pensou que beleza? Um professor de biologia dando aulas de física?

    Tirem o Aloizio Mercadante do MEC já! Tirem esse cara do Brasil... Eu acho que o Brasil deveria ter o ostracismo(igual na Grécia antiga) , a gente escolhe um político que fez mais estrago e bane ele do país por 10 anos.
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    "Aquilo que só existe no Brasil e não é jabuticaba, só pode ser besteira".
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Fernando_Silva disse: "Aquilo que só existe no Brasil e não é jabuticaba, só pode ser besteira".

    Aquilo que só existe no Brasil, não é jabuticaba e foi proposto pelo Mercadante então...
    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    É impressionante o cinismo desta turma que finge que não vê o que salta aos olhos.
    Como se fundir disciplinas mudasse algo em uma realidade onde professores que não querem ensinar lidam com alunos que não querem aprender.
    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
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    Além do sistema proposto pelo “Mercadente” ser uma burrice sem tamanho, é preciso perceber que o sistema de ensino não só no Brasil, como no mundo, é falho!

    O sistema de ensino funciona como um divulgador, um vendedor de ideias pré-concebidas aparentemente consagradas.

    Por exemplo, se você entra em uma faculdade de física, a escola vai lhe apresentar as ideias de Newton, de Einstein, de Bohr, de Heisenberg e outros, e lhe ensinará a trabalhar em cima dessas ideias.

    Literalmente, o que as escolas fazem é o seguinte:

    "Aqui estão as ideias de: fulano, beltrano e ciclano, vocês não precisam pensar mais nesses problemas resolvidos por eles, porque eles já pensaram neles por vocês, então vamos ensina-los a usar os resultados dessas ideias na resolução de outros problemas que se apresentam".

    Sendo que o correto, em uma escola ideal, dever-se-ia fazer o seguinte:

    Estas são as ideias de: fulano, beltrano e ciclano, vamos ensina-los como estes sujeitos chegaram a essas soluções, vamos ensina-los a pensar criativamente como eles, vamos ensina-los a ter ideias, vamos ensina-los como é o processo criativo, vamos ensina-los a desenvolver ideias filosóficas e ensina-los a colocar à prova as ideias desses pensadores por meio de experimentos, para que, vocês possam encontrar possíveis erros nas ideias desses nossos antecessores e se possível, corrigir essas ideias, se elas estiverem erradas, e se não for possível, vamos ensina-los a criar novas teorias que substituam essas ideias pré-concebidas e ditas consagradas.

    As escolas são apenas vendedoras de ideias pré-concebidas, são divulgadoras de supostos sistemas “consagrados”.

    As escolas não ensinam o saber, as escolas apenas divulgam (vendem) o saber pré-estabelecido e dito “consagrado”, e se apenas divulgam, é lógico pensar que muitas ideias que podem estar erradas, continuam a ser divulgadas como verdades, como ideias corretas, como ideias “consagradas”.
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    O mundo só será feliz no dia em que enforcarmos o último político com as tripas do último líder religioso e cremarmos seus corpos, usando como combustível, seus podres livros sagrados!

    http://gilghamesh.blogspot.com/
  • Gilghamesh, você acha que seu método de ensino é viável? O ensino fundamental e médio é uma grande conquista, conhecer 2 mil anos de ciência, apesar de parecer inútil pra alguns na verdade é muito útil e ajuda a se livrar das garras da religião e de políticos corruptos.

    Discutindo no outro fórum com um crente eu vejo o quanto o conhecimento básico faz falta, e o quanto as pessoas precisam saber, até mesmo a fórmula de baskara ajuda.

    O governo quer acabar mesmo com a educação, senão não proporia esses absurdos, e já que vamos voltar pra antiguidade onde só tinha analfabetos que acreditavam em tudo que um padre dizia, então vamos voltar pra valer e criar a lei do ostracismo.

    O ostracismo seria, os brasileiros teriam a chance de eleger um político e banir esse político por 10 anos do país. O critério seria, quem fez mais estrago e quem não fez boas coisas enquanto governava. Quero ver só se assim teria tantos candidatos, e se os políticos iam só votar nome de rua.
  • ReidReid Membro
    edited agosto 2012 Vote Up0Vote Down
    Fabi disse: Discutindo no outro fórum com um crente eu vejo o quanto o conhecimento básico faz falta, e o quanto as pessoas precisam saber, até mesmo a fórmula de baskara ajuda.

    com erivelton? aquilo eh uma tristeza mesmo... :/
    Post edited by Reid on
  • Olá Fabi, o método que eu descrevi, não desprivilegia o saber acumulado, pelo contrário, usa o saber acumulado e o analisa, para criar novos saberes cada vez mais concatenados com a realidade observável.

    Basicamente, é mais ou menos o método usado nos cursos das áreas de Propaganda e Artes Plásticas, por exemplo, onde se estuda o trabalho passado e se cria condições para analisar essas ideias e ensinar a ter idéias melhores que as dos antecessores.

    Já sobre o ostracismo, eu tenho outra ideia, talvez mais viável, mas ainda preciso amadurece-la para torna-la prática...
    O mundo só será feliz no dia em que enforcarmos o último político com as tripas do último líder religioso e cremarmos seus corpos, usando como combustível, seus podres livros sagrados!

    http://gilghamesh.blogspot.com/
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Mercadante só é Ministro da Educação porque é figura histórica do PT e o governo Rousseff não sabia o que fazer com ele.
    Ignorá-lo geraria tensões partidárias e era impensável ter aquele mala no centro das decisões.

    Pergunta: Onde podemos alocar o mala em um cargo de prestígio, mas longe do poder real?
    Resposta: No Ministério da Educação.

    É isto que este Ministério é no Brasil de hoje.
    Um lugar onde alocar o entulho partidário.

    Que Monã nos proteja.


    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
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  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    edited agosto 2012 Vote Up0Vote Down
    Gilghamesh disse: As escolas são apenas vendedoras de ideias pré-concebidas, são divulgadoras de supostos sistemas “consagrados”.

    As escolas não ensinam o saber, as escolas apenas divulgam (vendem) o saber pré-estabelecido e dito “consagrado”, e se apenas divulgam, é lógico pensar que muitas ideias que podem estar erradas, continuam a ser divulgadas como verdades, como ideias corretas, como ideias “consagradas”.
    Mas até uma certa idade, as escolas servem para transmitir conhecimentos e não para questioná-los, senão fica parecendo o 'método' do Paulo Freire, que prefere discutir as relações de produção envolvidas em "Ivo viu a uva" a ensinar a criança a ler.

    Existe um conjunto de conhecimentos básicos que os alunos devem absorver. Mais tarde, se quiserem se especializar, então poderão procurar por erros ou melhorias.
    Gilghamesh disse: Olá Fabi, o método que eu descrevi, não desprivilegia o saber acumulado, pelo contrário, usa o saber acumulado e o analisa, para criar novos saberes cada vez mais concatenados com a realidade observável.

    Sim, mais tarde. Na universidade, talvez. Depois que os alunos estiverem capacitados a questionar alguma coisa por já disporem das ferramentas para tal.
    Post edited by Fernando_Silva on
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    Ah, sim, claro Grande Fernando!

    Esta proposta não seria para a área do ensino fundamental, o ensino fundamental é a base, eu aplicaria esse método, do final do ensino médio para cima, talvez eu não tenha deixado isso claro, pois para mim, está mais do que lógico que para aplicar esse método, é preciso primeiro a base do ensino fundamental.
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    O mundo só será feliz no dia em que enforcarmos o último político com as tripas do último líder religioso e cremarmos seus corpos, usando como combustível, seus podres livros sagrados!

    http://gilghamesh.blogspot.com/
  • Gilghamesh disse: eu aplicaria esse método, do final do ensino médio para cima, talvez eu não tenha deixado isso claro, pois para mim, está mais do que lógico que para aplicar esse método, é preciso primeiro a base do ensino fundamental.
    Mas o Ensino Médio também tem matérias básicas, seu método funcionaria se tivesse mais dois anos de ensino médio, onde nos 3 anos teria as matérias regulares e nos outros dois anos uma contextualização.

    Mas é difícil conseguir alguém especialista em duas matérias diferentes, quem domina Física não entende nada de Biologia, e vice versa.
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    Fabi, mas de onde você tirou a ideia de que eu apoio o projeto do "Mercadente"?

    O que eu falei, não tem nada sobre usar um professor lecionando várias matérias diferentes.
    O mundo só será feliz no dia em que enforcarmos o último político com as tripas do último líder religioso e cremarmos seus corpos, usando como combustível, seus podres livros sagrados!

    http://gilghamesh.blogspot.com/
  • HuxleyHuxley Membro
    edited agosto 2012 Vote Up0Vote Down
    Para Mercadante, a divisão do trabalho e a estratégia de decompor os problemas no maior número possível de partes para melhor abordá-los são coisas de zé manés sem a fabulosa criatividade dele.

    A criatividade na solução dos problemas educacionais brasileiros é tão grande por parte dos petralhas que esta é a fotografia da situação atual do nosso ensino básico:

    pisa-quadro-original.jpg

    ...53º de uma amostra de 65 países.

    Fonte: http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/em-ranking-dominado-pela-asia-china-e-o-pais-lider-em-educacao-no-mundo
    Post edited by Huxley on
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    sybok disse:
    Como se vê, segundo meu currículo, lugar de aprender ciências não é na escola, mas sim na faculdade. Ensino fundamental e médio é lugar para preparar o individuo para raciocinar de modo a entender o método cientifico, entender o sistema político-econômico vigente e ter aptidões que lhe permitam trabalhar.

    Minha matéria preferida era ciência quando estava no primário e ginásio. Eu apenas absorvia os conhecimentos, sem me preocupar com métodos. Isto veio depois.
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Huxley disse: ...53º de uma amostra de 65 países.

    Infelizmente nenhuma surpresa.

    Surpresa para mim foi ver a Argentina em 58º.
    Tive a oportunidade de conferir pessoalmente aspectos do ensino fundamental público em Buenos Aires e vê-los disputando a rabeira com o Casaquistão, Azerbaijão e Quirquistão (às vezes me pergunto se estes países existem mesmo) vai contra a imagem que uma cidade transbordando de livrarias transmite.

    Pois é...
    A Argentina era rica e ficou pobre.
    Era culta e ficou burra.
    Que nos sirva de exemplo de aonde o populismo leva.

    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Fernando_Silva disse:
    Minha matéria preferida era ciência quando estava no primário e ginásio. Eu apenas absorvia os conhecimentos, sem me preocupar com métodos.

    Aula de Ciências na escola era fascinante (como dizia um personagem).
    Mesmo naquelas condições paupérrimas, carentes de laboratórios e audiovisual.
    O que não fariam os professores de então com os recursos de hoje?
    E o que fazem os professores de hoje?

    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • FabiFabi Membro
    edited agosto 2012 Vote Up0Vote Down
    O único excesso que existe é o excesso de preguiça.

    Se voltássemos cem anos na história a população daria tudo pra ser alfabetizada e ter conhecimento, assim não seriam enganadas facilmente.

    E todo mundo esquece que Roma tinha conhecimento, mas era restrito a quem queria (e podia $$), quando o império romano caiu o que aconteceu?

    Veio uma igreja queimadora de pessoas que proibia e escondia livros e eram contra o conhecimento (ai quem de que ousasse ler a bíblia por conta própria). E vocês* querem jogar fora anos de lutas sangrentas pra que a gente pudesse ter direito ao conhecimento hoje?

    E outra, existe o islamismo, sem conhecimento e com o grau de propagação do islamismo tenho certeza que algo parecido com que aconteceu na Idade Média, com a igreja católica queimando hereges (só que os muçulmanos apedrejariam), aconteceria de novo.



    *Genericamente.
    Post edited by Fabi on
  • HuxleyHuxley Membro
    edited agosto 2012 Vote Up0Vote Down
    Uma correção da minha parte. Já existe um ranking mais recente do PISA, agora com 74 países:

    Matemática 63º Brasil 386
    Ciências 59º Brasil 405
    Leitura 57º Brasil 412

    http://en.wikipedia.org/wiki/PISA#cite_note-11

    Observação:

    "^† Participants in PISA 2009+, which were tested in 2010 after the main group of 65.[12]"
    Post edited by Huxley on
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    edited agosto 2012 Vote Up0Vote Down
    Fabi disse: Veio uma igreja queimadora de pessoas que proibia e escondia livros e eram contra o conhecimento (ai quem de que ousasse ler a bíblia por conta própria).

    No início, o clero também era analfabeto, mas a ICAR percebeu que era preciso algum conhecimento de teologia e da Bíblia para enfrentar os hereges, e então criaram escolas e alfabetizaram seus membros, além de fazer cópias dos livros importantes para eles.
    Fabi disse: E outra, existe o islamismo, sem conhecimento e com o grau de propagação do islamismo tenho certeza que algo parecido com que aconteceu na Idade Média, com a igreja católica queimando hereges (só que os muçulmanos apedrejariam), aconteceria de novo.

    Na Idade Média, era o contrário: os islamitas eram poderosos militarmente e se dedicaram à ciência. A humanidade hoje deve muito a eles. Depois, com as sucessivas derrotas, eles acharam que era castigo de Alá, os fundamentalistas assumiram o poder e deu no que deu.
    Post edited by Fernando_Silva on
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Como os números da educação estão ruins, Mercadante muda os critérios de avaliação.

    http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/mercadante-decide-maquiar-os-numeros-do-ideb-e-prepara-o-desastre-final-no-ensino-medio-que-sera-transferido-para-as-universidades-federais-e-uma-obra-de-gigante-em-parceria-com-dilma/
    Mercadante decide maquiar os números do Ideb e prepara o desastre final no ensino médio, que será transferido para as universidades federais. É uma obra de gigante, em parceria com Dilma

    Se a educação brasileira já amarga alguns vexames em exames internacionais, é porque ainda não vimos — será coisa para os nossos filhos — o resultado dos desastres que estão sendo contratados agora. A dupla Dilma Rousseff-Aloizio Mercadante está preparando uma bomba de efeito retardado, que vai explodir mais adiante. Tão logo a presidente meta as digitais na lei que institui 50% de cotas das universidades federais para alunos oriundos do ensino público, essas instituições estarão marcando um encontro com o declínio. Viverão dias piores do que os atuais, que já não são gloriosos.

    Preconceito contra aluno da escola pública? Besteira! O problema é que essa é escola é ruim de doer. A seleção dos mais aptos a enfrentar um curso universitário pode ser uma evidência de que o sistema é ruim, mas ao menos preserva o terceiro grau público de horrores extremos. Essa linha está sendo rompida. Nos últimos 10 anos, dobrou o percentual de universitários praticamente analfabetos: de 2% para 4%; aumentou brutalmente o de estudantes não plenamente alfabetizados: de 24% para 38%. E vai piorar.

    Depois do resultado desastroso do Ideb, especialmente para o ensino médio, Mercadante resolveu ter uma ideia — e eu sempre temi por esse momento. Quer mudar a grade curricular do ensino médio, diminuindo o número de disciplinas, adaptando-a àqueles nomes entre o intangível e o pernóstico das provas do Enem: “Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias” (língua portuguesa e uma língua estrangeira ao menos), Matemática e Suas Tecnologias (é aquela tal matemática), Ciências da Natureza e Suas Tecnologias (física, química e biologia), Ciências Humanas e Suas Tecnologias (história, geografia, sociologia, filosofia). Se você quer compreender os propósitos do MEC com essa nomenclatura, clique aqui. Mas trague bem devagar…

    Já andei escrevendo sobre algumas delinquências intelectuais em questões do Enem. Em “Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias”, pobre do aluno que não for um apreciador de história em quadrinhos, por exemplo! Se ele não souber a diferença entre um pronome e uma fatia de mortadela, isso não é assim tão relevante. Mas não vou me perder nisso agora. Embora as provas tenham aqueles nomes arcanos, basta examiná-las para saber que as disciplinas originais, não obstante, continuam lá — embora filtradas, especialmente nas ciências humanas, pelo viés social, proselitista e até populista.

    Muito bem! Mercadante, o nosso gênio reformador, diz que vai querer menos disciplinas. Entendo, então, que professores generalistas passariam a dar aula, deixem-me ver, de “Ciências da Natureza”. Certo! Teremos químicos explicando o Movimento Retilíneo Uniformemente Variado, físicos ensinando os mistérios dos esporos e biólogos descobrindo os caminhos insondáveis da química inorgânica!

    Em “Ciências Humanas e Suas Tecnologias”, que já é mesmo terra de ninguém, prestando-se a toda sorte de vigarices (e os professores sérios não se zanguem, porque vocês sabem do que estou falando), geógrafos poderão abandonar de vez os afluentes do Amazonas (brincadeirinha…) e a altitude do Aconcágua para se dedicar, como está naquela verborreia do MEC, a “comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura”. Não sei que zorra é essa, mas deve ser importante…

    Mesmo que o professor de filosofia seja um ignorante em história, ele pode ocupar o seu tempo (também cito o MEC), “analisando o papel da justiça como instituição na organização das sociedades”. Tendo o professor de história de dar aula de geografia, ele que reconheça “a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas”. Compreenderam?

    Onde estão esses professores? São formados por qual universidade? Nas escolas particulares de alta performance, professores distintos dão aula de álgebra e geometria, por exemplo. Em alguns, a química também tem os seus especialistas — há os que preferem a orgânica; há os que preferem a inorgânica. Mercadante quer fazer a sua revolução sem nem mesmo a definição de um currículo mínimo.

    Maquiagem dos números
    O ministro tomou outra decisão importante. Como não gostou dos números do Ideb, resolveu mudar o critério. Perde-se, assim, a série histórica. E vocês já podem esperar um grande salto nos anos seguintes. Leiam o que informa Rafael Moraes Moura, no Estadão. Volto em seguida:

    Uma semana após a divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011 ter apontado a estagnação do ensino médio no País, o Ministério da Educação (MEC) confirmou nesta terça-feira, 21, que mudará a fórmula para calcular o índice. Em vez de usar a Prova Brasil, que indica que o desempenho dos estudantes ficou praticamente estável entre 2009 e 2010, o governo utilizará os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que mostram um avanço na aprendizagem.

    O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, nega que a troca tenha como objetivo maquiar os números do Ideb. “O Enem é que realmente avalia a qualidade do ensino médio.” Para ele, o estudante faz o Enem com mais empenho, pois a nota pode ser usada para entrar em universidades. Já a Prova Brasil é apenas uma avaliação, diz. “O Enem ele faz sabendo que é uma prova decisiva, ele dá o melhor de si.” A ideia é adotar a nova equação já no próximo Ideb, em 2013.

    Hoje o Ideb combina o desempenho na Prova Brasil com a taxa de aprovação. Comparando a evolução do desempenho em português e matemática nesta prova, a avaliação dos alunos no ensino médio ficou praticamente estável entre 2009 e 2011. A evolução do Ideb no ensino médio foi tímida – saltou de 3,6 (2009) para 3,7 (2011). Se considerar só a rede estadual, o indicador se manteve estagnado em 3,4, sendo que no Distrito Federal e em nove Estados houve queda.

    Já no Enem, a nota dos concluintes do ensino médio de escolas públicas saltou de 480,2 para 492,9 em matemática, entre 2010 e 2011 – a Teoria de Resposta ao Item (TRI) calibrou o grau de dificuldade dos dois últimos exames, permitindo a comparação. Em português, o desempenho foi de 490,6 para 503,7. “O Enem mostra que houve uma evolução muito positiva no aprendizado da matemática e do português”, destacou o ministro.

    Para o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Luiz Cláudio Costa, o governo não está criando “uma saída para mascarar os números”. “Temos desafios no ensino médio e pretendemos achar uma medida mais exata para enfrentá-los. A nota do Enem mostra outra tendência, mas não minimiza os problemas.” Dentro de 60 dias, o Inep deverá entregar ao ministro um estudo técnico sobre a mudança de cálculo do Ideb e suas implicações. Uma das preocupações é não perder a série histórica projetada para os próximos anos – a meta do Ideb para 2021 é 5,2.
    (…)


    Voltei

    É surrealista! Como não perder a “média histórica” se estão mudando os critérios de aferição? Como os números estão ruins, Mercadante resolveu produzir números melhores sem mudar a qualidade da educação, entenderam? É o jeito petista de fazer as coisas. Assim, quem sabe o ministro entre para a história como o responsável pelo maior salto jamais havido no Ideb!!! É impressionante!

    Então vejam como as coisas se combinam. Mercadante prepara uma maquiagem do Ideb para melhorar os números, arma a arapuca das cotas nas universidades públicas e encomenda uma mudança de currículo no ensino médio que vai substituir o conhecimento específico pela verborragia social.

    Os professores especialistas pararão de importunar os alunos com o rigor que ainda lhes resta e poderão se dedicar a ensinar um pouco de quase tudo. Aí basta chutar o aluno que teve aula de biologia com um professor de física para a faculdade de medicina e o que teve aula de física com o professor de química para a faculdade de engenharia civil… Nos cursos de humanidades, a coisa tende a ficar como está: basta ter bons propósitos, pregar justiça social, demonizar o capital e a “mídia”, e estamos conversados!

    Não nos esqueçamos de que Mercadante conseguiu seu doutorado na Unicamp com uma “tese” cantando as glórias do governo Lula.
    Viva a pátria livre dos apedeutas!

    Por Reinaldo Azevedo
  • Gozado certas coisas...
    Há uns 80 ou 70 anos, não havia computadores, nem aparelhos audiovisuais caprichados... era tudo na lousa, giz, livros, cadernos, lápis... E quando falo com essa gente, ouço-os dizer:
    _ Saí do meu quarto ano primário sabendo mais coisas do que um aluno de oitava série hoje...
    Que estranho: as exigências de conteúdo "memorizativo" caíram pacas em relação aos currículos de antigamente (é, antes tinha grego, latim, e outras tantas coisas) e hoje não tem nada disso e...

    O problema da escola são os seguintes:
    1 - Falta de cobrança, ou seja, não se avaliam mais os alunos, pois eles ficam traumatizados e desestimulados se forem mal... E, pior ainda, NÃO SE AVALIAM os professores. Sacomé, antigamente professor era não só bem remunerado, como também era uma profissão de "status" social. O cara era professor porque ESCOLHEU SER PROFESSOR. Depois, com o governo revolucionário de 1964, professor virou subversivo potencial e caiu no conceito de "status". O salário também foi caindo. Com a primeira greve que fizeram, ainda no governo Maluf _ notório pelo seu desprezo a essa classe trabalhadora _ eles ganhavam 1.200 cruzeiros contra 1.500 dos lixeiros... Aí professor virou quebra-galho. Enquanto não acha coisa melhor, vai dar aula. Assim, o professor de Física não é um formado e licenciado em Física e sim um engenheiro que não deu sorte e, pra não morrer de fome, vai dar aula de física, sem preparo e sem licenciatura. Mas vai falar em avaliar os professores pra ver o que o sindicato deles diz.

    2 - Salseiro ideológico. Extinto o governo militar, já com as escolas e sistema educacional apodrecido, vieram os militantes ideológicos. Agora era importante formar alunos "politicamente esclarecidos". Pode-se ver que até as cartilhas trazem loas e mais loas ao Socialismo e malha-se o Capitalismo. Se bem que as crianças nem conseguem ler essas cartilhas, pois mesmo quando saem da escola, não sabem ainda ler, nem escrever.

    3 - Povo brasileiro é burro e cordeiro. E falta líderes que saibam dizer algo além de "Marx foi um grande gênio". Se algum dia aparecer algum que diga algo diferente...
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Botanico disse: Agora era importante formar alunos "politicamente esclarecidos". Pode-se ver que até as cartilhas trazem loas e mais loas ao Socialismo e malha-se o Capitalismo.

    O 'livro sagrado' dessa gente é "Pedagia do Oprimido", de Paulo Freire.
    O título já diz tudo.
  • O que me revolta é porque eu sei que isso vai dar merda, mas os responsáveis pelo desastre vão jogar a culpa no professor.
    O plano era "maravilhoso" mas não funcionou porque os professores são preguiçosos.
    O tal Mercadante NUNCA vai assumir a culpa pelo fracasso.
  • Acontece hoje algo que eu já havia previsto, as faculdades sérias serão as privadas (nem todas, é claro), onde se levará a sério o estudo e esforço, deixando de lado essa palhaçada de ideologia.
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