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Os EUA iam acabar em 1861

2»

Comentários

  • Acauan disse: Não, por que seria?
    Você perguntou se houve tiranias amadas e dei um exemplo.

    Ou não percebi alguma ironia nas frases anteriores ou nos perdemos nesse quesito. E já remetendo à demonstração solicitada. Não é necessário propaganda, apesar de ajudar muito, para que as sociedades exploradas por um império não o veja com bons olhos, por isso não existe nenhum amado por "barbáros".
    Acauan disse: Nesta questão em particular me reservo o direito.

    O que não muda nada.


    Acauan disse: Falei de experiências, que são dados objetivos e estão acima da opinião.
    Já as interpretações e conclusões sobre estas experiências tem sempre viés ideológico.

    Experiencias também tenho as minhas, assim como ideologias, mas não sou eu quem pediu referencias...
    “Um metafísico é um cego num quarto escuro à procura de um gato preto que não está lá, e um teólogo é o tipo que encontra o gato.” Anonimo

  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    http://moglobo.globo.com/integra.asp?txtUrl=/opiniao/mat/2011/08/10/ingenuidade-adolescente-925107697.asp
    Ingenuidade adolescente

    GILBERTO SCOFIELD

    Todo o embate no Congresso americano sobre como reduzir o altíssimo endividamento dos EUA sem aprofundar a crise econômica que ainda sangra o país causou enorme oba-oba na internet. Da blogosfera às redes sociais, muitos comemoram "a inevitável derrocada do império americano".

    No fim de semana, quando a China decidiu enquadrar os americanos do alto de sua posição como maior credor do país (US$ 1,1 trilhão das reservas chinesas estão em ativos em dólares) e pediu o fim da "miopia" do Capitólio (que prioriza rixas políticas em detrimento dos credores), novamente a internet urrou, feliz em presenciar um momento da História "em que a China está dizendo aos EUA o que fazer, quem diria".

    A China (assim como o Brasil) tem todo o direito do mundo de cuidar de seu patrimônio e pregar uma nova moeda internacional que reflita com mais exatidão os pesos das economias em trocas comerciais e projetos de investimento de escala planetária. O que me incomoda é a ingenuidade adolescente com que a ascendência chinesa e a decadência americana são comemoradas em Facebook, Twitter e blogs, com palmas ao "novo século chinês".

    Mas a China é uma ditadura que prende e arrebenta quem ousa discordar. Há 21 mil presos políticos no país. Seus dirigentes interpretam o respeito a direitos humanos como o ato de tirar mais de 300 milhões de pessoas da miséria. E só. Seu projeto de crescimento, turbinado por uma massa de migrantes que trabalham por US$ 50 mensais sem qualquer noção do que seja direito trabalhista para encher o mundo de produtos vagabundos e piratas, é considerado um exemplo mundial.

    E a ironia: falam mal da "miopia" das discussões americanas, mas desconhecem o que seja um debate político, privilégio do Politburo do Partido Comunista da China. Tanto o governo quanto os chineses - lobotomizados por anos de educação e mídia manipuladas - não conseguem conviver com críticas, especialmente as vindas de fora.

    Nunca morri de amores pelos EUA e sua arrogância de potência, seu unilateralismo como estratégia, sua paixão por guerras em busca de lucros, seu apoio a regimes ditatoriais atrás de influência, sua direita preconceituosa, armada e raivosa formada por gente tosca, orgulhosa por nunca ter saído de Chattanooga, no Oklahoma. Sem falar na tirania do sistema financeiro. Mas fechar os olhos para um país construído em sólidas bases democráticas e na defesa ferrenha de instituições de poder que há 26 anos tentamos fortalecer no Brasil é tolice.

    Apesar dos Tea Parties da vida, em toda história americana os radicalismos foram anulados por projetos negociados publicamente de olho no bem-estar do cidadão médio.

    A briga brasileira deve ser pelo fim das hegemonias e pela construção de um mundo pautado por soluções negociadas dentro dos organismos como ONU e OMC, e fora deles, como o G-20. Depois de seis anos morando na China e nos EUA, digo e repito: mil vezes a influência de um decadente império americano e sua cultura democrática do que fazer parte do raio de influência da emergente potência chinesa e seu mantra "cadeia para quem discordar".

    GILBERTO SCOFIELD é jornalista.
  • 196218_460s.jpg
    "In any case, what westeners call civilization, the others would call barbarity, because it is precisely lacking in the essential, that is to say a principle of a higher order." - René Guénon
  • ufka_Cabecaoufka_Cabecao Moderador
    edited agosto 2011 Vote Up0Vote Down


    A guerra civil americana entrou para a história como um conflito entre abolicionistas e escravistas. Embora essa bandeira tenha sido levantada por seu poder de propaganda e de falsificação histórica, o que ocorreu foi a supressão do dispositivo constitucional que era talvez o maior avanço em termos institucionais e a própria razão de ser da declaração de independência dos Estados Unidos da América: o direito de secessão dos estados quando insatisfeitos com a representação federal recebida.

    Esse ato de violência política teve implicações muito mais relevantes do que uma abolição nominal do trabalho compulsório e do comércio de pessoas para o destino dos EUA, uma vez que estabeleceu um estado central imperialista e hegemônico, que desde então apenas cresceu em suas violações daquela constituição que um dia teria sido escrita para limitá-lo.

    O fim da escravidão era uma mera questão de tempo, com a introdução de tecnologias de relações de trabalho mais eficazes no sul agrário. E o preço pago a título de apressar esse processo foi o sacrifício dos valores mais fundamentais da América.

    É difícil falar de um quadro institucional orignal para os Estados Unidos tal qual vislumbravam seus founding fathers, pois eles se encontravam divididos entre facções federalistas e anti-federalistas. Essas disputas evoluiram com a nação, e o poder do governo federal de legislar sobre os estados da união sempre foi uma questão de intenso debate.

    E esse debate foi encerrado pelos argumentos da artilharia yankee em Richmond.
    Post edited by ufka_Cabecao on
  • Rapidfire disse: E até onde sei a crise decorre justamente de excesso de estado e não o contrário.
    Ou tirei nota baixa, mas a crise de 1929 não foi solucionada pea intromissão do estado numa economia baseada na autoregulação de mercados?

  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    zato_one disse: Ou tirei nota baixa, mas a crise de 1929 não foi solucionada pea intromissão do estado numa economia baseada na autoregulação de mercados?

    Há controvérsias.
    Milton Friedman defendeu o contrário.

    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • Walter Williams, por exemplo, afirma que sem o New Deal a crise teria durado em torno de três anos. Isso é apenas mais uma das besteiras ideológicas que aprendemos na escola.
    A essência da intolerância é recusar aos outros os direitos que você exige para si próprio. Tal intolerância é inerentemente incompatível com a liberdade, embora muitos esquerdistas fiquem chocados de serem considerados oponentes da liberdade. (Thomas Sowell)
  • zato_one disse: Ou tirei nota baixa, mas a crise de 1929 não foi solucionada pea intromissão do estado numa economia baseada na autoregulação de mercados?


    Você deve ter tirado uma excelente nota, pois é exatamente essa a conclusão instigada pelos ideólogos que lhe doutrinaram através dos seus professores.

    Mas a História é uma coleção de fatos, e não de conclusões.

    Os fatos foram a ocorrência da crise marcada pelo crash de 29 e a subseqüente depressão que prosseguiu por uma década até a Segunda Guerra. No meio tempo, diversas intromissões do Estado na economia, iniciadas por Hoover e ampliadas por Roosevelt, se passaram.

    O que não é trivial é deduzir o que se passaria se elas não tivessem sido feitas, logo a afirmação de que elas "solucionaram" algo é bastante frívola.

    Trata-se da falácia post hoc ergo propter hoc, de concluir que aquilo que precede necessariamente causa, além da falácia de assumir para uma determinada ação seus efeitos desejados.

    O New Deal pretendia consertar a economia, era o seu efeito desejado. Como a economia eventualmente sanou, a ilusão é a de que ele teria funcionado, mas o seu efeito real pode muito bem ter sido o prolongamento e agravamento dos efeitos da crise.

    Algumas pessoas bebem urina com intenções terapêuticas, e muitas delas mais tarde se curam. Seguindo a lógica dos seus professores de história estaria provado o caráter medicinal da urina.
  • ufka_Cabecao disse: Mas a História é uma coleção de fatos, e não de conclusões.

    Os fatos foram a ocorrência da crise marcada pelo crash de 29 e a subseqüente depressão que prosseguiu por uma década até a Segunda Guerra. No meio tempo, diversas intromissões do Estado na economia, iniciadas por Hoover e ampliadas por Roosevelt, se passaram.
    Na sua opinião quais foram as verdadeiras causas da quebra da bolsa de valores de 1929?

    Você estaria certo ao afirmar que a crise passaria sozinha de forma mais rápida sem qualquer intervenção? Baseado em que fato histórico você afirma isso?

    Come with me if you wanna live.
  • Cameron escreveu:
    Na sua opinião quais foram as verdadeiras causas da quebra da bolsa de valores de 1929?

    O sistema de reserva fracionária sempre envolve o risco de insolvência. Como o volume de dívida é maior do que o volume de reservas, há a possibilidade de ocorrência de uma "corrida" sempre que os clientes considerem que seu banco não é confiável.

    O Fed foi instituído no começo do século XX nominalmente para criar uma válvula de escape para bancos que sofressem "temporariamente" com problemas de solvência.

    O que parecia uma idéia brilhante teve como efeito a sistematização do risco monetário, pois agora todos os bancos estavam forçados a operar no mesmo nível de insolvência, já que eles não podiam mais competir em termos de serem mais ou menos confiáveis que os seus adversários.

    O resultado prático foi dar aos burocratas do Fed poder para controlar a massa monetária, já que todos os bancos usariam igualmente de seus direitos de emissão de moeda, devido a uniformização do risco.

    Isso tornou o sistema muito mais frágil, ainda que a intenção fosse torná-lo mais robusto. Ainda que no sistema precedente crises de confiança e corridas a bancos ocorressem elas não representavam o mesmo risco de contágio pois os níveis de solvência e exposição variavam. O novo sistema forçava todos os bancos a serem o mais permissivos com seus empréstimos, pois o risco era absorvido por todo mundo.

    O resultado foi a conhecida tragédia dos comuns. Muito dinheiro novo foi criado na forma de crédito, e investido em negócios duvidosos. Esses investimentos são feitos porque o dinheiro novo criado sob a forma de crédito cria a ilusão de uma taxa de juros mais baixa, que os tornaria interessantes. Mas a taxa de juros real é determinada pela poupança real, ou seja, pelo capital não consumido. A taxa de juros monetária que é cobrada na prática é uma distorção criada pelo aumento virtual da massa monetária sob a forma de crédito, e essa distorção fomenta o mau investimento.

    Enquanto esses projetos equivocados ainda eram avaliados lucrativamente os erros não eram percebidos, mas em algum ponto começam a faltar recursos básicos para manter as projeções viáveis. Isso porque a economia real é feita de recursos escassos. Se projetos malucos estão sendo criados, é porque projetos sérios estão sendo preteridos.

    Esse engando pode durar algum tempo porque existem diversos "buffers" de capital que podem ser consumidos antes que alguém perceba que não está havendo poupança suficiente para sustentar os investimentos. Estes buffers existem sob a forma de estoques que não são suficientemente repostos e instalações industriais que podem ser depreciadas com base na crença de lucros futuros que nunca virão, e todos os outros tipos de bens de capital que são gradualmente esgotáveis, incluindo capital humano.

    Quando esses buffers são completamente consumidos e os lucros esperados não se materializam, as pessoas entram em pânico.

    Essa é a forma mais resumida que a crise pode ser explicada, eu acho. Mas se você quiser um apanhado de fatos históricos e teoria econômica eu recomendo "America's great depression" de Murray Rothbard.

    Cameron escreveu:
    Você estaria certo ao afirmar que a crise passaria sozinha de forma mais rápida sem qualquer intervenção? Baseado em que fato histórico você afirma isso?


    A única intervenção necessária era terminar o Fed ali mesmo, pois ele era a fonte do problema em primeiro lugar.

    O livre mercado não está imune a crises de "liquidez" (leia-se solvência) enquanto houver prática de reserva fracionária.

    A diferença é que no livre mercado nem todos os bancos são obrigados a aderir a prática com a mesma intensidade. Cada banco pode gerir seu risco de liquidez independentemente, e não se tornam como pescadores pescando no mesmo lago, forçados a explorar o máximo os peixes limitados que ali existem.



  • Parece que os mesmos erros estão a ser cometidos na Europa e EUA. Que raiva...

    A reserva fracionária é uma fraude que deveria acabar.
  • ufka_Cabecaoufka_Cabecao Moderador
    edited agosto 2011 Vote Up0Vote Down
    Alguns economistas libertários dizem o mesmo. Que qualquer coisa exceto 100% de reservas é fraude de falsificação de moeda.

    Eu não concordo.

    No sistema atual essa razão entre crédito circulante e reservas é determinada para todo mundo pelas políticas regulatórias do banco central, e os banqueiros individuais não tem nenhuma capacidade de usar sua própria informação na gestão de sua própria exposição ao risco (e a de seus clientes). Todos estão expostos ao mesmo grande risco materializado nessas crises macroeconômicas, e aqueles mais informados se protegem como podem.

    Em um legítimo sistema de free banking, cada banqueiro encontraria seu equilíbrio homeostático para a oferta de crédito de maneira que o risco de solvência fosse controlado in loco and on the fly através do constante re-ajuste da sua própria alavancagem (proporção de crédito circulante sobre os ativos reais), e eu não acho que ele deva ser necessariamente 100% de reservas garantidas o tempo todo.

    Isso significria uma opção por risco zero (ou próximo de zero) de insolvência de um banco, mas eu não entendo porque esse risco precisaria ser necessariamente zero e não uma quantidade positiva definida pelos participantes do contrato. Afinal, ao se optar por zerar um risco, qualquer que seja ele, se opta por incorrer nos custos operacionais e de oportunidade necessários para que esse risco permaneça zerado, e nem sempre um nível zero de risco é racionalmente justificável.

    Desde que você esteja ciente de que ao colocar seu dinheiro num banco você está concordando com certas operações arriscadas que podem eventualmente fazer o seu dinheiro desaparecer, não há nenhuma fraude envolvida. É o caso por exemplo dos Hedge Funds atuais.

    Falências bancárias ocasionais seriam inevitáveis, mas isso porque finanças é um negócio arriscado como qualquer outro, sujeito a falhas. Ninguém estaria sendo iludido e o sistema estaria sendo constantmente renovado, eliminando tecnologias ultrapassadas ou equivocadas de gestão assim como as aristocracias financeiras hoje fossilizadas pelo alastramento de uma atitude inconseqüente e auto-realizável chamada too big to fail. Num regime onde se aceita que coisas eventualmente quebram, nada tende a se tornar grande demais para se deixar quebrar. O que nos explica também a resistência dos banqueiros atuais em abandonar o regime de bancos centrais - já que a única coisa que estes garantem é a sua proeminência corporativa ad infinitum através dos bailouts governamentais, tanto os explícitos quanto os velados.

    O sistema atual é fraudulento porque ele pretende dar a impressão de ser possível conciliar garantias sobre depósitos ao mesmo tempo em que se roda um esquema de fracionamento de reservas. Isso sim é despropositado.
    Post edited by ufka_Cabecao on
  • O risco zero significaria crescimento dependente da poupança. Na vida sempre acreditei, poupa primeiro, investe depois. Isto, evitaria crescimento artificial, talvez até, das instituições too big to fail.

    Admitir algum risco é aceitável, se ,em concorrência existirem alternativas, entre as quais a do risco próximo do zero.


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