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IDH Municipal 2013; São Caetano continua (bem) na frente

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Comentários

  • 41 Comentários sorted by Votes Date Added
  • Piracicaba e Limeira não aparecem... :(
    Come with me if you wanna live.
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Obrigado, obrigado...
    Acauan dos Tupis
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  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Morram de inveja Andreenses e Bernadenses.
    Acauan dos Tupis
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  • ENCOSTOENCOSTO Membro
    edited agosto 2013 Vote Up0Vote Down
    São Caetano é assim porque a prefeitura investe forte na agricultura familiar, artesanato (indigena principalmente) e encampou as empresas de transporte publico. E nao permite a instalação de multinacionais que só querem lucro e mais lucro.



    Post edited by ENCOSTO on
    O ENCOSTO
    Onde houver fé, levarei a dúvida!
  • Alias, são caetano é exportadora de charutos. Tem uma cooperativa municipal que controla tudo.
    O ENCOSTO
    Onde houver fé, levarei a dúvida!
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    O Companheiro Encosto falou a verdade.
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  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    edited agosto 2013 Vote Up0Vote Down
    O sucesso e prosperidade de São Caetano começou quando a cidade impediu que uma grande multinacional ianque se instalasse em seu território para explorar os trabalhadores locais, como sabiamente fez depois o Companheiro Olívio Dutra.
    Post edited by Acauan on
    Acauan dos Tupis
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  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    edited agosto 2013 Vote Up0Vote Down
    E, claro, São Caetano só chegou onde está porque desde sua emancipação sempre foi governado por administrações democrático populares progressistas, que administraram a cidade em sintonia fina com os Movimentos Populares.
    Post edited by Acauan on
    Acauan dos Tupis
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  • Quando e como São Caetano começou a se desenvolver?
    O quão pobre era São Caetano antes disso?
    Há quanto tempo não elegem um petista como prefeito ou uma câmara de vereadores de maioria petista ou partidos aliados (se bem que as coligações municipais no Brasil são uma piada)?
    Até onde vai a influência dos sindicatos em São Caetano?
    E especificamente sobre os índices de violência em São Caetano?

    Pelas ironias postadas aqui, parece ser o exemplo oposto de Detroit, que já foi a melhor capital dos EUA em qualidade de vida e hoje (meio século de governo democrata) é a capital mais violenta e quebrada do país

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=1658
    Texto do gênio imaculado sacrossanto Peter Schiff (o cara que previu a crise de 2008). Vale a pena dar uma olhada.
    "In any case, what westeners call civilization, the others would call barbarity, because it is precisely lacking in the essential, that is to say a principle of a higher order." - René Guénon
  • Detroit quebrou por culpa da GERRA FISCAL lá nos EUA. Outros locas dentro dos Estados Unidos mesmo começaram a tirar dinheiro do orçamento de prefeituras e estados, que deveria ser empregado nas micro e pequenas empresas, agricultura familiar, etc, para bancar com incentivos fiscais a vinda desse tipo de negócio datado do século XX.

    Nada a ver com esse lance de sindicato, etc, que andam divulgando ai.

    http://rodrigoconstantino.blogspot.com.br/2013/07/detroit-e-licao-de-schumpeter.html

    E a Motown também saiu de lá. Foi a pá de cal.

    O ENCOSTO
    Onde houver fé, levarei a dúvida!
  • A propósito, Diadema que se cuide. Tem empresa grande planejando sair de lá literalmente na calada da noite, fazendo uma grande operação logistica para retirar tudo em poucas horas (final de semana).

    O negócio lá é tão avacalhado a ponto de o sindicato ter uma sala dentro da empresa. E a qualquer hora a producao é interrompida para os mais diversos tipos de anuncios (contra a empresa, geralmente). O representante do sindicato sobe numa pilha de pallet e uma roda de gente se forma para ouvi-lo.

    Para evitar a saide de empresas do ABC, os caras armaram a seguinte estrategia: Orientar os sindicatos de utros estados (geralmente eles sao do mesmo partido politico) a ir nos portoes das fabricas do nordeste e sul para falar que paulista ganha 30% a mais para fazer a mesma coisa. Se isso dar certo e os salarios forem equivalentes, as empresas, na opiniao deles, continuarão onde estao no ABC.
    O ENCOSTO
    Onde houver fé, levarei a dúvida!
  • ENCOSTO disse: Detroit quebrou por culpa da GERRA FISCAL lá nos EUA.

    http://mises.org/daily/3278
    O pessoal lá culpa o Sul, por ter aberto um espaço mais amigável para as montadoras se instalarem. Afinal de contas, tudo sempre é culpa do Sul.

    Alguns também culpam o NAFTA. É... postos de trabalho nos EUA foram transferidos pro México. Então fora ALCA!
    "In any case, what westeners call civilization, the others would call barbarity, because it is precisely lacking in the essential, that is to say a principle of a higher order." - René Guénon
  • ENCOSTO disse: O negócio lá é tão avacalhado a ponto de o sindicato ter uma sala dentro da empresa. E a qualquer hora a producao é interrompida para os mais diversos tipos de anuncios (contra a empresa, geralmente).

    Me diz que tá de saca.
    "In any case, what westeners call civilization, the others would call barbarity, because it is precisely lacking in the essential, that is to say a principle of a higher order." - René Guénon
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    edited agosto 2013 Vote Up0Vote Down
    Apatico disse: Quando e como São Caetano começou a se desenvolver?

    Nos anos 60, quando a cidade extinguiu as favelas em seu território.

    Pelos anos 70, São Caetano era, provavelmente, a maior concentração industrial do país, com mais de quatrocentas indústrias em parcos quinze quilômetros quadrados. A arrecadação municipal sempre ancorou-se na sede nacional da General Motors, mas o parque industrial da cidade incluía outras grandes como Aços Villares, Basf, ZF, Adria, uma unidade distribuidora da Petrobrás, a então expressiva Cerâmica São Caetano, centenas de pequenas e médias indústrias, além de ser sede das Casas Bahia.

    Até então a cidade aparentemente pouco se diferia das demais cidades industriais do ABC, mas a combinação da riqueza industrial, desfavelização e área pequena produziram o resultado espetacular de, em uma geração, transformar toda uma população operária em classe média (classe média de verdade, não aquilo que o governo federal chama de classe média).
    Fator importante foram os investimentos em educação. No início dos anos 70 a cidade tinha mais vagas nas escolas públicas do que alunos.

    Nos anos 80, com seu perfil de população de classe média definida e 100% da infra-estrutura montada a cidade passou a priorizar os investimentos em melhoria da qualidade de vida, política que permanece.

    Apatico disse: O quão pobre era São Caetano antes disso?

    São Caetano nunca foi exatamente pobre.
    Antes da industrialização era um subúrbio agrícola, uma fazenda de padres Beneditinos italianos. Com a chegada da indústria tornou-se uma cidade operária, cujo padrão de vida era modesto, mas muito superior à média brasileira. Um operário de uma indústria de porte ganhava um salário relativamente baixo, mas contava com assistência médica privada de qualidade 100% gratuita, transporte gratuito para o trabalho, restaurante industrial, uniforme gratuito, incluindo sapatos, clube esportivo e um programa de benefícios e assistência social que lhes garantia no cômputo geral uma qualidade de vida muito superior ao que seria proporcionado apenas pelo salário. Pode parecer banal hoje, mas conheci muita gente que comeu bife pela primeira vez na vida no restaurante da fábrica, passou por uma avaliação médica pela primeira vez na vida nos exames periódicos profissionais e o sapato de segurança foi o primeiro calçado decente que usou. Prá não falar daqueles autênticos bichos do mato, que começavam a trabalhar como operários em funções braçais na indústria e dez anos depois se tornavam profissionais especializados, bem pagos e respeitados, que em nada lembravam o que eram quando foram admitidos. Claro que estes bichos do mato no exterior escondiam gente esforçada e talentosa que se revelavam com as oportunidades que a indústria oferecia.

    Esta realidade existia também nas outras cidades do ABC, mas o diferencial de São Caetano foi que a inexistência de favelas e a pequena área territorial restringiam e disciplinavam as migrações das regiões pobres, o que não ocorria em Santo André, São Bernardo do Campo e, principalmente, Diadema.
    Estas cidades viveram o desafio social de enxugar gelo, pois para cada habitante local que deixava a pobreza aproveitando as oportunidades oferecidas pela indústria, dois ou mais pobres vinham de outras regiões do Brasil em busca destas mesmas oportunidades, o que fez multiplicar as favelas e os problemas sociais, o que em São Caetano não ocorreu.

    Apatico disse: Há quanto tempo não elegem um petista como prefeito ou uma câmara de vereadores de maioria petista ou partidos aliados (se bem que as coligações municipais no Brasil são uma piada)?

    Há, há, há..., Eleger petista em São Caetano? Só rindo!
    A cidade NUNCA elegeu um prefeito petista. Nem sequer chegou perto disto. Assim com a bancada petista nunca chegou perto de ser majoritária.
    Prá se ter uma ideia do perfil político-ideológico da Cidade, na última eleição quando ficou claro que o candidato indicado pelo então prefeito iria perder, espalharam um boato sobre o líder nas pesquisas que deveria assustar os eleitores locais. O boato insinuava que o candidato da oposição tinha ligações com o PT. E bastaria que a população acreditasse nisto para destruir qualquer possibilidade de vencer uma eleição aqui, o que não ocorreu. Prá se ter uma ideia, nas últimas pesquisas o candidato do PT tinha 1% das intenções de voto.

    Apatico disse: Até onde vai a influência dos sindicatos em São Caetano?

    Quando Lula comandava as greves do ABC, o sindicato de São Caetano sempre foi reticente em aceitar a liderança dele. Até hoje o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano é o único do ABC que não aderiu à CUT, logo é o único que não se tornou uma extensão do Partido dos Trabalhadores.
    Apatico disse: E especificamente sobre os índices de violência em São Caetano?

    O maior problema de segurança pública de São Caetano é furto de automóveis.
    Homicídios e crimes violentos contam-se nos dedos.
    Um dos prefeitos anteriores desenvolveu uma política de segurança muito eficaz, que incluía pagar um adicional de salário aos policiais que atuavam na cidade (professores estaduais que atuavam aqui também recebiam complementação salarial da prefeitura). Como resultado, ouvi do subcomandante do batalhão local da polícia militar que seus melhores policiais pediam transferência para a cidade, o que era ótimo para São Caetano.

    De novo, não possuir favelas ajuda muito. Não há bases próximas onde quadrilhas criminosas possam montar centros operacionais.

    Políticas rígidas reprimiam (hoje menos) vendedores ambulantes, pedintes, guardadores de carro e atividades do tipo. Nos cruzamentos a distribuição de panfletos só era permitida a pessoas uniformizadas ou identificadas. Tais restrições dificultavam a infiltração de marginais nestes grupos, tirando deles pontos fixos de observação e reconhecimento de oportunidades.

    Apatico disse: Pelas ironias postadas aqui, parece ser o exemplo oposto de Detroit, que já foi a melhor capital dos EUA em qualidade de vida e hoje (meio século de governo democrata) é a capital mais violenta e quebrada do país

    Nos anos 90 quando começou a fuga em massa das indústrias do ABC motivadas pela agressividade sindical, altos custos, obsolescência das fábricas e guerra fiscal, temeu-se que toda região, São Caetano incluso, revertesse o ciclo de enriquecimento.
    Ocorreu o contrário, São Caetano firmou-se como cidade de classe média, com foco em comércio e serviços, bastando a GM para assegurar uma arrecadação municipal que sustenta os benefícios sociais oferecidos.

    Claro que, se a GM sair daqui teremos sério problemas...


    Post edited by Acauan on
    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Apatico disse:
    Encosto disse: O negócio lá é tão avacalhado a ponto de o sindicato ter uma sala dentro da empresa. E a qualquer hora a producao é interrompida para os mais diversos tipos de anuncios (contra a empresa, geralmente).

    Me diz que tá de saca.

    Pior que não.

    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • Acauan disse: Nos anos 60, quando a cidade extinguiu as favelas em seu território.

    Meio-século então.
    Acauan disse: São Caetano nunca foi exatamente pobre.
    Interessante.

    Não era pobre porque a comparação que poderia ser feita na época era ainda pior, mas para os parâmetros atuais, pelo que foi descrito logo abaixo, era pobre sim.
    Acauan disse: Um operário de uma indústria de porte ganhava um salário relativamente baixo, mas contava com assistência médica privada de qualidade 100% gratuita, transporte gratuito para o trabalho, restaurante industrial, uniforme gratuito, incluindo sapatos, clube esportivo e um programa de benefícios e assistência social que lhes garantia no cômputo geral uma qualidade de vida muito superior ao que seria proporcionado apenas pelo salário.
    Como estas regalias foram obtidas? Pressão sindical?

    Acauan disse: Esta realidade existia também nas outras cidades do ABC, mas o diferencial de São Caetano foi que a inexistência de favelas e a pequena área territorial restringiam e disciplinavam as migrações das regiões pobres, o que não ocorria em Santo André, São Bernardo do Campo e, principalmente, Diadema.

    Bom apontar que não só a questão política, mas também geográfica favoreceu a cidade.
    Acauan disse: Prá se ter uma ideia do perfil político-ideológico da Cidade, na última eleição quando ficou claro que o candidato indicado pelo então prefeito iria perder, espalharam um boato sobre o líder nas pesquisas que deveria assustar os eleitores locais. O boato insinuava que o candidato da oposição tinha ligações com o PT. E bastaria que a população acreditasse nisto para destruir qualquer possibilidade de vencer uma eleição aqui, o que não ocorreu.
    Resumindo: No município com o maior IDH do Brasil, ser petista é xingamento.
    Acauan disse: Quando Lula comandava as greves do ABC, o sindicato de São Caetano sempre foi reticente em aceitar a liderança dele. Até hoje o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano é o único do ABC que não aderiu à CUT, logo é o único que não se tornou uma extensão do Partido dos Trabalhadores.
    E ligações com partidos como PSTU ou PCO?

    Acauan disse: O maior problema de segurança pública de São Caetano é furto de automóveis.
    Homicídios e crimes violentos contam-se nos dedos.
    O que considero ainda mais essencial para explicar o sucesso da cidade do que os investimentos na educação e saúde.

    Nenhuma atividade humana pode progredir diante do caos e da falta de segurança.

    Acauan disse: De novo, não possuir favelas ajuda muito. Não há bases próximas onde quadrilhas criminosas possam montar centros operacionais.
    Proporcionalmente, a epidemia de crack afeta São Caetano como afeta São Paulo?

    Há alguns anos visitei uma cidade onde morei na infância e vi que na praça em frente a Igreja que eu costumava andar de bicicleta sem supervisão já não tinha mais senhoras nem crianças, só viciados.

    Aqui na minha cidade, quase toda notícia de homicídio que se tem notícia tá ligado ao crack.
    Acauan disse: Nos anos 90 quando começou a fuga em massa das indústrias do ABC motivadas pela agressividade sindical, altos custos, obsolescência das fábricas e guerra fiscal, temeu-se que toda região, São Caetano incluso, revertesse o ciclo de enriquecimento.
    Ocorreu o contrário, São Caetano firmou-se como cidade de classe média, com foco em comércio e serviços, bastando a GM para assegurar uma arrecadação municipal que sustenta os benefícios sociais oferecidos.

    Está insinuando que a cidade com o maior PIB per capita do país mais rico do mundo poderia ter evitado seu estado atual catastrófico se tivesse seguido lições de uma cidadezinha de um país de terceiro mundo?
    Acauan disse: Pior que não.
    Depois reclamam quando a empresa vai embora...
    "In any case, what westeners call civilization, the others would call barbarity, because it is precisely lacking in the essential, that is to say a principle of a higher order." - René Guénon
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    edited agosto 2013 Vote Up0Vote Down
    Apatico disse: Meio-século então.

    Pois é!
    Apatico disse: Não era pobre porque a comparação que poderia ser feita na época era ainda pior, mas para os parâmetros atuais, pelo que foi descrito logo abaixo, era pobre sim.

    A partir do nível em que se atinge a satisfação das necessidades básicas, ser ou não pobre é sempre uma questão comparativa. Um favelado brasileiro que faz churrasco na laje e passa um domingo inteiro comendo carne e tomando cerveja com a família e os amigos seria considerado um milionário excêntrico por alguns somalis que assistissem a cena.
    Apatico disse: Como estas regalias foram obtidas? Pressão sindical?

    Que nada. Conceder voluntariamente estes benefícios era política das multinacionais exploradoras da mão de obra barata do terceiro mundo.
    O discurso sindicalista se baseava no fato de que nas matrizes os operários ganhavam mais, o que não mudava o fato que as grandes indústrias pagavam os melhores salários e davam os melhores pacotes de benefícios para operários no Brasil.
    Além disto, estas empresas foram pioneiras no combate à discriminação - para o esperneio das esquerdas que podem mentir, mas não podem mudar a realidade - uma vez que operários dedicados e com potencial eram promovidos independente da raça ou origem. Mesmo em empresas alemãs, onde por vezes o racismo era implícito, encontrávamos negros em cargos de supervisão conquistados com esforço e competência. E ser supervisor em uma grande indústria nos anos 60 e 70 significava atingir um padrão de vida impensável para quem era pobre na época, além do status social que o cargo aferia e que fazia muitos preconceituosos torcerem o nariz para os "negros metidos" que as indústrias formaram.

    Apatico disse: Bom apontar que não só a questão política, mas também geográfica favoreceu a cidade.

    É difícil separar a questão geográfica da política. Primeiro porque os líderes da emancipação da cidade poderiam ter lutado por um município com área maior, mas perceberam que grande não é sinônimo de bom. Depois temos o contraponto de Diadema, que também tem área territorial pequena e se desenvolveu como uma cidade problemática. Quando São Caetano começou a se destacar por seus indicadores sociais, Diadema tinha a triste reputação de ser a cidade mais violenta do Brasil. Justiça seja feita e verdade seja dita, Diadema melhorou muito depois de uma sequência de governos do PT e partidos associados. Lembrando que a prefeitura de Diadema foi a primeira conquistada pelo Partido dos Trabalhadores.
    Apatico disse:
    Resumindo: No município com o maior IDH do Brasil, ser petista é xingamento.

    Exato! Petistas ODEIAM São Caetano do Sul e nós queremos que eles nos odeiem mais ainda.

    Frequentemente ouvimos petistas e esquerdistas se referirem a São Caetano como "cidade de burguesinhos" quando na verdade todo mundo com raízes na cidade é filho de operários e se orgulha disto (inclusive eu). É comum ouvir médicos dizerem "meu pai trabalhou trinta anos na GM". Eles não gostam porque somos uma cidade de operários que deram certo e deixaram de ser operários por seus próprios méritos e de seus pais.

    Apatico disse: E ligações com partidos como PSTU ou PCO?

    Os únicos na cidade que devem saber algo sobre estes partidos são os membros de Diretório Acadêmico de faculdades, se bem que, em São Caetano, até os Diretórios Acadêmicos devem ser de Direita.
    Apatico disse: O que considero ainda mais essencial para explicar o sucesso da cidade do que os investimentos na educação e saúde. Nenhuma atividade humana pode progredir diante do caos e da falta de segurança.

    Há uma mescla de causa e efeito nesta questão. Aquela história do se o Tostines é mais fresco porque vende mais ou vice-versa. A violência urbana é produto, dentre outros fatores, mas principalmente, da desagregação familiar. Famílias estruturadas, mesmo que pobres, raramente tem filhos bandidos.
    Pode-se discutir até onde a miséria leva à desagregação, mas deixo isto pros esquerdistas.

    O fator causal predominante do sucesso de São Caetano é a agregação familiar.
    Nasci e cresci em um subúrbio operário e nenhuma, absolutamente nenhuma criança dos arredores estava fora da escola. Todos os pais eram ciosos em garantir a educação dos filhos, mesmo quando estes tinham que trabalhar para ajudar no sustento da família, eram fortemente incentivados a estudar a noite.

    Como não existe milagre, a fórmula é óbvia.
    Uma geração de pais pobres e semi-analfabetos aproveitou as oportunidades de trabalho da região e encaminhou seus filhos para que se educassem. Vinte anos depois os filhos de operários estavam nas faculdades - no geral, não as melhores faculdades, mas foi um progresso e tanto.

    Apatico disse: Proporcionalmente, a epidemia de crack afeta São Caetano como afeta São Paulo?

    Não. Mas temo dizer que "não, ainda". O crack é hoje a maior ameaça social no Brasil e como sempre as autoridades reagem a esta ameaça com discursos conflitantes e ações relutantes.
    O que protege relativamente a cidade é de novo a agregação familiar e o perfil demográfico (a cidade está envelhecendo, como é típico nas comunidades com este perfil), que impede que viciados vão para as ruas e se tornem visíveis. Deve haver na cidade muitas famílias vivendo esta situação terrível, mas isto não se mostra (ainda) nas ruas e praças.

    Apatico disse: Está insinuando que a cidade com o maior PIB per capita do país mais rico do mundo poderia ter evitado seu estado atual catastrófico se tivesse seguido lições de uma cidadezinha de um país de terceiro mundo?

    O erro de Detroit foi achar que a riqueza da indústria automobilística podia ser infinita e eterna. No ABC o surto de riqueza foi intenso, mas breve. Já nos anos 80 quando das grandes greves metalúrgicas dava sinais de esgotamento. Felizmente o ABC está do lado do maior centro industrial do país, do maior centro financeiro, do maior centro comercial e do maior centro consumidor que é a Grande São Paulo, coisa que não acontecia com Detroit que dependia exclusivamente da indústria automobilística.

    As situações são diferentes, mas o ABC esteve muito perto nos anos 90 de se tornar uma Detroit latina. Escapamos mais pelas circunstâncias específicas do que pela competência.

    Apatico disse: Depois reclamam quando a empresa vai embora...

    Sempre defendi que a Indústria é uma força social positiva, contrariando o discurso dos sindicatos.
    Só que os sindicatos sabiam disto e seu discurso era apenas propaganda. Ninguém aderiria entusiasticamente às greves ouvindo que as indústrias eram boazinhas.

    Quando estas indústrias ficaram literalmente de saco cheio e perceberam que havia centenas de cidades pelo país implorando que elas se instalassem lá e oferecendo mil e uma regalias como atrativo, vastas partes da região se tornaram cidades fantasmas com galpões industriais vazios das empresas que se foram e que nenhuma outra quis ocupar. Quando muito, uma ou outra fábrica se transformava em Igreja Universal do Reino de Deus.

    Esta fase foi superada. O ABC hoje é de novo uma das regiões economicamente mais dinâmicas do país, muitos sindicatos aceitaram de bom grado a focinheira que a realidade lhes impôs e novos investimentos modernizaram o setor de serviços, extremamente defasado em relação ao potencial econômico do ABC nas décadas anteriores.

    Culturalmente o ABC continua sendo uma província caipira, mas muita coisa mudou e isto pode melhorar também.


    Post edited by Acauan on
    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • Agradeço pelas explicações, também tenho interesse no "milagre sulsancaetanense".
  • Acauan disse: Nos anos 90 quando começou a fuga em massa das indústrias do ABC motivadas pela agressividade sindical, altos custos, obsolescência das fábricas e guerra fiscal, temeu-se que toda região, São Caetano incluso, revertesse o ciclo de enriquecimento.

    Interessante notar que, no caso do desenvolvimento humano, São Caetano não só continuou no topo, como abriu larga vantagem entre os demais colocados e ainda mais sobre cidades industrializadas de porte equiparável. Santos ocupava a segunda posição em 1991 e Niterói a terceira, ambas caindo para sexta e sétima, respectivamente, e cidades onde o turismo é peça chave ocupando as posições intermediárias, Águas de São Pedro, Florianópolis, Vitória e Balneário Camboriú.
  • Raphael disse: Agradeço pelas explicações, também tenho interesse no "milagre sulsancaetanense".

    Também.

    Ao invés de taxar de "cidade de burguesinhos", deveriam ver o que pode ser copiado de São Caetano para os demais municípios brasileiros. Claro que, como o Acauan já explicou, parte do sucesso é explicado por motivos alheios à competência dos habitantes e dos políticos da cidade, como as questões de tamanho e localização do território. O que torna a explicação ainda mais confiável. Além do fato de apontar as conquistas de segurança das administrações do PT em cidades vizinhas. Coisa que petista nenhum jamais faria.
    "In any case, what westeners call civilization, the others would call barbarity, because it is precisely lacking in the essential, that is to say a principle of a higher order." - René Guénon
  • Acauan disse: A partir do nível em que se atinge a satisfação das necessidades básicas, ser ou não pobre é sempre uma questão comparativa. Um favelado brasileiro que faz churrasco na laje e passa um domingo inteiro comendo carne e tomando cerveja com a família e os amigos seria considerado um milionário excêntrico por alguns somalis que assistissem a cena.

    Eu concordo totalmente. Tudo precisa de um parâmetro objetivo para ser comparado.

    Acontece que ao contrário do Índio Velho, eu mal saí das fraldas. Conheço uma penca de gente pobre, mas nunca tive notícia de alguém que chegou à idade adulta sem nunca ter comido carne ou ido a um médico. Já tinha ouvido casos semelhantes de parentes, mas é uma realidade quase que inacreditável para alguém de 20 e poucos anos.
    "In any case, what westeners call civilization, the others would call barbarity, because it is precisely lacking in the essential, that is to say a principle of a higher order." - René Guénon
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    edited agosto 2013 Vote Up0Vote Down
    Raphael disse: Agradeço pelas explicações, também tenho interesse no "milagre sulsancaetanense".

    Mesmo eu tenho interesse em desvendar certos mistérios, como o quanto as organizações da comunidade italiana - fundadora da cidade - influenciaram nos posteriores resultados excepcionais.

    Se observados os sobrenomes dos prefeitos de São Caetano desde a emancipação, apenas dois não são de origem italiana. Sendo que um dos dois é o atual recém empossado.

    Que a maioria dos prefeitos fosse de descendência italiana em uma cidade fundada por italianos vá lá, mas praticamente TODOS tá muito acima da probabilidade estatística aceitável para eventos aleatórios.




    Post edited by Acauan on
    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • Teve algum Torrano como prefeito?

    Não conheço São Caetano, mas acredito que a agregação familiar que citou pode ser influência da imigração italiana (geralmente do sul da Itália). A Itália deve ser o país do Ocidente onde o modelo patriarcal de família é mais forte atualmente.
    "In any case, what westeners call civilization, the others would call barbarity, because it is precisely lacking in the essential, that is to say a principle of a higher order." - René Guénon
  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    edited agosto 2013 Vote Up0Vote Down
    Acauan disse: Nos anos 60, quando a cidade extinguiu as favelas em seu território.
    No Rio, a região onde hoje fica o Complexo do Alemão era altamente industrializada. Aos poucos, foi sufocada pelas favelas até que as indústrias fecharam ou se mudaram. Só restou um aglomerado de favelas dominado pelo tráfico. Quem passa pela Av.Brasil ainda vê os prédios fechados e pichados, muitos deles ocupados pelos favelados.
    Post edited by Fernando_Silva on
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    edited agosto 2013 Vote Up0Vote Down
    Apatico disse: Teve algum Torrano como prefeito?

    Torrano não, ainda...
    Temos Pellegrino, Campanella, Tortorello, Dall'Anese e Auricchio...

    Apatico disse: Não conheço São Caetano, mas acredito que a agregação familiar que citou pode ser influência da imigração italiana (geralmente do sul da Itália). A Itália deve ser o país do Ocidente onde o modelo patriarcal de família é mais forte atualmente.

    E italianos são famosos por estruturar suas organizações civis como se fossem expansões da família. Até a Máfia é estruturada assim.

    Aqui em São Caetano é possível a raiz da hegemonia italiana na política da cidade esteja nos operários italianos, que eram trabalhadores com uma forte cultura de associação. Degredados em uma terra distante e estranha, devem ter recorrido a este corporativismo nacional-familiar para criar oportunidades de ajuda mútua. Quando várias destas famílias prosperaram, a influência política destas associações cresceu até se tornar dominante.

    Não é segredo que a campanha de emancipação da cidade foi liderada por descendentes de italianos, mas é curioso que tenham mantido o controle político da cidade por décadas, tempo no qual São Caetano deixou de ser uma cidade de imigrantes e definiu um perfil populacional próximo do característico da região.


    Post edited by Acauan on
    Acauan dos Tupis
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