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Comentários
Mas os psicólogos DEVEM entender de biologia e do funcionamento do cérebro. Se os psicólogos tratam de psicopatologias, então eles podem sim receitar medicamentos. Os medicamentos deles são as psicoterapias, que frequentemente buscam alterações nas manifestações fisiológicas e também recorrem às informações da biologia para saber quais alterações são mais fáceis de realizar.
Para complicar, é preciso diferenciar os males que são mais adequados de serem tratados pelo modelo biomédico daqueles mais adequados de serem tratados pelo modelo psicológico. Quem decide isso? Ora, os psicólogos e psiquiatras de elite que tem entendimento razoável da sua disciplina rival (também não é demais mencionar que alguns tem formação nas duas áreas). Pelo menos no âmbito da discussão no meio acadêmico, pode haver sim conclusões sobre o uso do medicamentos. Isso é importante quando se observa, por exemplo, o fato de que o uso de drogas psicotrópicas para combater a depressão não é algo que ocorre sem custos para o paciente.
No modelo psicológico, os sintomas são vistos como manifestações fisiológicas de condições psicológicas subjacentes. No modelo biomédico, os sintomas são vistos como manifestações de processos fisiológicos patológicos (doença) que é diagnosticada e depois tratada com os métodos biomédicos disponíveis.
Da perspectiva materialista da maioria dos neurocientistas cognitivistas, a mente é uma marionete do cérebro, então não há como dizer que “Se envolve o estudo do cérebro, então é Psiquiatria”. Os pensamentos ou as emoções a que os psicólogos se referem são propriedades emergentes do cérebro, que, por sua vez, exerce influência sobre outros sistemas cerebrais. Por outro lado, o Dualismo de Substância é um posicionamento filosófico 100% acientífico, diferentemente da visão da origem materialista da mente. Não é porque a mente é uma entidade em discussão que a teoria que diz que ela é uma “secreção” do cérebro não faz explicações comportamentais razoáveis.
Não acho que seja assim. Pelo que leio, o argumento principal para colocar a Psicologia praticamente no mesmo nível da Filosofia diz que há excessiva subjetividade nos relatos em primeira pessoa daqueles indivíduos que respondem a testes psicológicos padrão.
Uma questão frequentemente ignorada a esse respeito é o fato de que a Neurociência já pode afirmar que certos relatos são muitíssimo mais confiáveis que outros. Alguns relatos são de pessoas comprovadamente sem treino em atenção e concentração, mas outros são de pessoas que sabem gerar estados internos e produzir relatos fiáveis que permitem a Neurociência determinar com mais precisão as mudanças concretas que são produzidas no cérebro.
Por exemplo, nos estudos de Francisco Varela sobre os relatos em primeira pessoa põe-se em destaque a existência de um estilo pessoal de visualização que gera pautas de ativação do córtex cerebral muito diferentes (por exemplo, fechar os olhos e imaginar uma folha de papel que acabou de ver gera diferentes níveis de ativação do córtex visual).Assim, a hipótese de trabalho pode tratar de utilizar o enfoque empírico para corroborar a descrição realizada pela primeira pessoa. Isso obriga, por suposição, desenvolver uma disciplina sustentada da atenção. A boa notícia é que cientistas já testaram pessoas que comprovaram que se encaixam nesse perfil, como os meditadores avançados. Um caso bem conhecido ocorreu no laboratório do neurocientista Richard Davidson, que foi o palco de um estudo dos efeitos da meditação sobre a plasticidade da atenção (com o meditador europeu Lama Oser).
Tudo isso gera espaço para a implantação de uma Fenomenologia nas Ciências Humanas, como você poderá ver se acessar o link que pus no meu penúltimo post deste tópico. Mais uma vez para quem quiser ver:
http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v07/m31678.pdf
Dei uma olhada no currículo de psicologia da USP, que em dez períodos oferece 90 aulas de biologia e 120 de neurociências.
Isto a USP, outras universidades tem cargas horárias ainda menores para estas disciplinas.
Por lei, só médicos podem receitar fármacos.
Bem..., a diferença entre medicamento e terapia é clara, mas a julgar pelo currículo da USP, os cursos de psicologia ainda se baseiam nas teorias de Freud, Lacan, Jung, Reich etc, que pouco ou nenhuma relação tinham com fisiologia e biologia.
Mas as drogas reguladoras de serotonina produziram mais resultados positivos em tratamentos de depressão do que todas as sessões de psicanálise que as antecederam desde Sigmund Freud...
É difícil com estes resultados empíricos apostar na abordagem clássica da psicologia.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
"Jeitinho português".
Ok, Acauan, então considere o medicamento a que me referi como “medicamento”, uma metáfora.
Certo, então há um ponto em que concordamos aqui. Vou por um trecho de uma entrevista do prêmio Nobel em Medicina de 2000, Erik Mandel, que parece sintetizar meu pensamento sobre esse assunto que você abordou:
“A partir de estudos comparativos, Aaron Beck, da Universidade da Pensilvânia, conseguiu comprovar a eficácia da terapia-cognitivo comportamental. Atualmente, é o único tipo de terapia disponibilizada pelo governo britânico. Então, acho que a psicanálise e outros tipos de terapia devem seguir o mesmo caminho. Precisamos avaliar com mais cuidado a eficácia delas.”
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/a-psicoterapia-esta-passando-por-uma-crise-diz-nobel
Esse diálogo foi produtivo, mas acho bom encerrarmos por aqui porque o tema principal do tópico é a Teologia.
Só um detalhe: são 90 e 120 horas/aula.
Ou tentar entender a nossa estudando as crendices e superstições mais comuns em nossa época.
Pode ser financiada, sim, mas tanto quanto se financiam estudos sobre egípcios e gregos.
Utilidade prática é um critério inadequado quando falamos de conhecimento humano e a teologia sem dúvida participa deste cabedal de conhecimento. De qualquer modo, é praticamente impossível compreender o desenvolvimento das civilizações sem estudar seus mitos fundadores, o que inclui o desenvolvimento de sua cultura religiosa.
Financiar pesquisas de teologia confessional fere o princípio do Estado Laico, mas é possível que determinados aspectos teológicos tenham repercussão ou interfaces sociológicas ou mesmo psicológicas, o que talvez justificasse estudos de campo.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
O desenvolvimento da teologia cristã ao longo da Idade Média é indissociável da formação da própria sociedade ocidental, seus valores e modos de pensar.
Exemplo ainda mais expressivo, o Islã, onde são praticamente indistinguíveis teologia, civilização e cultura - além da própria língua árabe, estruturalmente criada pelo Corão.
Assim como a linguística estuda a evolução dos idiomas e suas interações com a História e cultura do povos que os utilizam, os simbolismos teológicos, tais quais os linguísticos, podem ser considerados objetos de estudo científico, dado que tais simbolismos constituem sistemas complexos que condensam e conciliam experiências antropológicas acumuladas ao longo de séculos.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Isto influencia fortemente minha visão das coisas.
Eu estudei isto na escola: mitologia dos gregos e egípcios. Fazia parte das aulas de história.
CONCORDO 100 %.
Eu quero a Verdade .
A realidade é um conjunto de possibilidades que se concretizou dentro de um universo infinito de possibilidades.
Pqp ! Eu já fui de esquerda !
Click aqui :
http://31.media.tumblr.com/tumblr_m4pmpbh3H11qlvp0oo1_250.gif
É isso mesmo: religião é uma realidade e deve integrar os programas de História, Psicologia, Antropologia e Filosofia.
Só.
Religião faz parte da história do homem no planeta .Ignora-la é que não tem utilidade nenhuma .
Eu quero a Verdade .
A realidade é um conjunto de possibilidades que se concretizou dentro de um universo infinito de possibilidades.
Pqp ! Eu já fui de esquerda !
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Foi . .. eu reforcei ...
Concordo 100% com você .
A minha colocação não muito bem feita , principalmente por eu citar seu comentário.
Ela levou você a pensar que
te critiquei . Não foi minha intenção .
Eu quero a Verdade .
A realidade é um conjunto de possibilidades que se concretizou dentro de um universo infinito de possibilidades.
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