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Conhecimento científico é incompatível com fé e religião.

carlocarlo Membro

por Cognite Tute.Aropósito de
Leitora critica ateus que atribuem só aos ateus os avanços científicos:

Leia http://www.paulopes.com.br/2011/05/leitora-critica-ateus-que-atribuem-so.html

Conhecimento científico é incompatível com fé e religião
Leitora critica ateus que atribuem só aos ateus os avanços científicos

A Alene está bastante equivocada, misturando conceitos, termos e ideias. Uma pena, porque parte do caminho ela já fez, para compreender a questão, apenas não consegue dar um "último passo" no processo.

Primeiro, acreditar, com base em evidências, e acreditar, sem base em evidências (por fé, revelação, etc.) são coisas distintas.


Um cientista não "acredita" na lei da Gravidade, ou na Evolução, ele conclui, com base em dados disponíveis, que são reais. Se os dados mudarem, pode até mudar de conclusão, ou ajustá-la.

Já quem "acredita" que Maria foi para o céu de corpo e tudo tem "fé" nesse evento, e nada vai mudar isso, assim como a origem dessa crença não se confunde com o termo usado no exemplo anterior.

E a acusação da autora é apenas um "espantalho", uma falácia de espantalho. Ninguém alega que apenas "ateus" são responsáveis pelos avanços científicos, sabemos que muitos cientistas (mais no passado que hoje) foram religiosos e acreditavam em coisas (deuses, entre elas).

O que alegamos, e provamos com evidências, é que os avanços científicos foram sempre, sem exceção, responsabilidade, bem, da ciência.

Pode parecer uma tautologia, mas é algo que religiosos, como a autora, parecem não compreender bem.

Quando um cientista faz "ciência", mesmo um cientista religioso, fervoroso, ele tem de deixar sua fé, sua crença de lado, ou compromete o trabalho, que deixa de ser "científico".

O resultado da ciência, o conhecimento científico, prescinde da fé e da religião. Na verdade, é incompatível com ela em sua produção, pois é universal, e independe da crença de seu autor.

Por exemplo, Mendel, descobridor das leis da hereditariedade, era um monge cristão. Ainda que na época muitos fossem monges apenas para escapar da miséria e ter onde morar e comer, não é relevante para o avanço científico por ele produzido. Mesmo que ele fosse fervorosamente cristão, seu trabalho NADA tem a ver com suas crenças ou fé.

A evidência disso é que, se ele fosse de qualquer outra fé, ou mesmo se não tivesse fé alguma, mas repetisse os mesmos passos, e processos, de seu trabalho, o resultado seria exatamente o mesmo, as leis da Hereditariedade. Biologia, não religião. Se os mesmos passos fossem feitos por um indu, seguidor de Bhrama, seria o mesmo. Se Mendel não houvesse descoberto as leis da Hereditariedade, outro o teria feito, sem nenhuma relação com a fé deste.

Outro bom exemplo, Newton, um dos maiores cientistas, era fervorosamente religioso. Mais que cristão, ele se preocupava com misticismo, e esoterismo, investigando processos alquímicos, espíritos, teologia, etc. Mas o que restou de seu trabalho, a única coisa que restou, foi o que não tem nenhuma ligação com suas crenças: cálculo, gravitação, etc. Nenhum dos textos ou trabalhos produzidos por Newton, a partir de suas, muitas, crenças, como sobre alquimia, sobreviveu ao tempo. São todos sem a menor relevância.

Quando um cientista, ou um teólogo, ou quem quer que seja, faz "ciência", ele o faz deixando de lado as crenças, qualquer crença. E NADA até hoje, em termos de ciência, foi produzido a partir de crenças de quem quer que seja, quaisquer que sejam. Nada.

Mesmo quando um religioso se "inspira" em algo de sua fé, precisa, depois disso, determinar as evidências que sustentem essa inspiração, como qualquer cientista não religioso: pelo método científico de validação e rigor. Sem isso, será apenas uma alegação sem base.

Um exemplo para entender (custam a entender, algumas pessoas.:-), um cientista, fervoroso cristão, decide estudar uma nova droga, digamos, contra o câncer. Ele prepara o estudo dentro das normas, separando 50 pessoas de perfil parecido, com o mesmo tipo e padrão de câncer. Estes não tomarão droga alguma. Outro grupo de 50 pessoas idêntico vai receber a nova droga. Outro grupo ainda de 50 pessoas com o mesmo perfil e doença, vai receber placebo, sem saber que é placebo. E nenhum dos médicos que aplicam drogas e placebo saberá quem aplica o quê.

Este é o perfil, simplificado, de um estudo "científico" para novas drogas.

Os resultados são: no grupo de controle, sem tratamento, 3 pessoas se curaram (regressão expontânea). No grupo com placebo, 5 pessoas se curaram. No grupo que recebeu a nova droga, 46 se curaram. Que conclusões podemos tirar disso?

Depende. Se deixarmos a crença do pesquisador de lado, podemos concluir que a nova droga tem efeito real, concreto, sobre a doença. Mas se levarmos a crença dele como "parte" da pesquisa, não. Pois é parte da crença dele, como cristão fervoroso, que deus pode curar, por motivos misteriosos, que não podemos compreender, qualquer pessoa que ele deseje, da forma como deseje, e portanto as curas do grupo que recebeu a nova droga pode ser causado apenas pela vontade de deus.

Não podemos concluir nada, nem podemos, com confiabilidade, prescrever a nova droga para pacientes com esse câncer, pois pode ser apenas a interferência de deus, por motivos desconhecidos que nossa mente não compreende (mas sempre justos e bons.:-), curando pessoas dentro do grupo. E ele pode não fazer isso quando a nova droga for vendida no mercado (de novo, por motivos que não compreendemos).

Mesmo o fervoroso cientista cristão precisa deixar sua fé e suas crenças FORA da pesquisa e da ciência, ou não poderá concluir nada, nunca. Como Laplace ao responder a Napoleão, quando este questionou a ausência de deus em seu livro sobre mecânica celeste: Sire, eu não precisei dessa hipótese.:-)

Enfim, o texto da autora é esclarecedor para entendermos muitas das confusões e enganos que quem crê tem a respeito de quem não crê, e erros de compreensão sobre o que é ciência, conhecimento científico, razão, e como isso tudo difere de fé, crença religiosa e superstições


Leia mais em http://www.paulopes.com.br/2011/12/conhecimento-cientifico-e-incompativel.html#ixzz1hqpQIUW1
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Comentários

  • 40 Comentários sorted by Votes Date Added
  • Não se pode avoluir na ciência sem ter fé e apenas com evidências, principalmente quando a tecnologia não é suficiente para tal.
  • OW Johnny, esplique-se melhor, acho que vc deixou de escrever uma parte do seu raciocínio, ok? Eu acho que foi depois da parte "e apenas com evidências".
  • Não, corrigindo acho que foi depois de "princinpalmente quando a tecnologia..."
    Cientistas não lidam com fé Johnny, lidam com empirismo, se ele não conseguir provar o que ele diz, ele não tem fé que está certo. Ele procura provar, com fé não dá mesmo.
  • CameronCameron Membro
    edited dezembro 2011 Vote Up0Vote Down
    carlo disse:
    Cientistas não lidam com fé Johnny, lidam com empirismo, se ele não conseguir provar o que ele diz, ele não tem fé que está certo. Ele procura provar, com fé não dá mesmo.
    Carlo, existe uma parcela de crença na ciência, principalmente quando especula sobre a imensidão do universo ou a origem da vida, a diferença é que na ciência ela leva o nome de teoria que diante de fatos contrários pode ser revista, atualizada ou descartada.

    Eu evito usar o termo fé ao invés de crença, apesar de serem sinônimos exatamente para evitar a confusão com a ideia religiosa de fé, aquela crença que seu defensor mantém a qualquer custo independente dos fatos.


    Post edited by Cameron on
    Come with me if you wanna live.
  • Há crenças e crenças, fés e féses
  • "Carlo, existe uma parcela de crença na ciência, principalmente quando especula sobre a imensidão do universo ou a origem da vida, a diferença é que na ciência ela leva o nome de teoria que diante de fatos contrários pode ser revista, atualizada ou descartada.

    Eu evito usar o termo fé ao invés de crença, apesar de serem sinônimos exatamente para evitar a confusão com a ideia religiosa de fé, aquela crença que seu defensor mantém a qualquer custo independente dos fatos."


    Pois é! Dentro deste seu raciocínio presenciei um debate ferrenho entre ateus, lá no blog do PAULOPES, o cara lá afirmava, que não dava para definir o ser ateu, apenas dentro da etimologia e que tinha que se definir o ateísmo dentro de um contexto filosófico e que ateísmo filosoficamente é uma crença e não tem nehum demérito nisto, segundo ele filosoficamente, ateuísmo é a crença, nãonão existência no divino.Prá mim tanto faz.
  • corrigindo o final da frase: è a crença na não existência do divino.
  • herfherf Membro
    edited dezembro 2011 Vote Up0Vote Down
    A mim me parece muito insana essa personificação da ciência e da religião. "A Ciência fez isso", "a Ciência nos deu isso", "a Religião nos atrasou nisso". Que raios quer o sujeito dizer com essas afirmações? Aliás, o que ele quer dizer com a própria pergunta "ciência e religião são incompatíveis?" Quanto mau uso da linguagem...

    O que é ciência? No sentido estrito, é um método de investigação dos fenômenos naturais. No sentido amplo, é todo o corpo de modelos explicativos de fenômenos naturais, didaticamente divididos e classificados, formulados a partir das informações obtidas por este método.

    O que é religião? É uma categoria que engloba todas as doutrinas que, grosso modo, procuram, cada uma à sua maneira, dar uma unidade a todos os aspectos da existência humana e um sentido para ela.

    Definindo os termos claramente assim, vejam se há algum sentido em afirmações e perguntas que colocam ciência e religião como duas coisas de mesma natureza, sujeitas à relação de compatibilidade/incompatibilidade.

    O único conflito que eu vejo não é entre ciência e religião, mas entre cientificistas e certos adeptos de certas religiões. Quem vê mais do que isso, a meu ver, pertence a uma destas categorias e está apenas buscando dar alguma camuflagem de racionalidade à sua antipatia contra o outro lado da contenda.
    Post edited by herf on
  • herf disse: A mim me parece muito insana essa personificação da ciência e da religião. "A Ciência fez isso", "a Ciência nos deu isso", "a Religião nos atrasou nisso". Que raios quer o sujeito dizer com essas afirmações? Aliás, o que ele quer dizer com a própria pergunta "ciência e religião são incompatíveis?" Quanto mau uso da linguagem...
    Linguagem não é uma ciência exata. rs
    O que é ciência? No sentido estrito, é um método de investigação dos fenômenos naturais. No sentido amplo, é todo o corpo de modelos explicativos de fenômenos naturais, didaticamente divididos e classificados, formulados a partir das informações obtidas por este método.
    É uma boa definição.
    O que é religião? É uma categoria que engloba todas as doutrinas que, grosso modo, procuram, cada uma à sua maneira, dar uma unidade a todos os aspectos da existência humana e um sentido para ela.
    Ok, vamos prosseguir então com essa definição nos comentários a seguir.
    Definindo os termos claramente assim, vejam se há algum sentido em afirmações e perguntas que colocam ciência e religião como duas coisas de mesma natureza, sujeitas à relação de compatibilidade/incompatibilidade.
    Sim, existe sentido, principalmente quando (seguindo suas definições) o método de investigação dos fenômenos naturais entram em choque com as doutrinas que tentam dar um sentido a existência humana, o exemplo clássico disso foi Galileu, quando suas pesquisas e investigações dos fenômenos naturais entraram em choque com a ideia religiosa que a Terra era o centro do universo, um dogma que visava dar sentido a existência humana o resultado foi a tentativa dessa silenciar a ciência, portanto, existe sim compatibilidade/incompatibilidade.
    O único conflito que eu vejo não é entre ciência e religião, mas entre cientificistas e certos adeptos de certas religiões. Quem vê mais do que isso, a meu ver, pertence a uma destas categorias e está apenas buscando dar alguma camuflagem de racionalidade à sua antipatia contra o outro lado da contenda.
    Poderíamos ficar citando vários exemplos de conflito entre o avanço da ciência e a tentativa de se manter o dogma religioso a qualquer custo, utilizando de todas as ferramentas políticas e judiciais que tais dispunham.

    Você pode chamar esse tipo de conflito de ser entre "religiosos e cientistas" ao invés de chamar de conflito entre "religião e ciência" se isso fizer alguma diferença para você, mas como a ciência e a religião são feitas por pessoas eu não imagino como existiria um conflito de outra forma.

    Seria o mesmo que dizer que nunca existiu conflito entre Japão e China, apenas entre japoneses e chineses.


    Come with me if you wanna live.
  • Taí Cameron, gostei. Explanado tudo eu pergunto, seu Ruy eu levo o pato ou deixo o pato? quer saber a resposta. me pergunte nos próximos posts...
  • Creio que já responderam minha citação.
  • Cameron disse: Seria o mesmo que dizer que nunca existiu conflito entre Japão e China, apenas entre japoneses e chineses.

    Pode parecer gozado, Cameron, mas É ISSO MESMO. Dizer que China e Japão se estranharam no século XX é uma BAITA SIMPLIFICAÇÃO. Quem bateu e levou nessa foram de fato os chineses e japoneses. Sem eles, não teria havido conflito... Nem existiriam China, nem Japão.

    No Julgamento de Nurembergue, os advogados tentaram uma manobra, alegando que as leis do Direito Internacional seriam aplicáveis a ESTADOS SOBERANOS, mas não aos membros de um Governo individualmente. Os juízes refutaram tal alegação, dizendo que são PESSOAS que cometem crimes e não INSTITUIÇÕES ABSTRATAS.

    Portanto a REALIDADE são as pessoas e não as instituições que supostamente as representam.
  • Botanico disse: são PESSOAS que cometem crimes e não INSTITUIÇÕES ABSTRATAS.

    Portanto a REALIDADE são as pessoas e não as instituições que supostamente as representam.

    Tá Botânico, mas certa vez você refutou isso quando eu disse que não era a igreja católica que cometia os "erros" e sim os que regiam estas. Acho que cabe a mesma coisa aqui, com a diferença de que uma instituição é construida e montada pelas pessoas e um país "nasce pronto".

  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Cameron disse: O exemplo clássico disso foi Galileu, quando suas pesquisas e investigações dos fenômenos naturais entraram em choque com a ideia religiosa que a Terra era o centro do universo, um dogma que visava dar sentido a existência humana o resultado foi a tentativa dessa silenciar a ciência, portanto, existe sim compatibilidade/incompatibilidade.

    Sobre isto o historiador Thomas Woods destaca uma questão muitíssimo relevante e pouquíssimo difundida que é o fato histórico documentado de que uma das razões principais para Igreja refutar as proposições de Galileu foi a falta de explicação por parte do astrônomo do fenômeno da paralaxe estelar - se a Terra se movia, porque as estrelas fixas não mudam de posição no céu, como deveria ocorrer.
    Levou algum tempo para se descobrir que as estrelas fixas mudam de posição no céu, só que as distâncias estelares tornam a mudança perceptível apenas a instrumentos especializados.
    Mas o fato é que Galileu não soube dar uma explicação convinvente, o que fez com que sua teoria fosse considerada incompleta e por isto não poderia substituir o modelo aceito.


    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    edited dezembro 2011 Vote Up0Vote Down
    E não existe conflito entre ciência e religião ou entre religiosos e cientistas per si.
    O que ocorre é que cientistas e religiosos adeptos de determinadas facções político-ideológicas querem criar uma disputa de poder entre os dois grupos, na qual cada facção defende que a outra tem poder demais sobre a sociedade e que tal poder deveria ser transferido para ela própria.

    No mais, ciência trata de verdades relativas que podem ser observadas, explicadas e demonstradas empiricamente, enquanto o objeto da religião são verdades absolutas reveladas, intuídas ou inspiradas.

    Cada macaco no seu galho e tudo acaba bem.

    Post edited by Acauan on
    Acauan dos Tupis
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  • Acauan disse: Sobre isto o historiador Thomas Woods destaca uma questão muitíssimo relevante e pouquíssimo difundida que é o fato histórico documentado de que uma das razões principais para Igreja refutar as proposições de Galileu foi a falta de explicação por parte do astrônomo do fenômeno da paralaxe estelar - se a Terra se movia, porque as estrelas fixas não mudam de posição no céu, como deveria ocorrer.
    Levou algum tempo para se descobrir que as estrelas fixas mudam de posição no céu, só que as distâncias estelares tornam a mudança perceptível apenas a instrumentos especializados.
    Mas o fato é que Galileu não soube dar uma explicação convinvente, o que fez com que sua teoria fosse considerada incompleta e por isto não poderia substituir o modelo aceito.
    Peraí, parem as máquinas, a minha vida toda li textos, assisti documentários ou reportagens a respeito de Galileu e todos eles foram unanimes em dizer que Galileu foi silenciado por causa do dogma religioso, já que alguns textos bíblicos dão a entender que a Terra é o centro do universo (ou no mínimo de nosso sistema) e por essa razão o cientista foi obrigado pela igreja a ficar quieto, isso não de uma ou duas fontes e sim de centenas de fontes diferentes, incluindo religiosas.

    Agora você está dizendo que esse historiador tem provas históricas que tudo não passou de um mal entendido técnico, é isso?


    Come with me if you wanna live.
  • Acauan disse: Cada macaco no seu galho e tudo acaba bem.
    Ok, mas alguma vez você ouviu falar de algum físico ou biólogo entrando em uma igreja e questionando a possibilidade da trindade ou o fato de uma mulher ser produzida a partir da costela de um homem? Eu nunca vi, no entanto, vi fundamentalistas religiosos tentarem ensinar criacionismo nas aulas de ciência, pode ser um engano de minha parte mas parece que é sempre a religião que atravessa o sinal vermelho nessa questão.

    Come with me if you wanna live.
  • Johnny disse: Tá Botânico, mas certa vez você refutou isso quando eu disse que não era a igreja católica que cometia os "erros" e sim os que regiam estas. Acho que cabe a mesma coisa aqui, com a diferença de que uma instituição é construida e montada pelas pessoas e um país "nasce pronto".

    Bem, Johnny, eu precisaria rever em que contexto refutei essa colocação, pois também foi da minha opinião que a INSTITUIÇÃO Igreja é uma instituição abstrata e, de per si, não seria criminosa. Até porque em muitos casos era usada como fachada. As Inquisições Portuguesa e Espanhola eram mais instituições dos respectivos Estados do que da própria Igreja.

    Contudo, a Santa Madre Igreja pode hoje ser entendida como uma instituição criminosa. A catolicíssima Irlanda tinha uma lei que determinava que órfãos ou filhos de famílias desfuncionais fossem obrigatoriamente internados em orfanatos controlados pela Igreja Católica. Ao longo de sua história, em tais orfanatos, padres e freiras acumularam casos de abusos físicos, psicológicos e sexuais contra as crianças lá internadas. Em vista do manto de respeitabilidade, não se davam crédito às denúncias desses maus tratos, até que um dia a casa caiu. Não podendo mais se omitir, o Governo Irlandês acabou sancionando uma lei PROIBINDO a Igreja de manter orfanatos.

    Recentemente houve um julgamento dos casos desses abusos, em que os nomes dos culpados, vários dos quais já mortos, foi omitido e o representante da Igreja Católica ASSUMIU A CULPA EM NOME DA DITA IGREJA. Agora sim a Instituição Igreja torna-se culpada de crimes, já que um representante autorizado falou em nome dela e não houve contestação da autoridade máxima.

    É isso.
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    edited dezembro 2011 Vote Up0Vote Down
    Cameron disse: Peraí, parem as máquinas, a minha vida toda li textos, assisti documentários ou reportagens a respeito de Galileu e todos eles foram unanimes em dizer que Galileu foi silenciado por causa do dogma religioso, já que alguns textos bíblicos dão a entender que a Terra é o centro do universo (ou no mínimo de nosso sistema) e por essa razão o cientista foi obrigado pela igreja a ficar quieto, isso não de uma ou duas fontes e sim de centenas de fontes diferentes, incluindo religiosas.

    Agora você está dizendo que esse historiador tem provas históricas que tudo não passou de um mal entendido técnico, é isso?

    Pois é..., uma situação muito comum.
    Muito do que se difunde como sendo História na verdade são mitos, distorções ou falsificações que por acidente ou manipulação terminam sendo aceitos como fatos, sem qualquer base documental que os sustente.
    A lista é enorme, dos cintos de castidade medievais (que mulher nenhuma usou) ao já discutido revisionismo esquerdista da Guerra do Paraguai.

    No caso Galileu não houve um mau entendido, mas uma deturpação histórica que criou o mito do cientista perseguido pelas forças obscurantistas, o que é parcialmente verdadeiro - Galileu foi sim vítima de censura, mas o fato é que o debate sobre o heliocentrismo foi mais complexo do que normalmente se diz por aí.

    Recomendo assistir aos vídeos do próprio Woods, que são muito esclarecedores:














    Post edited by Acauan on
    Acauan dos Tupis
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    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Cameron disse: Ok, mas alguma vez você ouviu falar de algum físico ou biólogo entrando em uma igreja e questionando a possibilidade da trindade ou o fato de uma mulher ser produzida a partir da costela de um homem? Eu nunca vi, no entanto, vi fundamentalistas religiosos tentarem ensinar criacionismo nas aulas de ciência, pode ser um engano de minha parte mas parece que é sempre a religião que atravessa o sinal vermelho nessa questão.

    A quase totalidade dos cientistas querem apenas fazer o seu trabalho, o que não impede que grupos de interesse sequestrem o discurso científico para angariar poder político.
    Uma ação comum destes grupos é tentar desviar o julgamento de polêmicas morais complexas - como a questão do aborto - exclusivamente para a discussão técnico-científica, taxando de obscurantistas todos que argumentem que a dimensão do problema extrapola as paredes do laboratório.


    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • Acauan disse: Recomendo assistir aos vídeos do próprio Woods, que são muito esclarecedores:
    Excelentes vídeos Acauan, valeu.

    Come with me if you wanna live.
  • Acauan disse: No mais, ciência trata de verdades relativas que podem ser observadas, explicadas e demonstradas empiricamente, enquanto o objeto da religião são verdades absolutas reveladas, intuídas ou inspiradas.

    Mas durante essas observações pode-se chegar a verdades que falseiam as afirmações das religiões reveladas. Como exemplo temos a crítica bíblica que demonstra as inserções, exclusões, plágios e adulterações através dos séculos; A arqueologia que levanta a falta de registros e os exageros de grande parte da história deuteronomista; A biologia que abalou a teologia; A astronomia que mostrou como era infundada e primitiva os relatos de criação; A química que demonstrou a fraude do Sudário de Turim; A historiografia que mostra as incongruências e a implausibilidade de certos relatos...

    Além disso a inescapável conclusão de Hume sobre a natureza do milagre. Somente com muito duplipensar alguém pode conseguir confiar, simultaneamente, na própria racionalidade e no seus sentidos enquanto acredita que um objeto que tem todas as características de um pão pode ser outra coisa.

    O problema epistemológico não se resume a cientistas e entusiastas, mas a qualquer individuo racional.
    A essência da intolerância é recusar aos outros os direitos que você exige para si próprio. Tal intolerância é inerentemente incompatível com a liberdade, embora muitos esquerdistas fiquem chocados de serem considerados oponentes da liberdade. (Thomas Sowell)
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Rapidfire disse: Mas durante essas observações pode-se chegar a verdades que falseiam as afirmações das religiões reveladas. Como exemplo temos a crítica bíblica que demonstra as inserções, exclusões, plágios e adulterações através dos séculos; A arqueologia que levanta a falta de registros e os exageros de grande parte da história deuteronomista; A biologia que abalou a teologia; A astronomia que mostrou como era infundada e primitiva os relatos de criação; A química que demonstrou a fraude do Sudário de Turim; A historiografia que mostra as incongruências e a implausibilidade de certos relatos...

    A ciência só pode falsear os aspectos da religião que são passíveis de experimentação empírica. Tais aspectos não constituem a essência da religião que pode reinterpretar tais elementos consideráveis assessórios, enquanto conserva seus dogmas de fé, que não são falseáveis.
    Rapidfire disse: Além disso a inescapável conclusão de Hume sobre a natureza do milagre. Somente com muito duplipensar alguém pode conseguir confiar, simultaneamente, na própria racionalidade e no seus sentidos enquanto acredita que um objeto que tem todas as características de um pão pode ser outra coisa.

    Religiosos confiam mais em sua fé do que em sua racionalidade.
    Rapidfire disse: O problema epistemológico não se resume a cientistas e entusiastas, mas a qualquer individuo racional.

    E a natureza humana não se resume ao problema epistemológico.

    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
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  • Acauan disse: A ciência só pode falsear os aspectos da religião que são passíveis de experimentação empírica. Tais aspectos não constituem a essência da religião que pode reinterpretar tais elementos consideráveis assessórios, enquanto conserva seus dogmas de fé, que não são falseáveis.

    A ressurreição de Jesus é um tema imprescindível para o cristianismo como conhecemos hoje, é exatamente o que diz Paulo "E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a nossa fé". Essa afirmação poderia ser comprovada empiricamente e ainda pode ser falseada. Caso fosse encontrada os restos mortais do Jesus histórico, só restaria a modificação da fé ou a costumeira negação da realidade.

    E essas reinterpretações e desculpas tiradas da cartola que são frequentes entre teólogo deveriam demonstrar para pessoas habituadas com o uso da racionalidade e da metodologia investigativa, para todas as outras coisas que a sua fé é cega e infundada.
    Acauan disse: Religiosos confiam mais em sua fé do que em sua racionalidade.

    Religiosos não vivem só de fé. Mesmo que o Papa seja o vigário de Deus na terra não dispensa o vidro blindado. Para manter a fé enquanto a realidade dá todas as provas do contrário(Aqui a suposta proteção mencionada tanto no antigo como no novo testamento que todo justo seguidor de Jeová possui) só com auto-engano e duplipensar.

    Acauan disse: E a natureza humana não se resume ao problema epistemológico.

    Mas é exatamente isso que está sendo tratado aqui e foi justamente por isso que mencionei o argumento de Hume e o de Tillotson sobre a transubstanciação.
    A essência da intolerância é recusar aos outros os direitos que você exige para si próprio. Tal intolerância é inerentemente incompatível com a liberdade, embora muitos esquerdistas fiquem chocados de serem considerados oponentes da liberdade. (Thomas Sowell)
  • O caso mais clássico da incompatibilidade da ciência e da religião é o processo de conversão do genial geneticista Francis Collins. Ele disse que se converteu ao ver uma epifania com uma cachoeira congelada.
    A essência da intolerância é recusar aos outros os direitos que você exige para si próprio. Tal intolerância é inerentemente incompatível com a liberdade, embora muitos esquerdistas fiquem chocados de serem considerados oponentes da liberdade. (Thomas Sowell)
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