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Comentários
Vá a uma escola. Verifique in loco o que diz. Verá que vai encontrar isso sim, mas não só isso. Há muita gente engajada na melhoria mas sem sucesso. Qualquer discussão sem que veja uma escola e verifique como realmente é seria como discutir o sexo dos anjos.
Essa é a diferença entre ensino público e particular. Na escola particular os professores são cobrados pelo desempenho dos alunos, e encheção de saco dos pais (que cobram o conteúdo, e exigem que toda a matéria seja dada como tá no cronograma).
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Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Exato!
Quem não concorda que cite um professor da rede pública que foi demitido exclusivamente por conta do déficit de aprendizado de seus alunos.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
É claro que tem professores engajados e que conseguem resultados, eu tive um professor de matemática que conseguiu uma média de 8,0 nas turmas sem baixar a cobrança e facilitar nas provas ( e ensinando logaritimo). Mas uma grande parte dos professores dão aulas de 5,00.
Se pudéssemos separar os professores bons dos ruins até poderíamos pensar em aumentar os salários, mas coorporativismo não deixa.
Não é bem assim que a banda toca. Em locais onde há muita pobreza e marginalização, há alunos que são verdadeiros bandidos, e botam pra cima do professor, caso ele queira fazer um bom trabalho. Há alunos que tem famílias completamente desestruturadas, onde até mesmos os pais influenciam seus filhos para partirem para a violência no caso de o professor ser mais rígido.
Aqui em minha cidade, teve casos de professores que tiveram de abandonar uma escola, ou então seriam assassinados.
"Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes" - William Shakespeare
P.S.: O conhecimento não garante sabedoria.
Não entendi onde um fato contesta o outro.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Considere como preguiçosos aqueles que nunca estudam, os que ficam brincando com celulares a aula toda, os que faltam sistematicamente( no EJA a galera tem por tradição faltar às sextas-feiras e quartas feiras, nas sextas devido à proximidade do fim-de-semana e às quartas devido aos jogos de futebol).
Mas isso tem me custado caro, já fui chamado mais de uma vez para dar explicações. A direção sempre vem com aquele papinho de que eles não podem ser prejudicados, que a matéria não é essencial à vida deles, que eles necessitam muito do diploma etc.
Sempre tento argumentar que eles (os diretores) estão dando mais importância que os alunos, que não levam a sério até a coisa estourar no fim do ano.
Não escrevi isto e se dei tal impressão não foi intencional.
Óbvio que tem gente boa.
O problema é que a gente boa é prejudicada por um sistema que protege os incompetentes e vagabundos.
Nós, Indios.
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Ou seja, no fim há mais chance de o professor competente e dedicado ser penalizado pelo sistema do que o professor incompetente e vagabundo.
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Esquece a contestação! Tinha comido mosca nessa. :-)
"Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes" - William Shakespeare
P.S.: O conhecimento não garante sabedoria.
Me lembrei agora do meu segundo grau. O problema é quando o aluno fala isso, e o professor incompetente não sabe demonstrar a aplicação prática do conhecimento que está sendo passado. Então o aluno, por achar que realmente não vale a pena aprender algo para não usar, deixa passar a oportunidade e quebra a cara na faculdade.
"Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes" - William Shakespeare
P.S.: O conhecimento não garante sabedoria.
Esta abordagem precisa ser tratada com cautela.
O objetivo final do conhecimento e da alta cultura é a ascese espiritual do indivíduo, habilitá-lo a realizar todo seu potencial como ser humano.
Mas ninguém espere que crianças ou adolescentes vão entender o que é isto.
Esta história de "aplicação prática" dos conteúdos vem das vertentes pedagógicas tecnicistas, que por sinal são os autores intelectuais do descalabro da educação pública.
Afinal, qual a aplicação prática de estudar poesia? Melhor seria gastar este tempo ensinando os alunos a redigir cartas ou relatórios comerciais.
Alguém já usou cálculo diferencial-integral em alguma situação prática? Não, então tira do currículo.
Prá não falar do por que estudar a História de povos que nem existem mais...
Quando os gregos estabeleceram as relações matemáticas do triângulo retângulo estavam mais interessados na pureza, beleza e harmonia da formas do que na possibilidade de um dia aquilo ser usado para entender as senóides ondulatórias das frequências elétricas.
As aplicações práticas NASCEM do conhecimento. Querer inverter isto é reduzir o conhecimento a adestramento, o que, afinal, é o que as escolas públicas brasileiras fazem hoje.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Concordo contigo. Mas um bom professor, consegue pelo menos expor situações em que aquele conhecimento é bem vindo, pois ele fez uma boa faculdade.
Um bom professor de história, por exemplo, consegue despertar nos alunos o interesse na matéria. Aconteceu comigo. Por anos tive péssimos professores de história. Mas apareceu um que transformou a matéria em algo muito bacana, onde não apenas era transmitido o conteúdo, mas nos fazia refletir sobre os acontecimentos e como eles determinaram fatos posteriores.
É triste, mas é a realidade. Hoje a maioria das escolas públicas ensinam muito mal, e com foco no vestibular. Vi o exemplo da escola de tirou primeiro lugar no ENEM, e eles falaram que o ENEM é consequência, já que a escola tinha como objetivo preparar os alunos para serem pessoas realmente cultas, podendo fazer o que desejarem.
"Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes" - William Shakespeare
P.S.: O conhecimento não garante sabedoria.
Mal comparando, é como fazer musculação: você desenvolve músculos que serão usados para outras coisas. Ou, no caso da escola, adquire uma visão sobre o conhecimento disponível, ainda que com o tempo só reste dele uma espécie de índice e uma noção genérica, mas que facilitarão aprender coisas semelhantes daí para a frente por já haver uma estrutura e um método mentais.
O problema que vejo nesta questão não é a incompreensão de crianças e adolescentes diante do valor do conhecimento, mas sim a aplicação de recursos.
O conhecimento é maravilhoso, mas infelizmente ele não se propaga como pornografia na internet (mesmo esta consome bits de banda de conexão). Para se produzir ou repassar conhecimento, os custos financeiros e extra-financeiros são altos.
É simplesmente impossível passar todo o conhecimento através da escola ou qualquer outro meio, o próprio tempo é o recurso que limita esta possibilidade. Uma grade curricular que priorize conhecimentos úteis ao mundo moderno não necessariamente repudia o conhecimento. Os cursos do SENAI são técnicos e o conhecimento passado é de alta utilidade para seus alunos.
O principal problema é que com o método compulsório atual, tudo vira um enorme desperdício de dinheiro. Boa parte dos alunos dominam malemal a língua materna ou as quatro operações. Tentar ensinar alguma coisa a frente enquanto este mal não for combatido é como se estivessem extraindo petróleo antes que motores a combustão tivessem sido inventados.
Por isso eu sou contra a inclusão de novas matérias ao currículo compulsório, mas não contra a disponibilização gratuita das mesmas, como música, por exemplo. Se ela entrar no currículo escolar, será mais uma daquelas matérias que se passa pelo "conceito" e não por nota, e que os alunos estarão muito pouco interessados na aula. Já como matéria extra-curricular, funciona. Eu mesmo já estudei num conservatório público e aprendi o que me foi passado, sendo que nunca pretendi ser músico, logo não era uma matéria muito útil na minha vida. Assim como todos os alunos também aprenderam, a grande maioria pobre. Só cheguei a estudar teoria e um pouco de aulas de violão, mas eu não levei o curso pra frente porque acabei me mudando.
A grande diferença é que ninguém estava lá porque era obrigado, todo mundo estava na aula porque queria.
"Qual a diferença de um éter um éster?"
Sim, diante da realidade de ensino compulsório atual, manter um professor de química numa sala de aula durante anos ensinando algo que os alunos não vão aprender, é um grande desperdício de tempo, dinheiro e mão-de-obra. Pra não tocar no desperdício de toda a burocracia envolta do sistema, os materiais didáticos, o próprio espaço da sala de aula e etc.
Eu poderia dizer que uma boa aula é como boa MPB, um banquinho e um violão, mas entendo a complexidade da coisa.
Como sempre na administração pública o problema não são os custos e sim a alocação de recursos. Basta contar quantos ASPONES pululam pelas secretarias e ministério da educação para cada mil professores dando aula em sala.
Outro exemplo. Há vinte anos que se fala da necessidade urgente de informatizar as escolas públicas, o que não seria possível devido aos altos custos. Nos mesmos vinte anos os preços dos computadores despencaram, muitas escolas se encheram deles e continuaram a mesma porcaria.
A aula artesanal bem dada já livra a cara de boa parte da missão básica das escolas.
Não sou nem louco de negar a utilidade de bons laboratórios, áreas esportivas ou de salas de artesanato, mas um professor que saiba transformar giz em aprendizado é o começo de tudo.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Eu acho que essa distinção entre conhecimento abstrato e concreto, ou conseqüente e inconseqüente, é bastante delicada.
Para dar um exemplo meio prosaico, eu posso escrever várias palavras azuis e coerentes sobre o ato de ordenhar uma vaca, mas se você me mandar para o curral eu provavelmente voltarei horas mais tarde com um sorriso amarelo e um balde vazio. Já o semi-analfabeto criado na roça, que mal saberia expressar uma idéia simples no papel, teria enchido vários baldes nesse mesmo tempo.
Ou seja, o conhecimento avaliado ali não era da mesma natureza. Um era o conhecimento conseqüente e prático dos diversos movimentos envolvidos no processo de extração de leite da teta de uma vaca. O outro era a capacidade de elaborar alguma verborragia coerente sobre um tema do qual pouco se sabe na prática.
Eu acredito que conhecimento só exista no efeito transformativo que ele produz sobre a ordem existente no mundo.
Todo conhecimento tem portanto uma origem num problema prático concreto, embora eu imagino que a nossa capacidade recursiva de abstração de problemas acabe por distanciar bastante certas questões da sua origem concreta. Mas a metafísica é apenas uma camada de abstração sobre a experiência física, providenciando o contexto linguístico dentro do qual a realidade será interpretada.
É claro que origem concreta e aplicação prática não são sinônimos de uso cotidiano.
Cálculo diferencial tem várias instâncias de aplicação prática em tópicos de engenharia, mas seu emprego não é cotidiano, exceto para os professores ocupados de ensiná-lo (nem mesmo engenheiros calculam integrais todo dia, e muitos não calculam integrais nunca).
E a satisfação de nossos valores estéticos também é uma aplicação prática, e talvez a mais importante delas. Você pode ser um engenheiro eletrônico ocupado de problemas bastante objetivos de análise de sinais para uma emissora de TV, mas em última análise o resultado do seu trabalho é uma pequena contribuição para que os valores estéticos de vários telespectadores sejam satisfeitos pela programação que você ajuda a possibilitar. Mesmo que você trabalhe no ramo alimentício, ou no setor de transportes ou de saúde, o seu trabalho consiste em garantir condições de subsistência dentro das quais as pessoas procurarão melhorar a qualidade de suas experiências.
Eu não estou discordando necessariamente do que foi dito aqui, eu só estou questionando a idéia de que o conhecimento possa existir antes do problema, e a minha impressão é a de que não.
Por isso é importante comunicar para alunos a natureza de certos problemas, de maneira a instigar a sua curiosidade pelo conhecimento.
Um exemplo bastante claro de como fazer isso errado é o do ensino de certos elementos do cálculo matricial no ensino médio brasileiro. Muito embora matrizes sejam objetos matemáticos de uma importância superlativa que será melhor esclarecida mais tarde na faculdade (pelo menos para os que seguirem no estudo de “ciências duras”), no ensino médio elas são apresentadas como quadrados numéricos completamente abstratos, ou seja, fora do contexto de um problema/modelo a ser compreendido que guarde qualquer relação com a experiência do aluno.
Certas operações arbitrárias são propostas para manipular essas matrizes, e as respostas dos problemas artificais assim criados continuam sendo matrizes ou números relacionados a matrizes sem qualquer tipo de interpretação fora do passatempo aritmético questionável de processar números dentro de um quadrado.
Embora uma educação em matemática (e não apenas nela) dependa por vezes da disciplina e (porque não) fé envolvidas em se aprender a manusear uma ferramenta antes de saber para que ela serve, a insistência nesse tipo de abordagem é uma das grandes fontes de frustração e incompreensão que parecem acometer muitos dos que são submetidos a ele.
Existe uma quantidade quase inesgotável de exemplos concretos onde o conhecimento matemático pode produzir distinções evidentes entre os fatos da realidade e impor uma ordem sobre uma situação observada, a começar pela categorização e contagem de objetos e pelas regras de adição e multiplicação, chegando aos problemas bastante difíceis de análise combinatória e probabilidade discreta.
Eu acho que a educação num nível fundamental deveria focar sobretudo nessas instâncias, pelo menos até que o aluno desenvolva certa maturidade e conforto com a aquisição de conhecimento conseqüente para poder ser então exposto a representações mais abstratas (e menos imediatas) das coisas.
É verdade que muitos matemáticos trabalham com seus problemas abstratos sem precisar se ocupar das aplicações práticas que ele eventualmente induzirá, mas quando um matemático trabalha numa teoria que ninguém sabe explicar da onde surgiu nem para que ela pode servir ele não está longe de ser classificado como psicótico.
Ele mostra várias aplicações práticas da matemática.
Recomendo o blog como um todo. Ela escreve bem.
http://revistapiaui.estadao.com.br/blogs/questoes-estrangeiras/geral/back-to-school
Neste texto, em particular, ela diz que se sente de volta ao segundo grau, no sentido de que, assim como no segundo grau, todo mundo parece estar ali obrigado, conversa o tempo todo uns com os outros ou por texto no celular e ninguém parece interessado nas aulas.
Já alguns dos professores apenas lêem o livro texto ou discutem assuntos sem importância.