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Comentários

  • Cameron escreveu:
    Essa é uma das razões por se dizer que na filosofia é muito mais fácil destruir do que construir, nenhum padrão moral é perfeito, absoluto e serve de resposta para todas as circunstâncias aonde uma decisão deve ser tomada, sequer sugeri que a regra de ouro estivesse em tal patamar, só disse que ela me parece um padrão moral mais robusto e mais abrangente do que o que você (ao menos aparentemente) está a sugerir, que diferenciemos o certo do errado meramente por tradição, por esse critério uma sociedade que tivesse uma tradição de escravizar e cometer genocídios não poderia ser acusada de estar sendo imoral.


    Veja bem,

    Uma sociedade que regredisse ao estagio de barbarie estaria sendo imoral, mas uma que ainda guardasse elementos de barbarie por nao conhecer nada melhor nao.

    Dizer que romanos eram imorais por empregarem escravos equivale a dizer que eles eram cientificamente estupidos por nao conhecerem eletricidade.


    Uma sociedade moderna que volte ao regime de escravidao seria como uma que abrisse mao da eletricidade. Estaria dando um passo para tras e sendo ignorante.

    Agora uma sociedade que ainda nao descobriu alternativas contratuais voluntarias equivale a uma que ainda nao descobriu a eletricidade.

    Os principios que fazem uma televisao funcionar eram todos eles validos na epoca dos romanos, assim como os principios que fazem uma sociedade de contrato funcionar.

    O ponto e que nao havia entendimento tecnico disperso o bastante para se colocar esses principios em uso.

    Esse entendimento foi adquirido e se dispersou nas tradicoes tecnologicas, cientificas, legais, e morais que se formaram.
  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    ufka_Cabecao disse:1- O "absolutista moral" acredita que existe uma logica governando o processo de aquisicao moral, mas cuja razao e funcionamento pode escapar a percepcao consciente de todos.

    2- O relativista ve na diversidade cultural e no variado grau de entendimento moral das distintas sociedades "prova" de que valores esteticos e morais sao construcoes completamente arbitrarias.
    Tanto um como dois não tem nada em relação a relativos e absolutos, aqui você está usando palavras erradas e por isso o mal entendido.

    Quem sugeriu que padrões morais não poderiam ter causas e desenvolvimento padronizados ou que fossem completamente aleatórios ou arbitrários?

    Absoluto não é igual a existência de padrões e relativo não é igual a aleatório ou arbitrário.


    Post edited by Cameron on
    Come with me if you wanna live.
  • ufka_Cabecaoufka_Cabecao Moderador
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Huxley disse: É com você que está o ônus da prova de demonstrar que a homossexualidade exclusiva é um traço modificável para toda e qualquer pessoa.


    Essa e uma interpretacao errada da proposta que eu tenho defendido.

    O meu ponto sempre foi a da existencia de uma componente cultural, moral, de aprendizado, no comportamento sexual adulto.

    Que esta pode ser verificada na maior incidencia de anomalias em meios onde a educacao e diferente.

    E que mudancas comportamentais sao possiveis e ja foram atestadas.

    Agora se sao possiveis "em toda e qualquer pessoa" eu nao sei, ninguem pode saber.

    Esse tipo de afirmacao e tudo menos cientifica.

    E apenas uma tentativa desesperada de criar um criterio de validacao impossivel para uma teoria cujas as implicacoes voce nao gosta.

    O meu ponto e bem simples, e voce esta tornando complicado de proposito.

    Para falsificar o meu argumento bastaria mostrar que o comportamento sexual humano e geneticamente pre-definido e que criacao nao tem qualquer impacto.

    Que criancas expostas a vulgaridades diversas quando jovens apresentam mesmos padroes de promiscuidade e orientacao sexual que criancas oriundas de ambientes familiares tradicionais.

    Essa seria a contra-proposta ao que eu tenho falado.

    Eu nao preciso provar que da para treinar qualquer homem a gostar de sodomizar um aveztruz, porque isso nao foi a minha proposta.


    Post edited by ufka_Cabecao on
  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Significado de Absoluto

    adj. Independente, ilimitado, soberano: monarca, poder absoluto.
    Sem restrição, completo: necessidade absoluta.
    Imperioso, que não padece de contradição: caráter absoluto.
    S.m. Aquilo que existe independentemente de qualquer condição.


    Se, segundo você mesmo diz, determinados enunciados morais são restritos e limitados pelo contexto social ou pelo entendimento dos mesmos como tais podem ser absolutos?
    Post edited by Cameron on
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  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Para mim é difícil até mesmo imaginar algo absoluto, que não seja restringido por nada, que seja completo em todos os sentidos, que não sofra qualquer limitação sobre qualquer critério analisado.

    Assim como a perfeição e o infinito me parece que o absoluto é um conceito restrito apenas ao campo das ideias e não encontra nenhum paralelo no mundo real.

    E como estamos discutindo os padrões morais e seu desenvolvimento ao longo da história humana que não são imaginários então...

    EDIT: Talvez a escala de zero absoluto e o universo sejam exemplos do mundo real sobre os conceitos de absoluto e infinito, mas não é possível ter certeza disso, logo, mesmo que o infinito e o absoluto realmente existam estão inacessíveis a experiência humana.
    Post edited by Cameron on
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  • HuxleyHuxley Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Cameron,

    O absolutismo moral dos teóricos da imoralidade da homossexualidade é análogo ao absolutismo moral dos teóricos "anti-incesto fraterno". (Levo em conta que esses últimos usualmente consideram que esse tipo de incesto é imoral até na melhor das condições iniciais possíveis: atração sexual mútua, risco zero de gravidez e de represália social - basta ver Tábula Rasa de Steven Pinker. Ademais, o tabu do incesto é um traço homólogo que compartilhamos com vários vertebrados não-humanos; nos animais não-humanos, também há o desinteresse sexual instintivo por certos (as) parentes. Ele provavelmente evoluiu para impedir o surgimento de doenças hereditárias, provindas de genes recessivos).

    Ambos defendem seus dogmas como paranóicos, mas eles usualmente sequer percebem que suas mentes agem somente como maximizadores darwinianos de aptidão. Ora, um heterossexual achar que heterossexualidade é um comportamento "mais moral" do que a homossexualidade é resultado disso: a maioria de nós evoluiu para acreditar em proposições morais como essa porque isso aumenta a nossa aptidão genética (torna mais provável que iremos nos reproduzir com sucesso). No entanto, essa crença E o tabu do incesto fraterno aumentariam nossa aptidão, mesmo se essas crenças fossem todas falsas. Assim, essas nossas crenças morais não respondem a provas, que são análogas às crenças de um paranóico. Tal como um paranóico se mostra sem justificação para acreditar em suas teorias da conspiração, a maioria de nós também está prontamente preparada para crer injustificadamente nas proposições de moralidade sexual mencionadas.
    Post edited by Huxley on

  • Pois e Cameron.

    essa discussao vem tomando contornos conceituais escapistas, mas eu acho que talvez seja conveniente fazer alguns esclarecimentos de natureza "metafisica" antes de retornar aos pontos mais cotidianos do debate.

    Eu tenho empregado frequentemente o termo "entendimento moral" de maneira a enfatizar uma distincao importante que as vezes e pouco clara.

    Quando falamos de moral podemos ser abrangentes e encompassar todos os fenomenos e processos ligados ao surgimento, aplicacao e conservacao das regras de conduta que orientam a acao humana.

    "Entendimento moral" seria um conceito mais restritivo, e se referiria ao entendimento pratico ou abstrato de parte dessas regras de conduta da parte de um individuo ou grupo social especifico.

    O entendimento moral e formado tanto de regras primarias quanto de regras secundarias deduzidas logicamente dessas regras primarias.
    Ele pode e costuma admitir graus de contradicao e ambiguidade. Ele e transmitido por tradicao, ele e confrontado com a realidade e suas consequencas, ele evolui, e contextual, e relativo. Em epocas distintas, em lugares distintos, em situacoes distintas, ele difere.

    A observacao de que o entendimento moral varia consideravelmente, assim como o comportamento consequente por ele determinado, leva algumas pessoas a pensar que os fenomenos morais sao arbitrariedades historicas, e que nao ha qualquer natureza comum por tras dos processos de formacao de identidade cultural. Que cada cultura gera um entendimento moral unico e distinto. Que nao existem valores universais que se revelam cedo ou tarde em qualquer codigo moral.

    Essa e a crenca dos relativistas culturais/morais. De que a moral e uma consequencia da cultura e somente da cultura, e sujeita a variacoes arbitrarias que a cultura decida lhe impor.

    Nao-relativistas, que por falta de melhor palavra eu chamei de absolutistas, creem que essa e uma falsa concepcao.

    Sim, o entendimento moral e sujeito em certa medida a historia cultural na qual ele surgiu, mas os processos de evolucao do entendimento moral, a maneira como ele e refinado pelas experiencias e conservado pelas tradicoes, revela nas mais diferentes culturas valores morais similares, e que esses valores sao manifestacoes de "constantes morais universais".

    Da mesma forma que em matematica certas relacoes e padroes entre propriedades e quantidades sao descobertas por meios independentes e comunicam uma verdade fundamental que ate entao ainda nao tinha sido revelada.

    Ou que nas ciencias físicas novos modelos capturam com maior precisao o comportamento mecanico de sistemas.

    Existe uma diferenca entre o fenomeno e o entendimento formado a cerca do fenomeno, e o processo de relacao e evolucao desse entendimento.

    Um aspecto mais curioso a cerca dos fenomenos sociais morais e que o entendimento formado a cerca deles afeta a natureza do proprio fenomeno, uma propriedade reflexiva que nao se observa normalmente em ciencias naturais, ainda que pareca estar presentes em interpretacoes mais esotericas da mecanica quantica.

    No entanto o ponto que se procura esclarecer e enfatizar e que o processo de formacao do entendimento moral nao e arbitrario, e que tradicoes agregam verdades importantes a cerca de processos humanos que muitas vezes nao poderia ser articulada e comunicada de maneira explicitamente racional.

    Essa constatacao e importante porque ela desmonta a proposta basica do progressismo, que e a de desconstruir o conhecimento tradicional e substitui-lo por uma estrutura racional pura e perfeita para a moralidade humana.

    Esse programa nao e apenas absurdo, ele e extremamente perigoso.


  • Essa discussao e na verdade mais antiga do que parece.

    Ele esbarra na nocao de existencia absoluta de uma realidade independente do entendimento formado acerca dela.

    Uma realidade que impoe as constricoes ao modelo de mundo que um individuo forma e atraves do qual ele se orienta.

    Ao engajar num debate estamos admitindo que o nosso entendimento pode ser comunicado e refinado ao ser confrontado com outros entendimentos, e isso implicita o reconhecimento mutuo de um objeto comum e exterior a ambos os entendimentos, contra o qual as ideias serao confrontadas.

    Ao admitir que algo absolutamente necessario precisa existir e transcender qualquer conceito de mundo, estamos navegando em territorio quase teologico.

    Boa parte das dificuldades que voce tem tido em entender o meu ponto parecem se localizar nas limitacoes obvias da postura nihilista que voce pretende defender.
  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Vamos por partes.

    Concordo que padrões morais tenham características que podem ser agregadas, somadas e melhor compreendidas com o passar do tempo e que isso é bem mais razoável e provável do que a ideia de que sejam conceitos aleatórios ou meramente arbitrários.

    Concordo que o conflito de ideias podem refinar conceitos.

    No entanto discordo drasticamente do uso de subterfúgios conceituais e jogo de palavras como "transcendente", "substrato não racionalmente compreensível", "existência de algo não racionalmente articulável ou comunicável."

    Explicando, um argumento se pauta na razão, quando você se utiliza de subterfúgios como elementos não racionalmente comunicáveis ou transcendentes você está blefando, ora, mesmo que você estivesse correto sobre a existência de tais elementos uma vez que tais são trancendentes ao nosso entendimento isso significa que também o seria ao SEU entendimento, isso é uma fuga, isso é um argumento vacuoso.

    Similar ao religioso que faz as mais variadas alegações sobre a natureza ou existência de uma suposta divindade e quando você começa a desmontar a ideia e apresentar suas falhas conceituais e contradições internas ele tenta usar a desculpa "Deus fulano é transcendente e não pode ser compreendido."

    KATSO!!!

    Se algo é transcendente e escapa dos limites da razão humana por qual motivo eu deveria pressupor que alguém, seja lá quem for, poderia afirmar o que quer que fosse sobre tal?

    ufka_Cabecao disse:Boa parte das dificuldades que voce tem tido em entender o meu ponto parecem se localizar nas limitacoes obvias da postura nihilista que voce pretende defender.
    Limitações essas que tem suas fronteiras na racionalidade, não vou além dela, considero inútil atravessar tal fronteira aonde os critérios racionais possam ser abandonados e entramos no pantanoso mundo das alegações livres e totalmente descompromissadas da experiência, quem o faz não percebe ou se recusa a perceber que uma vez abdicada da razão a linha que separa a realidade da fantasia já não pode mais ser traçada.

    Essa é a limitação niilista, vai até aonde o entendimento da realidade pode chegar, para além disso só sobram as quimeras da fértil imaginação humana.
    Post edited by Cameron on
    Come with me if you wanna live.
  • O que eu acredito mesmo é que pessoas que se importam com o que outros adultos fazem em sua intimidade devem ter sérios problemas consigo mesmas. Escrevem toneladas de textos, teorizam tudo, mas não passam de frustrados. Discutir se a homossexualidade é moral ou imoral, se natural ou não-natural é algo tão inútil quanto discutir o fato de algumas pessoas serem canhotas e outras não. O QUE INTERESSA?!!?!?!
    Não duvido que logo surja um tópico sobre sexo oral que terá dezenas de páginas e abordará os aspectos quânticos, sociais e metafísicos da prática.... Enquanto isso eu estarei me divertido com minha esposa.
  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Discussões não precisam ser úteis, precisam ser interessantes para as pessoas que delas participam ou gostam de acompanhá-las, se não for o seu caso basta não abrir ou participar do tópico, mas é uma falta de tato e até mesmo de educação acusar quem não compartilha dos mesmos interesses que você de pessoas frustradas.
    Post edited by Cameron on
    Come with me if you wanna live.
  • RainorRainor Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Cameron, discutir a homossexualidade, embutindo nessas discussões juízos de valor moral, além de não ser útil, é pernicioso. É dar um caráter de questionamento a um ato que em nada deveria ser objeto de preocupação. É como se as pessoas começassem a questionar o aspecto "moral" de ser canhoto. Logo apareceriam os que condenariam os mão-esquerdistas, grupos religiosos os associariam ao diabo e, não duvide disso, surgiriam atos de discriminação contra os "sinistros".
    Ora, toda essa discussão estéril sobre o ato homossexual é produto de mentes presas a conceitos judaico-cristãos, conceitos que veem "pecados" nas coisas. A maioria dos povos antigos não ligava para esse tipo de coisa, para eles era uma escolha, como transar com uma loira ou uma morena. Nada demais.
    Algumas discussões, além de inócuas, são também má-intencionadas, pois pretendem rotular atitudes normais como se fossem coisas "questionáveis".
    Post edited by Rainor on
  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Rainor disse: Cameron, discutir a homossexualidade, embutindo nessas discussões juízos de valor moral, além de não ser útil, é pernicioso.
    Você pode não ter se dado conta mas acabou de fazer um juízo de valor moral sobre a homossexualidade, dando-lhe uma condição de sacralidade indiscutível, que a mera expressão ou opinião moral sobre a questão seria perniciosa.
    Rainor disse: É dar um caráter de questionamento a um ato que em nada deveria ser objeto de preocupação. É como se as pessoas começassem a questionar o aspecto "moral" de ser canhoto.
    Ainda que tal afirmação categórica fosse real você não corrigiria os erros daqueles que o cometem silenciando o debate, engessando a troca de ideias.

    Rainor disse: Logo apareceriam os que condenariam os mão-esquerdistas, surgiriam grupos religiosos que os associariam ao diabo e, não duvide disso, surgiriam atos de discriminação contra os "sinistros".
    Preconceitos, superstições ou noções infundadas sobre os mais diferentes grupos aparecem, modificam-se, desaparecem ou até mesmo pode ocorrer seu recrudescimento, mas acredite, não é com mordaças e tentativas de se calar debates que tais são amenizados ou arrefecidos, muito pelo contrário.


    Rainor disse: A maioria dos povos antigos não ligava para esse tipo de coisa, para eles era uma escolha, como transar com uma loira ou uma morena. Nada demais.
    Não sou uma expert em história mas essa afirmação me soa falsa, me parece que a sexualidade sempre foi motivo de controversia nos mais diversos agrupamentos humanos.
    Algumas discussões, além de inócuas, são também má-intencionadas, pois pretendem rotular atitudes normais como se fossem coisas "questionáveis".
    Eu não tenho nenhuma "vaca sagrada", para mim tudo é questionável, até as mais triviais e normais das ações.

    Post edited by Cameron on
    Come with me if you wanna live.



  • Eu achei que eu estava esclarecendo certos pontos mas parece que eu obscureci alguns outros.

    Esqueca por um momento essas nocoes metafisicas complicadas de transcendencia por enquanto.

    Vamos tentar focar no nosso problema.

    Eu acho que o nosso conflito emana das nossas diferentes visoes sobre a razao.

    Razao e outra dessas nocoes primitivas que acaba sofrendo abusos inevitaveis devido a carencia de uma definicao satisfatoria.

    Meu ponto e o que o quer que voce chame de faculdade racional do individuo, ela e bastante limitada na pratica.

    Ela ate pode ser potencialmente ilimitada, no sentido de que ela pode ser empregada para explorar todos os misterios do cosmos, yada yada yada.

    Mas na pratica nos sabemos um apanhado limitado de coisas a respeito do mundo e tentamos empregar esse conhecimento da melhor maneira para resolver nossos problemas.

    Um dado conhecimento pode ser melhor articulado racionalmente, no sentido de que podemos relaciona-lo a outras coisas, explica-lo em detalhe, e descrever suas causas e implicacoes.

    Ou nao. Ele pode ser uma relacao que nos aprendemos em algum lugar e para a qual nos nao temos muitas explicacoes para dar.

    Muitas vezes o que nos chamamos de entendimento racional costuma ser a capacidade que algumas pessoas tem de escrever uma dissertacao sobre um determinado topico.

    Por exemplo, um estudante de biologia pode explicar o processo de producao de leite dos mamiferos em detalhe, quais glandulas sao ativadas e porque.

    Ja um garoto da fazenda sabe apenas que se ele estimular as tetas de suas vacas de uma certa maneira todos os dias elas vao continuar produzindo leite.

    Esses sao conhecimentos completamente diferentes sobre um tema geral parecido.

    Se o processo de verificacao for o da redacao, pensaremos que o estudante sabe mais. Se mandarmos os dois para o curral com baldes e esperarmos o resultado, a impressao seria inversa.

    Esse exemplo serve para mostrar que excessiva articulacao racional pode ser desnecessaria e mesmo inconveniente em certos contextos.

    O garoto da fazenda aprendeu na pratica o que fazer para produzir leite e esse conhecimento e suficiente para ele conduzir seus afazeres e resolver seus problemas.

    Em geral quase todo conhecimento pratico e transmitido num formato que e suficiente para a solucao do problema, e nao na plenitude de suas implicacoes logicas e relacoes indiretas com os demais conceitos universais.

    O garoto da fazenda nao precisa saber a formula quimica da lactose embora esse conhecimento tenha alguma relacao indireta com o que ele faz.

    E obriga-lo a aprender a formula química da lactose para tirar leite de uma vaca seria ridiculo.

    Pois o conhecimento moral e exatamente analogo.

    Ele possui um carater bastante pratico, no sentido que ele nao se encontra na maioria das vezes num formato bastante desenvolvido e articulado em teorias racionais.

    Ele funciona e e transmitido em virutde disso. As experiencias passadas que mostraram sua necessidade provavelmente nao foram documentadas e se perderam, mas eles persistem.

    Boa parte do nosso conhecimento tem esse carater.

    Nos podemos articular racionalmente apenas uma fracao pequena das coisas que sabemos e empregamos num sentido mais geral.
    E isso e extremamente necessario.

    Esse e o argumento central que eu tenho colocado.

  • RainorRainor Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Cameron,
    Respeito seu ponto de vista, mas discordo em alguns aspectos. Claro que tudo pode ser objeto de discussão. Mas há coisa que não deveriam. Por exemplo, você já ouviu falar do famoso Concílio da Igreja que discutiu qual seria o sexo dos anjos? Pois é, ficaram MESES discutindo algo totalmente sem sentido. É esse tipo de discussão que condeno, assim como quando discutiam se índios e negros tinham almas, se eram humanos ou animais. Viu, enquanto a discussão do sexo dos anjos foi apenas perda de tempo e dinheiro, a discussão sobre se negros e índios seriam humanos já parte de uma aceitação, a aceitação de que a natureza humana deles possa ser questionada. Deu para sentir a semelhança com o que acontece com os homossexuais?
    Post edited by Rainor on
  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Novamente, uma discussão não precisa ser útil, apenas interessante aos seus participantes, um dos meus assuntos favoritos é o debate sobre seriados, qual a utilidade de se debater sobre isso? Nenhuma, apenas gosto, me serve de entretenimento, o mesmo se aplica a quase todas as discussões na internet.

    99% dos fóruns sobre os mais variados temas deixariam de existir se lhes fosse aplicado algum rigoroso critério de relevância aos assuntos neles debatidos.

    Sem a mínima intenção de lhe ofender, mas sua queixa não faz o menor sentido.
    Post edited by Cameron on
    Come with me if you wanna live.
  • Cameron,
    Você está desviando o assunto. Não é lícito comparar seriados de TV com a "cura da homossexualidade", são coisas bem diferentes e envolvem, no caso dos homossexuais, pessoas que estão sofrendo em razão de um preconceito cruel.
  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Rainor disse: Cameron,
    Você está desviando o assunto. Não é lícito comparar seriados de TV com a "cura da homossexualidade",
    São ambos assuntos discutíveis entre aquelas pessoas que pelo assunto se interessem, qual parte exatamente não seria comparável?
    são coisas bem diferentes e envolvem, no caso dos homossexuais, pessoas que estão sofrendo em razão de um preconceito cruel.
    Ó MY GOD, estamos inflingindo terrível sofrimento sobre essas pobres almas atormentadas apenas pelo fato de escrevermos internamente entre os membros de um fórum eletrônico nossas opiniões pessoais sobre o homossexualismo? Vamos lembrar que a pior classificação que receberam aqui foi de possuirem defeitos morais brandos como todo mundo, daria para ser mais cruel?

    Será que chibatadas e apedrejamentos seriam menos drásticos e mais humanos do que isso?

    Dá um tempo, KATSO!!!


    Post edited by Cameron on
    Come with me if you wanna live.
  • ufka_Cabecaoufka_Cabecao Moderador
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down


    Resumindo minha ideia.

    Pegue o seguinte preceito moral: "deve-se corrigir o comportamento sexualmente ambivalente manifestado por criancas na educacao das mesmas".

    Ai entao o "ultra-racionalista" tipico vai sentar na sua poltrona e meditar sobre o "valor racional" desse principio moral.

    Na verdade ele vai apenas digeri-lo com os chavoes e slogans que ele aprendeu a associar a ideias que parecem muito tradicionalistas e fora de moda, e produzir algo que e mais proximo de uma flatulencia que de um pensamento.

    Ele concluiria que nao ha "razao", ou "logica" (ou qualquer outra palavra-transe que o faca se sentir mais inteligente que as outras pessoas) nesse principio e que ele deve ser descartado.

    Trata-se no entanto um valor moral consagrado.

    A maioria das familias o adotou na maior parte da historia da maior parte das civilizacoes das quais temos conhecimento.

    O fato do ultra-racionalista nao conseguir entender bem o porque talvez nao seja tao importante quanto ele pensa.

    Isso nao quer dizer que esse valor deva durar para sempre.

    Se voce quiser criar seus filhos sem emprega-lo, fique a vontade. Nesse caso em particular, ninguem esta te impedindo.

    Talvez outras pessoas ate te copiem e talvez o seu valor passe entao a ser consagrado. Talvez.

    Mas o que nao da e para recriminar e combater uma pratica consagrada com base na impressao de que ela e irracional. Impressao derivada da incapacidade do ultra-racionalista de explicar o fundamento logico de alguma coisa.

    As familias que adotam esse principio certamente nao o fazem por meditacao profunda tampouco.
    Elas fazem por tradicao, porque sempre foi assim, e porque funcionou pra eles na educacao deles.

    Isso vale para a maioria das coisas que fazemos.

    Mas em virtude de uma agenda politica particular, certos principios consagrados se tornaram alvos de vandalismo institucional.
    E os ultra-racionalistas, tao sofisticados e inteligentes, nao percebem que estao sendo guiados as conclusoes desejadas pelos reais beneficiarios dessas agendas.
    Post edited by ufka_Cabecao on
  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Cabeção,

    Agora eu entedi seu ponto.

    Antes quando você dizia que algo não poderia ser racionalizado eu lia que tal não poderia ser alcançado racionalmente por ninguém, que fosse algo etéreo que deveria apenas ser aceito como um dogma sagrado.

    Que o fato de determinadas pessoas possam chegar a conclusões erradas por incapacidade de perceberam os padrões existentes eu não discordo.
    Post edited by Cameron on
    Come with me if you wanna live.

  • Exatamente.

    O ponto e que muito conhecimento sobre o mundo e distribuido, diretamente aplicado e conservado sem articulacao racional abstrata ao seu redor.

    Isso nao quer dizer que esse conhecimento nao agregue valor, no sentido de resolver problemas praticos e permitir o estabelecimento de uma melhor distincao entre mundos desejaveis e indesejaveis.
  • HuxleyHuxley Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    ufka_Cabecao disse Huxley disse: É com você que está o ônus da prova de demonstrar que a homossexualidade exclusiva é um traço modificável para toda e qualquer pessoa.



    Essa e uma interpretacao errada da proposta que eu tenho defendido.

    O meu ponto sempre foi a da existencia de uma componente cultural, moral, de aprendizado, no comportamento sexual adulto.

    Que esta pode ser verificada na maior incidencia de anomalias em meios onde a educacao e diferente.

    E que mudancas comportamentais sao possiveis e ja foram atestadas.

    FALSO! A evidência científica aponta para o fato de que a "terapia" de reorientação da homossexualidade masculina exclusiva tem tanta eficácia quanto a "terapia" de um charlatão qualquer; também se considera provável que a regra seja de que o traço em discussão seja RIGOROSAMENTE IMUTÁVEL. Do ex-presidente da American Psychological Association:

    “A homossexualidade masculina exclusiva pode ser mudada? (...) Há 25 anos os terapeutas behavioristas deram a esse problema o melhor de seus esforços, ignorando o saber clínico comum declarando que a psicoterapia não tinha nenhum efeito na homossexualidade.

    (...)

    Uma grande explosão de entusiasmo quanto à mudança da homossexualidade varreu a comunidade terapêutica. Numa inspeção mais atenta, as descobertas se mostraram falhas. Quando um homem era bissexual - às vezes tinha fantasias sexuais com mulheres -, a terapia geralmente funcionava. Mas quando o homem era exclusivamente homossexual, a terapia geralmente fracassava.

    (...)

    A homossexualidade exclusiva e a heterossexualidade exclusiva são muito profundas. Falta de mudança em terapia, fantasias de uma vida inteira com apenas um sexo, hipotálamo interior encolhido, alta concordância em gêmeos idênticos e desenvolvimento fetal, tudo isso aponta para um processo inflexível. (...) Assim, alguma medida de flexibilidade está disponível para homens exclusivamente homossexuais: podem escolher com quem atuar sexualmente, mas não podem escolher com quem querem atuar.

    Fonte: SELIGMAN, Martin E. P. O que você pode e o que você não pode mudar. São Paulo: Editora Objetiva, 1993. p. 168, 169.

    (Edit: complementando...)

    Recapitulando as perguntas e respostas principais dessa discussão... Existe traço psicológico rigorosamente imutável? R: Sim. O mencionado traço da homossexualidade exclusiva é imutável? R: Provavelmente sim. Dando mais argumentos detalhados para encerrar a discussão...

    Existem casos de emoções automáticas que respondem a certos estímulos (p.ex., o ruído muito alto desperta automaticamente a emoção do susto) e que jamais se observou em laboratório alguém que pudesse deter as evidências físicas que demonstram tal aparecimento emotivo (reflexo facial, aceleramento das batidas do coração, etc.). Outra citação instrutiva:

    "A consciência do impulso é um padrão alto. Não acredito que alguém possa alcançá-lo e, provavelmente, mesmo aqueles que o satisfazem não chegam a isso sempre."

    EKMAN, Paul. A linguagem das emoções. São Paulo: Editora Lua de Papel, 2011, p. 247.

    A emoção sexual da homossexualidade exclusiva e sua respectiva orientação resultante podem ser mudadas? Vejam a comparação com outras terapias em uma citação:

    Pânico Curável
    Fobias específicas Alívio marcante

    (...)

    Fobia social Alívio moderado
    Agorafobia Alívio Moderado
    Depressão Alívio Moderado
    Orientação sexual Provavelmene imutável
    Identidade sexual Imutável

    Fonte: SELIGMAN, Martin E. P. 1993. Id. p. 266.

    Portanto, com toda evidência que foi mencionada, pode-se dizer que, da mesma forma que existem leis da física, também existem leis da psicobiologia. Portanto, dizer que é imoral um homossexual exclusivo não mudar para a heterossexualidade exclusiva não é muito menos absurdo do que dizer que uma bola é imoral por ir em direção ao centro de gravidade da Terra quando é solta. Por que o forista Cabeção acharia certo nunca dizer que uma bola é imoral por ela ir em direção ao centro de gravidade da Terra quando é solta?
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  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Rainor disse: Claro que tudo pode ser objeto de discussão. Mas há coisa que não deveriam. Por exemplo, você já ouviu falar do famoso Concílio da Igreja que discutiu qual seria o sexo dos anjos? Pois é, ficaram MESES discutindo algo totalmente sem sentido. É esse tipo de discussão que condeno, assim como quando discutiam se índios e negros tinham almas, se eram humanos ou animais.

    Você pode citar os documentos da Igreja Católica Romana que comprovam estas afirmações e respectivas fontes?

    Independente disto, as afirmações acima são historicamente falsas.
    Não existe um único documento canônico da Santa Sé onde tais declarações possam ser encontradas e na doutrina Católica o que não é FORMALMENTE decretado pela Santa Sé não faz parte do Catolicismo.

    Mesmo porque, desde sempre a missão primeira da Companhia de Jesus no Brasil foi catequizar os Índios, o que incluía batizá-los e assim salvar suas almas imortais. Conhecendo-se o básico do básico dos preceitos católicos sabe-se que não faz o menor sentido pretender catequizar, batizar e salvar seres que não têm alma.

    Por outro existem bulas e encíclicas papais cujos conteúdos desmentem completamente a tese de que a Igreja negava a existência de alma ou humanidade nos negros e Índios.
    Pode-se questionar a sinceridade destes documentos, mas não a existência deles e tampouco negar que tais documentos confrontam outros inexistentes.

    As fontes desta difamação contra a Igreja Católica podem ser facilmente rastreada a opositores específicos e não há Historiador sério que as defenda. Na Internet se somou ao cabedal de lendas repetidas por quem tem mais interesse em divulgá-las do que pesquisar a verdade.

    No mais, a verdade é.
    Pouco importa se nos beneficia ou beneficia a quem não nos agrada.



    Post edited by Acauan on
    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • HuxleyHuxley Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Editei meu último post da resposta ao Cabeção e acrescentei mais um trecho grande. O que foi adicionado está depois do "Edit"... No fim do post, adicionei uma pergunta retórica do estilo "eu aumento, mas não invento".
    Post edited by Huxley on



  • Sybok,

    Voce esta se aproximando da ideia principal que eu tenho defendido.

    Mas ainda ha certas coisas que eu corrigiria nesse trecho.

    Primeiramente, nao ha ponto de vista "puramente racional" sobre o incesto.

    A razao opera nos fatos que sao percebidos pelos sentidos ou recebidos pela educacao e pela moral.

    Voce ate pode formular suas hipoteses para as razoes ecologicas que produziram um determinado entendimento moral, mas essas hipoteses sao mais dificeis de se confirmar do que parece.

    Talvez no passado a percepcao da correlacao entre unioes consaguineas e doencas hereditarias tenha contribuido para a formacao do entendimento moral atual, no qual o incesto e banido ou bastante reprovado.

    Essa e uma hipotese bastante razoavel, o que nao quer dizer que esse tenha sido o unico fator.

    Porque apenas o risco adicional de doencas hereditarias poderia ser compensado por outros fatores ecologicos favoraveis ao incesto, como e o caso em muitos animais que procriam com parentes proximos. E como parece ter sido durante a historia de alguns povos humanos.

    Mais provavelmente existe uma componente cultural complexa envolvida na formacao desse entendimento.

    Talvez haja aspectos politicos, como a formacao de aliancas entre diferentes familias em tribos primitivas por meio de unioes matrimoniais.

    Talvez haja aspectos de harmonia interna na propria familia, onde pais e irmaos nao se disputariam pelo acesso as femeas.

    E provavelmente muitos outros fatores relevantes que nao me ocorrem, e nao precisam me ocorrer, pois eu sei que o incesto e algo errado. E um sentimento moral que me foi transmitido.

    Uma das maiores dificuldades intelectuais que eu encontrei foi a de aceitar que certos aspectos do mundo sao como sao, e que devem ser respeitados antes de serem bem compreendidos.

    A ideia de que voce pode "racionalizar" uma moral anti-incesto com base no seu entendimento a respeito de riscos geneticos e ilusoria. A ilusao e que o entendimento moral deriva necessariamente de razoes suficientes simples como esta, quando a verdade pode ser bem mais complicada.

    E essa nocao falsa que produz a sensacao de que nao se pode racionalizar uma componente moral para a orientacao sexual, ja que nenhuma "razao suficiente simples" parece existir.

    O ultra-racionalista e apenas alguem que foi doutrinado a acreditar em preceitos que obedecem a um determinado padrao explicativo considerado "mais racional", mas que na verdade nao e.
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