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Epidemia de fraude na ciência

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Comentários

  • ufka_Cabecaoufka_Cabecao Moderador
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Huxley escreveu:
    Dawkins está repleto de razão. Dizer que Ciência e Teologia não são comparáveis não passa de um sofisma barato. Devido à Apologética, que é um segmento da Teologia, muito do que se chama de “significado espiritual” é algo que tem implicações de significado físico. Por exemplo, "Houve a concepção virgem de um ser humano na Antiguidade" é uma alegação sobre o mundo físico como outra qualquer. Idem para a alegação da continuidade da vida mental após a morte cerebral. A Ciência tem sim autoridade para dizer que determinadas crenças devem ser rejeitadas, como as duas proposições absurdas que citei anteriormente. A Ciência tem autoridade não só para fazer alegações sobre o que É (proposições de existência), mas também para fazer alegações sobre o que NÃO É (proposições de inexistência). Da mesma forma que a Ciência tem autoridade para dizer que o chumbo-206 não é radiotivo, ela tem autoridade para dizer que crenças que violam as leis da natureza devem ser rejeitadas, como aquelas de certas proposições que a Teologia Apologética defende. Agnosticismo sobre as leis científicas é uma forma de obscurantismo como outra qualquer. Descrença em leis científicas, então, é ainda pior. Em certos casos, a Teologia talvez seja ACIENTÍFICA; mas em outros, ela é ANTICIENTÍFICA.


    O que voce escreveu e quase puro nonsense.

    A ciencia repousa na crenca de que em alguma medida fenomenos obedecem regras gerais que pode ser inferidas de observacoes.
    E que essas regras gerais tem alguma estabilidade no tempo.

    Nao ha como testar diretamente esse apriori metafisico.
    Ele e simplesmente assumido.

    A ciencia nao pode estabelecer pareceres definitivos sobre nada. A ciencia esta sempre sujeita a alteracao face a novas evidencias.

    Por mais robusto que seja um modelo de emissao radioativa que diga que o chumbo-206 e estavel, voce nao pode afirmar que nenhuma evidencia futura poderia contradize-lo.

    O que voce pode e acreditar na estabilidade das leis gerais de decaimento radioativo e na qualidade do conhecimento ja acumulado sobre essas leis.
    E para efeitos praticos admitir que o chumbo-206 e nao-radioativo.

    Para algumas ciencias essa e uma atitude metafisica mais coerente do que para outras. Algo que parece depender do quanto o principio metafisico de reprodutibilidade independente de resultados se aplica aquele tipo de ciencia.

    Ciencias que lidam com fenomenos complexos, dificeis de isolar e reproduzir sistematicamente, como a metereologia e as ciencias sociais, sao menos chauvinistas e mais desconfiadas a respeito do carater geral de resultados acumulados do que ciencias onde esses resultados podem ser reproduzidos mais facilmente.

    Sobre eventos como a "imaculada concepcao", face a quase inexistencia de vestigios que possam ser diretamente investigados, a ciencia pode no maximo ser relativamente vaga, e dizer que esse tipo de fenomeno nao e plausivel com o que se sabe biologicamente sobre o sistema reprodutivo feminino, e que e plausivel com o que se entende antropologicamente sobre formacao de mitos e lendas.

    Isso pode ser suficiente para voce formar a sua opiniao a respeito, mas e muito diferente de estabelecer um parecer definitivo.
    Post edited by ufka_Cabecao on
  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    ufka_Cabecao disse:A ciencia nao pode estabelecer pareceres definitivos sobre nada. A ciencia esta sempre sujeita a alteracao face a novas evidencias.
    Concordo em gênero, número e grau, tanto que átomos já foram considerados a menor partícula do universo e já não são mais.

    Mas o ponto é exatamente esse, face a novas evidências, não estamos em condições de decretar que é absolutamente impossível que exista um suposto ser criador do universo capaz de suspender temporariamente determinadas leis da natureza e que tenha realizado um evento fantástico como um nascimento virginal ou uma partenogênese humana que resultasse em um indivíduo do sexo masculino, assim como não podemos decretar que é absolutamente impossível que princípios desconhecidos, assim como os microorganismos causarem doenças já o foram, possibilitem que uma carta aleatoriamente escolhida possa de fato prever instâncias futuras, em termos absolutos não podemos decretar impossibilidade para nada, mas daí a concluir que qualquer alegação sobre qualquer coisa sem qualquer evidência que a suporte seja uma forma válida de conhecimento dada essa impossibilidade é um absurdo, foram apresentadas novas evidências de partículas menores que o átomo para que a ideia fosse revista assim como evidências de que doenças são causadas por microorganismos, do mesmo modo, se alguém apresentar evidências convincentes de que cartas de Tarô possam prever o futuro ou da existência do Deus conforme narrado pelo cristianismo podemos reconsiderar e dizer que tais são formas válidas de conhecimento.

    Dizer que algo é uma forma válida de conhecimento, que é verdade apenas pelo fato de não se poder provar sua impossibilidade significa dizer que qualquer alegação sobre qualquer coisa é uma forma de conhecimento, o que faz retornar a pergunta anterior, como traçar a linha que separa a mitologia da verdade, os fatos da ficção, a realidade da fantasia?

    O empiricismo, o crivo das evidências, a ciência que submete alegações a testes diversos e ao escrutínio não são perfeitas, assim como tudo relacionado ao ser humano, mas de longe são a melhor alternativa ao nosso alcance para isso, pelo menos na minha opinião.


    Post edited by Cameron on
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  • HuxleyHuxley Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    ufka_Cabecao disse:

    O que voce pode e acreditar na estabilidade das leis gerais de decaimento radioativo e na qualidade do conhecimento ja acumulado sobre essas leis.
    E para efeitos praticos admitir que o chumbo-206 e nao-radioativo.
    Para algumas ciencias essa e uma atitude metafisica mais coerente do que para outras. Algo que parece depender do quanto o principio metafisico de reprodutibilidade independente de resultados se aplica aquele tipo de ciencia.

    Quando os defensores do Realismo Externo dizem que as crenças dos teólogos da Apologética que contradizem as leis científicas devem ser rejeitadas como “verdades”, eles usualmente usam a “Teoria da Correspondência da Verdade” juntamente com a noção de verdade do senso comum. Ora, é claro que a noção de verdade do senso comum possui algum tipo de aplicabilidade, pois de outra forma não teríamos tal noção na linguagem e não seríamos capazes de fazer a distinção de verdades e mentiras.
    ufka_Cabecao disse: Sobre eventos como a "imaculada concepcao", face a quase inexistencia de vestigios que possam ser diretamente investigados, a ciencia pode no maximo ser relativamente vaga, e dizer que esse tipo de fenomeno nao e plausivel com o que se sabe biologicamente sobre o sistema reprodutivo feminino,

    Então, você acabou de se comprometer com a proposição de que devemos concordar em manter a “mente aberta” com o Criacionismo Bíblico da Terra Jovem. Para entender isso, é só fazer uma substituição:
    ufka_Cabecao disse: Sobre eventos como a criação especial do Criacionismo Bíblico da Terra Jovem, face a quase inexistência de vestígios que possam ser diretamente investigados, a ciência pode no máximo ser relativamente vaga, e dizer que esse tipo de fenômeno não é plausível com o que se sabe biologicamente, geologicamente e cosmologicamente sobre a evolução da vida e do universo,

    Portanto, segundo o Cabeção, devemos manter a "mente aberta" para isso:

    creationism-4.jpg

    600--flintstones.jpg
    Post edited by Huxley on
  • HuxleyHuxley Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Judas disse: Cameron disse: Dizer que algo é uma forma válida de conhecimento apenas pelo fato de não se poder provar sua impossibilidade significa dizer que qualquer alegação sobre qualquer coisa é uma forma de conhecimento, o que faz retornar a pergunta anterior, como traçar a linha que separa a mitologia da verdade, os fatos da ficção, a realidade da fantasia.


    Exatamente. Se for pra levar tudo para o puritanismo retórico, tudo pode ser afirmado e quem disser, "Você não é capaz de provar que é mentira", estará sempre certo.

    Pra mim a linha se traça com base na relevância prática de qualquer que seja a alegação.
    Uma alegação baseada em nada não serve pra nada.

    "A ciência não pode estabelecer pareceres definitivos sobre nada" (Cabeção), logo inexistem crenças que devem ser rejeitadas? Se alguém respondeu com um “Não” a essa pergunta, parabéns. Se alguém respondeu com um “Sim” a essa pergunta, parabéns também, mas dessa vez por ter caído na minha armadilha. Perceba que se alguém for um crente da Terra Plana poderia estar usando esse mesmo tipo de argumento para se defender dos estragos que os argumentos de autoridade científica lhe faria. Que importância tem um tipo de argumento que até um crente da Terra Plana poderia usar para se defender? Ou melhor, será mesmo que fiz mal em não me manter com a “mente aberta” para a plausibilidade da crença da Terra Plana?

    Post edited by Huxley on
  • HuxleyHuxley Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Eis a razão pela qual podemos dizer que a hipótese da "imaculada concepção de Maria" é uma bobagem comparável a dizer que o chumbo-206 é radioativo. A primeira razão envolve a questão de violação de lei científica da Biologia:
    Foi dai que eu pensei na questão: será que Maria poderia ter se reproduzido por partenogênese?

    Apesar de termos uma população que beira os 7 bilhões de habitantes e uma taxa média de nascimentos de 21 por cada 1000 habitantes (faça as contas, leve ainda em consideração que foram várias gerações até hoje, desde antes da época de Cristo, e você verá o quão grande é esse espaço amostral, e quão significativa é essa observação), nunca foi relatado um caso de partenogenese em humanos. O que para mim é suficiente para dizer que não existe. Nem por erro.

    (...) Mas nem a hipótese da partenogenese em humanos salva o mito da Virgem Maria. Nas espécies que se reproduzem assexuadamente por partenogênese (veja aqui) a população é inteiramente de fêmeas. Claro, elas só possuem cromossomas X para passarem adiante, e uma fêmea só pode dar origem a outra fêmea.

    Jesus teria de ser menina. Ou… Maria não era virgem.

    Fonte: http://scienceblogs.com.br/vqeb/2008/12/partenogenetica-maria/

    Segunda razão... Eis o porquê o argumento da necessidade de "vestígios que possam ser diretamente investigados" (Cabeção) não é válido:

    "As discussões das partes anteriores do livro fornecem um amplo material para a crítica dessa variedade ingênua de instrumentalismo. Talvez a crítica mais fundamental dele seja dirigida à forte distinção que o instrumentalista faz entre entidades observacionais e entidades teóricas. O fato de todos os termos observacionais estarem carregados de teoria foi extensivamente embasado do Capítulo III. Os planetas, os raios de luz, os metais e os gases são conceitos em algum grau teóricos, e adquirem seu sentido, ao menos em parte, a partir do entrelaçamento teórico em que aparecem. As velocidades que o instrumentalista ficou feliz em atribuir às bolas de bilhar em nosso exemplo acima são exemplos de um conceito teórico especialmente sofisticado envolvendo a idéia de um limite matemático, que para ser desenvolvido precisou de muito engenho e trabalho. Até mesmo o conceito de bola de bilhar implica propriedades teóricas tais como individualidade e rigidez. Na medida em que os instrumentalistas compartilham com os indutivistas uma atitude cautelosa que os encoraja a não afirmar nada além daquilo que pode ser extraído de uma base de observação segura, sua posição é solapada pelo fato de que todas as proposições de observações são dependentes de teoria e falíveis. A posição do instrumentalista ingênuo apóia-se numa distinção que não é adequada à tarefa que lhe pedem."

    Fonte: CHALMERS, Alan F. O que é Ciência Afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.
    Post edited by Huxley on
  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Esse sempre foi o motivo da minha recusa em aceitar o sobrenatural, a inversão da ordem dos eventos, se temos por objetivo entender os elementos da realidade nossa lógica deve partir da observação dessa para formar teorias e tentar estabelecer critérios e abstrair padrões e não o contrário, em outras palavras:

    Os eventos do universo devem determinar nossa lógica e não nossa lógica tentar determinar os eventos do universo.

    Algum evento ou ser sobrenatural deve ser detectável ou manifesto de algum modo para que possamos considerar alegações como anjos, deuses ou fantasmas como lógicas e não enfiarmos goela abaixo um Deus ou outros elementos sobrenaturais no universo só porque isso faria mais sentido lógico na opinião de alguns, acreditar que estamos em condições de determinar o que existe ou não no universo ultrapassa todas as formas de megalomania.

    A lógica se baseia na experiência, se a realidade nos sonega qualquer evento sobrenatural porque deveríamos considerar lógicas alegações desse tipo?
    Post edited by Cameron on
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  • Fernando_SilvaFernando_Silva Administrador, Moderador
    Judas disse: Uma alegação baseada em nada não serve pra nada.

    "Uma afirmação sem provas pode ser descartada sem provas".
  • ufka_Cabecaoufka_Cabecao Moderador
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down

    Isso esta se tornando um exercicio repetitivo de perda de tempo.

    Nao ha absolutamente nada na argumentacao de voces que me pareca novidade.

    Afinal eu tambem fui educado na adolescencia por livros como "O mundo assombrado pelos demonios".
    E eu tambem ja repeti esses pontos de vista por ai. Se alguem cavar fundo nos historicos que ainda existirem desses foruns podera encontrar posts onde a minha opiniao era mais ou menos uma variacao do que voces estao colocando.

    Meu ponto aqui nunca foi atacar a ciencia. Mas o positivismo logico e o cientificismo que inspiram seus comentarios sao erros ginasianos.
    O ponto que eu estou tentando mostrar, com grande dificuldade aparentemente, e que essa e uma visao bastante auto-limitada e insustentavel do conhecimento.

    Por exemplo, dizer que religioes e teologias carecem de articulacao intelectual, ou que a natureza dos seus conteudos e inutil no mundo real, e algo em tao flagrante contradicao com a evidencia que me parece incrivelmente absurdo que alguem possa sustentar tal nocao em publico sem ruborecer.

    Mas e claro, isso e o meu entendimento da coisa hoje. Sete anos atras eu estaria do lado de voces repetindo ad infinitum dogmas cientificistas que, de maneira incrivelmente auto-contraditoria, negam a necessidade de aprioris racionais.

    Engracado que no outro topico sobre homossexualismo Huxley tenha me acusado de ser um defensor de teorias de tabula rasa sobre o comportamento, mas a ideia de que a ciencia pode se sustentar apenas com base em experiencia empirica e que aprioris racionais nao existem e justamente uma teoria de tabula rasa.

    De qualquer forma, existem questoes que saltam demais aos olhos se voces se permitirem.

    Afinal porque as grandes religioes monoteistas organizadas substituiram sistematicamente os paganismos primitivos se nao foi por seu maior refinamento e articulacao intelectual teologica?

    Concepcoes e debates religiosos de conteudos espirituais e teologicos determinaram destinos de civilizacoes inteiras.

    Insistir que algo tao impactante na historia do mundo nao passa de puro nonsense, e que o trabalho de teologos pode ser completamente ignorado sem prejuizo algum para a comprencao do mundo em que vivemos, e promover um espetaculo patetico de pedancia intelectual.

    Certos temas e conceitos da teologia parecem nao corresponder a qualquer coisa que possa ser diretamente observada na "realidade objetiva".

    Sei la, por exemplo, a consubstancialidade.

    E dai?

    A teologia nao precisa assumir uma "realidade objetiva" empiricamente acessivel como unica base possivel para o conhecimento.
    Ela tambem nao nega a existencia ou relevancia dessa realidade.

    Assim ela pode tratar de consubstancialidade racionalmente.

    Agora se voce me perguntar se eu preciso admitir esse conceito religioso-teologico em particular para formar a minha visao do mundo, eu vou dizer que nao. A menos que eu me interesse por entender a evolucao do pensamento teologico cristao e o seu impacto historico, esse conceito para mim e praticamente inutil, porque eu nao sou um adepto da crenca basica que o evoca e o torna necessario.

    Mais ou menos como conceitos fisco-matematicos da mecanica hamiltoniana sao inuteis para um jornalista esportivo. Indiretamente e claro o jornalista esportivo usufrui de beneficios criados por pessoas que entendem e empregam conceitos de mecanica hamiltoniana.
    Assim como eu, para todos os efeitos praticos um individuo nao religioso, usufruo de uma infra-estrutura civilizacional que so foi alcancada na pratica atraves do exercicio racional de pessoas religiosas que empregavam e compreendiam conceitos como consubstancialidade.

    A forma elaborada na qual conceitos de mecanica hamiltoniana acabam sendo indiretamente uteis para o jornalista esportivo nao e muito clara para quase ninguem.
    Assim como e pouco clara para quase todos nos a forma como a consubstanciacao pode ser util indiretamente.

    Mas isso nao quer dizer que ela seja inutil. Promover esse tipo de atitude tem algo da infantilidade do estudante primario que nao por nao conseguir visualizar as aplicacoes praticas para os conceitos de algebra conclui que eles sao complemente inuteis.

    Existe uma especie de paranoia que parece motivar atitudes cientificistas extremas como as de voces.

    De uma certa forma voces pensam que ao admitir a possibilidade de que um conhecimento abstrato possa ser racionalmente organizado sem ter necessariamente sido fornecido pela evidencia empirica, estariamos negando o valor da ciencia empirica na formacao do conhecimento, ou reduzindo-a a nonsense.

    E uma especie de dever moral implicito o de defender o metodo cientifico enquanto unico protocolo possivel de validacao de conhecimento, sob o risco de cairmos de novo em trevas medievais.

    Essa e a mensagem apologetica por tras de livros como "O mundo assombrado pelos demonios".

    Eu sou um grande admirador de Sagan enquanto cientista e divulgador da ciencia. Um grande idolo e ao que parece um grande sujeito.

    Mas essa mensagem e completamente estapafurdia.
    A ciencia continuara empirica a ser usada quando os problemas tratados parecerem ter uma natureza empirica saliente. Caso contrario, outras coisas serao empregadas. Coisas que incluem, mas nao se restringem, a Teologia.

    Nao ha conflito irreconciliavel, exceto na paranoia cientificista de Sagan.

    Nao que ela seja original dele, e apenas um eco de um sentimento antigo.

    Mas nao deixa de ser um enorme non sequitur. Um dos maiores de nosso tempo.

    Post edited by ufka_Cabecao on
  • HuxleyHuxley Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Outra coisa. Para alguém justificar racionalmente que a Terra não é plana, ele deve levar em conta não só os pressupostos sobre os raios de luz (que é em algum grau teórico), mas também pressupostos teóricos da Psicologia Cognitiva acerca da teoria da percepção direta (cujas informações contextuais podem não ser prontamente controladas em um experimento de laboratório):

    "O primeiro é que um observador humano tem acesso mais ou menos direto a algumas propriedades do mundo externo à medida que essas propriedades são registradas pelo cérebro no ato da visão. O segundo é que dois observadores normais vendo o mesmo objeto ou cena do mesmo lugar 'verão' a mesma coisa. Uma combinação idêntica de raios de luz vai atingir o olho de cada observador, vai ser focada em suas retinas normais pelas suas lentes normais e produzirá imagens similares. Informação similar vai então alcançar o cérebro de cada observador via seus nervos óticos normais, e daí podermos concluir que os dois observadores 'vêem' a mesma coisa."

    Fonte: CHALMERS, Alan F. Id.

    Se nem a teoria que envolve a observação "mais direta" do mundo está livre da necessidade de hipóteses de fundo que envolvem observação indireta, como é que o forista Cabeção reivindica "vestígios que possam ser diretamente investigados" para considerar a falsidade da hipótese da "imaculada concepção de Maria" e de outros absurdos assumidos pela Apologética? Se for assim, então até um crente da Terra Plana poderia se defender usando a retórica cabeçoneana.
    Post edited by Huxley on
  • HuxleyHuxley Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Ou seja, como observado na argumentação acima, usando o discurso do Cabeção, não podemos dizer nem que a Hipótese da Terra Plana deve ser rejeitada.
    Post edited by Huxley on
  • ufka_Cabecaoufka_Cabecao Moderador
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Huxley disse: Ou seja, como observado na argumentação acima, usando o discurso do Cabeção, não podemos dizer nem que a Hipótese da Terra Plana deve ser rejeitada.


    Primeiro, vale a pena observar que para quase todos os efeitos praticos nos usamos a hipotese de que a Terra e plana diariamente.

    Isto e, ninguem se preocupa em calcular correcoes geodesicas ao medir distancias pequenas.

    A observacao de que a Terra, de um ponto de vista distante, e de fato redonda e um amelhoramento bastante sutil e num certo sentido, quase inutil antes de um dado momento historico.

    Tanto o e que filosofos gregos antigos ja sabiam que a Terra era redonda, mas a ideia popular de uma terra plana persistiu ate a Renascenca. Nao havia utilidade que tornasse esse conhecimento algo interessante o suficiente para ser amplamente transmitido.

    Hoje em dia ela se tornou um lugar comum trivial, mas apenas depois que circumnavegacoes, telecomunicacoes e outras aplicacoes dessa nocao foram criadas.

    De qualquer maneira, voce tem razao, a hipotese da Terra redonda ainda nao foi rejeitada por ninguem que caiu de suas beiradas.
    E nao ha nada que nos indique que essa possibilidade seja realista.

    Mas isso nao quer dizer que esse incidente peculiar nao possa se produzir, em hipotese alguma, no futuro.
    Nos nao podemos afirmar isso.

    Nos podemos afirmar que temos um modelo bastante seguro que indica que essa e uma impossibilidade.

    Mas nenhum modelo e perfeitamente seguro ou perfeitamente confirmado.
    O que temos sao modelos que ainda nao foram falseados nos varios testes aos quais eles foram submetidos.

    Eu nao estou dizendo que vale a pena manter a mente aberta para a possibilidade de cair numa cascata no fim do mundo, ou qualquer coisa do genero.

    Isso depende de cada um. Eu pessoalmente nao me preocupo muito com esse "risco".

    Mas o ponto e que a ciencia nao o eliminou completamente, e nem pode.

    Tudo e impossivel ate alguem fazer. Se um dia alguem cair de alguma beirada escondida da Terra a ciencia vai precisar lidar com essa novidade, independente do quao inconsistente ela for com o que nos supomos sobre a realidade hoje em dia.

    Leia o livro The Black Swan, de Nassim Taleb.

    Post edited by ufka_Cabecao on
  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    ufka_Cabecao disse: isso esta se tornando um exercicio repetitivo de perda de tempo.
    Bem vindo ao mundo de debates na internet, aonde todos participam por gostarem de trocar textos sem nenhuma ou quase nenhuma relevância.
    ufka_Cabecao disse: Nao ha absolutamente nada na argumentacao de voces que me pareca novidade.
    Desculpe, eu não tinha a intenção de reinventar a roda...
    ufka_Cabecao disse: Por exemplo, dizer que religioes e teologias carecem de articulacao intelectual, ou que a natureza dos seus conteudos e inutil no mundo real, e algo em tao flagrante contradicao com a evidencia que me parece incrivelmente absurdo que alguem possa sustentar tal nocao em publico sem ruborecer.
    Eu não disse que seus conteúdos são inúteis no mundo real, crenças e ficção não são inúteis, questionei a realidade de seus postulados, achar que algo deve ser considerado verdadeiro apenas porque um grupo de pessoas o aceitam como dogma ou axioma ainda mais com enunciados que contrariam em absoluto o senso comum como alguém ser pai de si mesmo é de fato retornar aos padrões medievais de validação de conhecimento.
    ufka_Cabecao disse: De uma certa forma voces pensam que ao admitir a possibilidade de que um conhecimento abstrato possa ser racionalmente organizado sem ter necessariamente sido fornecido pela evidencia empirica, estariamos negando o valor da ciencia empirica na formacao do conhecimento, ou reduzindo-a a nonsense.
    Eu posso fazer uma serie de especulações sobre supostas características de seres vivos em outros planetas de uma forma racionalmente organizada que as outras pessoas as considerassem plausíveis mas sem evidências não as poderia elevar a condição de fatos, que fossem consideradas uma forma válida de conhecimento e que deveríamos ensinar em faculdades que eles existem conforme as descrevi.

    Hipótese metafísica? Crenças pessoais? Doutrina religiosa?

    Beleza, sem nenhuma objeção a Teologia afirmada nesse patamar.

    Forma válida de conhecimento sem a necessidade de apresentar nenhuma evidência?

    Nem a pau Juvenal.






    Post edited by Cameron on
    Come with me if you wanna live.

  • Logo a sua posicao se resume a reivindicacao de um monopolio semantico sobre palavras como "fato", "existencia" e "realidade".

    No seu idioma, essas palavras consistem apenas no apanhado de coisas que manifestam algum tipo de evidencia sensivel ou empirica.

    Exemplos de coisas que nao sao "fatos existentes na realidade" no seu idioma: Deus, matrizes simetricas, a ideologia comunista e a estrutura musical da nona sinfonia de Beethoveen.

    Apenas representacoes concretas dessas coisas sao fatos sensiveis.

    Assim, a matriz nao existe, apenas o papel e os rabiscos de grafite.
    A melodia nao existe, apenas as vibracoes sonoras produzidas pelo instrumento.

    Bom, conforme eu afirmei antes, voce tem certa liberdade para empregar os termos da linguagem da maneira que melhor lhe aprouver.

    Mas o ponto e que voce mesmo admite que essas definicoes empiricas de "fato", "existencia" e "realidade" nao consistem em tudo aquilo sobre o qual se forma conhecimento consequente.

    E se voce pretender aplicar esse jogo semantico para transformar a Teologia em nonsense, ele poderia ser igualmente empregado para a metafisica, para a filosofia, para a matematica, para a musica e mesmo para a ciencia empirica, pois ela e fundamentada em postulados abstratos tambem.

  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Estou em crise semântica, tem uma frase que diz:

    "Se uma pessoa tem um problema com você, paciência, se duas pessoas tem um problema com você pode ser um mini-complô mas se três ou mais pessoas tem um problema com você é bem provável que o problema seja você."

    Ela deve se aplicar a mim nesse caso.

    Eu não tenho nada contra postulados abstratos, por exemplo, o que é um dragão?

    Seria uma figura mitológica reptiliana capaz de voar e cuspir fogo.

    Dragões existem?

    Note o problema da pergunta com o termo existir.

    Existem tatuagens de dragões então em algum nível eles existem.

    Além de não podermos descartar a possibilidade de que algum exista na imensidão do universo já que não conhecemos o universo inteiro.

    Isso nos autoriza a dizer que a afirmação dragões existem é uma forma válida de conhecimento da mesma forma que répteis existem? Eu acho que não...
    Post edited by Cameron on
    Come with me if you wanna live.
  • ufka_Cabecaoufka_Cabecao Moderador
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down

    E uma forma perfeitamente valida de conhecimento, mas e preciso entender no que ela consiste e no que ela nao consiste.

    A ideia de dragao esta associada a mitos, simbolos e personagens que existem enquanto tais.
    Conhecimento de dragoes pode ser obtido a partir dessas representacoes.

    Por exemplo, se voce for um tatuador ha um bocado de coisas uteis que voce pode aprender sobre dragoes. Ou se voce resolver escrever um livro de fantasia.

    Mas quando falamos "dragoes nao existem" estamos nos refirindo a nao-ocorrencia de observacoes co-validadas de lagartos alados que cospem fogo no mundo natural.

    Sendo assim, nao e possivel formar muito conhecimento biologico sobre dragoes enquanto lagartos vivos, dada a sua nao-ocorrencia.

    No maximo pode-se teorizar vagamente a respeito da viabilidade evolutiva ou biofisica de um animal que correspondesse a descricao de um dragao.
    Talvez engenheiros geneticos pudessem tomar como problema criar um lagarto alado que use algum mecanismo bioquimico para soprar fogo.
    Claro que isso se encontra bem alem das possibilidades tecnologicas da engenharia genetica atual.

    Mas tudo isso corresponderia a conhecimentos associados ao campo da "dragologia".

    A utilidade que voce teria para esse campo organizado de conhecimento dependeria do quanto voce se interessa pelo simbolismo e mitologia de dragoes, ou talvez do quanto voce considera a evidencia empirica negativa de ocorrencia de dragoes suficiente.

    Mas a afirmacao de que a dragologia e um campo inutil do conhecimento seria bastante questionavel.
    Talvez um campo de conhecimento obscuro, de aplicacao limitada, mas nao inutil.

    Por exemplo, um biologo especialista em dragoes seria pouco justificavel e quase que de fato inutil, dada a inexistencia de especimens vivos ou fosseis.
    Post edited by ufka_Cabecao on
  • ufka_Cabecaoufka_Cabecao Moderador
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down

    Eu acho essas ramificacoes epistemologicas interessantes e eu ate posso continuar seguindo enquanto eu tiver paciencia e algum tempo, mas o ponto aqui e bem mais simples.

    Dawkins afirmou que a "Teologia e inutil e que contribuicoes de teologos poderiam ser apagadas, sem nenhum prejuizo para ninguem".

    E essa e uma frase e estupida em praticamente todas as interpretacoes razoaveis que possam ser dadas para os termos presentes nelas.

    A teologia e um campo de conhecimento extremamente vasto e antigo e sua utilidade para toda uma categoria de problemas ancestrais e indiscutivel. Consequencias da teologia sao inumeras.

    Ja a frase "O criacionismo e inutil..." subentende que estamos nos referindo ao seu uso enquanto mecanismo teorico para resolver certos problemas biologicos, e as dificuldades metodologicas que seguem.

    Ele e inutil ou invalido no que ele se pretende passar por argumento biologico.

    Assim como a teologia, a neurociencia ou o karate seriam inuteis ou invalidos se eles fossem usados para provar a existencia de solucao de uma equacao diferencial.

    Como Dawkins desconhece utilidades para a teologia, talvez por pensar que todos os problemas do mundo se reduzem a enunciados de biologia, ele afirma que ela e inutil.

    Mas nao ha nada de profundo nisso. So cretinice.
    Post edited by ufka_Cabecao on
  • Assim, em poucas palavras.
    A Teologia serve pra que mesmo num contexto prático operacional?

    Biologia serve pra um tanto de coisas operacionais e práticas, Geologia, Ecologia também servem.
    Bio, Geo, e Eco são disciplinas bem alicerçadas em evidências empíricas. E o Teo? Coitado do Teo, nem sequer um conceito claro temos dele. Ele é uma enorme interrogação onde podemos enfiar desde um E.T.superior, passando por mitos e mais mitos conjecturados entre medos e desejos, até algo bem mais ameno como entende-lo como sendo o próprio universo.
    O Teo serve muito bem ao exercício da imaginação, com ou sem correlação com as outras disciplinas do conhecimento.
    Como podemos estudar seriamente o Teo assim, sem ao menos se saber o que se está estudando?
    O ateísmo é uma consequência em mim, não uma militância sistemática.
    '' O homem sábio molda a sí mesmo, os tolos só vivem para morrer.'' (O Messias de Duna - F.Herbert)
  • calexocalexo Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Essa atitude de teimar em cima de definições rígidas, imutáveis e inquisitoriais (a "rebelião semântica") é o que se espera de quem não está interessado em aprender sobre um assunto, mas em busar a qualquer custo confirmações para um ponto de vista já aceito, de antemão. O valentão constrói um boneco parecido com a pessoa de carne e osso que quer surrar, surra o boneco imóvel, e sai cantando vitória sobre a "vítima".

    Uma pessoa honesta que por qualquer motivo se interessa em aprender sobre, por exemplo, teologia (seja porque se sente atraída pelas "coisas divinas", seja porque quer confrontar este conhecimento com o seu credo materialista) não vai primeiro buscar uma definição para o conceito. A pessoa vai primeiro estudar o que há com o nome de "teologia" no mercado e só depois formar uma opinião acerca do que diz respeito esta área do conhecimento.

    Ser capaz de compreender o que a definição sobre uma coisa significa na prática é a última coisa que um estudante sobre esta coisa consegue. É certo que nos livros didáticos a definição do que se estuda é dada logo nas primeiras páginas. Mas se isso me fizesse mentir, não seria necessário ler nada além do dicionário. Qualquer semianalfabeto pode decorar algumas linhas, dizendo que "biologia é o estudo da vida", que "teologia é o estudo das coisas divinas", etc. Mas saber no que se traduz cada uma destas definições aqui no mundo real, na prática, só consegue quem as tenha estudado. Não há conceito que uma definição objetiva, dicionárica, possa abarcar totalmente. Sempre há espaço para alguma subjetividade.

    Daí o desonesto se serve muito proveitosamente deste expediente: lê a definição dada pelo dicionário, e nada além disso, fixa-se insanamente na sua definição "objetiva" e, através de um pequeno silogismo (e uma grande arrogância), proclama a inutilidade absoluta de uma área do conhecimento estudada há milênios.

    A única perspectiva que há em se engajar num debate com alguém assim é a de exercitar a própria capacidade argumentativa.
    Post edited by calexo on
  • HuxleyHuxley Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    ufka_Cabecao disse: Ja a frase "O criacionismo e inutil..." subentende que estamos nos referindo ao seu uso enquanto mecanismo teorico para resolver certos problemas biologicos, e as dificuldades metodologicas que seguem.

    Dawkins já disse (ou deixou subentendido) que considera o Criacionismo útil em certos âmbitos e que ele pode ser discutido em uma classe de uma instituição de ensino:

    "Intelligent design is not an argument of the same character as these controversies. It is not a scientific argument at all, but a religious one. It might be worth discussing in a class on the history of ideas, in a philosophy class on popular logical fallacies, or in a comparative religion class on origin myths from around the world. But it no more belongs in a biology class than alchemy belongs in a chemistry class, phlogiston in a physics class or the stork theory in a sex education class. In those cases, the demand for equal time for 'both theories' would be ludicrous. Similarly, in a class on 20th-century European history, who would demand equal time for the theory that the Holocaust never happened?"

    Fonte: http://maovisivel.blogspot.com.br/2011/08/opiniao-de-dawkins-sobre-o-ensino-de.html

    Não é difícil achar outra merda extremamente influente que é útil em âmbitos similares aos que sublinhei na citação acima.
    Post edited by Huxley on
  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Uma tentativa de esclarecer em que significado uso determinados termos, aqui no entanto reconheço que a forma como os uso talvez sejam falhas se tratados com um rigor filosófico dos mais refinados, até porque não é essa a minha formação, então é bem possível que a quase totalidade de nossa divergência provenha daí.

    Quando uso o termo conhecimento estou me referindo a proposições e alegações que podem ser comprovadas, daí saber que tais são verdadeiras.

    Por exemplo descrever como funciona o processo de imunização de uma vacina.

    Sem entrar em muitos detalhes técnicos podemos resumidamente dizer que tal processo se dá com o uso de microorganismos inativos que fazem com que o corpo produza anticorpos contra eles e se a pessoa tiver contato com a doença o corpo já está imunizado, quem duvidar do processo existe farta evidência que o suporte.

    Se eu perguntar como os dragões conseguem cuspir fogo é evidente que não terei uma resposta desse nível, já que se trata de um ser mitológico, escritores imaginativos podem até criar explicações que soariam plausíveis e adequadas mas seriam apenas mais uma versão do mito, e claro não seria algo passível de comprovação.

    Para mim todas as alegações sobre uma suposta divindade estariam nessa categoria, podem ser mais ou menos intelectualmente trabalhadas mas não é algo que seria possível saber no mesmo sentido que sabemos do processo envolvendo as vacinas.

    Reconheço que o termo conhecimento aqui é dúbio, até mesmo contraditório, mas qual seria a forma correta de expressar a ideia então? Como diferenciar o conhecimento que pode ser acumulado e revisto com testes e novas evidências do conhecimento descritivo sobre aquilo que seria uma hipótese metafísica ou mitologia?
    Post edited by Cameron on
    Come with me if you wanna live.
  • CameronCameron Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    calexo disse: Essa atitude de teimar em cima de definições rígidas, imutáveis e inquisitoriais (a "rebelião semântica") é o que se espera de quem não está interessado em aprender sobre um assunto, mas em busar a qualquer custo confirmações para um ponto de vista já aceito, de antemão.
    Não necessariamente, é sine qua non em uma discussão que quem participa dela fale a mesma língua e expresse ideias com termos e sentidos mais ou menos padronizados, é claro que todos tem um ponto de vista mais ou menos elaborado sobre um tema quando começa a discutí-lo, se a pessoa irá rever esse ponto de vista no decorrer da discussão é outra história.


    calexo disse:A única perspectiva que há em se engajar num debate com alguém assim é a de exercitar a própria capacidade argumentativa.
    Não sei se é muito recomendável criar expectativas em debates informais na internet, muito menos uma tão pouco simpática como essa.

    Post edited by Cameron on
    Come with me if you wanna live.
  • ufka_Cabecaoufka_Cabecao Moderador
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Cameron disse:
    Reconheço que o termo conhecimento aqui é dúbio, até mesmo contraditório, mas qual seria a forma correta de expressar a ideia então? Como diferenciar o conhecimento que pode ser acumulado e revisto com testes e novas evidências do conhecimento descritivo sobre aquilo que seria uma hipótese metafísica ou mitologia?


    Eu tenho chamado nesse debate esse carater especifico de conhecimento de empirico/sensorial.

    Mas como voce parece estar percebendo que ele nao e o unico.

    Existe uma multiplicidade de carateres possiveis para o conhecimento, como instintivo, intuitivo, convencional, tradicional, analitico, sintetico, obscurantista, esoterico, arcano, ocultista, etc.

    Esses carateres nao sao mutuamente exclusivos. E possivel que um determinado conhecimento tradicional tenha tambem aspectos esotericos. E e possivel analisar conhecimento esoterico e articular conhecimento esoterico-analitico. Assim como e possivel sintetizar conhecimento tradicional e derivar conhecimento sintetico-tradicional.

    O conhecimento cientifico moderno depende substancialmente de conhecimento adquirido da experiencia empirica e sensorial.

    Mas ele tambem depende obviamente de conhecimento existente em modo instintivo, intuitivo, convencional, tradicional, analitico e sintetico de maneira a selecionar e tratar os dados empiricos de maneira relevante para solucionar problemas. Linguagem e matematica, metodos tradicionais de investigacao, problemas de interesse, sao todos conhecimentos "nao empiricos" que o cientista precisa dominar para conduzir sua pesquisa.

    E atraves do compartilhamento aberto de metodos e resultados ele procura substituir o carater esoterico, arcano e ocultista de certos tipos conhecimentos, ainda que esses as vezes aparecam espontaneamente na propria pesquisa cientifica.

    Por exemplo, o lobby progressista sobre o aquecimento global e sustentado em arcanismo e obscurantismo cientifico.

    Isso nao quer dizer que o aquecimento nao esteja ocorrendo. Isso e uma hipotese legitima e sujeita a verificicao. Mas a forma como essa teoria foi promovida a "fato inquestionavel" e que outras teorias foram banidas como pseudo-ciencia e tipicamente obscurantista.

    Assim como a ciencia moderna a teologia compreende um apanhado de conhecimentos com varios graus de institividade, intuitividade, observabilidade, tradicionalismo, articulacao, derivacao, esoterismo, arcanismo, obscurantismo etc.

    Como voce pode ver, voce tem razao em perceber uma diferenca de carater entre o conhecimento de dragoes e o conhecimento de imunologia e vacinas. Nivel seria um termo pouco apropriado nesse contexto, ja que nivel presume algum grau de comparabilidade, o que e complicado quando os conhecimentos a serem comparados tem escopos e carateres diferentes.


    Post edited by ufka_Cabecao on
  • AcauanAcauan Administrador, Moderador
    Discussão longa, comentários curtos.

    1. Teologia não se restringe ao "Estudo de Deus", esta é apenas a etimologia da palavra, restrita demais para abranger o campo de estudos em questão, que poderia ser resumido como o das relações entre o transcendente e o imanente;

    2. Todas as culturas conhecidas tem fundamentos teológicos em suas origens primitivas e todo conhecimento compartilhado é um processo cultural, ciência inclusa;

    3. Nenhum tipo de conhecimento humano - ciência inclusa - é possível sem o raciocínio abstrato, a interpretação simbólica da realidade. Esta interpretação da realidade pode conter a chamada exatidão matemática apenas quando se estuda fragmentos estritos desta realidade;

    4. Interpretações restritas da realidade são excelentes para se obter resultados materiais práticos, como bicicletas mais leves;

    5. Abordagens mais abrangentes exigem simbologias mais complexas e menos exatas.


    Acauan dos Tupis
    Nós, Indios.
    Lutar com Bravura, morrer com Honra!
  • HuxleyHuxley Membro
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Um argumento que até agora não encontrou contestação neste tópico:
    Huxley disse:
    Quando os defensores do Realismo Externo dizem que as crenças dos teólogos da Apologética que contradizem as leis científicas devem ser rejeitadas como “verdades”, eles usualmente usam a “Teoria da Correspondência da Verdade” juntamente com a noção de verdade do senso comum. Ora, é claro que a noção de verdade do senso comum possui algum tipo de aplicabilidade, pois de outra forma não teríamos tal noção na linguagem e não seríamos capazes de fazer a distinção de verdades e mentiras.

    Algum desafiante está diposto a rebatê-lo?
    Post edited by Huxley on
  • ufka_Cabecaoufka_Cabecao Moderador
    edited outubro 2012 Vote Up0Vote Down
    Huxley escreveu:
    Cabeção ficou com raivinha porque eu disse que existem determinadas crenças que devem ser rejeitadas. Ele disse que isso era "quase puro non-sense". Ah, então quero dizer que estou finalmente convencido de seus argumentos anteriores. Mas agora, infelizmente, eu sou um vendedor de cristais energizadores e cristais expulsadores de espírito. Meu público-alvo é o povo pobre e semi-analfabetizado, tal como ocorre no empreendimento dos famosos gurus espirituais à la Edir Macedo que existem na Índia. Já que não existem crenças que devem ser rejeitadas, porque eu deveria ser chamado de charlatão ou malvado? Isso, Cabeção, continue argumentando. Minha conta bancária agradece.


    Joao 8:32 - E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertara.


    Eu nao fiquei com raiva.

    Alias eu tenho sido bastante paciente, mesmo com a enorme dificuldade que estou tendo de me fazer entender.

    Como eu disse, a posicao radical que voces sustentam e bastante compreensivel, pois eu ja fui de opiniao similar.

    Alguns anos de experiencia de vida, algumas leituras e porque nao alguns debates nesses foruns mudaram a minha perspectiva lentamente.

    Mas esse seu post mostra exatamente um dos pontos que eu quero ilustrar.

    A "autoridade" da ciencia moderna provem da sua amplamente atestada capacidade de resolver certos problemas, assim como de sua clareza e honestidade quanto as potencialidades e limitacoes dos seus processos.

    Por exemplo, provem da percepcao da parte do doente de que medicos treinados academicamente produzem resultados melhores que xamas.

    E por isso que as pessoas se tornam cientistas e recorrem a ciencia. E essa selecao racional pelos metodos e solucoes cientificas que legitima a "autoridade" da ciencia.

    Cientistificistas confudem essa "autoridade" legitimada pela selecao com uma especie de autoridade mistica e definitiva da Ciencia, que os autorizaria a impor suas solucoes cientificas sobre o povo "pobre e semi-analfabetizado[sic]", incapaz de optar pela ciencia por si proprio.

    Os riscos dessa atitude arrogante nao sao menores do que os riscos de permitir que pessoas como Edir Macedo explorem a ignorancia cientifica que ainda existe.

    Tal atitude e a negacao da crenca de que o conhecimento da verdade faz o individuo escolher o bem e rejeitar o mal.

    Um conhecimento teologico explicitamente manifesta em Joao 8:32, que nao obstante exprime exatamente qual deve ser a natureza moral da busca pelo conhecimento, incluindo o cientifico.


    Post edited by ufka_Cabecao on
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