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Comentários
Mas não afirmo isto com certeza porque o zoroastrismo e a religião egípcia também tinham um lado individualista.
- Verdade Cameron, acho que não percebi isso antes, porque não considero as características que você citou positivas, apesar de reconhecer que realmente são originais, e que realmente foram decisivas para o sucesso do cristianismo.
- Mas, embora tais características originais sejam positivas para garantir o sucesso de uma religião, não as vejo como benéficas para a vida em geral.
Abraços,
Primeiro de tudo, a invenção intelectual do Indivíduo.
Obviamente - preciso explicar para alguns - que não foi a Filosofia Cristã que inventou o Indivíduo, mas este conceito praticamente não existia nas Filosofias e Doutrinas Espirituais do Oriente. No Budismo e Hinduísmo, por exemplo, a ideia de Consciência Individual é quase que uma anomalia na Harmonia do Cosmos e o anseio principal da alma ao reencarnar é dissolver-se no Nirvana.
No Civismo Romano, um Homem era a posição que ocupava na Sociedade. A única igualdade possível entre um Patrício Romano e um escravo era o fato de ambos serem mortais.
Os Gregos Socráticos entendiam perfeitamente o conceito de Indivíduo, mas Platão se perdeu um tanto na Analogia da Caverna, onde o mundo que vemos são apenas sombras da Realidade, enquanto Aristóteles estava mais preocupado com Física e Metafísica, em entender o Universo externo a ele próprio.
São a Escolástica e o Tomismo que reinterpretam a Filosofia de Platão de modo revolucionário.
Ao invés de entender que tudo que percebemos são apenas sombras de um mundo real superior, a Filosofia Cristã dividiu esta Realidade em mundo material, apreensível pelos sentidos e um Mundo Espiritual, fora de nossa percepção.
Até aí, em nada diferente de praticamente todas as Mitologias Religiosas.
A novidade é que no centro destes dois mundos a Filosofia Cristã colocou o Indivíduo Humano, capaz de entender o Mundo Natural pela inteligência e o Mundo Espiritual pela Fé.
Com isto, o Homem era reposicionado da periferia da Realidade, onde era apenas um observador iludido para quem a Verdade se situava em algum ponto inalcançável à consciência do mortais.
O Indivíduo Humano passava a ser o ponto focal de toda Realidade, que ao olhar para baixo podia compreender por si as coisas da Terra e pela inspiração divina era capaz de vislumbrar os Céus.
Daí o sentido da máxima de Santo Agostinho "Intellige ut credas, crede ut intelligas", entender para crer e crer para entender.
Temos aí a sacralização do Indivíduo, resumido na Teologia Cristã no Princípio do "Homem Sozinho Perante Deus". O Homem dotado de alma imortal própria, cujo conteúdo da alma é construído por suas decisões, independente de quaisquer fatores externos.
O princípio da sacralização do Indivíduo Humano é a base de toda Moral do Ocidente e fundamento das Democracias Modernas. Os que negam este Princípio e apontam o Iluminismo, particularmente o Iluminismo Francês, como uma ruptura com os conceitos medievais desconhecem, ou fingem desconhecer, que a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão não fariam o menor sentido em uma sociedade na qual o reconhecimento do indivíduo já não estivesse arraigada em sua Cultura. Não por acaso o Iluminismo se deu na Europa e não na Índia, China ou Japão.
Os que acham que as ideologias revolucionárias materialistas são moderninhas não entendem ou não querem entender que sua visão da condição humana nada mais é que um retrocesso de dois mil anos.
Ao deslocar o Indivíduo do centro de convergência da Realidade e substituí-lo pela "Sociedade", "Classe", "Nação" ou "Raça", coletivos abstratos sem consciência, tudo que fazem é reduzir este indivíduo a nada mais ou melhor que um animal mais esperto que os outros ou a espécimes sobre os quais a evolução natural e social (História) atuam sem que cada espécime por si só tenha alguma importância em particular.
Não é difícil concluir como este reposicionamento do Indivíduo leva inevitavelmente ao colapso moral, o que implica que, gostem ou não os Modernos, as possibilidades Humanas - sejam quais forem - ainda estão mais seguras se ancoradas na visão da Filosofia Cristã do que nas alternativas ideológicas disponíveis.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Só para ilustrar, segue texto que publiquei aqui sobre o assunto há quase dez anos:
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
- Muito bom Acauan.
- Esta visão sobrevive sem mitologia, dogmas, sectarismos e proselitismo?
Abraços,
Não sobrevive sem os dogmas, pois para a Filosofia Cristã a Fé era um elemento constitutivo e ativo da Realidade, tendo os dogmas a mesma autoridade que têm hoje os fundamentos científicos.
Mitologia também, mas precisa ser melhor entendida. Não como contos de fadas ou invencionices, como se entende o termo hoje, mas como tradições antigas condensadas e transmitidas primeiro por via oral e depois, em várias civilizações, transformadas em literatura.
Sectarismo e proselitismo se dão no nível político da disseminação das ideias, abaixo hierarquicamente do nível do debate intelectual onde são criadas e consolidadas.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Quando os sábios céticos acusam as igrejas das mais diversas de estarem envolvidas em crimes, estes teriam sido cometidos em nome da fé. Agora quando se acusam céticos racionais, como devem ser os líderes comunistas, de cometerem genocídios, os céticos engolem em seco e tentam desviar o assunto, dizendo que não foi em nome do ceticismo que se cometeram tais crimes... Como se isso ajudasse muito.
Afinal afirmam que religião é símbolo da irracionalidade humana, enquanto que o ceticismo é apontado como um indício de forte racionalidade... Mas tanto uma como o outro em nada ajudam quando se trata de genocídios...
Uma pena
Esta chacina é declaradamente motivada pela religião.
Qual seria um exemplo de chacina declaradamente motivada pelo ceticismo?
Enquanto um bando de loucos de Allah acham que isto ou aquilo do Ocidente é pecado (minhas cachorras dariam desculpas melhores pra se ficar jogando bombas por aí), em nome do socialismo CIENTÍFICO, os céticos-ateus mataram muito mais gente.
Difícil para ainda entender?
Ser racional não significa ter compaixão empatia, evitar a morte é utópico. Ainda mais quando se envolve interesse político.
Morte é morte: mas não deveria ocorrer no âmbito religioso e de seus seguidores. O importante é o fato e não a quantidade. O que era pra trazer a paz não o traz, simples.
― Winston Churchill
Percival, pelo que entendi (posso ter entendido errado) esse pessoal cético militante tenta vender da imagem de que as coisas decididas pelo raciocínio (= racional) teriam um fundamento lógico, sensato, pesado, verificado, melhorado, etc e tal. Coisa totalmente oposta ao sentimental religioso, onde se faz coisas por "Deus assim o quer".
Mas na hora de ler a História, vê-se que a coisa não funcionou.
Desde sempre a fé cristã e a política cristã atribuiu as mais escabrosas conspirações movidas pelos judeus. Porém não me consta que se houvesse provado uma única sequer. Mas nisso tanto os da fé, como os da razão cética se deram as mãos e continuam fazendo-o até hoje.
Isso é só um exemplo
Pois é. O pessoal das esquerdas acha que o imoral não é produzir cadáveres e sim CONTÁ-LOS... A comparação numérica não é nada favorável aos esquerdistas...
Agora por que no âmbito religioso não se deveriam produzir mortes? Teria algo a ver com "amor ao próximo"? E no âmbito racional? Se é pela razão que se julgam as coisas, quão racional é se tentar um experimento em larga escala (tipo o Grande Salto para Frente, do Mao) sem se ter certeza de que vai funcionar? A razão não mandaria fazer antes a coisa em escala piloto para ver no que daria? Vários milhões de chineses morreram de fome por conta dessa baita burrada do Grande Timoneiro...
Pergunte às Marilenas Chauís da vida...
Sim, mas isso é a prova provada de que o ceticismo não leva a um melhor respeito pelos contrários de que o fanatismo religioso.
Abraços,
Há milhões de céticos no mundo, mas seu ceticismo não é garantia de que alguns psicopatas entre eles nunca façam coisas irracionais.
O ceticismo de uma pessoa, sozinho, não é garantia de nada.
E no que é que o ceticismo em conjunto é melhor do que o crentismo em conjunto?
Quer saber duma coisa? Vou deixar que o Hélio fale por mim:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/helioschwartsman/2014/06/1473911-massacre-por-uma-bagatela.shtml
Uso das mesmas armas dos adversários, meu caro aracnídeo. Os céticos-ateus militantes também não sabem a diferença entre religião e ambição política dos líderes religiosos e soberanos que se servem da religião para os seus fins.
- Então use essas armas contra eles oras.
Abraços,
Se a conversa não é com você, então por que esse chilique todo?
O que eu disse é que o fato de uma pessoa ser cética a respeito das religiões não a torna cética em relação a tudo o mais e nem garante que ela SEMPRE aja racionalmente. Mesmo porque todo religioso é cético em relação às religiões dos outros.
A pergunta continua: Stalin lutou pelo ceticismo e contra as religiões ou ele apenas queria tomar o poder?
Obviamente ele se serviu das condições impostas pela redentora (de acordo com os esquerdistas) Revolução de 1917 para se perpetuar no pudê populá. Ele faria isso de qualquer maneira, quaisquer que fossem suas crenças, tal como o Putin faz hoje, porém dando ampla trela à Igreja Ortodoxa Russa.
O que me incomoda, seu Fernando, é que o discurso que tenho notado no pessoal cético militante é que a religião, por si só, é causa de todos os males e que gente aboletada no pudê, com cabeça igual ou pior do que a do Stalin, teriam cometido crimes em nome dessa dita religião e não por apenas por usá-la como desculpa para seus objetivos.
Esse dito pessoal cético fechou-se numa bitola de desculpa científica que o torna incapaz de entender o aspecto sociológico da coisa...
Ora, se o tal pecado original e queda não passar de mitologia a conclusão lógica não seria que a expiação, paraíso celeste e todo o restante dos dogmas cristãos também seriam?
Elas não funcionaram porque eram outras ideologias, não é o ceticismo o ponto central. Como você tenta assimilar. Quanto aos esquemas políticos que ocorreram em nossa história como bem o @Judas disse foram porque as religiões estavam no caminho destes.
Quanto a Religião ainda tenta esconder seus erros, ao invés de assumir. Porque pro povo em geral é o pensamento burro é "acreditando em Deus tá tudu serto", não importa as consequências negativas. E se tiver é culpa do homem. Não é assim que funciona Botan-Chan?
Merda é merda em qualquer lugar. Agora você aqui fala de pensamento político, ao invés de ceticismo. Vejo que você mistura as coisas.
Todo Ateu é esquerdista, porque pra eu chegar ao ateísmo nunca precisei assumir posição política. Foi pela pura filosofia e observação. Não tenho as religiões como confiáveis; elas falharam clamorosamente em atingir seus objetivos, embora seja alardeado por elas mesmas que o fariam.
― Winston Churchill
É um dinâmica complexa.
O que diferencia uma Mitologia dos contos de fadas ou fábulas com fundo moral é que uma Mitologia estabelece uma Cosmovisão.
Quem interpreta a Realidade a partir da Cosmovisão criada por uma determinada Mitologia tende sempre a entender que a Realidade confirma o Mito.
Claro que não funciona para quem analisa o Mito a partir de outra Cosmovisão, que por sua vez foi fundada em outro conjunto de Mitos e assim por diante.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!