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Comentários
Então para comparar com o Celso Furtado da década de 1960, se teria que comparar com um economista de centro-esquerda hoje (e também pelo fato de que Celso Furtado era mais de centro-esquerda do que de esquerdona), e não com uma "filosofa" de academia como a palhaça Chaui e que além disso é de esquerdona. Foi isso que eu quis dizer quando eu escrevi que Celso Furtado é economista.
Tive uma disciplina na faculdade (curso tecnológico, na rede pública) que era ministrada por um professor ítalo-brasileiro ex-padre, desses com sotaque e tudo. O curso não atraia nada que formasse um "intelectual" que é prerrogativa das "humanas" e era focado no mercado de trabalho, mas não impedia de aparecer, o que é normal, de vez em quando alguém mais politizado e/ou erudito. Mas voltando ao professor em questão... Bem, ele aparentava ser um grande conhecedor de filosofia e teologia (apesar de quase nunca discutir esses assuntos em sala) e ele disse a pérola de que Marx foi o autor que fez a melhor análise sobre o capitalismo. E olha que ele não era nada de marxista ou suas variantes, acredito que ele era centrista, mas o marxismo é forte em tudo quanto é lugar.
Mas sinceramente não sei o quanto ele manjava de filosofia e teologia (acredito que os padres das antigas tinham que estudar muito essas disciplinas) e por isso não saberia dizer se ele mesmo manjava o quanto acreditavam.
Aposto que essa universidade citada por você era a PUC.
Primeiro teríamos que definir melhor o que é elite intelectual.
No Brasil isto virou sinônimo de ostentação de títulos, o que explica porque a vaca foi pro brejo no que se refere à inteligência por aqui.
Uma elite intelectual de verdade é aquela que adquiriu conhecimento geral e amplo comparável aos dos estudiosos antigos, especializou-se em determinado ramo do conhecimento e neste ramo promoveu avanços significativos.
Sinceramente não vejo muita gente assim no Brasil de hoje.
Já no Ocidente o cenário não é tão estéril.
Um dos modelos de intelectual completo que tive por boa parte da vida foi Bertrand Russell, por quem conservo imensa admiração, mas desenvolvi com a idade alguma reserva.
Jared Diamond é hoje um exemplo que daria deste intelectual completo, que depois de estudar e dominar profundamente áreas de conhecimento profundamente técnicas, se embrenhou em fins de mundo e desenvolveu pesquisas avançadas com impacto em nossa visão de como civilizações se criam e desenvolvem. A quantidade de dados que ele domina com segurança para chegar a cada conclusão mínima é simplesmente colossal.
E do Scruton só ouvi falar. Não li e até hoje não me interessei muito.
Nós, Indios.
Lutar com Bravura, morrer com Honra!
Ok, esclarecido.
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Sinceramente, tenho encontrado mais eruditos técnicos do que se espera e menos nas Humanas do que deveria.
O próprio Antônio Angueth citado é engenheiro.
Mas ele está completamente certo.
A análise que Marx faz do capitalismo é excelente em vários pontos, errada nos conceitos de Valor Trabalho e Mais Valia e falsificada quanto a alguns dados históricos que ele sabidamente manipulou.
Entretanto, no geral, a abordagem histórica da evolução do capitalismo, dentro de uma visão econômica clássica é de fato bem científica.
O problema não está na análise, mas no salto infinito que há entre a parte analítica da obra de Marx e o marxismo em si, que a partir de certo momento se desprende de qualquer base de sustentação na realidade e almeja ser uma verdade em si mesmo, uma verdade profética fundamentada na crença do materialismo histórico e da luta de classes.
Os padres estrangeiros que vieram para o Brasil costumavam ser muito cultos. Vários eram poliglotas, sabiam ler latim e conheciam os clássicos. Não seria estranho se fosse o caso deste.
Esta estirpe continha viva nos Mosteiros Beneditinos, por exemplo.
Weeelll...
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Por outro lado, havia muito do pensamento de Furtado nas políticas que levaram ao Milagre Econômico no regime militar, uma das muitas contradições do regime.
Hoje fala-se do período como um estrondoso fracasso, mas quase toda a infra-estrutura de integração nacional, principalmente telecomunicações e geração de energia foi construída naquele período muito curto.
E se não fosse a crise do Petróleo, talvez tivesse dado certo ou menos errado.
E sim.
Todo esquerdista tipo Petista moderno tem que seguir a cartilha de elogiar o desenvolvimentismo de Furtado e ridicularizar o liberalismo de Roberto Campos.
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Incompetência esta que beirava o inacreditável.
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Ufa!
Sim, eu ainda não estudei nada de marxismo ao ponto de discutir nada com ninguém e achava, por preconceito mesmo, que o que ele afirmou era uma besteira. Bom ver que não era.
Vi no Lattes dele que ele se formou na Itália na década de 1960 e 1970 em teologia e filosofia, respectivamente. Deve manjar um bocado sim.
Exato, mas é preciso lembrar que a industrialização acelerada do Ocidente na época criou um dinamismo de forças inédito na História. Marx surfou mal nas ondas deste dinamismo, seu erro mais crasso foi crer que o capitalismo industrial fomentaria a Revolução do proletariado, que veio a ocorrer na Rússia predominantemente agrária. Claro que a Rússia pré-Primeira Guerra não era tão atrasada quanto os esquerdistas querem fazer crer (as estatísticas mostram consumos de carvão e produção de aço comparáveis aos da França, por exemplo), mas o fato é que o avanço do capitalismo na Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha e França sufocou o interesse proletário na Revolução e mesmo na Rússia ela só vingou pelo oportunismo dos Bolcheviques, a incompetência do Czar e o desastre da participação russa na guerra.
A análise que Marx faz do capitalismo é bastante técnica e - de modo um tanto contraditório - notoriamente conservadora para um teórico revolucionário. É esta capacidade de purgar sua verve revolucionária de seus conteúdos analíticos que dão valor a esta parte de sua obra.
O Marxismo sobrevive firme, forte e ameaçador como contaminação cultural, capaz de se mesclar a qualquer linha de pensamento e cooptá-la.
Como é claro que Marxismo não pode ser sujeito de nada, a ação é dos intelectuais marxistas, que unidos mais pela crença comum que por uma organização central tentam construir por vias abstratas a Revolução que não vingou no Ocidente.
Note que praticamente todo pensamento Relativista converge para conceitos marxistas, como Materialismo e oposição às instituições estabelecidas.
Um exemplo óbvio é a Ideologia do Politicamente Correto, onde relativismo e marxismo criam um ativismo baseado no sectarismo de classes (raça, gênero, preferência sexual) que divide a sociedade entre opressores e oprimidos e inicia um combate cultural contra o que seriam classes opressoras - brancos, homens, heterossexuais -. No processo sequestram as instituições e a moral da sociedade para usá-las contra elas próprias. Todo Politicamente Correto posa de moralmente superior, ao mesmo tempo que acusa de moralista os que defendem os valores que quer destruir.
O absurdo é óbvio, mas bem conduzido por técnicas de abordagem de massa e controle das mídias, tem funcionado. Quando deixar de funcionar, o marxismo se mesclará a alguma outra tendência influente e continuará influenciando pensamentos, até que seja eficazmente combatido neste nível, não apenas na superfície do debate político partidário.
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Então quer dizer o apoio de grande parte do politicamente correto ao "multiculturalismo" extremo justificar de atrocidades internas em outros povos, mesmo quando inseridos no comércio ou nas ajudas internacionais, é um tiro no pé, que afasta as pessoas comuns não fanáticas de outros grupos que eles queiram cooptar como as mulheres, por exemplo, inclusive também por contradições entre a parte das mulheres e até mesmo a parte do próprio feminismo formal, mais a favor de ajudas a maternidade do que de depreciar a maternidade, e o movimento transsexual e a parte anti-maternidade do feminismo (e nas mulheres comuns só uns 15% delas são anti-maternidade, pois mesmo entre as 20% de mulheres que aos 50 anos não têm filhos, 5% foi porque não puderam quer por motivos físicos quer por psicológicos mas que na verdade queriam ter tido filhos) e toda a parte do feminismo a favor de que as mulheres possam ser policiais da parte física de atividades policiais por exemplo, e até que sejam 50% delas é contraditória com a parte do feminismo a favor de leis como a Maria da Penha, e é a primeira parte do feminismo que é a favor da união com o movimento transsexual sendo que só 20% tem afinidades com essa união com o movimento transsexual, isso e mais a ambiguidade com relação ao islamismo, afasta 80% das mulheres das versões mais extremistas e anti-sistema do feminismo.
Igualmente na questão do racismo, a maioria dos negros e mulatos escuros e médios que não é fanática e percebem casos como a perseguição dos cristãos e animistas negros e mulatos do Sudão pelos muçulmanos também negros do Sudão, e inclusive da perseguição de negros e mulatos do crime organizado contra outros negros e mulatos, não são tão fáceis assim de cooptar pelas versões mais radicais e influenciadas pelos movimentos "anti-imperialistas" e quase abolicionistas penais do politicamente correto.
Igualmente as pessoas com noções mais de nacionalismos de idéias do que de nacionalismos de países (muito menos nacionalismos de países ou culturas ao avesso com auto-desprezo como ocidental por causa da teoria do imperialismo), então quer dizer, um social-liberal francês ou americano que se sente mais identificado com um social-liberal de origem muçulmana mas na verdade teísta secreto no mundo islâmico do que com uma pessoa de esquerdona do seu próprio país. Me parece que unos 25% dos "nascidos" islâmicos nos países de maioria islâmicas são na verdade teístas, deístas ou mesmo em alguns casos ateus, e são na verdade social-liberais ou conservadores-liberais do tipo do partido conservador da Grã-Bretanha, e eles me parecem mais meus compatriotas do que uns tipos do PC do B ou intimamente a favor de ideias como as do PC do B no Brasil e me parece que cerca de um quarto dos membros do PT são a favor de ideias como as do PC do B no Brasil e mais um quarto são a favor das ideias do anti-imperialismo e de Marcuse e Adorno e do multiculturalismo extremo, então metade do PT é podre, mas há a outra metade, a metade séria e a justamente a parte mais com sindicalismo do tipo mais hedonista e prático, tanto no sindicalismo trabalhista quanto no sindicalismo do tipo outros grupos como mulheres e negros, essa parte mais hedonista e prática de diversos tipos de sindicalismo está mais disposta a argumentar em termos do interesse bem entendido dos outros do que no quanto pior melhor, e os 50% de membros anti-sistema do PT não tem como levar as pessoas estilo sindicalismo de diversos tipos no PT mais por motivos hedonistas e práticas, a parte 50% anti-sistema do PT, não tem como levar esses 50% moderados para o seu estilo contraditório anti-sistema, e em se tratando dos votantes sem carnê de partido então....uns 95% dos eleitores atuais do PT são do tipo hedonistas práticos e não anti-sistema.
Não li o livro e não está nas minhas prioridades nesta década, mas segundo o artigo, um determinista geográfico descrente em valores culturais que credita o sucesso europeu à "sorte de idiota".
Os povos que não tinham acesso a isto, como a maior parte dos africanos, permaneceram como caçadores coletores.
O que ocorre com o pensamento Marxista a partir dos anos 30 é que praticamente todos os intelectuais engajados foram recrutados pelo Partido Comunista da União Soviética ou, mais exatamente, por Stalin e se tornaram apenas porta vozes das estratégias de propaganda estabelecidas por Moscou.
A criatividade que marcou este pensamento nas décadas anteriores, com Gramsci e Rosa Luxemburgo por exemplo, seria sufocada pela burocratização da intelectualidade comunista, que aceitou se submeter a um comando central por conta de uma lealdade canina ao Partido e à Internacional, que como dito, nada mais era que obediência aos desejos e planos de Stalin.
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Note que citei Diamond como modelo de intelectual, sem expressar juízo de valor sobre o pensamento dele.
Olavo de Carvalho fala muito que está formando uma Elite Intelectual no Brasil, mas comparado a perfis como o de Diamond podemos questionar se o próprio Carvalho se enquadraria nesta tal elite. Que Olavo de Carvalho acumulou muito conhecimento em leituras ao longo da vida é fato autoevidente em sua obra - o que torna apenas ruído de fundo o que os detratores dele acham ou dizem a respeito - porém, ler muito e construir um conhecimento individual é um mérito que fica abaixo de outro que também fez isto e, indo além, ultrapassou os limites das referências disponíveis sobre sua especialidade de conhecimento, tornando-se ele próprio a referência.
Jared Diamond viveu anos em aldeias nos confins do mundo direcionando pesquisas que envolviam da biologia molecular à linguística. Se muitas das premissas dele são discutíveis - e muito - a profundidade de conteúdo e a disciplina metodológica de seu trabalho é nada menos que colossal. Qualquer um que tente superá-lo terá que empenhar uma vida inteira de trabalho para isto.
É neste nível que se define a verdadeira Elite Intelectual.
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Diamond identifica os fatores geográficos como determinantes no desenvolvimento mais rápido da Eurásia em relação aos outros continentes e a partir daí explica porque no século XIX a Europa era uma civilização industrial, científica e tecnológica com organização político-social complexa, enquanto os aborígenes australianos viviam ainda na Idade da Pedra.
A análise parte de 50.000 anos atrás, quando todos os povos eram caçadores-coletores, e a partir daí alguns estabeleceram a agricultura, a pecuária, a escrita e a metalurgia, enquanto outros continuaram caçadores-coletores.
Fica evidente que quando um povo conquistava um progresso técnico, como por exemplo a domesticação de determinadas plantas, os povos próximos rapidamente copiavam a experiência e assim o progresso se disseminava.
O longo eixo leste-oeste da Eurásia tornava esta disseminação mais rápida do que na Austrália ou nos Andes, isolados pelo mar ou barreiras geográficas.
Uma vez que não existem mais regiões isoladas, povos atrasados civilizacionalmente podem copiar os modelos bem sucedidos e avançar rapidamente, como foi o caso da Singapura atual, o que não era possível aos Índios que habitavam o Brasil antes de 1500, por exemplo.
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E mesmo em parte as partes de oasis do mundo islâmico, que embora sejam minoritárias também existem. Mas nesse caso, ainda poderia ser o fato de serem minoritárias, mas não na China e na Índia.
Na verdade, não só o stalinismo que é fora da realidade, mas o leninismo todo também, e marxistas não-leninistas como Marcuse e Adorno, na maioria são fora da realidade também (e sem dúvida que Marcuse e Adorno são fora da realidade). O problema é a teoria do imperialismo, que está errada, e essa teoria teve influencia mais ampla do que o stalinismo e mesmo influencia mais ampla do que o leninismo. O problema foi quando não se cumpriu a profecia de pauperização absoluta dos operários de industrias e inventaram o teoria do imperialismo para "explicar" esse fato.
E estes povos construíram civilizações gigantes, em vários momentos mais avançadas que o Ocidente.
É mas não foram pioneiros em industrialização e desde o século XVII que são menos desenvolvidos do que a Europa ocidental e países derivados em povoamento, e em se tratando da China continental mesmo e da Índia, ainda hoje são pobres, apesar de alguns mitos em contrário, mas em PIB PER CAPITA, PER CAPITA que é o realmente interessa, têm um pib per capita de um terço a menos do que o do próprio Brasil, por exemplo, sendo que o Brasil já não é muito desenvolvido. Verdade que há os tigres asiáticos que aí sim são ricos mesmo, e o Japão, mas a China continental que é muito maior e a Índia também, mas continua menos desenvolvidos.
Diamond analisa diferenças no progresso civilizacional em períodos de milhares de anos. Diferenças resultantes da industrialização estão sendo rapidamente compensadas por vários países que chegaram mais tarde, assim como determinados povos desenvolveram depois a agricultura e a escrita copiando as técnicas desenvolvidas pelos pioneiros. Frequentemente faziam isto com centenas de anos de atraso, mas estabeleciam uma tendência a nivelar-se - em maior ou menor grau - no mesmo nível técnico da civilização modelo. Muito diferente das sociedades de caçadores coletores, que milhares de anos depois do ponto de partida comum, continuavam nos marcos iniciais da evolução civilizacional.
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China e índia fazem parte do Eixo Eurasiano onde a evolução civilizacional foi mais bem sucedida.
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